segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Série CRÍTICA TEXTUAL: "Illa est genuina lectio, quae ceterarum originem explicat.".

"Quando nos deparamos com duas ou mais formas de um texto, a lição que consegue explicar como nasceram as variantes tem muito mais probabilidade de ser a original."

Em 2Samuel 9:7-11, o TM traz "à minha mesa". Porém, parece que o escriba repetiu erroneamente o possessivo "minha" dos vv. 7,10. Assim, no afã de estabelecer nexo, a LXX trouxe "à mesa de Davi" ou "à mesa do rei"; um manuscrito grego tardio traz "à sua mesa"; e a Vulgata "À tua mesa". Portanto, analisando a história da tradução e da transmissão do desta passagem do TM, conclui-se que a única alternativa coerente é "à sua mesa" e que a lição do TM deve ser aceita como a original, se bem que também deve ser modificada para gerar melhor significado. Deste modo, é esta lição (TM) que permitiu - com seu aparente erro de cópia - identificar as demais variae lectiones.

Série CRÍTICA TEXTUAL: "Lectio difformis a loco parallelo praestat conformi."

"Em textos paralelos, uma lição que diverge da do lugar paralelo prevalece sobre a que se lhe conforma"

Há sempre a tendência de harmonizar textos que são paralelos ou muito semelhantes. Assim, quando há diferenças, elas devem ser respeitadas.
O texto de 2Samuel 7:7 se assemelha ao de 1Crônicas 17:6. O primeiro traz "as tribos de Israel", o segundo "os juízes de Israel". Aqui, a LXX prevalece sobre o TM quando opta por "tribos".

Série CRÍTICA TEXTUAL: "Lectio brevior paestat longiori.".



"A lição mais breve prevalece sobre a mais longa."

Assim, em 1 Samuel 5:5, p.e., o TM diz que os sacerdotes de Dagon não punham os pés no templo. A LXX, porém, acrescenta "porque passavam além da soleira" para fazer uma explicação.

Série CRÍTICA TEXTUAL: "Lextio difficilior praestat facilior.".



"A lição mais difícil prevalece sobre uma mais fácil."

Sempre é mais explicável que o escriba ou o tradutor tenha procurado simplificar um texto difícil...

Lectio difficilior: lição atestada (ou conjectura) que se distinga de todas as outras lições atestadas (ou de todas as outras conjecturas) por causa do seu grau de dificuldade ou raridade do ponto de vista morfológico, semântico ou lexical. É um dos critérios do usus scribendi usados na selectio. O editor crítico tenderá a preferir a lectio difficilior, dado entender-se que deverá estar mais próxima do original, pois se pressupõe que, por ser rara e difícil, os copistas a tenham reproduzido com mais atenção, havendo tendência para conservá-la na tradição. No entanto, Fränkel aconselha alguns cuidados na adopção do critério da lectio difficilior: «o que é realmente plausível: que a lição estranha, porque mais difícil, se corrompeu numa mais fácil, ou que, pelo contrário, a lição estranha é difícil porque corrompida?». 

Lectio faciliorlição errada resultante da reinterpretação de uma lição menos comum por analogia com outra mais comum e que lhe é semelhante na forma. Por exemplo, eteridade > eternidade. 

Assim, em Êxodo 32:34 (TM), temos "para aquilo que te disse; já, na LXX, temos "para o lugar que te disse". Neste caso, o TM é preferível como lição mais difícil, e parece que a LXX acrescentou "o lugar" para tornar mais clara a ordem do Senhor.