quinta-feira, 25 de julho de 2013

A revelação básica nas Escrituras sagradas - Witness Lee - Capítulo 10

Capítulo Dez

A NOVA JERUSALÉM —
A CONSUMAÇÃO FINAL E MÁXIMA
(3)

Leitura da Bíblia: Ap 21:2,3,10-23; 22:1,2a, 14,17,19

DUAS ESCOLAS PRINCIPAIS DE INTERPRETAÇÃO
A Nova Jerusalém tem sido um quebra-cabeça para os leitores e mestres da Bíblia ao longo dos vinte séculos da era cristã. Há duas escolas principais de interpretação. Uma es­cola diz que a Nova Jerusalém é uma cidade física. Ela será parte do novo céu e nova terra, e estará na terra como uma cidade literal. A segunda escola, que é muito superfical, diz que a Nova Jerusalém é uma mansão celestial.
Entretanto, não deveríamos pensar nesta cidade como sendo meramente física, nem como uma mansão celestial. Vamos deixar de lado essas diferentes escolas, que são provenientes do entendimento humano.
É muito significativo que a Nova Jerusalém se posicione no final de toda a revelação de Deus e ocupe os dois últimos capítulos. Precisamos de toda a Bíblia para entender, inter­pretar e indicar qual é o seu significado. A conclusão de um livro deve ser a palavra final a respeito de seu conteúdo. Isso é um princípio. Qualquer livro que seja significativo certa­mente tem algum conteúdo apropriado e definido e também uma conclusão apropriada e definida. Acheguemo-nos à Bíblia de Gênesis a Apocalipse. Temos de considerar seu conteúdo e, então, olhar a conclusão.

A REVELAÇÃO DO LUGAR DE HABITAÇÃO DE DEUS
A Bíblia  é  uma  revelação  completa  do  lugar  de habitação de Deus. Esse lugar de habitação é para Ele des­cansar, ficar satisfeito e ser expressado.
Gênesis 1:1 diz que no princípio Deus criou os céus e a terra. Então, depois que todas as coisas no universo foram criadas, Deus fez Adão no sexto dia. Deus queria ter o homem. Ele preparou os céu, a terra e tudo o mais para este homem a quem Ele fez à Sua própria imagem e conforme a Sua semelhança.
Essa é uma forte indicação de que Deus queria uma ex­pressão. Ele queria algo vivo e orgânico para carregar a Sua imagem e ter a Sua semelhança. Imagem refere-se a algo in­terior, enquanto que semelhança refere-se a algo exterior. Interiormente todos temos o intelecto, a vontade e a emoção. Exteriormente temos a semelhança, a forma corpórea.
Em Gênesis 1 nos é dito que Deus criou os animais segundo a sua espécie e as plantas segundo a sua espécie. O cavalo, por exemplo, é segundo a espécie eqüina, enquanto que o pessegueiro e a macieira são segundo as suas espécies. Espécie quer dizer uma família, um gênero biológico. O homem, entretanto, não foi feito segundo a espécie humana. O homem foi feito segundo a espécie de Deus. Nós homens somos da espécie de Deus. Somos uma família com Deus porque carregamos a Sua imagem e temos a Sua semelhança. Mesmo que o homem nessa época não tivesse a vida de Deus ou Sua natureza, ele tinha a Sua imagem e semelhança.
Isso indica que Deus queria uma expressão. Gênesis 1:26, 27 mostra que o homem não era apenas uma única pes­soa. O versículo 27 diz: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem... homem e mulher os criou." Isso indica que o homem aqui é algo coletivo. J. N. Darby diz que o homem em Gênesis 1:27 quer dizer gênero humano, o homem como uma raça. Na criação de Deus Ele fez algo de acordo com o Seu plano para ter uma expressão. O gênero humano era para ex­pressar Deus. Esse é o início da Bíblia.
Então a Bíblia continua falando a respeito de oito gran­des homens: Adão, Abel, Enos, Enoque, Noé, Abraão, Isaque e Jacó. Incluindo Adão, estes são os oito gigantes no primeiro livro da Bíblia.

Betel — a Casa de Deus
Quando chegamos a Jacó, sem a luz divina podemos ver somente um menino travesso. Mas este jovem travesso, en­quanto escapava de seu irmão Esaú, dormiu ao relento e teve um sonho (Gn 28:11-19).
Jacó sonhou com uma escada ligando a terra ao céu, com anjos subindo e descendo por ela. Os anjos não estavam descendo e subindo, mas subindo e descendo. Isso indica que a escada era da terra ao céu. Freqüentemente dizemos que os nossos sonhos provêm do que pensamos. Se temos algo na mente, isso virá para nós como um sonho enquanto estamos dormindo. No caso de Jacó entretanto, não creio que ele so­nhou o que estava em seus pensamentos durante o dia. Naqueles dias ele deveria estar pensando em como ele estava fugindo de Esaú. Em seu sonho, porém, não havia nenhum Esaú e nenhum Labão. Ele viu uma escada na terra alcançando os céus. Quando ele acordou, teve uma inspiração de Deus e disse: "É a casa de Deus, a porta dos céus" (Gn 28:17). Erigiu a pedra que ele tinha usado como travesseiro e derramou óleo sobre ela, chamando aquele lugar de Betel, que significa a casa de Deus.
Noé foi comissionado por Deus para edificar uma arca, e Abraão recebeu uma promessa de Deus de que toda a terra, toda humanidade, seria abençoada em sua semente. Mas esse menino travesso, o neto de Abraão, teve um sonho. Acordando daquele sonho, ele disse algo maravilhoso, algo que compõe e direciona toda a Bíblia — a casa de Deus. Esse é um ponto direcional, passando ao longo da Bíblia. Desse menino travesso que teve tal sonho veio um povo, o povo de Israel.

O Tabernáculo a Casa de Deus
No segundo livro da Bíblia, Êxodo, todos os filhos de Is­rael foram ganhos por Deus. Ele não somente os resgatou, mas os reuniu no monte Sinai. Ali Deus deu-lhes uma visão (Êx 19), e não simplesmente um sonho. Há uma conexão entre a visão que Moisés recebeu de Deus no monte Sinai e o sonho de Jacó. Jacó em seu sonho viu algo relacionado à casa de Deus, e agora os seus descendentes, um povo que veio de Jacó, estava ali no monte Sinai com os céus abertos para eles. Um dos representantes deles, Moisés, subiu ao monte para estar com Deus, e Deus lhe mostrou o modelo de Sua casa, um modelo de como edificar o tabernáculo.
O tabernáculo é a casa de Deus. Em 1 Samuel 3:3 o tabernáculo é chamado de o templo do Senhor; isso quer dizer, que ele era a casa de Deus. O tabernáculo como lugar de habitação de Deus é também chamado de templo, a casa de Deus.
No monte Sinai Moisés viu todos os projetos, e os filhos de Israel edifícaram um tabernáculo de acordo com esse modelo. No último capítulo de Êxodo, o tabernáculo foi erigido, e imediatamente a glória de Deus desceu dos céus e encheu o tabernáculo (Ex 40:34). Isso é maravilhoso! Isso foi até mesmo maior do que os atos criadores de Deus. Criar o universo é algo geral, mas para Deus ter um lugar definido nesta terra para que Ele pudesse descer e entrar, o caminho da glória foi verdadeiramente maravilhoso. O tabernáculo físico era um tipo de todos os filhos de Israel como o lugar de habitação de Deus.

O Tabernáculo  — Jesus Cristo, o Homem-Deus
Finalmente aquele tipo foi cumprido no Senhor Jesus. Quando o Senhor Jesus veio, Deus veio. "No princípio era a Palavra e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus" (lit.), e essa Palavra tornou-se carne (Jo 1:1, 14). Sabemos que este é Jesus na encarnação. Quando Ele veio na encarnação, Ele "tabernaculou" (v. 14 - lit.). Isso indica que Ele mesmo como o tabernáculo vivo foi o cumprimento do taber­náculo em Êxodo 40. Jesus, como o tabernáculo, não é um edifício mas uma pessoa viva, orgânica. Esse que é o taberná­culo é uma Pessoa divina, uma Pessoa maravilhosa, um homem-Deus. A primeira impressão que a Bíblia dá a respei­to do tabernáculo é que ele é uma coisa orgânica, uma pessoa orgânica. Ainda mais, ele é um humano orgânico mesclado com Deus. O tabernáculo é o homem-Deus Jesus Cristo.
No final da Bíblia está a Nova Jerusalém, a consumação final e máxima do tabernáculo (Ap 21:3). O tabernáculo nos dois Testamentos, tanto o Velho como o Novo, é, na verdade, uma pessoa viva de duas naturezas — a natureza humana e a divina. O Senhor Jesus era um homem composto de divin­dade e humanidade. O Espírito Santo é o elemento divino, a divindade, e a virtude humana é o elemento humano, a humanidade. Portanto, a concepção de Jesus é do elemento divino no elemento humano. Essa concepção gerou uma criança de duas naturezas — divina e humana. Essa criança não era somente humana, mas também divina. Ela era um homem-Deus, e este homem-Deus era o tabernáculo.
Deixem-me enfatizar fortemente que esse é um taber­náculo no sentido bíblico. Na Bíblia o tabernáculo é uma pessoa viva como uma composição da natureza divina e da humana. Por causa disso, a Nova Jerusalém não pode ser uma cidade literal, nem pode ser uma mansão celestial. De acordo com o sentido bíblico, tabernáculo quer dizer uma pessoa viva como uma composição de divindade com humanidade.

O Tabernáculo e o Templo
Israel primeiramente edificou o tabernáculo. Então, quando entraram na boa terra, Deus revelou-lhes por meio de Davi (2 Sm 7:2, 5-13) que Ele queria ter algo fixo e não transportável. O tabernáculo era uma casa de Deus "transportável." Ele podia satisfazer a Deus temporaria­mente, mas não permanentemente. Ele queria algo fixo edificado sobre um fundamento sólido. O templo não era móvel ou transportáve, mas algo estabelecido. Davi conhecia o coração de Deus e preparou todos os materiais para a edificação do templo (1 Cr 22). Deus tinha-lhe dado um filho, Salomão, que edificaria o templo. Esse templo era a ampliação do tabernáculo. Quando ele foi finalizado, as coisas do tabernáculo foram trazidas para dentro do templo (2 Cr 5:1, 5), indicando que os dois eram, na verdade, um.
No Novo Testamento, o Senhor Jesus em João 1:14 é re­velado como o tabernáculo, mas em João 2:19-21 Ele indica que Ele é o templo. "Destruí este santuário, e em três dias eu o reconstruirei" (v. 19). A palavra de Jesus aqui indica que Seu corpo era o verdadeiro templo. Quando Ele disse que le­vantaria o templo em três dias, sabemos que Ele ergueu uma casa de Deus em ressurreição. A casa de Deus que Jesus edificou em ressurreição não é somente Ele próprio, mas inclui Seus crentes também (Ef 2:6). Assim, esse templo edificado na e pela ressurreição de Jesus é um templo coletivo. Esse templo é a igreja. A igreja é o templo (1 Co 3:16).

A Igreja — Composta dos Membros Vivos de Cristo
Muitos cristãos consideram a igreja um edifício físico. Eles se referem ao edifício como a igreja ou como o santuário. Muitos pensam numa igreja como um edifício com um teto inclinado, vitrais e um campanário.
A Bíblia, entretanto, revela que a igreja é uma composição viva dos membros vivos de Cristo (1 Pe 2:5). Ela é uma composição orgânica de todos os verdadeiros crentes. Nós somos a igreja. Ela não é um edifício sem vida. A igreja é orgânica. A igreja somos nós, você e eu, as pessoas regeneradas pelo Espírito com a vida divina. Ela é todos os queridos santos. A igreja é um organismo. Ela é viva e ativa. Ela não é sem vida, pois os componentes da igreja são pes­soas vivas. Nós, os crentes, somos os componentes. A igreja é composta de todos os santos, assim ela é algo vivo.

A Igreja Humanidade e Divindade
A igreja é também uma pessoa coletiva composta de dois elementos, de humanidade e divindade. Nós, os crentes, como os componentes da igreja temos duas naturezas — uma natureza humana e uma natureza divina. Recebemos nossa natureza humana por meio do nascimento natural. Então em nosso segundo nascimento, um nascimento espiritual, recebe­mos outra natureza, a natureza divina. Em nossa regeneração recebemos a vida divina (1 Jo 5:11). Se temos vida, certa­mente com esta vida vem a natureza. Somos participantes da natureza divina (2 Pe 1:4); portanto temos duas naturezas.
Há uma tendência hoje, entre estudantes de seminário, em crer que os cristãos têm somente uma natureza, a qual será gradualmente melhorada. Isso não somente é um en­sinamento errado; é heresia. Tal ensinamento anula o fato da regeneração.
A igreja, entretanto, é uma composição viva e coletiva de pessoas com duas naturezas — humana e divina. Com Cristo existiu primeiro a divindade, e, depois, a humanidade. Conosco existe primeiro a humanidade, então a divindade. Cristo como o tabernáculo foi uma pessoa com divindade mais humanidade, e nós, como a ampliação de Cristo, o lugar de habitação de Deus, o próprio templo, somos uma composição, primeiro da humanidade e, então, da divindade. Cristo tem divindade mais humanidade. Nós temos humanidade mais divindade. Em natureza Ele e nós somos o mesmo. A única diferença é que Ele tem a deidade, e nós não; contudo, temos a vida e a natureza divina como Ele tem. Não temos a Sua autoridade, Sua deidade.

A Consumação do Templo
A Nova Jerusalém é a consumação de tal templo. Baseado neste princípio, não podemos dizer que ela é uma cidade física ou uma mansão celestial. Uma vez que a Nova Jerusalém é a consumação final e máxima de toda a edificação da habitação de Deus ao longo das gerações como a conclusão de toda revelação de Deus de Sua economia, ela é totalmente orgânica. Ela é seres humanos mesclados com Deus. Essa composição será uma habitação mútua, para Deus habitar nos santos e para os santos habitarem em Deus.
A Nova Jerusalém é uma composição do povo redimido e regenerado de Deus, que são os Seus Filhos. Essa cidade é também o agregado da filiação divina. Efésios 1 diz que fomos escolhidos e predestinados para a filiação (vs. 4, 5). O agregado  da   filiação  será   a  Nova  Jerusalém.   Ela é a composição de todos os filhos de Deus (Ap 21:7). Tal edi­ficação, a cidade santa, é uma pessoa coletiva viva porque ela é chamada de a esposa do Cordeiro (Ap 21:9). Uma cidade física não pode ser uma esposa. Uma esposa é uma pessoa; portanto, essa cidade deve ser uma pessoa coletiva viva.


OS ELEMENTOS INTRÍNSECOS DA EDIFICAÇÃO DE DEUS
O conteúdo da edificação de Deus tem alguns elemen­tos, os quais são intrínsecos e ocultos. O elemento intrínseco da Nova Jerusalém como o lugar eterno de habitação de Deus é o próprio Deus Triúno.

A Trindade Divina A Estrutura Básica
A Trindade divina é a estrutura básica da Nova Jerusalém. Ela é estruturada com a natureza do Pai, con­forme representada pelo ouro. A própria cidade é uma montanha de ouro, e sua rua é também de ouro (Ap 21:18b, 21b). Isso indica que a cidade é uma coisa divina. Divindade é o elemento básico do conteúdo do edifício.
A redenção do Filho por meio da morte e ressurreição é representada pela pérola. Pérolas provêm de ostras. Elas são produzidas após as ostras serem feridas por um grão de areia. A ostra secreta seu sumo de vida em volta da areia e faz dela uma pérola. Isso significa a encarnação de Cristo e a Sua ida para dentro das águas da morte como uma ostra. O ser ferido pelas nossas transgressões e o liberar de Sua vida de ressurreição produz uma pérola.
A transformação do Espírito é representado pelas pe­dras preciosas. No ouro está a natureza do Pai, na pérola está a redenção do Filho por meio da morte e ressurreição, e nas pedras preciosas está o Espírito em Sua obra transformadora. Isso quer dizer que o próprio Deus Triúno é a estrutura básica da Nova Jerusalém. A Trindade é também a estrutura da vida da igreja, que é uma miniatura da Nova Jerusalém. O tamanho é muito menor, mas os elementos são os mesmos.

A Vida Divina — O Suprimento e a Nutrição Interior
Para a nossa vida física, nós, diariamente, precisamos de suprimento nutrição. É por isso que temos de comer ao menos três vezes ao dia. A vida divina é o suprimento e a nutrição interior de todas as partes da Nova Jerusalém. Isso é indicado pela água da vida fluindo do trono divino para saturar toda a cidade (Ap 22:1, 17). Na água cresce a árvore da vida, que produz doze frutos, um a cada mês, doze meses anualmente, para alimentar toda a cidade (Ap 22:2a, 14, 19). A água da vida e a árvore da vida com o fruto da vida realizam o suprir e o nutrir. Toda a cidade vive desses dois itens.

A Luz Divina — A Luz Interior e a Glória Exterior
A Trindade divina é a estrutura básica, a vida divina é o suprimento e a nutrição interior, e a luz divina é a luz interior e a glória exterior para a expressão. Deus no Cordeiro é a lâmpada como a luz interior (Ap 21:23). Na Nova Jerusalém não precisaremos do sol, da lua, de velas, de querosene ou de eletricidade. Não precisaremos da luz criada por Deus ou da luz feita pelo homem, pois teremos o próprio Deus, que é a luz interior. Ao mesmo tempo, essa luz brilha na e através da pedra preciosa, como uma pedra de jaspe, significando os crentes transformados (Ap 21:11). A pedra de jaspe é "transparente como cristal." Deus, como a luz dentro do Cor­deiro como a lâmpada, está brilhando pela cidade. Na cidade está a luz que brilha. Fora, a luz está expressando a glória de Deus, de modo q~c a cidade inteira possui a glória de Deus. A glória de Deus é o próprio Deus, brilhando da cidade através da muralha transparente de jaspe (21:18). Isso é o que a igreja deve ser hoje — uma composição viva de Deus, com Cristo como nossa luz interior resplandecente e como a nossa expressão em glória.

Um Mesclar do Deus Triúno com o Homem Tripartido
Fomos redimidos, regenerados, e agora estamos sendo transformados. Também estamos a caminho para sermos glorificados. O nosso espírito foi regenerado, nossa alma problemática está sendo transformada, e nosso pobre corpo está esperando transfiguração.
Na Nova Jerusalém o Deus Triúno está plenamente mesclado com o homem tripartido redimido, regenerado, transformado e glorificado. Esse mesclar é a habitação eterna de Deus, representado pelo número doze. Doze é três multi­plicado por quatro. Sabemos disso porque a cidade é quadrada com quatro lados. Em cada lado há três portas (21:13). Pela eternidade a Nova Jerusalém será um mesclar absoluto, não somente uma adição. Ela é a multiplicação — o Deus Triúno (três) multiplicado pelo homem (quatro).
Na Nova Jerusalém o número doze é usado catorze vezes. Doze fundamentos de doze pedras preciosas possuem os nomes dos doze apóstolos (21:14, 19, 20). As doze portas de doze pérolas com doze anjos possuem os nomes das doze tribos (21:12, 21a). A medida da cidade é doze mil estádios em três dimensões (21:16). A altura da muralha é de cento e quarenta e quatro côvados (21:17a), que é doze multiplicado por doze côvados. A árvore da vida produz doze frutos em cada um dos doze meses (22:2). O número doze, ocorrendo tantas vezes, quer dizer que a cidade santa é um mesclar do Deus Triúno com o homem tripartido.

Um Edifício em Ressurreição
Apocalipse 21:17b diz que a medida da muralha é "medida de homem, isto é, de anjo." Esse é um sinal de que naquele tempo o homem será como os anjos. Em Mateus 22:30 o Senhor Jesus indicou que em ressurreição o homem será "como anjos de Deus nos céus." Assim, o homem sendo como um anjo indica o princípio da ressurreição. A cidade in­teira, portanto, estará em ressurreição. Cristo, o Cabeça, e nós, Seus membros, estaremos todos em ressurreição.

Uma Expressão Plena do Deus Triúno
A muralha é feita de jaspe, e a luz da cidade é como jaspe (21:18, 11). Em 4:3 nos é dito claramente que Deus sentado no trono se assemelha a jaspe. Jaspe, então, significa a aparência de Deus. Na eternidade, a Nova Jerusalém possuirá a aparência de Deus. Deus se assemelha a jaspe, e a cidade toda possuirá a aparência de jaspe. Isso indica que ela será uma expressão eterna e coletiva de Deus.
Isso cumpre Gênesis 1:26. A Bíblia começa da forma como termina. Ela começa com a imagem de Deus para a Sua expressão, e ela termina com uma expressão coletiva, vasta, imensa e esplêndida. Essa é a consumação final e máxima do registro do tabernáculo e do templo. A Bíblia é um registro dessas duas coisas: o tabernáculo e o templo. A conclusão da Bíblia é a consumação do tabernáculo e do templo.

O que a Nova Jerusalém é deve ser verdadeiro na igreja agora mesmo. Nós, como a igreja na restauração do Senhor, temos de ter o Deus Triúno como a nossa estrutura, com a vida divina como o nosso suprimento e nutrição interior, e com a luz divina como o nosso brilho interior e expressão ex­terior. Esse é o testemunho de Jesus. No começo do livro de Apocalipse estão os candelabros como o testemunho de Jesus (1:2,12). Então, no fim do mesmo livro está o agregado de todos os candelabros, a Nova Jerusalém, como o testemu­nho eterno de Jesus. Hoje devemos ser tal testemunho vivo de Jesus. Não somos uma outra obra cristã, nem somos sim­plesmente um grupo cristão. Somos o testemunho de Jesus como o candelabro hoje, que será consumado na Nova Je­rusalém. O que seremos lá devemos primeiramente ser aqui.

A revelação básica nas Escrituras sagradas - Witness Lee - Capítulo 9

Capítulo Nove

A NOVA JERUSALÉM —
A CONSUMAÇÃO FINAL E MÁXIMA
(2)

Leitura da Bíblia: Ap 1:1; 21:1-3,10-21

A CHAVE PARA ENTENDER OS ESCRITOS DE JOÃO
O livro de Apocalipse é difícil de ser entendido. É por isso que Deus em Sua sabedoria usa sinais para fazê-lo co­nhecido a nós. Apocalipse 1:1 diz que Deus deu a revelação de Jesus Cristo para Ele mostrar a Seus escravos: "notificou por meio de sinais" (lit.). Sinais são figuras. Ao ensinar crianças pequenas nós fazemos as coisas conhecidas a elas por meio de figuras. Algumas vezes quando falo, torno as coisas conhecidas por meio de diagramas. João recebeu uma revelação a respeito de coisas tão divinas, tão misteriosas, tão profundas, que nenhuma palavra poderia expressá-la ade­quadamente. Assim, a revelação foi tornada conhecida por meio de sinais.
Não somente o livro de Apocalipse, mas o Evangelho de João também é um livro de sinais. Em nosso Estudo-Vida da­quele Evangelho salientei que a palavra milagre não é usada. A mudança da água em vinho pelo Senhor foi um milagre, mas João chama isso de sinal (2:11), indicando que isso tem um significado. A mudança da água em vinho pelo Senhor significa Seu mudar a morte em vida. A ressurreição de Lázaro foi um milagre, mas João chama isso de sinal (11:47).
João 1:14 fala da Palavra tornando-se carne e tabernaculando (lit.) entre nós. "Tabernaculou" é um verbo. Esse sinal nos dá a chave para entender como o Senhor Jesus viveu nesta terra. Ele viveu aqui como o tabernaculo de Deus. Para entender plenamente o tabernaculo, temos de voltar para Êxodo, onde muitos capítulos descrevem o tabernáculo. O tabernáculo de Deus entre o Seu povo não era somente onde Ele habitava mas também onde os que O serviam entravam para habitar com Ele. Esse é Jesus! En­quanto Jesus estava na terra, Ele estava "tabernaculando". Deus habitava Nele e todos os servidores de Deus, os que amavam Jesus, podiam entrar Nele para ficar com Deus. Essa única palavra como um sinal descreve o que nenhuma pala­vra comum poderia expressar.
Também em João o Senhor Jesus diz: "Eu sou a porta" (10:7). Vocês crêem que o Senhor é uma porta com uma ver­ga e um umbral? Uma porta é um sinal, significando que Ele é a própria abertura para as pessoas entrarem e para saírem.
Temos de enfatizar o primeiro versículo de Apocalipse, que diz que a revelação divina é dada a Jesus Cristo, e que Ele a tornará conhecida por meio de sinais. Essa é a chave para abrir todo o livro. Sem essa chave, o livro de Apocalipse está fechado para nós. Para entendermos o significado real desse livro, temos de entender esses sinais.


OS SINAIS PRINCIPAIS EM APOCALIPSE

Os Candelabros
O primeiro sinal em Apocalipse que o apóstolo João viu são os candelabros. No capítulo um nos é dito que João, no dia do Senhor, na ilha de Patmos, viu sete candelabros de ouro. Ele viu os candelabros. Os sete candelabros são as sete igrejas (1:20). Descrever o que a igreja é no seu significado espiritual usaria mil livros. Mas somente um sinal, uma figura, é melhor do que mil palavras.
Que é a igreja? Que deveria ser a igreja? Olhem para o candelabro. A igreja tem de ser de ouro. Ouro significa a essência de Deus, a natureza de Deus. Isso quer dizer que a igreja tem de ter a essência de Deus como a sua substância. Este ouro tem de estar na forma de um candelabro, um can­delabro brilhando com uma intensidade sétupla. Algumas lâmpadas têm um interruptor triplo; mas vocês já viram uma lâmpada sétupla? O candelabro tem um brilho sétuplo. A natureza de ouro significa a essência de Deus, a forma repre­senta Cristo como a corporificação do Deus Triúno, e as sete lâmpadas são os sete Espíritos (4:5 - VRC).
A Trindade está aqui: o Espírito está brilhando, Cristo é a corporificação e Deus é a própria essência. Que é a igreja? A igreja é uma composição, uma constituição do Deus Triúno, brilhando as virtudes e os atributos de Deus na noite escura para que todos vejam a luz. Precisamos de mensagem após mensagem para descrevermos o que a igreja é, mas a sabedoria de Deus é mostrar-nos um candelabro. Santos, isso é a igreja. Olhem para a igreja. O candelabro é a igreja! A igreja não é de barro, mas de ouro. Ela é da natureza divina de Deus. Ela não é sem forma, mas tem forma. Ela não é trevas, mas resplandecente. Isso é a igreja!

As Sete Estrelas
O segundo sinal são as sete estrelas, que acompanham os candelabros. As sete estrelas são os mensageiros ou os anjos das igrejas (1:20). Em cada igreja existem alguns irmãos que são estrelas em espiritualidade. Eles são estrelas brilhan­tes. Em Daniel 12:3 é dito que aqueles que converterem muitos à justiça brilharão como estrelas. Em Mateus 13:43 o Senhor diz que o justo brilhará no reino vindouro como o sol. Mas os mensageiros da igreja não precisam esperar até a era vindoura para brilhar. Eles estão brilhando agora mesmo. Espero que todos os presbíteros nas igrejas sejam estrelas brilhantes. Quando as pessoas vão a eles, elas devem vir para a luz. Um estrela brilha, ilumina, em tempo de trevas. Ao olhar para as estrelas podemos aprender que tipo de pessoas devem ser os líderes na igreja.

Jaspe — a Aparência de Deus
Depois que João viu os candelabros e as estrelas bri­lhantes, ele viu um trono no céu e Alguém sentado no trono. Aquele, em aparência, era como pedra de jaspe (4:2, 3). João viu a Deus com aparência de jaspe. Jaspe é uma bonita cor esverdeada, significando plenitude de vida. A plenitude de vida é a aparência de Deus. Jaspe é também a aparência da Nova Jerusalém (21:11), e toda a sua muralha é construída de jaspe (21:18). Isso indica que a cidade inteira possui a aparência de Deus, porque ela é constituída daqueles que foram transformados em Sua imagem.
Devemos ler Apocalipse 21:11 com 2 Coríntios 3:18: "E todos nós com o rosto desvendado, contemplando e refletin­do como um espelho a glória do Senhor, estamos sendo transformados à Sua própria imagem de glória em glória" (lit.). Apocalipse 21:11 descreve a Nova Jerusalém como tendo a glória de Deus. O seu fulgor era semelhante a uma pedra preciosíssima, como pedra de jaspe cristalina. A cidade toda possui a glória de Deus e brilha como jaspe; isto é por­que toda a composição da Nova Jerusalém foi transformada na imagem de Deus. Aquele sentado no trono, que é Deus, assemelha-se ao jaspe, e a cidade inteira assemelha-se ao jaspe. Isso quer dizer que Gênesis 1:26 foi cumprido: "Façamos o homem à nossa imagem." O homem era para ser a expressão de Deus, e isso é cumprido na Nova Jerusalém. Toda a Nova Jerusalém é uma imagem, uma expressão, de Deus. A aparência de Deus pode ser descrita por um sinal, o sinal do jaspe.

O Leão da Tribo de Judá
Em Apocalipse 5:5 Jesus Cristo é chamado de o Leão da tribo de Judá. Esse título significa Cristo como o Rei triunfante. Todas as criaturas vivas estão debaixo Dele. Ninguém O pode subjugar; antes, Ele subjuga todas as coisas. A primeira vez que vi um leão no zoológico fiquei temeroso de que a grade não fosse bastante forte para restringir aquela criatura ousada e triunfante. Nada e ninguém pode subjugar o nosso Cristo.

O Cordeiro
Cristo não somente é um Leão, mas também um Cor­deiro (5:6). Para Satanás e todos os inimigos Cristo é um
Leão, mas para nós, os redimidos, Ele é um Cordeiro. Vocês têm medo de um cordeiro? Vocês podem ter medo de leão, mas sentem amor por um cordeiro. Para nós o Senhor Jesus é um Cordeiro, um Cordeiro redentor. Pensar que na eter­nidade, no trono de Deus haverá literalmente um cordeiro com quatro patas e uma cauda não é a maneira apropriada de entender a Bíblia. Lembro-os novamente, Apocalipse é um livro de sinais.

A Mulher Universal e o Filho Varão
A mulher universal em Apocalipse 12 está vestida com o sol. Em sua cabeça há uma coroa de doze estrelas e sob os seus pés está a lua (v. 1). Quem é essa mulher? A maioria dos expositores fundamentalistas seguem o ensino dos Irmãos Unidos, de que essa mulher representa Israel e o filho varão representa Cristo. Entretanto, depois de muito estudo da Palavra, percebemos no capítulo doze que essa mulher é composta de dois povos: aqueles que guardam os mandamen­tos de Deus e aqueles que carregam o testemunho de Jesus (v. 17). O povo que guarda a lei são os judeus, Israel. O povo que carrega o testemunho de Jesus são os crentes do Novo Testamento. Portanto, dizer que essa mulher representa Is­rael é somente verdade parcialmente, deixando de lado os crentes do Novo Testamento.
Dizer que o filho varão nascido dessa mulher é Jesus Cristo é errôneo. Depois que esse filho varão é arrebatado para o trono de Deus, três anos e meio se seguem. Os mil duzentos e sessenta dias em 12:6 são três anos e meio, os quais todos concordam ser o período da grande tribulação. A grande tribulação veio logo após a ascensão do Senhor? Ela ainda não veio! Isso indica fortemente que o filho varão aqui não é o Senhor Jesus.
A mulher veste uma coroa de doze estrelas na cabeça. Ela está vestida com o sol e a lua está sob os seus pés. Isso in­dica três categorias entre o povo redimido de Deus: os Patriarcas, Israel e os crentes do Novo Testamento. Os Patriarcas são representados pelas estrelas, Israel pela lua e os crentes do Novo Testamento pelo sol. Essa mulher é, por­tanto, uma composição com todo o povo redimido de Deus, incluindo os Patriarcas, os outros crentes do Velho Testamen­to e todos os santos do Novo Testamento.
O filho varão é os vencedores de todas as gerações. Através dos séculos, entre o povo de Deus um pequeno número tem sido martirizado. Esses foram os fiéis. Imediata­mente antes da grande tribulação, esses santos martirizados serão ressuscitados e arrebatados para o trono de Deus.

O Grande Dragão Vermelho e a Besta
O grande dragão vermelho significa o diabo, Satanás (12:3, 4). No começo do capítulo seguinte existe uma besta emergindo do grande mar, o Mediterrâneo (13:1, 2). Esse é o Anticristo. Na realidade ele é o César vindouro, o último César do Império Romano renascido.

A Colheita e as Primícias
Nesta terra, Deus tem uma colheita. Essa colheita re­presenta todos os santos do Novo Testamento vivendo na terra próximo ao tempo da volta do Senhor (14:15). Dentre esses crentes vivos sairão as primícias. Esses serão alguns vencedores vivendo entre os crentes que amadurecem mais cedo e tornam-se as primícias.

A Grande Babilônia
A grande Babilônia representa a Igreja Romana. Ela é chamada de a grande prostituta (17:1, 5) por causa das suas relações pecaminosas com os governadores da terra para o benefício dela.

A Esposa do Cordeiro
A esposa do Cordeiro, a noiva em Apocalipse 19:7, será todos os vencedores ao longo das gerações, incluindo os do
Velho Testamento, isto é, os vencedores mortos e ressurretos mais os vencedores vivos (as primícias). Eles serão a Sua noiva nos mil anos (20:4-6). Aquele dia será o dia do casamento. Mil anos para o Senhor são um dia (2 Pe 3:8). Todo o milênio será um dia de casamento. No dia do casamento a esposa é uma noiva, mas depois daquele dia ela torna-se uma esposa. Depois do milênio, na eternidade, a noiva é a esposa. Todos os vencedores entre o povo redimido de Deus serão Sua noiva.

A Nova Jerusalém
Agora chegamos ao último sinal, a Nova Jerusalém. A Nova Jerusalém é o conjunto de todos os candelabros. No começo desse livro existem sete candelabros, candelabros locais nesta era. No final desse livro existe um conjunto, um candelabro composto, não candelabros locais, mas o eterno, o universal. Apocalipse inicia com os candelabros e termina com o candelabro. Os candelabros são sinais das igrejas; a Nova Jerusalém é também um candelabro, o sinal do lugar de habitação de Deus.


UMA REVISÃO DOS SINAIS
Todos esses sinais são as cenas principais nesta tela da televisão divina de Apocalipse. O programa começa com sete candelabros, significando as igrejas; então seguem-se sete estrelas brilhantes, representando os mensageiros de todas as igrejas. Depois há uma pedra de jaspe, significando a aparência de Deus, e um leão e um cordeiro, ambos repre­sentando Cristo. Então aparece uma mulher universal com doze estrelas na cabeça, o sol vestindo-a, e a lua sob os seus pés, e um dragão vermelho pronto para engolir o seu filho; daí o filho varão gerado por ela é arrebatado ao trono de Deus. Depois há uma besta emergindo do Mar Mediterrâneo, há uma colheita nesta terra, e desta colheita há as primícias. Vemos, então, uma grande prostituta, a grande  Babilônia,   terrível,   feia,   abominável;   mas  então, aleluia, uma linda esposa, a noiva; então finalmente, algo mais brilhante, maior, a Nova Jerusalém, a qual é o tabernáculo de Deus assim como Jesus era o tabernáculo de Deus quando Ele estava na terra.
Essa Nova Jerusalém não é somente um tabernáculo para Deus, mas também uma esposa para o Filho de Deus, Jesus Cristo. Deus terá um tabernáculo e Cristo terá uma esposa. Tanto o tabernáculo como a esposa são o mesmo: a Nova Jerusalém.


ENTENDENDO APOCALIPSE
Esse é o livro de Apocalipse, contendo todos esses sinais cruciais. Se vocês os entendem, entendem todo o livro de Apocalipse. Com tal visão clara e exata, vocês crêem que a Nova Jerusalém será uma cidade física edificada por Deus ao longo de todos os séculos? Apocalipse é um livro de sinais. Cada item principal é um sinal. Sinais não devem ser inter­pretados literalmente. Vocês acham que a igreja é um suporte de verdade com sete lâmpadas brilhando? Isso é um entendimento errado. Vocês crêem que Jesus Cristo é um cordeiro de verdade? Isso é ridículo! Crêem que o César vin­douro do Império Romano será uma besta de verdade que emerge do Mar Mediterrâneo e pula para a margem? Crêem que a esposa do Cordeiro em Apocalipse 19 será uma mulher adornada com um longo vestido de casamento? Novamente, não faz nenhum sentido entender esses fatos dessa maneira.


INTERPRETANDO A NOVA JERUSALÉM
E quanto a Nova Jerusalém? No mesmo princípio, não faz nenhum sentido pensar na Nova Jerusalém como uma cidade física. Não é porque esse livro usa o leão como um sinal de Cristo como o rei triunfante, que devemos pensar que Cristo é como um leão no zoológico. O leão não é um leão de verdade, mas ele é um sinal de Cristo como o rei triunfante. O cordeiro não é um cordeiro de verdade, mas é um sinal de Cristo como o Redentor. Da mesma forma, a
Nova Jerusalém é um sinal; ela representa algo espiritual.
Um princípio de interpretação da Bíblia é ser consis­tente. Desde que não tomemos os outros sinais literalmente, podemos estar certos de que a Nova Jerusalém não é uma cidade física nela para vivermos. Tal interpretação é total­mente natural. Se não interpretam Cristo como um leão com quatro pernas e uma cauda, por que vocês pensariam que a Nova Jerusalém é uma cidade de verdade? O leão é um sinal, e a cidade é também um sinal.

A Chave para Apocalipse
Apocalipse 1:1 é o versículo chave para todo o livro. So­mente essa única chave pode abrir todas as portas. Temos a chave-mestra. Podemos ir a qualquer porta e abri-la. Devemos tomar 1:1 como a chave-mestra. O ponto chave é "por meio de sinais". Todas as figuras nesse livro são sinais.
Os mestres fundamentalistas concordariam certamente que Cristo como o cordeiro não tem quatro pernas e uma pe­quena cauda. Eles não fariam tal interpretação ridícula. Mas e quanto a Nova Jerusalém? Quando jovem, também cria que a Nova Jerusalém era uma mansão celestial. Eu ficava alegre com a crença de que um dia estaríamos em uma mansão. Como parte de nossa pregação do evangelho, tivemos uma música acerca de como entraríamos pelos portões de pérolas e andaríamos na rua de ouro. Gradualmente, entretanto, à medida em que estudava a Bíblia descobri que a Nova Jerusalém é uma esposa. Quem casaria com uma cidade literal? Mesmo se tivesse doze portões com pérolas e uma rua de ouro, alguém casaria com ela?
Ao estudar e entender a Palavra Sagrada, os cristãos freqüentemente trazem os seus pensamentos naturais. No novo céu e nova terra habitaremos na Nova Jerusalém. Mas não devemos pensar na Nova Jerusalém como uma cidade física. É Deus quem será a nossa morada. Quando jovem, ouvi alguns mestres da Bíblia discutindo o que comeríamos e onde seria o banheiro na "mansão celestial". Quão pobre é trazer o nosso pensamento natural!
Hoje perguntei a alguns santos se eles estão na igreja. Quando responderam sim, pedi-lhes que me mostrassem a igreja. O Novo Testamento nos diz que a igreja é a casa de Deus, e que Deus está habitando em Sua casa; mas onde está a igreja? A igreja, como a casa de Deus e como nosso lar, não é um edifício físico, mas uma composição de crentes vivos (1 Pe 2:5). Ela não é uma entidade física, sem vida, mas uma composição orgânica de pessoas vivas. Ela existe onde quer que os crentes se reúnam. A igreja como a casa de Deus hoje é uma composição de pessoas vivas; é uma pessoa coletiva. Isso é verdadeiro nesta era e o será na eternidade.

Consistente com Toda a Bíblia
A idéia da casa de Deus está também no Velho Tes­tamento. Moisés diz em Salmos 90:1: "Senhor, Tu tens sido nossa habitação de geração em geração" (lit.).
O Senhor Jesus disse que se alguém O ama, Seu Pai e Ele virão a ele e farão nele morada (Jo 14:23). Seremos a Sua morada, e Ele será a nossa morada. Em João 15 o Senhor diz: "Permanecei em mim e eu permanecerei em vós" (v. 4). Em 1 João 3:24 e 4:15 (lit.) diz que nós habitamos em Deus e Deus habita em nós.
Nesta era da igreja estamos habitando em Deus e Deus está habitando em nós. Vocês crêem que quando entrarmos no novo céu e nova terra Deus sairá de nós e nós sairemos de Deus? Se nesta era podemos habitar em Deus, tomando-O como nossa habitação, e podemos dar a Deus um lugar em nós, não é lógico pensar que na eternidade não mais O teremos como o nosso lugar de habitação, mas que viveremos em uma cidade de ouro como nosso lugar de habitação.
Temos de crer que o nosso habitar no Senhor e Seu habitar em nós será intensificado, ampliado e elevado ao máximo. É por isso que João diz que viu que a cidade não tinha templo nela, "porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-poderoso e o Cordeiro" (Ap 21:22). Essa é uma forte indicação de que a cidade não é um lugar físico. Nessa cidade o templo é uma Pessoa. Essa Pessoa é Deus e o Cordeiro. O próprio Deus Triúno será o templo. Se o santuário dentro da cidade é uma Pessoa, vocês crêem que a cidade poderia ser algo sem vida?
Desde que o santuário é uma Pessoa divina, o próprio Deus Triúno, a cidade tem de ser pessoas também. Na realidade, a cidade inteira é o Santo dos Santos com três dimensões iguais (1 Rs 6:20; Ap 21:16). Uma vez que o Deus Triúno será o templo e a cidade inteira será o Santo dos San­tos, a cidade não pode ser algo físico. Ela tem de ser uma composição orgânica.
Nos tempos do Novo Testamento a habitação de Deus nesta terra foi primeiramente uma única Pessoa, Jesus Cristo. Ele era o tabernáculo de Deus. Então, depois Dele, a igreja é o templo de Deus (Ef 2:21, 22; 1 Co 3:16). Jesus, uma única Pessoa, era o tabernáculo de Deus, Seu lugar de habitação. Então, a igreja, como uma pessoa coletiva tornou-se o templo de Deus, a habitação de Deus. Esse é o Novo Tes­tamento. Depois da era do Novo Testamento, quando entrarmos na eternidade, a habitação de Deus não mudará de pessoas vivas para uma cidade sem vida, física. Temos de crer que essas pessoas edificadas juntas como o lugar de habitação de Deus serão ampliadas e intensificadas. Na era vindoura haverá uma ampliação destas pessoas vivas como o lugar de habitação de Deus.

Não uma Cidade Literal
Se a Nova Jerusalém fosse uma cidade de verdade feita de ouro, pérolas e pedras preciosas, isso significaria que uma cidade física seria a conclusão de toda a revelação. Isso não é lógico. Deus tem trabalhado ao longo das eras. Primeiro Ele criou o universo. Então Ele criou o homem. Posteriormente se encarnou para redimir o homem. Ele viveu nesta terra, foi crucificado, e então ressuscitou, ascendeu, e se derramou como o Espírito sobre Seus discípulos. Os discípulos então saíram para pregar o evangelho. Muitos têm sido salvos e acrescentados à igreja; eles estão sendo edificados como o Corpo para expressar Cristo. Vocês crêem que o resultado final será Deus ganhando meramente uma cidade física? Pensa que essa é a intenção de Deus?
Se esse fosse o caso, Deus seria um pobre arquiteto. Mediante a Sua criação, encarnação, crucificação, ressurreição, e ascensão, mediante a Sua edificação das igrejas e aperfeiçoamento dos santos geração após geração, Deus está preparando algo muito maior do que uma grande cidade literal. Deus já criou algo mais esplêndido do que uma cidade — o universo. O sistema solar é lindo, mas Deus não está satisfeito com aquilo. Como Ele poderia ficar satisfeito com uma cidade, mesmo uma cidade que é em tamanho a metade dos Estados Unidos? Interpretar tal visão, tal sinal, de maneira natural é errado.
A igreja hoje é o nosso lar. Quando viemos à igreja, viemos ao lar. A igreja está em Deus. A vida da igreja com Deus está em todo lugar. Há igreja em Dallas, Houston, Hong Kong, e em toda a terra. Aleluia! Aonde quer que vamos, nosso lar está lá. Nosso lar é a igreja. Por que nos preocupar se teremos uma casa na Nova Jerusalém? Não precisamos nos preocupar a esse respeito. Deus não está in­teressado nessas coisas físicas. Esse pensamento físico tem de ir embora.

O Lugar de Habitação de Deus pela Eternidade
Deus se importa é com uma composição viva de Seu povo escolhido, redimido, regenerado, transformado e glorificado. Tudo isso será edificado junto para expressar Deus pela eternidade. Isso satisfará a Deus para sempre. Satanás estará no lago de fogo. Deus estará em Sua habitação viva. Todos aqueles que Ele criou, escolheu, redimiu, regenerou e transformou serão glorificados à Sua imagem. Ele estará vivendo neles e eles estarão vivendo Nele. Ninguém pode explicar adequadamente tal conceito profundo. Maravilhoso! Isso será a habitação de Deus e a esposa de Seu querido Filho, Cristo. Nenhum edifício físico pode ser uma esposa. Uma esposa é algo orgânico, uma pes­soa viva.
A Nova Jerusalém significa a habitação de Deus no novo céu e nova terra. No Novo Testamento, o lugar de habitação de Deus na terra foi primeiramente um único Homem, Jesus Cristo, representado pelo tabernáculo (Jo 1:14), e, então, um homem coletivo, a igreja, representada pelo templo (1 Co 3:16). No novo céu e nova terra, a habitação de Deus, como a esposa do Cordeiro (Ap 21:9,10), é também uma composição viva de Seu povo redimido, com­posto tanto dos santos do Velho Testamento, representados pelas doze tribos, como pelos santos do Novo Testamento, representados pelos doze apóstolos (Ap 21:12,14).
Essas pessoas edificadas juntas para ser a habitação de Deus, primeiramente experimentaram a regeneração por meio da morte e ressurreição de Cristo. Isso é representado pelas portas de pérolas, a entrada das pessoas para a cidade. Uma pérola é produzida por uma ostra, uma criatura viva nas águas da morte. Quando um grão de areia fere a ostra, ela secreta uma substância ao redor da areia, a qual faz com a areia se torne uma pérola. A ferida da ostra significa morte, e a secreção do suco de vida em volta do grão de areia significa a vida de ressurreição. A morte e ressurreição de Jesus nos fazem pérolas por meio da regeneração. Ninguém pode entrar no reino de Deus a não ser pela regeneração (Jo 3:5).
Na cidade santa a natureza de Deus ou essência de Deus torna-se nosso elemento básico, representado pelo ouro (Ap 21:18b, 21b); a própria cidade é de ouro e a rua é de ouro. A essência de todos os crentes é simplesmente o próprio Deus.
Pela obra do Espírito seremos transformados à imagem de Deus, representado pelo jaspe. A natureza do Pai (ouro), a redenção do Filho e a nossa regeneração (pérola), e a obra transformadora do Espírito (pedras preciosas) produzem todos os componentes dessa habitação eterna de Deus. A habitação de Deus é também a nossa habitação. Nós também seremos edificados juntos para sermos o Lugar Santíssimo de Deus, expressando-O em glória.

O Ultimo e Maior Sinal
Espero que todos sejamos impressionados com a interpretação e o entendimento apropriados desse último e maior sinal em toda a Bíblia. De todos os sessenta e seis li­vros da Bíblia, a Nova Jerusalém é o último e o maior sinal. A última palavra é a palavra decisiva. Deus, mediante a criação, encarnação, redenção, ressurreição, ascensão e toda a Sua obra de transformação e edificação ao longo de todos estes séculos cristãos, obterá uma composição viva de Seu povo redimido para ser a Sua habitação e Sua companheira para satisfazê-Lo plenamente. Unir-nos-emos a Ele porque seremos a Sua companheira.
O Senhor Jesus disse aos saduceus em Mateus 22:30 que na ressurreição não haverá casamento, mas que todos seremos como os anjos. A Bíblia não nos fala de questões ou relações físicas na eternidade. O que ela revela é elevado e profundo. Temos de ser libertos de nossa mentalidade humana e natural ao considerar a Nova Jerusalém como uma habitação física. Temos de perceber o que está no coração de Deus. Ele precisa de uma habitação eterna, composta de bilhões de pessoas vivas transformadas e glorificadas, para serem o Seu lugar de habitação e a Sua querida esposa, Sua companheira. Essa consumação final e máxima faz com que valha a pena para Ele trazer a criação à existência, encarnar-se, morrer na cruz, ser ressuscitado, e gastar tantos séculos para edificar as igrejas.
Se a Nova Jerusalém fosse uma cidade literal, ela seria somente a metade, em tamanho, dos Estados Unidos (cf. Ap 21:16). Os Estados Unidos hoje têm uma população de quase um quarto de bilhão de pessoas. Através das gerações, porém, Deus terá salvo bilhões de pessoas. Como poderiam bilhões viver em uma cidade que é em tamanho a metade dos Estados Unidos? Não devemos seguir os ensinamentos naturais, mas, antes, exercitar a nossa mente sóbria para ver o que Deus deseja.

A Palavra é a verdade. Agradecemos a Deus por Ele nos haver dado esse livro. Temos algo sólido na linguagem humana que podemos estudar muitas vezes. O Senhor Jesus disse a Pedro que Ele edificaria a Sua igreja sobre essa rocha (Mt 16:18). Pedro nos diz que todos nós, como pedras vivas, estamos sendo edificados uma casa espiritual (1 Pe 2:5). Paulo diz que ele lançou o fundamento, mas todos nós temos de ser cuidadosos em como edificamos: temos de edificar com ouro, prata e pedras preciosas (1 Co 3:10-12). O pen­samento da edificação de Deus está ao longo de todo o Novo Testamento até o fim. É por isso que dizemos que a Nova Jerusalém é a consumação final e máxima da obra de edificação de Deus ao longo de todas as gerações.

A revelação básica nas Escrituras sagradas - Witness Lee - Capítulo 8

Capítulo Oito

A NOVA JERUSALÉM —
A CONSUMAÇÃO FINAL E MÁXIMA
(1)

Leitura da Bíblia: Ap 21:1-3,9-14,16-23; 22:1,2,5,14,17

CRIAÇÃO E EDIFICAÇÃO
Requer-se toda a Bíblia para nos dar a revelação com­pleta de Deus. Gênesis fala-nos acerca da criação de Deus. Então, no fim da Bíblia vemos uma cidade santa. No começo há a criação e, no fim, uma cidade. Na criação Deus chamou "à existência as coisas que não existem" (Rm 4:17), mas uma cidade significa algo mais porque uma cidade é uma edificação. Na economia de Deus, então, Ele primeiro criou. Após a criação, Ele começou a edificar.
A idéia de edificação percorre todo o Novo Testamento. Depois que Pedro reconheceu que Jesus era o Filho de Deus e o próprio Cristo, o Senhor disse a ele: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja" (Mt 16:18). Aqui está a idéia de edificação em Mateus 16.
A idéia de edificação na realidade veio muito mais cedo. Para Deus o que estava acontecendo, mesmo nos tempos do Velho Testamento, era uma edificação. Em Mateus 21 o Se­nhor usou a parábola de uma vinha para representar a nação judaica. No final da parábola o Senhor disse aos líderes judeus que, por causa de esterilidade deles, o senhor da vinha voltar-se-ia da vinha para uma outra nação (isto é, para a igreja) (vs. 33-43). O Senhor disse a eles: "A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, an­gular" (v. 42). O Senhor estava lhes dizendo que eles eram os construtores e que Ele era a pedra angular, a qual eles, como líderes judeus, estavam rejeitando. Essa pedra rejeitada tor­nou-se, na soberania de Deus, a pedra angular da edificação.
Cristo, como a pedra angular, é a base do evangelho. Muitos pregadores citam Atos 4:12, que diz: "Não existe ne­nhum outro nome... pelo qual importa que sejamos salvos." Temos de perceber, porém, que Atos 4:12 está baseado no versículo 11. O versículo 11 nos diz que Cristo, a pedra rejei­tada, tornou-se a pedra angular. Esta pedra angular é o próprio Salvador no versículo 12. Cristo ser Salvador é ba­seado no fato de ser Ele a pedra angular, a qual foi rejeitada pelos construtores na economia do Velho Testamento. Os líderes judeus até aquele tempo eram os construtores aos olhos de Deus; a pedra rejeitada tornando-se a pedra angular é uma profecia no Salmo 118:22. Aos olhos de Deus, então, tanto a época do Velho Testamento como a do Novo Tes­tamento tem sido o seu período de edificação.
Logo depois de Sua criação Ele começou a edificar. A Sua criação foi para produzir os materiais de construção para Sua edificação. Deus criou o universo e o homem com o propósito de edificar uma cidade. Criação significa chamar coisas que não existem à existência. Uma cidade, entretanto, é uma edificação a partir de coisas criadas. Deus tem duas obras. A primeira é a obra de criação, e a segunda é a obra de edificação. A Nova Jerusalém, uma cidade como o edifício de Deus, é a conclusão de toda a revelação de Deus.

O HOMEM REGENERADO, MATERIAL DE EDIFICAÇÃO DE DEUS
Para que Deus tenha uma edificação, o centro de Sua criação, o homem, necessita ser regenerado. O homem regenerado torna-se o material de edificação de Deus. Deus não se infundiu para dentro de nenhum dos itens de Sua criação. Em Sua velha criação, Ele soprou o sopro de vida para dentro do homem (Gn 2:7), mas aquele sopro não era algo de Sua essência ou natureza. Era somente Seu sopro. Aquele sopro de vida, neshamah (hebr.), tornou-se o espírito do homem; como Provérbios 20:27 diz: "O espírito (neshamah) do homem é a lâmpada do Senhor." Nada da essência de Deus foi infundido para dentro do homem até a época do Novo Testamento e o completar da plena redenção do Senhor Jesus Cristo. Então Deus veio para dispensar, não somente algo Dele mesmo, mas também Ele mesmo para dentro do homem para que o homem pudesse ser regenerado por Ele (Jo 3:5), nascido Dele (Jo 1:12,13).
Quando nascemos de nosso pai terreno, a essência e natureza de nosso pai foram dispensadas a nós. Nós agora somos pessoas regeneradas, a descendência de Deus. Somos filhos nascidos de Deus, não filhos adotados por um pai adotivo. Fomos gerados de um pai que gera. Tudo o que o Pai é foi dispensado para dentro de nós, Seus filhos.
A única coisa Dele que não temos é Sua deidade. Ele é o próprio Deus. Mesmo que tenhamos nascido Dele, nós não participamos de Sua deidade. Dizer que somos deificados no sentido de ter Sua deidade é blasfêmia. Nós O adoramos. Mas nós mesmos não somos objeto de adoração de nenhum homem e nunca poderemos ser. Isso seria blasfemo.
Entretanto, devemos ter ousadia em dizer: "Aleluia! Eu tenho a vida de Deus (Cl 3:4; 1 Jo 5:12) e a natureza de Deus (2 Pe 1:4). Em vida e natureza eu sou igual ao meu Deus, porque nasci Dele." A Sua vida é nossa vida e Sua natureza é nossa natureza. Aleluia! Somos os excelentes filhos de Deus (Rm 8:16; 1 Jo 3:1). A última estrofe do hino 59 fala sobre nós e Deus: "Nada difere; em vida somos um."
O material natural proveniente da criação de Deus não está qualificado para ser usado como material de Sua edificação porque ele não tem nada da essência de Deus. O que Deus usa para a Sua edificação tem de ter a Sua essência.

UMA MONTANHA DE OURO
Em nossa vida diária somos incomodados pela poeira. Gosto do Texas mas não gosto do fato de ali ventar muito. Muito vento traz poeira. Quando estivermos na Nova Jerusalém, porém, não haverá poeira. A Nova Jerusalém, a cidade santa é uma montanha de ouro (Ap 21:18). Essa mon­tanha tem cerca de 2200 quilômetros de altura, a distância aproximada de Porto Alegre a Brasília. A Nova Jerusalém tem doze mil estádios de altura (Ap 21:16); um estádio é igual a 182 metros. Vocês já viram uma montanha tão alta? Levariam cinqüenta dias para subir a pé, se andassem 43 quilômetros por dia.

OURO, PEDRAS PRECIOSAS E PÉROLAS
A muralha da cidade é feita de jaspe sobre uma fundação de doze pedras preciosas diferentes (Ap 21:18-20). As pedras preciosas foram primeiramente criadas, e então transformadas por pressão e calor. Elas não são meramente naturais, mas foram criadas e, então, transformadas. No Novo Testamento existe um forte conceito de transformação (2 Co 3:18). As doze portas são doze pérolas (Ap 21:21). As pérolas também passaram por um processo. As pérolas são produzidas por ostras nas águas da morte. Quando a ostra é ferida por uma partícula de areia, ela expele sua secreção de vida em volta da areia e faz disso uma pérola preciosa. Nesse processo podemos ver a morte, o matar, e a secreção do suco de vida para produzir a pérola.
A cidade inteira é edificada com ouro, pedras preciosas e pérolas. Não haverá necessidade de varrer o chão. Não há poeira! Todas as coisas criadas foram transformadas.

A EDIFICAÇÃO DIVINA COM A HUMANIDADE TRANSFORMADA
Paulo, em 1 Coríntios 3, diz que o único fundamento foi lançado, mas temos de ser cuidadosos em como edificamos sobre ele. Podemos edificar com duas categorias de materiais: ouro, prata e pedras preciosas ou madeira, feno e palha (3:10-12). Madeira, feno e palha tornam-se pó depois que são queimados, mas ouro, prata e pedras preciosas, não.
No conceito de Paulo, o homem natural criado é madeira, feno e palha; os homens regenerados e transfor­mados são ouro, prata e pedras preciosas. Quando Pedro veio ao Senhor Jesus, ele era homem que tinha a natureza do pó, um homem feito de pó (Gn 3:19), porque ele nasceu da raça adâmica. Adão foi feito do pó, e Pedro nasceu um homem que tem a natureza do pó. No entanto, o Senhor Jesus o chamou Cefas (grego), que significa uma pedra (Jo 1:42). A mudança do nome de Simão pelo Senhor Jesus para Pedro indicava que Pedro seria transformado.
Essa foi a razão porque Pedro foi muito forte quanto a essa questão já na primeira epístola que escreveu. Ele disse que o Senhor Jesus é a pedra viva (1 Pe 2:4), e que, quando viemos a esta pedra viva, todos nos tornamos pedras vivas para sermos edificados uma casa espiritual (2:5). A casa espiritual não é edificada com madeira, feno e palha. Ela é edificada com materiais transformados. Porque a nossa mente é plenamente ocupada pelos pensamentos naturais de ética, filosofia e moral, nós negligenciamos essa questão no Novo Testamento. Todo o Novo Testamento, entretanto, está saturado com esse conceito da edificação divina da humanidade transformada. A conclusão da Bíblia é uma cidade santa composta de ouro, pérolas e pedras preciosas.


OS DOIS EXTREMOS DA BÍBLIA REFLETINDO UM AO OUTRO
Todos os materiais que compõem essa cidade santa são encontradas nos dois primeiros capítulos de Gênesis. Em Gênesis 2 existe a árvore da vida. Ao lado da árvore há um rio. Onde o rio flui há ouro, "e o ouro dessa terra é bom". Há o bdélio, uma pérola produzida pela vida vegetal, e a pedra de ônix (Gn 2:9-12). Em seguida, no final do capítulo, existe uma noiva para Adão (2:21-23).
Em Apocalipse 21 e 22 há uma noiva, uma cidade edificada com ouro, pérolas e pedras preciosas. Na cidade há um rio e no rio está a árvore da vida. Esses seis itens — a noiva, o ouro, as pérolas, as pedras preciosas, a árvore da vida e o rio — todos são encontrados nos primeiros dois capítulos de Gênesis. A diferença é que em Gênesis, a cidade não tinha ainda sido edificada. Os três materiais estavam ali mas não edificados em uma cidade. Seis mil anos mais tarde, por meio do trabalho edificador de Deus, todos os materiais foram edificados em uma cidade. Vocês vêem como esses dois extremos na Bíblia refletem um ao outro?
Em 1963 fui a Tyler, Texas, e fiquei na casa de um irmão. Depois de uma das reuniões um amigo dele, que era um mi­nistro itinerante, telefonou para seu amigo James Barber, em Plainview, Texas. Ele disse para James vir e ouvir-me a qualquer custo. Na noite seguinte, James Barber estava na reunião. Naquela noite dei uma mensagem sobre como os dois extremos da Bíblia refletem um ao outro. Esse homem, James Barber, foi capturado. Depois da conferência ele disse que tinha segurança em tomar esse caminho. Esse foi o início da vida da igreja no Texas. Espero que nós também possamos ter tal impressão gloriosa do início e do final da Bíblia refletindo um ao outro. Essa é a economia de Deus — edificar Sua habitação eterna com as coisas criadas e transformadas para serem Seus materiais.

A EDIFICAÇÃO DE DEUS EM ÊXODO
Quando os filhos de Israel foram trazidos ao monte Sinai, Deus revelou-lhes a planta do Seu tabernáculo e eles o edificaram. Aquilo era um tipo. No Santo dos Santos, dentro do tabernáculo, não havia nada para ser visto a não ser ouro. O ouro revestia as tábuas, e no teto podiam ser vistos fios de ouro. Sobre o sumo sacerdote estava o peitoral de ouro com­plementado por doze pedras preciosas. As doze pedras no peitoral tinham os nomes das doze tribos de Israel (Êx 28:15-21). Esse era o "alfabeto" especial de Deus para revelar Seu pensamento a Seus filhos por meio do Urim e Tumim (Êx 28:30). Podemos ver, então, que o pensamento da edificação de Deus, usando pedras preciosas, está também em Êxodo.


A EDIFICAÇÃO DE DEUS NO NOVO TESTAMENTO
No Novo Testamento somos incumbidos a sermos cuida­dosos em como edificamos (1 Co 3:10-12). Não use madeira, feno e palha, isto é, não use o seu homem natural. A igreja não é edificada com o homem natural. Ela é edificada com o homem regenerado e transformado. Quando você traz a sua vida natural para dentro da igreja, você faz da igreja não mais a igreja. Isso é o que está acontecendo hoje. Muitos cristãos, mesmo obreiros cristãos, estão fazendo da igreja não a igreja ao usar a maneira natural, a maneira carnal, a maneira do homem, não a maneira transformada e regenerada.
Pedro nos diz que como bebês recém-nascidos precisamos beber o leite da Palavra para que possamos ser transformados em pedras preciosas para sermos edifícados uma casa espiritual (1 Pe 2:2-5). Os escritos de João en­fatizam especialmente essa questão de transformação. No primeiro capítulo de seu Evangelho existe o Cristo encar­nado como o tabernáculo de Deus (1:14). Então, nos dois últimos capítulos de Apocalipse de João existe o tabernáculo ampliado, incluindo não somente Cristo, mas também todos os Seus crentes, porque naquele tempo eles foram regenerados, plenamente transformados e edifícados juntos para dentro de uma entidade. Isso é a Nova Jerusalém. Essa é a verdadeira revelação de Deus.
A Bíblia começa com a criação de Deus e conclui com a Sua edificação. Essa edificação é uma entidade regenerada e transformada. As pérolas indicam regeneração. É por isso que todas as portas de entrada são pérolas. Sem regeneração ninguém pode entrar no reino de Deus (Jo 3:5). Regeneração é a entrada para o reino de Deus, conforme plenamente representado pelas portas de pérola. As pedras preciosas significam transformação. Depois de entrar nesse reino pela porta de pérola, somos gradualmente transfor­mados para a edificação.


O TABERNÁCULO DE DEUS
A Nova Jerusalém será o tabernáculo de Deus com os homens na eternidade. O tabernáculo em Apocalipse não é um termo novo. Ele é plenamente revelado e retratado em Êxodo 25 a 40. Então, João 1:14 diz que a Palavra tornou-se carne e tabernaculou entre nós. Quando Jesus estava nesta terra, Ele era um tabernáculo.  Então, nos últimos dois capítulos da Bíblia está o tabernáculo eterno. Portanto, para entender os dois últimos capítulos de Apocalipse, temos de voltar e estudar Êxodo 25 a 40 e João 1:14.


O AGREGADO DE TODOS OS CANDELABROS
A cidade santa na montanha de ouro é o agregado de todos os candelabros. A cidade inteira tem uma rua (Ap 21:21; 22:2 - lit.), contudo essa única rua alcança todas as doze portas. Como uma rua em uma cidade poderia servir as doze portas? Também, a muralha tem cento e quarenta e quatro côvados de altura (21:17), e a própria cidade tem doze mil estádios de altura (21:16). Esses fatos indicam que a cidade propriamente dita deve ser uma montanha. No topo da montanha há um trono, do qual a rua desce em espiral até a parte mais baixa para alcançar as doze portas. Ela deve ser uma rua espiral, espiralando-se ao longo da montanha até circular por todas as doze portas. Uma rua, descendo do topo até a parte mais baixa, alcança e serve todas as doze portas. No topo dessa montanha de ouro está o trono como o centro. No trono está Cristo como o Cordeiro com Deus Nele (22:1). Esse Cordeiro é a lâmpada com Deus Nele como a luz (21:23; 22:5). Isso indica que Deus está no Cordeiro assim como a luz está na lâmpada.
Essa alta montanha de ouro é um suporte. Sobre esse suporte está uma lâmpada; portanto, isso é um candelabro de ouro. Isso é um candelabro de ouro com Cristo como a lâmpada e Deus dentro Dele como a luz, brilhando pela eter­nidade. Assim, a cidade santa na montanha de ouro é o agregado de todos os candelabros, a totalidade de todos os candelabros de hoje, brilhando para a glória de Deus na eter­nidade no novo céu e nova terra.

A Cidade e Sua Rua
A cidade e sua rua são de ouro puro como vidro transparente (21:18b, 21b - lit.). Ouro transparente repre­senta a natureza de Deus. Os mestres da Bíblia em geral concordam que, em prefiguração, ouro significa a natureza divina, a essência divina.

Os Doze Fundamentos e as Doze Portas
Os doze fundamentos de doze pedras preciosas diferen­tes, levando o nome dos doze apóstolos, representam todos os santos do Novo Testamento, representado por estes doze apóstolos (21:14, 19, 20). A Nova Jerusalém é uma composição de todos os santos redimidos, tanto do Velho como do Novo Testamento. Os doze apóstolos representam os santos do Novo Testamento, enquanto os nomes das doze tribos nas doze portas representam os santos do Velho Tes­tamento (21:12, 13, 21a).
As pérolas representam os santos produzidos por meio do Cristo encarnado, crucificado e ressuscitado. Em Sua encarnação Ele era como uma ostra viva nas águas da morte. Então, Ele foi ferido por nós, as pequenas partículas de areia. Essas feridas levaram-No a liberar o Seu suco de vida em volta de nós, assim tornando-nos pérolas. Aqui está a encarnação, crucificação e ressurreição. Por meio desse processo nós, os grãos de areia, tornamo-nos pérolas preciosas.

Pedras Preciosas
O fundamento e a muralha edificadas com pedras preciosas representam os santos transformados pelo Espírito Santificador (21:19, 20, 18a, 11b). Fomos feitos do pó, mas fomos regenerados em pedra e transformados em pedras preciosas. O pó, regenerado em pedra e transformado em pedra preciosa, está qualificado para ser usado como material para a edificação de Deus.

O Comprimento, Largura e Altura da Cidade
O comprimento, a largura e a altura da cidade são iguais, assim como o Santo dos Santos no Velho Testamento tinha três dimensões iguais (1 Rs 6:20). A medida lá é vinte côvados de comprimento, vinte côvados de largura e vinte côvados de altura. Esse é o Santo dos Santos na prefiguração do templo. O Santo dos Santos no tabernáculo tem dez côvados por dez côvados por dez côvados (Ex 26:2-8). Em ambos os casos, as três dimensões são iguais. O princípio é que tal edificação de três dimensões iguais representam o Santo dos Santos, que é o próprio lugar onde Deus habita (Ap 21:16). A cidade inteira, então, é o próprio lugar de habitação de Deus.

Sem Templo
João diz que ele não viu nenhum "santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-poderoso e o Cor­deiro" (21:22). Isso indica que a cidade inteira é o templo. Primeiramente há o tabernáculo em Êxodo. Então, depois de entrar na boa terra, os filhos de Israel edifícaram um templo, que substituiu o tabernáculo. Mesmo antes de o templo ser edificado, em 1 Samuel 3:3 o tabernáculo era chamado o templo. Isso quer dizer que o tabernáculo e o templo, na realidade, referem-se a uma coisa só. Um podia ser desmon­tado e movido de um lugar para outro no deserto; o outro tinha uma localização estabelecida na boa terra como uma edificação mais permanente.
A cidade santa é chamada o tabernáculo. No Velho Tes­tamento o templo estava na cidade de Jerusalém, mas em Apocalipse 21 e 22 a cidade inteira é o tabernáculo e o templo. Esse templo não é somente a habitação de Deus, mas também o lugar de habitação de todos os que O servem. Naquele tempo todos os santos serão sacerdotes com um sacerdócio eterno. Todos nós O serviremos (22:3). O nosso lugar de habitação, então, será o templo. A Nova Jerusalém é um grande templo, onde tanto Deus como os Seus redimidos habitam juntos.

A Glória de Deus como a Luz e o Cordeiro como a Lâmpada
"A glória de Deus a iluminou, e o Cordeiro é a sua lâmpada" (Ap 21:23). "Nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles" (22:5). A glória de Deus como a luz e o Cordeiro como a lâmpada, significam que Deus em Cristo é a luz da Nova Jerusalém na eternidade. Na cidade nova não há necessidade de sol, da luz natural, nem de nenhuma lâmpada feita por homens porque o próprio Deus será a luz e Cristo será a lâmpada, brilhando Deus para iluminar a cidade inteira.Isso quer dizer que Deus em Cristo é tudo na Nova Jerusalém.

O Trono de Deus e do Cordeiro
O trono de Deus e do Cordeiro é o centro ad­ministrativo da cidade. Dele procede o rio da água da vida no meio da rua, com a árvore da vida, como uma videira, cres­cendo ao longo das duas margens (22:1, 2). A rua é uma espiral, e o rio está na rua. Desde que a árvore da vida cresce ao longo de ambas as margens do rio, ela deve ser uma videira. Uma árvore ereta não poderia crescer nas duas mar­gens. Ela deve ser, portanto, uma videira, crescendo espiralmente ao longo da rua. João 15 fala de uma videira (v. 1). Jesus é a videira, que é a árvore da vida.
Em um programa de rádio um mestre da Bíblia foi per­guntado acerca da árvore da vida. Ele disse que a árvore da vida já não existe. Isso é incorreto. A árvore da vida per­manece hoje, e ela permanecerá para sempre. Em Apocalipse 2:7 o Senhor Jesus disse que àquele que vencer Ele "dará de comer da árvore da vida". Ainda hoje essa promessa está sendo cumprida. A árvore da vida, da qual es­tamos comendo, é Jesus (Jo 6:57). O Senhor Jesus nos disse, por um lado, que Ele é o pão da vida (6:48), tipificado pelo maná. Então, por outro lado, Ele nos disse em João 15 que é a videira, e em 14:6 que Ele é a vida. Como a videira e a vida Ele é a árvore da vida. A árvore da vida em Gênesis 2:9 re­presenta Cristo. Ele veio a nós como a realidade em João 14 e 15. Ainda hoje Ele é a árvore da vida da qual podemos comer.
A árvore da vida, como a videira crescendo ao longo das duas margens do rio, significa que Deus no Cordeiro é o centro da Nova Jerusalém e a supre com a Sua vida divina para nutri-la e satisfazê-la. A rua, na qual o rio da água da vida flui, desce do topo da montanha espiralmente para alcançar todas as doze portas nos quatro lados da cidade para sua comunhão (22:1, 2). A rua é para comunicação; comunicação é comunhão. Em 1 João 1:1 e 3 vemos que dessa vida divina sai a comunhão divina. A rua, o rio e a árvore da vida são para comunhão. Hoje, na restauração do Senhor, estamos nessa comunhão, que está ao longo da rua com o rio fluindo e a árvore crescendo.


A NOIVA, A ESPOSA DO CORDEIRO
A consumação final e máxima é a noiva, a esposa do Cordeiro (21:2, 9). A cidade santa inteira é uma noiva. No Evangelho de João, quando os discípulos de João estavam com ciúmes de Jesus, João disse: "O que tem a noiva é o noivo" (Jo 3:26-29). Como o amigo do Noivo, João estava alegre por seus seguidores o deixarem e irem a Jesus, porque Ele era o noivo. A regeneração em João 3 é para a produção da noiva.
Consumadamente, seremos uma mulher coletiva pela eternidade (Ap 21:2). O único homem pela eternidade é nosso Deus, nosso Redentor, nosso Senhor. Seremos uma mulher coletiva para combinar com Ele. Finalmente, então, o que provém da dupla obra de Deus — criação e edificação — é um casal. Deus está casado com o homem e o homem está casado com Deus. Na conclusão dos sessenta e seis livros da Bíblia está Apocalipse 22:17 que diz: "O Espírito e a noiva dizem..." A conclusão da Bíblia é aquilo que o casal diz.
Essa noiva que combina com o Espírito é a consumação final e máxima de todos os homens tripartidos, redimidos, regenerados, transformados e glorificados. O Espírito é o Espírito todo-inclusivo como a consumação final e máxima do Deus Triúno. O Espírito é o Deus Triúno alcançando-nos, pois O que alcança é a consumação. Ele passou pelos processos de encarnação, viver humano, crucifícação, ressurreição e ascensão.
Hoje o nosso Deus é um Deus processado. No princípio era a Palavra, e a Palavra era Deus, e essa Palavra tornou-se carne. A encarnação é um processo. Esse que se encarnou, viveu na terra na casa de um pobre carpinteiro. Depois de trinta e três anos e meio Ele foi levado como um cordeiro para o matadouro, e foi imolado na cruz. Isso também foi um processo. Ele foi ao Hades (At 2:27; Ef 4:9), e Ele entrou na ressurreição. Esses também são processos. Certamente todos esses passos são processos pelos quais Ele passou. Hoje nos­so Deus não pode ser igual ao que era antes da encarnação.
Vocês crêem que Deus é igual ao que era antes da encarnação? Hebreus 13:8 diz: "Jesus Cristo ontem e hoje é o mesmo, e o será para sempre." Se disserem que desde a Sua ressurreição Ele é o mesmo ontem, e hoje e para sempre, concordo com vocês; mas se disserem que esse versículo é verdadeiro para Jesus antes da encarnação, eu não concordo. Ele não tinha carne antes de Sua encarnação. Por todos esses processos Deus tornou-se nosso Redentor, nosso Salvador e nossa vida. Ele até mesmo tornou-se o Espírito que dá vida, rico, abundante, dentro de nós hoje.
Assim, na conclusão da Bíblia está a consumação do Deus Triúno processado, enquanto a esposa é o agregado e a consumação de todos os homens tripartidos, redimidos, regenerados, transformados e glorificados. Aleluia! O Deus Triúno casa com o homem tripartido. Eis aqui um casal eter­no expressando o Deus Triúno pela eternidade. O homem tripartido na eternidasde estará desfrutando desse rico Deus Triúno.
Fomos escolhidos e predestinados, e fomos chamados, salvos e regenerados. Agora estamos sendo transformados para sermos materiais preciosos para que possamos ser edificados a fim de sermos uma casa espiritual, para servir a Deus e para ser o Corpo de Cristo e expressá-Lo. Esse é o nosso objetivo. Somos os filhos de Deus, sendo transfor­mados para que possamos ser edificados como uma casa para servir a Deus e como o Corpo para expressar Cristo.