terça-feira, 7 de outubro de 2014

O Prof. A. F. Lemos prova irrefragavelmente a "existência" de Deus


Livro: Fundamentos inabaláveis



Capítulo 8: Projeto inteligente

No capítulo 8 (Projeto Inteligente) do livro Fundamentos inabaláveis, os autores Norman Geisler e Peter Bocchino trazem a questão bastante polêmica da origem do universo e da vida. Durante este capítulo, os autores procuram apresentar, de maneira honesta e didática, as principais teorias científicas que tratam da origem do cosmos, entre as quais aquelas que intentam atrelar a Ciência à religião. Todavia, ao longo do texto, os autores deixam clara a sua posição criacionista, bem como a sua predileção pelo modelo progressivo de projeto inteligente das origens.
Com base na tese defendida pelos autores, uma das possibilidades de abordagem do capítulo é aquela que estabelece que o mesmo está apoiado em dois elementos de sustentação: a ordem criada e o Criador.
De posse destas informações, após a leitura do capítulo oito do livro e com a ajuda dos conhecimentos teológicos e filosóficos adquiridos ao longo do curso de Teologia, responda: é possível provar a existência de Deus? Se sim, justifique sua resposta procurando fundamentar seus argumentos na relação criatura x Criador.

RESPOSTA
Sim, é possível provar a existência de Deus! Mas permita, primeiro, que eu estabeleça minhas premissas e mostre as bases de minha argumentação.
Logo no introito do oitavo capítulo de Fundamentos inabaláveis, chamou-me a atenção a epígrafe de Gênesis 1:1: “No Princípio criou Deus os céus e a terra”. Temos, aqui, logo no primeiro verso da Bíblia, a afirmação do Criador (Deus) e da criação (tempo = “Princípio”, “céus” e “terra”). É daqui que partimos para postular a defesa da existência de Deus através da observação da ordem criada. 
Os autores não se preocupam muito em provar a existência de Deus, pois este não é o objetivo dos mesmos, mas, mesmo assim, creio que isto seja uma demanda premente e inevitável, que surge com a leitura do livro. Na p. 177, vemos os autores afirmarem que é irrefragável a existência de uma “causa inteligente” (l. 3). Esta afirmação faz rolar a pedra-de-avalanche capaz de orientar toda a nossa resposta. Ainda no primeiro parágrafo, o autor fixa as bases comprobatórias iniciais que sustentam sua tese ao longo do texto:
“Os princípios da causalidade e da uniformidade, a lei da complexidade especificada e a teoria da ciência da informação nos mostram que a primeira forma de vida deve ter tido uma causa inteligente. Ademais, a ciência operacional demonstrou que as mutações não podem produzir nenhuma nova informação necessária para produzir inovação biológica. Além disso, as evidências observáveis confirmam que há limitações naturais à mudança genética que dá suporte à microevolução, mas não há nenhuma evidência (científica, paleontológica nem nenhuma outra) que dê suporte à declaração de que a microevolução possa ser extrapolada para o nível da macroevolução. A paleontologia confirma que o aparecimento abrupto das primeiras formas de vida (...) se deveu a uma curta e rápida explosão global de vida. Desse ponto em diante, a paleontologia também confirma que todas as outras novas formas de vida aparecem muito abruptamente como mostra o registro fóssil.” [p. 177 – grifo nosso]
            Evidências, teorias e hipóteses... Isto pode ser questionado, mas princípios e leis são imutáveis. E os autores falam de uma lei que nos chama a atenção, a lei da complexidade especificada. De modo geral, a complexidade irredutível afirma que há estruturas biológicas que não poderiam ter evoluído de um estado mais simples – mais a frente, veremos como a filosofia tomista pode ajudar a provar isto. Uma célula, por exemplo, é composta de centenas de máquinas moleculares complexas. Sem elas, a célula não funcionaria. Por isso, a célula é irredutivelmente complexa: ela não pode ter evoluído de um estado mais simples, porque não funcionaria em um estado mais simples, e a seleção natural só pode optar por características que já estejam funcionando. Behe dá o exemplo de uma ratoeira, que costuma ter cinco partes: uma base de madeira para sustentar o dispositivo, um martelo metálico para atingir o camundongo, uma mola para acionar o martelo, uma lingueta para soltar a mola e uma barra metálica que prende o martelo. Sem uma dessas partes, o dispositivo é inútil. Portanto, uma ratoeira é irredutivelmente complexa.
Em biologia, Behe considera o flagelo bacteriano um sistema irredutivelmente complexo. A comunidade científica responde à complexidade irredutível dizendo que, embora seja verdade que a seleção natural só pode optar por características que já estejam em funcionamento, essas não têm que estar em sua forma atual. É possível que elas estivessem desempenhando outras funções quando foram escolhidas como vantajosas para sua função atual.
No exemplo da ratoeira, os cientistas ressaltam que, se removermos a lingueta e a barra metálica, teremos um prendedor de gravata. Se removermos a mola, teremos uma argola de chaveiro. Eles também alegam que a ciência já descobriu que um grupo de proteínas que compõe os flagelos bacterianos é usado por determinadas bactérias para uma função completamente diferente. Ele age como um tipo de "bomba molecular" na membrana bacteriana.
O biólogo Kenneth Miller afirma: "A questão que a ciência há muito compreendeu é que as peças de máquinas ditas irredutivelmente complexas podem ter funções distintas, mas ainda assim úteis. A evolução gera máquinas bioquímicas complexas ao copiar, modificar e combinar proteínas previamente usadas para outras funções" (BENTO XVI, 1927).
Deste modo, ao longo de todo o capítulo, os autores procuram assentar sua exposição em cima destas bases comprobatórias científicas. Acho que devemos enaltecer o esforço destes autores em defender o criacionismo de modo inovador, incomum e, não obstante, perfeitamente coerente com as Escrituras. É uma verdadeira teodiceia positivista! Mas, ainda assim, parece-nos que a exposição dos autores, no capítulo oito, apesar de atender ao objetivo proposto, solicita uma complementação, uma explicação suplementar que elucide melhor e assente definitivamente as bases probatórias da existência de Deus. Não há como ler este capítulo e não ser instigado a inquirir se há Deus, se é preciso que Deus exista, se é possível provar tal existência, se as coisas que vemos são realmente obra de uma Inteligência Superior e se é possível conhecer as características desse Ser superior. Acredito que, aqui, podemos fazer uso dos conhecimentos filosóficos e teológicos que adquirimos ao longo do curso de Teologia para, terminantemente, provar a existência de Deus! E julgo poder fazer isto, partindo da observação da ordem criada, de suas leis biológicas, da filosofia peripatética, tomista, socrática e platônica.
            Malgrado, durante a leitura, possamos ver expressões como “Todas as evidências mostram” (p.178, l. 5), “Pretendemos mostrar que do ponto de vista comprobatório” (p. 178, l.12), “queremos apenas mostrar que o modelo de projeto é cientificamente sólido” etc., sabemos que, de modo algum, os autores menosprezam os argumentos filosóficos, ou as vias probatórias da existência de Deus, como se depreende do fragmento abaixo, extraído da p. 180:
“Somos obrigados a concluir que a vida humana, como a vemos, só pode ser explicada como resultado direto de um ato especial de criação tal como registrado nos primeiros capítulos do livro de Gênesis (sic)”
            Neste textículo, vê-se, implicitamente, que é mister uma explicação científica das origens que abra espaço, também, para a análise metafísica dos fatos, e é aqui que entram a Filosofia e a Teologia.
            Passemos, então, às provas metafísicas da existência de Deus, a fim de fornecer um material suplementar à leitura do capítulo oito e estabelecer uma relação de causa x efeito entre Deus e a criação.
            Segundo o professor Orlando Fedeli, há duas coisas que não podem ser provadas: o que é evidente (pois é “vidente”, óbvio, truisticamente notável e, portanto, dispensa o esforço racional) e o mistério (pois é insondável e, assim, não pode ser analisado racionalmente); seja como for, em ambos os casos, qualquer esforço racional é impotente ou impossível. Assim, por exemplo, quando viajamos de avião, comemos uma fruta ou lemos este capítulo, lidamos com entes concretos e evidentes, pois podem ser vistos ou tangídos. Ora, Deus não pode ser visto nem tangido, portanto Deus não é evidente. Outrossim, se conseguirmos provar racionalmente a existência de Deus, ele também não será um mistério e, portanto, estaríamos provando deveras a sua existência.
            Foram os filósofos gregos que deram as primeiras provas. Parmênides provou a unicidade ou univocidade do Ser (Deus), isto é, não podem haver dois ou mais deuses. Não pretendemos, agora, dar maiores detalhes sobre isto.
A primeira prova da existência de Deus vem de Aristóteles e é a prova do movimento, mas não o movimento físico apenas, senão também toda e qualquer mudança. Há coisas que mudam! Muitas e muitas! Muitos são os tipos de mudança: mudança de cor, de conhecimento, de textura, de tempo, de espaço, de tamanho, de clima etc. Tudo isto leva-nos a crer que tudo muda. Ledo engano! Aristóteles diz que há três coisas que NÃO mudam. A verdade não muda: 1 + 1 =2, sempre! A Lei da Gravidade não muda! Ácido sulfúrico foi, é e sempre será corrosivo para nós! Uma vacina ou remédio que cura uma doença cura e sempre curará aquela doença! O quadrado da hipotenusa sempre será igual à soma dos quadrados dos catetos (a²=b²+c²). A soma dos ângulos internos de um triângulo sempre será igual a 180°! Ou seja, a verdade não muda! O que foi verdade ontem, é verdade hoje e será amanhã, e isto depõe contra o tolo relativismo pós-moderno que assola a humanidade hoje com a chamada ditadura do relativismo! Se se admite que tudo muda ou pode mudar, então a afirmação de que tudo muda ou pode mudar pode também mudar e, portanto, também é relativa. Disparate lógico! O bem também não muda! O que era crime, no tempo de Moisés, também é crime hoje, mesmo que as leis mudem, a moralidade dos atos possui característica perene. O assassinato, o aborto, enfim, sempre serão crimes, mesmo que toda a humanidade diga que não! Por fim, a terceira e última coisa que não muda é a beleza. Um quadro magistralmente pintado sempre será belo. Uma mulher bela sempre será bela; ela pode morrer, mas aquela beleza que possuía jamais deixará de ser bela. Uma obra de arquitetura bela sempre será bela, ainda que um terremoto a destrua. O Templo de Herodes sempre será belo, mesmo não existindo há quase 2.000 anos! Deus é a Verdade, o Bem e a Beleza por antonomásia, ainda que para um ateu, pois o conceito de Deus, sua definição semântica, precisa afirmar tais características, isto é, faz parte da essência de Deus ser a Verdade, o Bem e a Beleza absolutos!
Se, por um lado, Deus possui estas três qualidades e, por definição, não pode deixar de possuí-las, pois, se assim ocorresse, Ele deixaria de ser Deus, por outro, na ordem criada, podemos facilmente perceber que as características sim mudam! Por exemplo, se estou com uma camisa preta, posso mudar para uma amarela; posso pintá-la de azul etc.; se estou, agora, indo, posso, daqui a pouco, voltar etc. Portanto, as qualidades que existem de fato são, por Aristóteles, chamadas de qualidades em ato. Se uma lâmpada está acesa, está acesa em ato; se uma porta está fechada, está fechada em ato, e assim por diante. Mas, da mesma forma, as qualidades que não existem de fato, mas podem passar a existir, são chamadas de qualidades em potência. Então, aquela lâmpada que está acesa em ato, está apagada em potência; aquela porta que está fechada em ato, está aberta em potência etc. Deste modo, prova-se que os entes mudam, e que, nestes seres, pode haver qualidades em ato e qualidades em potência. Mas nada muda sozinho! Para que a camisa amarela passasse a ser azul, foi preciso que a tinta azul em ato passasse esta qualidade em ato para a camisa amarela azul em potência; para que a lâmpada acesa em ato e apagada em potência passasse a ficar apagada em ato e acesa em potência, foi preciso que alguém apertasse o interruptor; para que a porta fechada em ato e aberta em potência abrisse, foi preciso uma força externa, um agente externo (talvez uma pessoa querendo entrar...). Destarte, conclui-se que, no ser que muda, a potência precede o ato, mas, na mudança, o ato tem que existir antes da potência! Vemos, na natureza, uma série enorme de mudanças. Vemos os entes mudarem. Mas, antes de um ente mudar, isto é adquirir uma nova qualidade, ele já tinha a potência para aquela qualidade, pois só pode haver uma qualidade em ato, se existiu, antes, uma potência referente naquele ser. Por exemplo, a água pode ser evaporada, congelada, comprimida, aquecida, resfriada etc., mas não pode ser queimada. Por quê? Porque ela não tem potência para ser queimada.
Pois bem, todavia, fica a pergunta: se existe uma cadeia enorme de mudanças no cosmo, esta cadeia é finita ou infinita? Analisemos. A) Se esta série de movimentos fosse infinita, ela não teria princípio. Não haveria primeira mudança, nem segunda, nem terceira, já que o infinito não tem começo nem fim. Não haveria mudança nenhuma! Ora, como já vimos, há coisas que mudam, portanto a série de movimentos tem que ser finita! B) Se esta série de movimentos fosse infinita, ela não seria divisível em partes, fases ou momentos, pois o infinito não é divisível (∞/0 = ∞, ∞/2 = ∞, ∞/ 1000 = ∞, ∞/1.452.123 = ∞ ...); mas a sequencia de movimentos está dividida, pois é composta de momentos, logo ela tem que ser finita! C) Se esta série de movimentos fosse infinita, cada movimento começaria por potência que passa para ato, mas o mudar exige, como vimos, primeiramente, o ato; assim, é preciso que haja um ser que possua tal ou qual qualidade em ato para passar esta qualidade para um outro ser que a possua em potência; portanto, a série de movimentos tem que ser finita! É preciso que haja um ser imóvel e incausado e que seja ato absoluto.
À p. 181, os autores apresentam o que eles chamam de Big-bang da cosmologia e Big-bang da biologia molecular. Quanto ao primeiro, concerne à origem do universo, quanto ao segundo, à origem da vida.
“Com base na segunda lei da termodinâmica e nos princípios da causalidade e da uniformidade (analogia), considera-se o universo espaço-tempo finito e consequentemente causado por uma entidade não-causada e poderosamente infinita e eterna.
(...)
Com base nos princípios da causalidade e da uniformidade, na lei da complexidade especificada e na ciência da teoria da informação, descobrimos que a primeira forma de vida precisou de uma Causa inteligente. Esta Causa projetou todas as coisa vivas para serem capazes de mudança microevolutivas limitadas que lhes permitem adaptar-se a amboentes variados. Portanto, podemos acrescentar o atributo da inteligência a esse Ser não-causado e infinitamente poderoso.
Se a série de movimentos é finita, existe um primeiro ser. Mas como ele é? Ele precisa ter todas as qualidades em ato, porque, se ele tivesse alguma qualidade em potência, ele mudaria. E teria que mudar com a força de outro ser anterior. Mas o primeiro não tem anterior (pois, assim, não seria mais o primeiro), logo, o primeiro ser tem que ter todas as qualidades em grau absoluto. Ele não pode mudar. Por isto, Deus disse a Moisés: “Eu sou aquele que é (sou)” (Êxodo 3:14). Não disse “aquele que foi” ou “será”. Os seres humanos, podem ser e deixar de ser: podem ser e deixarem de ser bons; ter ou deixarem de ter a beleza; estar ou deixarem de estar na verdade. Mas Deus não! Para Deus não existe mudança, pois ele não muda. Assim, Ele não está sujeito ao tempo, já que o tempo é um movimento constante, é a duração da mudança. Por isto, Jesus disse que, antes de Abraão ser ele é (João 8:58); isto porque Ele é eterno, já que não possui potência. O eterno é um agora fixado, enquanto o tempo (a vida) é um agora que se desloca; se se desloca, move-se, se se move, não é imutável, portanto é necessário que Deus, que é imutável, não esteja no tempo. Por isso, Jesus disse ao ladrão: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso” (Lucas 23:43), pois, para Deus, não há passado nem futuro. Deus é o Ser Absoluto, Perfeito, Imutável (Oséias 11:9) e que possui todas as qualidades em ato. Não possui matéria, pois toda matéria tem potência, logo é espírito. Deus é simples, pois todo ser composto é decomponível e, portanto, possui potência; ora, vimos que Deus não tem potência, logo Deus tem que ser simples. Além disto, todo ser composto é composto por seres anteriores (assim como, num bolo de chocolate, existem outros elementos anteriores, como o ovo e a farinha); ora, vimos que Deus é o primeiro e necessário Ser, logo Deus é simples. Deus é infinito, pois todo ser finito é aquele que pode aumentar e diminuir. Por exemplo, uma cadeira pode ser mais larga ou mais estreita; uma sala pode aumentar ou diminuir de tamanho etc. Todas as coisas que têm limite têm potência de aumentar ou diminuir. Portanto, o finito é aquilo que tem potência de aumentar e/ou diminuir. Vimos que Deus não tem potência, logo Deus tem que ser infinito, pois não pode ter suas qualidades aumentadas ou diminuídas. Apesar disto, os alunos são levados ao equívoco pelos professores que afirmam que a numeração também é infinita. Mais uma burrice! A numeração não é infinita, é indefinida! Números são a quantidade de elementos de um conjunto, então, todo número, por maior que seja, pode aumentar ou diminuir uma unidade ou ter seu valor modular alterado, logo, é finito, mesmo que também seja indefinido! A numeração tem potência para o infinito, mas nunca chega a ser infinito em ato. Por quê? Porque, naquilo que há potência para o absoluto e para a perfeição, não pode haver mudança. Só há mudança nas coisas que tem potência para o relativo e para a imperfeição. Assim, o espaço tem potência para o infinito, mas é preciso que esta potência permaneça sempre apenas potência, pois, no dia em que o espaço se tornasse infinito em ato, ele se tronaria igual ou maior Àquilo que o moveu no início, Àquilo que o causou no início; e isto feriria o princípio lógico da causalidade lembrado pelos autores. Assim, até aqui, provamos que Deus é Espírito, Imutável, Simples, Eterno e Infinito. Provamos, também, que Ele é o Ser necessário.
A segunda prova da existência de Deus deriva de Sócrates e de Santo Tomás de Aquino: chama-se prova da causalidade eficiente. É parecida com a primeira e já a expusemos de certa forma. Vemos, na natureza, uma série de movimentos que indicam uma série de causas e efeitos. Por exemplo, os filhos são o efeito dos pais, que são o efeito de seus pais e assim por diante. Pergunta-se, como no raciocínio anterior, se esta série de causas e efeitos é finita ou infinita. Se esta série de causas e efeitos fosse infinita, não haveria primeira causa e nem primeiro efeito, muito menos segunda causa e segundo efeito e assim por diante. Ou seja, nada existiria. Ora, as coisas existem, logo a série de causas e efeitos precisa ser finita. Assim, tem que haver uma causa incausada que principiou todo o movimento. Esta causa inicial não causada chama-se Deus! Este raciocínio simples, porém brilhante, é de Sócrates, que disse, certa vez: “Causa das causas tem pena de mim!”
Aqui, mais uma vez, as pessoas são induzidas ao erro quando são ensinadas que o ovo veio antes da galinha. Apesar de o senso comum dizer que o ovo veio antes da galinha, há cientistas que afirmam que foi a galinha que surgiu antes de botar o ovo. Pelo teoria da evolução, era necessário um ovo com um zigoto de galinha dentro, para a galinha nascer. Assim, o ovo com o pintinho dentro teria surgido primeiro. Já outra linha de pesquisa acredita que o ovo da galinha é diferente dos outros ovos e só seria feito a partir de substâncias presentes na galinha adulta, portanto, a galinha teria aparecido antes. Se há pesquisas que dizem provar que a galinha veio primeiro e outras que dizem que foi o ovo, como solucionar esta querela? Pela inteligência, obviamente. O ovo é efeito da galinha, é menor que ela, em termos qualitativos, isto é, menos evoluído. O ovo tem potência de galinha. No Gênesis, no capítulo primeiro, versículo 24, Deus cria os animais. Isto é perfeitamente coerente com a teoria do ato e da potência de Aristóteles, pois a galinha não tem potência pra ovo, logo ela não pode evoluir para ovo; mas o ovo tem potência pra galinha, logo ele pode sim evoluir pra galinha; como Deus fez todas as coisas perfeitas, primeiro teve que vir a galinha. Isto depõe contra Darwin, que coloca sempre uma causa menor produzindo um efeito maior. Do menos não pode vir o mais!
A terceira prova da existência de Deus é a prova da contingência. Esta prova mostra os conceitos de ser contingente e ser necessário. Contingente é tudo aquilo que existe, mas pode deixar de existir. O contingente não existia, mas passou a existir em algum momento, mas, se não existisse, não mudaria nada Uma casa foi construída um dia, mas, antes não existia. Ou seja, ela passou a ter a existência que não tinha. Portanto, a existência não faz parte de sua essência. Diferentemente de Deus, cuja essência inclui a existência, isto é Ele é um ser necessário. Quando uma ideia (essência) de casa ganha forma (existência) pelas mãos de um construtor, ela passa a ter existência, mas a casa em si, enquanto ideia, já “existia” na imaginação do construtor. Assim, a casa ideada tinha potência para existir enquanto forma, e foi preciso que o construtor – com seu intelecto – impingisse sua qualidade de existência em ato para a casa que a possuía apenas em potência para que a casa passasse a existir de factu, e não apenas de fictu. Então, a essência de casa foi atualizada.
Portanto, todos os seres são contingentes, pois, um dia passaram a existir. Isto implica que, portanto, antes de existirem em factum, existiram em fictum, ou seja, antes de terem a existência formal, já “existiam” nalgum intelecto (já eram ideados). Logo, é preciso que haja um Ser que tenha a existência como nota essencial e, assim, possa idear as demais coisas por ele posteriormente criadas. Esse Ser é Deus! O Ser Necessário cuja essência inclui a existência! Toda a ordem criada é contingente, pois, para passarem a existir, precisaram receber a existência de um Ser que é a existência. Nada existiria, se não houvesse o Ser necessário sustentando todos os seres contingentes. Isto ajuda a entender o que os autores mostram através de argumentos científicos e chamam de PROJETO INTELIGENTE. Por isso, na página 197, eles citam Gerald Schroeder que afirma que é a ciência moderna que tem que se acomodar à Bíblia e não o contrário.
A quarta prova da existência de Deus é de tipo platônico: chama-se prova dos graus de perfeição dos entes. É mais uma prova poética do que metafísica. Por exemplo, se alguém está mais próximo de uma porta do que outra pessoa, é preciso que existam estes três elementos: a primeira pessoa, a segunda pessoa e a porta. Da mesma maneira, se o Rio de Janeiro é mais bonito do que Guaianases, é preciso haver o Rio de Janeiro, Guaianases e a beleza. Assim, a primeira pessoa está mais próxima da porta do que a outra e o Rio de Janeiro é mais belo do que Guaianases, isto é, tem maior participação na beleza. Portanto há seres melhores qualitativamente que outros, ou mais “perfeitos” que outros, ou melhor, menos imperfeitos que outros. Concluindo, toda comparação de qualidades supõe a existência da qualidade em si mesma. E, o que é muito importante aqui, o grau de qualidade de um ser varia conforme a sua potência para receber o ato. Deus, que é ato puro, deu suas qualidades aos seres conforme a capacidade potencial que cada um tinha, e isto fez com que houvesse tanta diversidade animal, vegetal etc. É fundamental ter isto em mente ao ler o capítulo oito, pois esta conclusão apoia e embasa a explanação feita pelos autores, e prova a existência de Deus através da observação do comportamento e das características objetivas, concretas e visíveis das coisas criadas. Destarte, Deus fez as coisas em com graus de qualidade variados para que nós compreendêssemos as qualidades em si mesma! Depois da criação, as qualidades invisíveis de Deus tornaram-se visíveis através das coisas criadas (Cf. Rm 1:20).
A quinta prova da existência de Deus vem de Aristóteles e do aquinate mais famoso do mundo. Chama-se prova da existência de Deus pela finalidade dos entes. Ela diz que não pode haver ordem sem ordenador. Para ilustrar esta prova, tomemos o exemplo dado no livro A gnose de Princeton (editora Cultrix). Imagine um jogador de billar que precisa encaçapar a bola C batendo na bola A e tendo a bola B na frente. Este jogador, então, pensa e calcula. Depois, bate com o taco na bola A, se move em direção a uma parede lateral da mesa, bate em outra lateral, empurra a bola D, que toca na bola C, que dirige-se para o interior da caçapa. Magnífica jogada! Os autores do supracitado livro então propõem filmar esta jogada e, posteriormente, passa-la de trás para frente. Neste segundo vídeo, o que ocorre é a bola C saindo da caçapa, atingindo a bola D, que empurra a bola A, que bate em duas laterais da mesa e empurra o taco, que, por fim, movimenta o braço do jogador. Os autores, então, dizem: “Isto é impossível!”. Mas por que é impossível? Porque todo movimento, toda mudança pressupõe um ser com intenção e inteligência para efetuá-lo. O segundo vídeo, de trás para frente, mostra uma bola pulando da caçapa sem que haja uma lei biológica ou um intelecto capaz de motivar tamanha mudança. Assim, concluem os autores do livro, é claro que existe Deus. E, deste modo, fechamos nossa exposição provando, com base na natureza, na ordem criada, na observação do comportamento das coisas, que Deus existe!
Ninguém inventou o meu Deus. Foi Deus quem criou tudo: o sol, as estrelas, o mundo, os animais, as plantas, eu, você, tudo o que existe, enfim. Ele não é apenas o meu Deus, mas também é o seu Deus, quer você o aceite ou não. Ele é o Deus de todos, porque ele é o Único Deus. Sabe-se que toda causa é anterior ao seu efeito. Assim sendo, por exemplo, uma planta nasce (efeito) porque uma semente foi plantada (causa). Para uma coisa ser causa de si mesma teria de ser anterior a si mesma. Por isso neste mundo sensível, não há coisa alguma que seja causa de si mesma. No artigo EXISTÊNCIA DE DEUS (http://www.montfort.org.br/cadernos/existencia.html#1) do professor Orlando Fedeli, lemos:
"Assim, numa série definida de causas e efeitos, o resfriado é causado pela chuva, que é causada pela evaporação, que é causada pelo calor, que é causado pelo Sol. No mundo sensível, as causas eficientes se concatenam às outras, formando uma série em que umas se subordinam às outras: a primeira, causa às intermediárias e estas causam à última. Desse modo, se for supressa uma causa, fica supresso o seu efeito. Supressa a primeira, não haverá as intermediárias e tampouco haverá então a última.".

"Se a série de causas concatenadas fosse indefinida, não existiria causa eficiente primeira, nem causas intermediárias, efeitos dela, e nada existiria. Ora, isto é evidentemente falso, pois as coisas existem. Por conseguinte, a série de causas eficientes tem que ser definida. Existe então uma causa primeira que tudo causou e que não foi causada.".

"Deus é a causa das causas não causada. Esta prova foi descoberta por Sócrates que morreu dizendo: "Causa das causas, tem pena de mim". A negação da Causa primeira leva à ciência materialista a contradizer a si mesma, pois ela concede que tudo tem causa, mas nega que haja uma causa do universo.".

"O famoso físico inglês Stephen Hawkins em sua obra "Breve História do Tempo" reconheceu que a teoria do Big-Bang (grande explosão que deu origem ao universo, ordenando-o e não causando desordem, como toda explosão faz devido a Lei da Entropia) exige um ser criador. Hawkins admitiu ainda que o universo é feito como uma mensagem enviada para o homem. Ora, isto supõe um remetente da mensagem...".
            Geisler e Bocchino, na p. 198, mostram a opinião de Robert Jastrow que diz admitir a necessidade de se crer na Bíblia, já que as evidências astronômicas  conduzem a uma visão bíblica da origem do mundo. Diz ele: “Todos os detalhes diferem, mas o elemento essencial dos relatos astronômico e bíblico do Gênesis é o mesmo”.
            E continua, na linha 8:
“(...) A busca dos cientistas aos eventos passados termina no momento da criação. É um desenvolvimento extraordinariamente estranho, inesperado por todos menos os teólogos. Eles sempre aceitaram a palavra da Bíblia: No princípio criou Deus os céus e a terra [...] Para o cientista que viveu pela fé no poder da razão, a história termina como um sonho ruim. Ele escalou as montanhas da ignorância, está a ponto de conquistar o pico mais alto. Quando chega à rocha final, é saudado por um grupo de teólogos que já está sentado ali há séculos”.
            Mas veja o que os autores da obra em apreço vão dizer ainda na p. 198 e analise se não confere com a minha exposição filosófica:
“Chegamos à conclusão geral de que um Ser (Deus) não-causado, infinitamente poderoso, eterno e inteligente existe” [l.18]
            Porém, na sequência, os mesmos autores vão dizer algo que parece repudiar o esforço filosófico como ferramenta epistemológica:
“Isso se deu sem que fôssemos influenciados por suposições filosóficas injustificáveis” [l. 19]
            Minha intenção foi justamente mostrar que uma boa teodiceia não só pode endossar o criacionismo (o Criador e a criatura) como deve sempre estar presente em toda e qualquer iniciativa científica que tenha por objetivo explicar as origens do ser humano e do cosmo.


Capítulo 11: Deus e o mal

Provamos que Deus existe, é simples, infinito, absoluto, imutável, extemporâneo, indivisível, a Verdade, o Sumo-Bem, a Beleza, a Existência etc. Se Deus, por definição, é o PANTOKRATOR, isto é o TODO-PODEROSO e, como provamos, o BEM absoluto e perfeito, como explicar a existência do mal?

RESPOSTA
            Ora, se Deus é o Bem e o Todo-poderoso, ele jamais poderia ter criado o mal. O problema é que, geralmente, tratam o mal como se fosse um ser. Porém o mal não existe, pois na verdade, o mal é a ausência total do bem. A primeira via de Tomás de Aquino pode ser usada para provara isto.
            Se, como vimos, há um Ser necessário, é porque, então, há, aprioristicamente, ao menos, um Ser. Porém, aposterioristicamente, é truísmo que existem outros seres (ou entes, aqueles que têm o ser), como pode ser evidenciado neste próprio ato onde eu escrevi e você está lendo; deste modo, é evidente e, portanto, sem necessidade de prova, que eu existo e você também, assim como muitas outras pessoas e coisas. Pois bem! Pergunta-se: nos seres que existem, nota-se a presença do bem? Sim, é claro, pois nós mesmos somos emissores e receptores de muitos atos de bondade, disto ninguém duvida! E o mal, nota-se sua presença nos seres que existem? Também, pois, da mesma forma, percebemos sua presença, por exemplo, nos atos de violência e descaso, basta ligar a TV no noticiário do dia! Mas, se o bem e o mal existem, porque podemos vê-los no cotidiano humano, como podemos dizer o que dissemos, no início, que o mal não existe?!
            É que o que vemos nos noticiários policiais e tantos outros atos de violência e de maldade nada mais são do que atos concebidos ou acalentados por mentes humanas temporária ou constantemente esquecidas de Deus, o Sumo Bem. Pois, se, como provamos, existe Deus, e, por definição, ele precisa ser Bom, já que, se ele não existisse e fosse sempre bom, tudo o que vemos de bom e agradável não existiria, pois não teria sido criado, assim também não há como Ele ter criado o mal, pois, em tese, alguma coisa antes de ser mal em ato já era mal em potência; como Deus é o Bem em ato e não tem potência pra mal, o mal não poderia ter vindo de Deus. Portanto o que existem são atos de maldade e não o mal. Os atos de maldade são atos sem o bem e não com o mal, pois os seres humanos possuem, como já vimos, o bem de modo limitado, temporário e finito. Quando alguém comete uma maldade, é porque, naquele momento, está sem o Bem. Por isso, devemos estar sempre meditando nas Escrituras e aprendendo com Deus a sermos bons e termos o bem pelo maior tempo que pudermos.
            Como dizem os próprios autores no capítulo 11, na p. 250, na l. 23, podemos considerar o mal a ausência ou a privação daquilo que é bom...




FONTES BIBLIOGRÁFICAS
BENTO XVI, Papa, 1927. Perguntas e respostas. Tradução de Euclides Luiz Calloni, Cleusa Margot Wosgrau - Editora Pensamento, São Paulo, 2009. ISBN 978-85-315-1583-5.

Fedeli, Orlando - "Existência de Deus" - MONTFORT Associação Cultural http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cadernos&subsecao=religiao&artigo=existencia&lang=bra  - 
Online, 04/10/2014 às 12h30min.

GEISLER, N. & BOCCHINO, P. Fundamentos inabaláveis. Vida. São Paulo, 2003.




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