O cristão pode
namorar? O namorar pode ser cristão?
1 PROLEGÔMENOS
Comecemos pelo significado da palavra namorar segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
SIGNIFICADO DA PALAVRA “NAMORAR”
namorar
[Var. aferética de enamorar.]
Verbo transitivo direto.
1. Procurar inspirar amor a; requestar, cortejar:
“Uma velhota metida a faceira, .... que tinha a mania de namorar os rapazes elegantes da cidade.” (Viriato Correia, Novelas Doidas, p. 24.)[Sin.: arrastar a asa a, fazer pé de alferes a, azeitar e (bras., S.) tourear.]
2. Inspirar amor a; apaixonar; cativar; atrair, seduzir:
“Sete anos e nove meses tinha ele de casado com a Luzia ..... Namorara-o o seu lindo cabelo preto, o seu rosto de nazarena” (Trindade Coelho, Os Meus Amores, p. 228).
3. Manter relação de namoro com; ser namorado de:
Namora a moça há muitos anos, e nada de casamento.
4. Desejar ardentemente; cobiçar.
5. Empregar todos os esforços por obter.
6. Fitar (alguma coisa) de maneira insistente e com vontade de possuí-la.
7. Atrair, chamar:
A mesa de jogo namorava-o.
Verbo transitivo indireto.
8. Manter relação de namoro; ser namorado:
“O Promotor namorava com a filha do coronel Quincas” (Bernardo Élis, Caminhos e Descaminhos, p. 58); “Edílio está namorando com Mirna” (Dias da Costa, Canção do Beco, p. 19); “Por que você não poderia namorar com americanos?” (Carlos Castelo Branco, Continhos Brasileiros, p. 28).[O uso de namorar comesta regência é perfeitamente legítimo, moldado em casar com e noivar com.]
Verbo intransitivo.
9. Andar em requestos ou galanteios:
“poderia [Lima Barreto] dizer que só havia namorado uma única vez, aos 16 anos” (Francisco de Assis Barbosa, Lima Barreto, p. 217).[Sin. (bras., pop.) nesta acepç.: derriçar, fazer cera, fazer tijolo, graxear, pegar uma ponta.]
10. Procurar conquistar. [Sin. (bras., gír.), nesta acepç.: paquerar.]
Verbo pronominal.
11. Ficar enamorado; possuir-se de amor; apaixonar-se, enamorar-se:
“porque a aventureira se namorou do redator de um jornal, que não tinha vintém” (Machado de Assis, Relíquias de Casa Velha, p. 26).
12. Andar em requestos ou galanteios recíprocos:
“Doquinha tinha onze anos, Mário doze. Outros meninos e meninas da mesma idade se namoravam, conversavam com desenvoltura” (Oto Lara Resende, Boca do Inferno, p. 75).
13. Tomar-se mutuamente de amor:
“O Teófilo olhou para cima; Helena sorriu. | Namoraram-se.” (Artur Azevedo, Contos Possíveis, p. 28.)
14. Agradar-se; encantar-se; enamorar-se:
Namorou-se da cidadezinha, e por lá ficou. [Pres. ind.: namoro, etc. Cf. namoro (ô), s. m.]
Verbo transitivo direto.
1. Procurar inspirar amor a; requestar, cortejar:
“Uma velhota metida a faceira, .... que tinha a mania de namorar os rapazes elegantes da cidade.” (Viriato Correia, Novelas Doidas, p. 24.)[Sin.: arrastar a asa a, fazer pé de alferes a, azeitar e (bras., S.) tourear.]
2. Inspirar amor a; apaixonar; cativar; atrair, seduzir:
“Sete anos e nove meses tinha ele de casado com a Luzia ..... Namorara-o o seu lindo cabelo preto, o seu rosto de nazarena” (Trindade Coelho, Os Meus Amores, p. 228).
3. Manter relação de namoro com; ser namorado de:
Namora a moça há muitos anos, e nada de casamento.
4. Desejar ardentemente; cobiçar.
5. Empregar todos os esforços por obter.
6. Fitar (alguma coisa) de maneira insistente e com vontade de possuí-la.
7. Atrair, chamar:
A mesa de jogo namorava-o.
Verbo transitivo indireto.
8. Manter relação de namoro; ser namorado:
“O Promotor namorava com a filha do coronel Quincas” (Bernardo Élis, Caminhos e Descaminhos, p. 58); “Edílio está namorando com Mirna” (Dias da Costa, Canção do Beco, p. 19); “Por que você não poderia namorar com americanos?” (Carlos Castelo Branco, Continhos Brasileiros, p. 28).[O uso de namorar comesta regência é perfeitamente legítimo, moldado em casar com e noivar com.]
Verbo intransitivo.
9. Andar em requestos ou galanteios:
“poderia [Lima Barreto] dizer que só havia namorado uma única vez, aos 16 anos” (Francisco de Assis Barbosa, Lima Barreto, p. 217).[Sin. (bras., pop.) nesta acepç.: derriçar, fazer cera, fazer tijolo, graxear, pegar uma ponta.]
10. Procurar conquistar. [Sin. (bras., gír.), nesta acepç.: paquerar.]
Verbo pronominal.
11. Ficar enamorado; possuir-se de amor; apaixonar-se, enamorar-se:
“porque a aventureira se namorou do redator de um jornal, que não tinha vintém” (Machado de Assis, Relíquias de Casa Velha, p. 26).
12. Andar em requestos ou galanteios recíprocos:
“Doquinha tinha onze anos, Mário doze. Outros meninos e meninas da mesma idade se namoravam, conversavam com desenvoltura” (Oto Lara Resende, Boca do Inferno, p. 75).
13. Tomar-se mutuamente de amor:
“O Teófilo olhou para cima; Helena sorriu. | Namoraram-se.” (Artur Azevedo, Contos Possíveis, p. 28.)
14. Agradar-se; encantar-se; enamorar-se:
Namorou-se da cidadezinha, e por lá ficou. [Pres. ind.: namoro, etc. Cf. namoro (ô), s. m.]
© O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa.
Ainda no
dicionário, encontramos os seguintes sinônimos para namorar.
namorar
afeiçoar, apaixonar, apassionar, atrair, chamar,
chocar, cativar, cobiçar, cortejar, donear, embeiçar, enamorar, encalacrar,
enrabichar, bambalear, flertar, galantear, gamar, gavionar, graxear, grelar,
invejar, invidiar, moquear, namoricar, paquerar, pastorejar, peruar, prosear,
rentar, requebrar, requerer, requestar, reqüestar, sapecar, seduzir
Percebe-se,
mormente nas palavras negritadas propositalmente por mim, que namorar não é
algo para se brincar. Sendo nós cristãos ainda devemos observar o que a Palavra
do nosso Deus diz.
2
NAMORO
“Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa,
fazei tudo para a glória de Deus” (1 Co
10:31).
Quando dois
adolescentes cristãos resolvem namorar e buscam orientação na Bíblia, podem se desapontar, pois não há
referência a namoro nela. O namoro é uma
criação mais recente na história das civilizações. As referências são a
noivado e a casamento. Então é dever dos líderes espirituais orientar suas ovelhas
menos esclarecidas usando para isto a Palavra de Deus e atentando para o
contexto inerente a cada caso em particular. Como cidadãos do Céu e do Mundo
(socialmente participantes), não devemos preterir as orientações e costumes
seculares quando estes não maculam os preceitos bíblicos para a nossa vida.
Sendo assim,
conforme o texto de 1 Co 10:31,
devemos aproveitar o namoro para darmos um bom testemunho – isto é, fazermos a
diferença – ao mundo. O namoro é um tempo onde duas pessoas decidem se conhecer
para uma única situação: o casamento. E o casamento para uma única situação: o
propósito de Deus na vida do homem. O casamento é uma instituição divina. A
primeira. Foi dada a Adão e a Eva no Éden. Namoro não é, portanto, “ficar’,
passar um tempo ou relacionar-se descompromissada e desregradamente com alguém.
É o momento que o casal tem para conversar,
conhecer e corrigir. Perceba que estes três verbos não começam com o prefixo co(n)- à toa. Este prefixo indica
companhia, simultaneidade. Ou seja, num namoro cristão, ambos devem conversar,
principalmente sobre características de cada um; conhecer a história, o
comportamento, o pensamento de cada um e corrigir as possíveis falhas de
caráter e comportamento, afinal, se alguém quer namorar, quer compromisso sério
com foco num futuro casamento, e, num compromisso
como o casamento, ambos compartilham
de uma mesma missão, ser feliz na companhia do outro, missão esta que estará
fadada ao fracasso, caso os dois não refreiem os seus impulsos e controlem seus
deslizes. A idéia de companhia e simultaneidade marcada com co(n) é uma prévia da idéia de “uma só
carne” expressa na Palavra.
Os jovens que
pretendem namorar não devem deixar de orar ao Senhor e esperar n’Ele. Há
católicos que rezam e esperam em Santo Antônio Casamenteiro.
Antônio não arrumou mulher nem para si, muito menos arrumará para um de nós.
Devemos esperar em Deus.
Isto, é claro, não significa que o jovem solitário deve achar
que cairá uma menina do céu nos seus braços. Ele deve buscar, de preferência
nos lugares mais favoráveis, como a igreja, a menina com quem pretende namorar.
Também a menina não deve deixar de se cuidar porque Deus vai alijar um menino
no quintal de sua casa.
Todavia, antes
de namorar, os adolescentes devem saber que os seres humanos têm fases etárias
a serem respeitadas; elas são infância, adolescência, idade adulta e velhice.
Porém, ainda dentro destas fases, há uma gradação a ser respeitada; por
exemplo, aqui no Brasil, o indivíduo começa a ler na infância, mas não no
primeiro ano desta, já que não há condições favoráveis para tal fenômeno
ocorrer; geralmente, a criança começa a ler com sete anos de idade, mas há os
que conseguem ler com seis ou cinco e os que somente com oito ou nove. Da mesma
forma, os adolescentes, em geral, começam a namorar com 15 anos em média, mas
há os que começam com menos e os que começam com mais. Levando em conta que, no
mundo atual, pejado de lixo moral e promiscuidades nos relacionamentos humanos,
os adolescentes comecem a namorar com cerca de treze, catorze anos, nós,
cristãos, devemos pensar se esta não é uma idade precoce para iniciarmos um
relacionamento.
Lembro que um
adolescente mundano, em geral, não pensa em namorar alguém com o intuito de
construir, no futuro, uma vida em comum. Portanto, não há um compromisso real,
aprovado por Deus. Deus disse para o homem deixar a sua família e viver ao lado
de sua mulher, não disse para ele vagar por aí “sem eira nem beira”. Logo, se
concluirmos que o adolescente cristão precisa namorar uma pessoa com o intuito
de aprofundar a relação com foco num futuro casório, a média de quinze anos já
citada pode subir para os vinte.
Por fim, a
pergunta mais aguardada: pode transar antes do casamento?
Para responder
esta pergunta, precisamos entender o significado do casamento nos dias da Bíblia e nos dias de hoje.
Na Bíblia, os judeus davam-se em casamento
da seguinte forma. O rapaz afeiçoava-se da moça e manifestava o desejo de se
compromissar com ela às famílias dele e dela. Dificilmente era a moça que
apontava a escolha do futuro marido. Após a ciência das famílias - naturalmente
a opinião da mulher era menosprezada - a proposta era avaliada socialmente,
culturalmente e financeiramente. Passando por esta fase, homem e mulher se
comprometiam socialmente, mas não era um namoro e, sim, um noivado que durava
poucos meses ou dias (somente o tempo para se preparar a festa e demais
despesas como o “dote”), no qual ambos não mantinham qualquer tipo de
intimidade, reservando-se somente os encontros geralmente na presença da família.
Após alguns meses, casavam-se e transavam. É claro que, naquele tempo, a
condição financeira também importava na hora de casar, mas não era como hoje.
Atualmente,
tanto o jovem como a jovem pode manifestar interesse publicamente por alguém. A
opinião dos pais nem sempre prepondera, pois a família está cada vez mais
corrompida. Muitas vezes o namoro começa sem o conhecimento dos pais, quiçá o
seu aval. Mais que isto, hoje, para casar, o casal deve saber que, se não tiver
uma situação financeira suficiente, passará por necessidades graves. Com a
vinda de um filho, elas podem crescer. Daí, a necessidade moderna de estudar e
trabalhar cada vez mais. Para atender a necessidades do mundo capitalista
consumidor, o casal não se contenta só com as provisões mais básicas. A mulher
precisou sair de casa e trabalhar como o homem. Com isto, as crianças crescem
muitas vezes mal educadas e a interação presente nas conversas cotidianas
diminui. Todas esta demandas por estudo, realização profissional e financeira,
fazem com que as pessoas empurrem cada vez mais o casamento para frente em suas
vidas. Mesmo o cristão sabendo da importância do casamento, fica complicado
seguir algumas regras que lhe são imputadas e que são supostamente extraídas da
Bíblia. Porém elas são fruto de um
interpretação incorreta da Escritura. Na Bíblia,
há orientações e preceitos para contextos e interlocutores diferentes. Estes
preceitos e orientações se dividem em preceitos
e orientações mutáveis, para o povo contemporâneo à escritura do texto, e preceitos e orientações imutáveis, que
serviram, servem e continuarão a servir para os cristãos até a volta de Jesus
Cristo, como, por exemplo, amar a Deus e
ao próximo.
Ora, o
casamento atual não sai em poucos dias ou meses como antigamente. Justamente por
isto é que nasceu o namoro, que veio servir como uma ampliação de tempo para
que o casal se conheça e se prepare financeiramente para arcar com as despesas
de uma vida a dois. Se um jovem resolve casar com uma jovem, hoje, não podem
ter em pouca importância o peso financeiro da vida a dois; devem se preparar; o
rapaz deve ter um emprego, e este não pode pagar muito pouco; a moça, mesmo que
não trabalhe, quer estudar. Tempo e dinheiro; é extremamente desaconselhável o
casamento de jovens desestabilizados financeiramente. Ocorre que, justamente
para atender a esta demanda financeira, os jovens só atingirão o mínimo de
estabilidade financeira a partir dos vinte e poucos anos. Porém a demanda
carnal e emocional, isto é, os desejos dos seres humanos por se relacionarem
sexualmente, não quer esperar. Em muitos casos, o jovem e a jovem cristã,
visivelmente mal orientados pela educação religiosa hipócrita, querem casar
para não “pecarem” em fornicação, mas não podem, pois o rapaz perde horas na
faculdade e a moça também; ambos não têm dinheiro para iniciarem uma vida,
comprar ou alugar um imóvel (cada vez mais caro) e acabam fazendo sexo antes do
casamento. Não adianta “tapar o sol com a peneira”, a maioria dos casais
cristãos de hoje fez sexo antes do casamento, continuamente ou não. E é por
isto que muitos deles casam às pressas, porque a jovem engravidou; aí, começam
uma vida a dois de maneira desorganizada, o que aumenta o índice de divorciados
na igreja, de casais que moram de aluguel ou de
casais desestabilizados financeira e emocionalmente. Isto tudo
contribui, até, para o aumento do número de famílias cristãs pobres, que, por
não terem dinheiro, dependem das escolas e dos hospitais públicos para criarem
seus filhos; e isto resultará em um número maior de cristãos desfavorecidos
culturalmente, que, por seu turno, culminará num número menor de cristãos
ocupantes de altos cargos e funções políticas ou ligadas a órgãos de governo ou
empresas privadas.
Em
contrapartida, se dois jovens de 15 anos filhos de pais ricos quiserem namorar
e casar, pode ser que não seja aconselhável, o que provavelmente não será, pois
os jovens precisam sentir o momento, se estão preparados. Prefiro orientar
seguindo este norte: se os pais cristãos orientarem os seus filhos a só buscarem
um relacionamento sério com alguém por quem realmente estejam apaixonados e que
apresente um caráter cristão, e, se os líderes religiosos ensinarem que os
costumes judaicos antigos referentes ao casamento bem como as orientações
apostólicas também antigas são orientações e preceitos mutáveis, aí sim ,
lançaremos luz sob medida nesta temática de grande importância no meio cristão.
Logo o cristão
que quer transar antes do casamento não estará em pecado se as exigências
seguintes forem observadas:
transar com uma pessoa de caráter e consciência cristãos;
transar com uma pessoa pela qual nutra os sinceros sentimentos e desejo
de construir uma vida inteira a dois fielmente em amor.
Se entendermos
que o sexo só pode ser praticado após o casamento, teremos que aceitar a grande
possibilidade de termos jovens de trinta anos, ou mais, virgens, por não terem
dinheiro. O que o pastor deve dizer a um homem de trinta anos que nunca
transou, para não pecar contra a vontade de Deus e ir para o inferno? Não seria
hipocrisia dizer ao pobre rapaz “Espere e confie no Senhor”? E se este rapaz
não teve oportunidades de estudar, ou teve alguma doença incapacitante que
atrasou sua carreira profissional e acadêmica, malogrando suas corridas ao
sucesso e à estabilidade financeira?
A verdade é
que um jovem pode esperar cinco, dez, vinte anos para transar e, ainda assim,
não ser feliz no casamento. Não digo que o jovem deva sair transando por aí,
mas creio que, se o jovem e a jovem se guardarem para aquele ou aquela que
satisfizerem os critérios de caráter cristão e amor e visarem uma vida cristã
em comum para sempre, Deus não os punirá ou se envergonhará deles, só porque um
papel não foi assinado no cartório. O conceito de fornicação precisa ser
entendido como a prática irresponsável das relações sexuais, e isto não quer
necessariamente dizer sexo antes do casamento, até porque pode haver relações
sexuais irresponsáveis dentro do casamento. Pode haver mais amor e sinceridade
numa transa pré-casamento do que numa pós-casamento. Não esqueçam, Deus é amor!
Alan
Francisco de Souza Lemos