Os cristãos podem falar de si e de Deus. Quando falam de si, não é que seja sobre si, mas a partir de si; quando falam de Deus, nem sempre é sobre Deus, mas também a partir de Deus.
Assim, todo relato, já na escolha dos fatos relatados, já nos pormenores omitidos ou enfatizados, intencionalmente ou não, traz o viés do julgamento do produtor do texto, que pode influenciar a opinião do leitor / ouvinte (des)atento. Mesmo relatando dados objetivos, o produtor do texto pode ser tendencioso e ele, mesmo sem estar mentindo, insinua seu julgamento pessoal pela seleção dos fatos que está reproduzindo ou pelo destaque maior que confere a certos pormenores. A escolha dos fatos e a ênfase atribuída a certos tipos de pormenores dá-se o nome de viés.
Porém, em Filosofia, diz-se que a linguagem é "a casa do Ser" - "das Haus des Seins" -, na qual o Ser nos dirige a palavra como a nos indicar o modelo do que é preciso dizer para não tomarmos a linguagem particular do filósofo pelo "Ursprache" (língua original). Este é que devera inspirá-lo a fim de o Ser não lhe abandonar à linguagem originária e dessarte seu discurso realize uma "homoioûsis logô" (discurso semelhante).
Ver Mt 10:20
Referências
PLATÃO, Francisco & FIORIN, José Luiz. "Para entender o texto: leitura e redação", p. 250.
JOLIVET, Régis. "Vocabulário de Filosofia".