Sítio internético onde todos os assuntos teológico-eclesiásticos podem aparecer. “Se a Igreja de hoje não reconquistar o espírito de sacrifício de seus primeiros tempos, perderá sua autenticidade, a lealdade de milhões, e será relegada à categoria de um clube social sem importância, sem significação no século vinte.” (Martin Luther King)
terça-feira, 16 de julho de 2013
A Reforma violenta
Artigo do Padre José do Vale
Reformador Intolerante - João Calvino
21.11.2012 - “João Calvino governou Genebra tão brutalmente quanto Josef Stalin, na Rússia” Robert Wrigh(1) - Ensaísta e escritor americano
João Calvino nasceu em Noyon, França, em 1509. Ele fundou um movimento religioso que desempenhou um papel importante na vida de muitas pessoas na Europa, nas Américas, na África do Sul e em outros lugares. Calvino é considerado um dos maiores reformadores na história ocidental.
Em resultado de Reforma, as cidades e os Estados individualmente declararam sua sujeição ao catolicismo, ao luteranismo ou ao calvinismo, transformando a Europa num foco de desunião religiosa. Embora os Reformadores estivessem unidos em criticar a Igreja Católica, eles discordavam entre si. A Dra. Sabine Witt, curadora do Museu Histórico da Alemanha, em Berlim, diz: “Desacordos Teológicos se desenvolveram até mesmo entre os protestantes”.
Os três principais reformadores são de nacionalidades diferentes, doutrinas, (ou heresias) diferentes, intolerâncias e brutalidades diferentes.
Martinho Lutero, alemão e conivente com a carnificina dos pobres camponeses em 1525, mais de 150 mil foram mortos. Huldreich Zwínglio, suíço, morreu numa batalha em Cappel em 1531, nessa sangrenta batalha, segundo alguns historiadores, Zwínglio tombou segurando a Bíblia em uma mão e na outra a espada.
O protestantismo nasceu dentro de um contexto de conflitos sangrentos, falta de comunhão entre os próprios líderes, governos eclesiásticos incompatíveis entre si, o mais belo Sacramento: a Eucaristia não unem os protestantes, a Bíblia é interpretada escandalosamente, cismas e heresias continuam a envergonhar o cristianismo. Foi com muita razão que o intelectual inglês e ex-protestante John Henry Newman afirmou: “Aprofundar o conhecimento a cerca da história é abdicar do protestantismo”.
Calvino atacou os ensinos católicos e manteve sua posição a respeito da base de sua crença – a soberania de Deus e predestinação. Além do impacto nos assuntos religiosos, o livro Instituição Cristã, de Calvino, é também conhecido por sua influencia na língua e no estilo literário francês. Calvino foi aclamado como um dos mais importantes reformadores da História. Por fim, ele se estabeleceu em Genebra, Suíça, e de 1541 em diante fez dessa cidade o centro de suas reformas ditatoriais.
Em resultado de Reforma, as cidades e os Estados individualmente declararam sua sujeição ao catolicismo, ao luteranismo ou ao calvinismo, transformando a Europa num foco de desunião religiosa. Embora os Reformadores estivessem unidos em criticar a Igreja Católica, eles discordavam entre si. A Dra. Sabine Witt, curadora do Museu Histórico da Alemanha, em Berlim, diz: “Desacordos Teológicos se desenvolveram até mesmo entre os protestantes”.
Os três principais reformadores são de nacionalidades diferentes, doutrinas, (ou heresias) diferentes, intolerâncias e brutalidades diferentes.
Martinho Lutero, alemão e conivente com a carnificina dos pobres camponeses em 1525, mais de 150 mil foram mortos. Huldreich Zwínglio, suíço, morreu numa batalha em Cappel em 1531, nessa sangrenta batalha, segundo alguns historiadores, Zwínglio tombou segurando a Bíblia em uma mão e na outra a espada.
O protestantismo nasceu dentro de um contexto de conflitos sangrentos, falta de comunhão entre os próprios líderes, governos eclesiásticos incompatíveis entre si, o mais belo Sacramento: a Eucaristia não unem os protestantes, a Bíblia é interpretada escandalosamente, cismas e heresias continuam a envergonhar o cristianismo. Foi com muita razão que o intelectual inglês e ex-protestante John Henry Newman afirmou: “Aprofundar o conhecimento a cerca da história é abdicar do protestantismo”.
Calvino atacou os ensinos católicos e manteve sua posição a respeito da base de sua crença – a soberania de Deus e predestinação. Além do impacto nos assuntos religiosos, o livro Instituição Cristã, de Calvino, é também conhecido por sua influencia na língua e no estilo literário francês. Calvino foi aclamado como um dos mais importantes reformadores da História. Por fim, ele se estabeleceu em Genebra, Suíça, e de 1541 em diante fez dessa cidade o centro de suas reformas ditatoriais.
As Reformas em Genebra
Calvino exerceu uma poderosa influência em Genebra. Motivado por um forte senso de moralidade e justiça, ele transformou Genebra de “uma cidade com má reputação em uma cidade onde um estrito código de moral regulamentava a vida de todos” observa a The Encyclopedia of Religion (Enciclopédia da Religião). Também houve outras mudanças. A Dra. Sabine Witt diz: “Em resultado das guerras religiosas na França, a população de Genebra dobrou em poucos anos por causa de milhares de protestantes que se refugiaram ali”. Os huguenotes, que seguiam a mesma ética de trabalho de Calvino, impulsionaram a economia da cidade, fazendo de Genebra um centro de impressão e de fabricação de relógios. Daí o prelúdio do capitalismo.
Refugiados de outros países também foram para Genebra, incluindo muitos da Inglaterra, onde os protestantes estavam sob ameaças da Rainha Maria I. Assim, formados em geral por uma minoria de exilados, os calvinistas desenvolveram o que a revista religiosa Christ in der Gegenwart chama de “teologia dos perseguidos”. Em 1560, os refugiados publicaram a Bíblia de Genebra, a primeira Bíblia em inglês que continua a divisão numérica dos versículos. Por ser pequena, essa Bíblia facilitava o estudo pessoal da Palavra de Deus. É provável que os puritanos tenham levado essa tradução da Bíblia para a América do Norte quando emigraram para lá em 1620.
No entanto, Genebra não era um lugar seguro para todos. Miguel Servet, nascido em 1511 na Espanha, estudou grego, latim, hebraico, advocacia e medicina, e talvez tenha conhecido Calvino quando os dois estudavam em Paris. Servet percebeu pelo seu estudo da Bíblia que a doutrina da Trindade não era bíblica. Ele tentou se corresponder com Calvino sobre esse assunto, mas Calvino encarava Servet como um inimigo. Perseguido pelos católicos na França, Servet fugiu para Genebra, a cidade de Calvino. Em vez de ser bem acolhido, ele foi preso, julgado por heresia e queimado na estaca em 1553. “A execução de Servet continua a ser uma marca desonrosa na vida e no trabalho do grande Reformador João Calvino”, diz o historiador alemão Friedrich Oehninger.
Calvino trabalhou muito ao passo que procurava alcançar seu objetivo de reformar a Igreja. Diz-se que ele escreveu mais de cem obras de referência e mil cartas, e proferiu uns 4 mil sermões em Genebra. Por meio de todo esse trabalho, Calvino não só apresentou seu ponto de vista sobre o cristianismo, mas também tentou obrigar as pessoas a seguir o cristianismo da forma que ele achava ser a melhor, especialmente em Genebra, o lugar que ele sonhava transformar numa cidade de Deus.
O que Calvino conseguiu realizar em Genebra com seus esforços incansáveis? De acordo com a Agência Federal de Estatísticas da Suíça, no ano 2000, apenas 16% dos habitantes de Genebra pertenciam à Igreja Reformada (calvinista), é há mais católicos do que calvinistas naquela cidade.
Refugiados de outros países também foram para Genebra, incluindo muitos da Inglaterra, onde os protestantes estavam sob ameaças da Rainha Maria I. Assim, formados em geral por uma minoria de exilados, os calvinistas desenvolveram o que a revista religiosa Christ in der Gegenwart chama de “teologia dos perseguidos”. Em 1560, os refugiados publicaram a Bíblia de Genebra, a primeira Bíblia em inglês que continua a divisão numérica dos versículos. Por ser pequena, essa Bíblia facilitava o estudo pessoal da Palavra de Deus. É provável que os puritanos tenham levado essa tradução da Bíblia para a América do Norte quando emigraram para lá em 1620.
No entanto, Genebra não era um lugar seguro para todos. Miguel Servet, nascido em 1511 na Espanha, estudou grego, latim, hebraico, advocacia e medicina, e talvez tenha conhecido Calvino quando os dois estudavam em Paris. Servet percebeu pelo seu estudo da Bíblia que a doutrina da Trindade não era bíblica. Ele tentou se corresponder com Calvino sobre esse assunto, mas Calvino encarava Servet como um inimigo. Perseguido pelos católicos na França, Servet fugiu para Genebra, a cidade de Calvino. Em vez de ser bem acolhido, ele foi preso, julgado por heresia e queimado na estaca em 1553. “A execução de Servet continua a ser uma marca desonrosa na vida e no trabalho do grande Reformador João Calvino”, diz o historiador alemão Friedrich Oehninger.
Calvino trabalhou muito ao passo que procurava alcançar seu objetivo de reformar a Igreja. Diz-se que ele escreveu mais de cem obras de referência e mil cartas, e proferiu uns 4 mil sermões em Genebra. Por meio de todo esse trabalho, Calvino não só apresentou seu ponto de vista sobre o cristianismo, mas também tentou obrigar as pessoas a seguir o cristianismo da forma que ele achava ser a melhor, especialmente em Genebra, o lugar que ele sonhava transformar numa cidade de Deus.
O que Calvino conseguiu realizar em Genebra com seus esforços incansáveis? De acordo com a Agência Federal de Estatísticas da Suíça, no ano 2000, apenas 16% dos habitantes de Genebra pertenciam à Igreja Reformada (calvinista), é há mais católicos do que calvinistas naquela cidade.
TERROR DE CALVINO EM GENEGRA
“A ditadura do austero reformador João Calvino encontra poucos exemplos na história, pelo terror, desconfiança e atmosfera de opressão que soube criar na esplêndida cidade de Genebra”.
A. Galli e D. Grandi (2) - Historiadores eclesiásticos italiano. - Autores da obra História da Igreja
A. Galli e D. Grandi (2) - Historiadores eclesiásticos italiano. - Autores da obra História da Igreja
Em 1542, Calvino publica em Genebra o seu livro de catecismo: "Catéchisme de l'Église de Genève, c'est-a-dire, le formulaire d'instruire les enfants en la chrétienté". A chave do projeto de Calvino passa pela pedagogia. O seu objetivo é a profunda transformação das mentalidades. Cada resquício de superstição, de práticas de magia, ou de catolicismo é perseguido como idolatria que pode chegar sentença de morte.
O consistório, do qual Calvino fazia parte, ocupava-se desses e de outros casos. Refiram-se alguns:
Em 1542, uma mulher chamada Jeanne Petreman é acusada de se recusar a participar da eucaristia, de dizer o pai-nosso em língua "romana" e de proclamar que a Virgem Maria era a sua defensora. Diz também que se nega a acreditar noutra fé que não a sua. É excomungada.
Em 2 de Setembro de 1546, aparece em Genebra um franciscano que pedia na rua um jantar em nome de Deus e da Virgem Maria. Devemos pressupor que ele obteve o seu jantar, mas foi também levado ao consistório, que logo constatou que o "papista" mal conhecia a bíblia, além de ser inofensivo. Foi expulso da cidade, para o lado da fronteira, com os católicos.
A 23 de Junho de 1547 comparecem perante o consistório várias mulheres que tinham sido apanhadas a dançar - uma delas era a esposa de um dos membros do consistório. O caso ganhou contornos de escândalo. As mulheres foram condenadas a alguns dias de prisão, apesar de vários apelos. Em reação à decisão, são colocados na cidade cartazes contra Calvino. O autor dos cartazes, Jacques Gruet, é torturado. Depois de confessar a sua autoria, é executado.
Em 1548, Louis Le Barbier é interrogado sobre a sua fé. Declara que não tem fé. Entretanto, descobrem livros de bruxaria e de escárnio na sua posse. É admoestado perante o consistório, mas não será perseguido.
Os nomes de baptismo são regulamentados. Devem ser nomes que figuram na Bíblia. Um decreto de 22 de Novembro de 1546 dispõe que certos nomes são proibidos, entre os quais:
Suaire, Claude, Mama (lembram a idolatria)
Baptistes, Juge, Evangéliste
Dieu le Fils, Espoir, Emmanuel, Sauveur, Jésus (destinados apenas a nosso senhor)
Sépulcre, Croix, Noël, Pâques, Chrétien (nomes estúpidos ou absurdos)
O luxo e a pompa são desprezados. Em setembro de 1558, Nicolas des Gallars, um amigo de Calvino, inicia uma grande campanha na cidade em desprezo do supérfluo, as modas entre as mulheres e as más leituras. São queimados vários exemplares do livro "Amadis de Gaula", na posse de um comerciante. A radicalidade pelo “zelo religioso” tomava a forma de censura moral e mortal.
Peste Negra em Genebra
Em 1542, há um surto de peste negra em Genebra. A peste negra permanecia então um fenómeno incompreensível - para lidar com a epidemia, era normal que se multiplicassem os casos de feitiçaria e de rituais contra a peste. Este tipo de práticas já era conhecido em Genebra antes da reforma e, tal como antes, os protestantes replicam com a perseguição, tortura e morte dos suspeitos. Aquelas que são identificadas como bruxas são queimadas vivas, enquanto se propaga a ideia de que estas desgraças são um castigo de Deus.
Crescimento Demográfico
A partir de 1542 e, sobretudo na década de 1550, a cidade de Genebra vai conhecer um grande crescimento demográfico, com a chegada de refugiados franceses, protestantes perseguidos em França. Consequentemente, há uma fase de expansão económica (relojoaria, tecelagem…) e a língua francesa começa a ter preponderância sobre o dialeto franco-provençal da região.
Mas é também uma época marcada pelo crescimento de sentimentos xenófobos, em parte devidos a ressentimentos contra Calvino:
Em Janeiro de 1546 é preso Pierre Ameaux, que tinha injuriado publicamente Calvino, ao referir-se a este como um "picard", pregador de uma falsa fé.
Um outro senhor Ameaux é preso mais tarde por razões semelhantes. Este senhor tinha boas razões para não gostar do extremo zelo religioso imposto por Calvino, já que era fabricante de cartas de jogo. Foi condenado a percorrer a cidade de uma ponta à outra, descalço, em camisa, com uma vela na mão.
A 23 de Setembro de 1547, François Favre comparece em tribunal por ter afirmado que Calvino se auto-nomeara bispo de Genebra e que os franceses tinham escravizado a sua cidade natal.
Mais tarde, em 1548, um senhor chamado Nicole Bromet declara que os franceses deveriam ser todos colocados num barco e enviados pelo rio Reno abaixo.
Em 1547, Henrique II de França sucede a Francisco I. Henrique será um rei menos reconhecido, em comparação com Francisco. É caracterizado como menos carismático, menos entusiasta pelas artes e ciências, mais introvertido e frio.
Em 1550 a repressão dos huguenotes em França cresce. É estabelecida a chambre ardente. A censura é fortalecida.
A Morte de Miguel Servet Por Calvino
Aos 20 anos de idade, Miguel Servet (1511-1553), um espanhou formado em advocacia e medicina, publicou De Trinitatis erroribus (Erros da Trindade), em que declarou que “não usaria a palavra Trindade, que não se encontra nas Escrituras Sagradas, e que apenas parece perpetuar erros filosóficos”. Ele denunciou a Trindade como doutrina “que não dá para entender, impossível na ordem natural das coisas e que pode até mesmo ser considerada blasfema!”.
Servet era um homem de muita cultura, estudioso de vários assuntos, principalmente sobre religião. Como livre pensador, defendia que o dogma da Trindade não fazia qualquer sentido, sendo apenas um sofisma inventado no Primeiro Concílio de Niceia. Será perseguido pela Igreja Católica na França, através da Inquisição, por causa das suas teses. Escapa e dirige-se a Genebra, mas os protestantes mostraram-se não menos intolerantes para com as suas ideias.
A história da ligação entre Servet e Calvino começa já em 1534, ano em que ambos estiveram em Paris. Esteve nessa altura planejado um encontro que não chegou a realizar-se. No entanto, trocariam correspondência por vários anos.
O debate foi tornando-se numa azeda discussão. Um dos pontos principais da discussão epistolar continuava a ser a Santíssima Trindade. Perante a sua proposta para que Calvino lesse o manuscrito do seu Livro "Restitutio" (tendo-o enviado pelo correio), Calvino diz-lhe que deveria ler o seu "Institutio". Servet fê-lo e escreveu comentários críticos nas margens do texto que foram depois enviados a Calvino.
Calvino recebeu o manuscrito, mas não lhe respondeu. Nem sequer devolveu o manuscrito do Restitutio, que Servet lhe pedia que remetesse. Calvino manteve o seu silêncio, cultivando preocupação em relação à Servet e às suas heresias.
No princípio de Abril de 1553 a Inquisição francesa recebeu misteriosamente a posse de documentos que comprometiam Servet. Entre eles, as cartas de Servet a Calvino. Ainda em 5 de Abril, Servet é ouvido pelos inquisidores. A 7 de Abril, porém, consegue escapar-se da prisão. Dirigiu-se a Genebra, talvez por pensar que entre os protestantes estaria a salvo da Inquisição. Enganou-se. Foi preso pelas autoridades da cidade de Genebra a 13 de Agosto.
Servet desejava fugir para a Itália, porém, inexplicavelmente, parou em Genebra, onde Calvino e seus reformadores o denunciaram. Em 13 de agosto, ele ouviu um sermão de Calvino em Genebra e foi imediatamente reconhecido e preso. Calvino insistiu na condenação de Servet usando todos os meios ao seu comando.
Calvino, também acusado pelos católicos de arianismo, poderá ter visto aqui a oportunidade de mostrar que defendia o conceito trinitário, ao mesmo tempo em que mostraria que também estava empenhado em perseguir os heréticos. “Um herético do lado de lá da fronteira também é um herético dentro da cidade”, disse Calvino.
Em seu julgamento pelo Conselho de Genebra presidido por Calvino, segundo a maioria dos historiadores, Servet foi condenado pela difusão e pregação do Antitrinitarismo e por ser contra o batismo infantil. O procurador (procurador-chefe público), acrescentou algumas acusações como "se ele não sabia que sua doutrina era perniciosa, considerando que ela favorece os judeus e os turcos, por inventar desculpas para eles, e se ele não estudou o Alcorão, a fim de desmentir e rebater as doutrina e a religião das igrejas cristãs(...)".
Calvino acreditava que Servet mereceu ser morto por causa do que ele denominou como "blasfêmias execráveis." Calvino consultou outros reformadores sobre a questão de Servet, como os seguidores de Martinho Lutero, e em locais como Zurique, Berna, Basel e Schaffhausen, que concordaram universalmente com sua execução.
Em 24 de outubro Servet foi condenado à morte na fogueira por negar a Trindade e o batismo infantil. Calvino sugeriu que Servet fosse executado por decapitação, em vez de fogo, mais seu pedido não foi atendido. Em 27 de outubro de 1553 a pena foi aplicada nos arredores de Genebra com o que se acreditava ser a última cópia de seu livro acorrentado a perna de Servet. Após o ocorrido Calvino escreveu:
“Quem sustenta que é errado punir hereges e blasfemadores, pois nos tornamos cúmplices de seus crimes (…). Não se trata aqui da autoridade do homem, é Deus que fala (…). Portanto se Ele exigir de nós algo de tão extrema gravidade, para que mostremos que lhe pagamos a honra devida, estabelecendo o seu serviço acima de toda consideração humana, que não poupamos parentes, nem de qualquer sangue, e esquecemos toda a humanidade, quando o assunto é o combate pela Sua glória” (3).
Calvino justificou suas ações intolerantes com estas palavras: “Se os papistas são tão duros e violentos na defesa de suas superstições que cruelmente derramam sangue inocente, não devem os magistrados cristãos se envergonhar de serem menos ardentes na defesa da segura verdade?” O poder político, a glória terrena, fanatismo religioso e o ódio pessoal de Calvino cegaram seu julgamento e sufocaram os ensinamentos evangélicos. Seus atos cruéis foram colocados acima do perdão e do amor de Deus.
O consistório, do qual Calvino fazia parte, ocupava-se desses e de outros casos. Refiram-se alguns:
Em 1542, uma mulher chamada Jeanne Petreman é acusada de se recusar a participar da eucaristia, de dizer o pai-nosso em língua "romana" e de proclamar que a Virgem Maria era a sua defensora. Diz também que se nega a acreditar noutra fé que não a sua. É excomungada.
Em 2 de Setembro de 1546, aparece em Genebra um franciscano que pedia na rua um jantar em nome de Deus e da Virgem Maria. Devemos pressupor que ele obteve o seu jantar, mas foi também levado ao consistório, que logo constatou que o "papista" mal conhecia a bíblia, além de ser inofensivo. Foi expulso da cidade, para o lado da fronteira, com os católicos.
A 23 de Junho de 1547 comparecem perante o consistório várias mulheres que tinham sido apanhadas a dançar - uma delas era a esposa de um dos membros do consistório. O caso ganhou contornos de escândalo. As mulheres foram condenadas a alguns dias de prisão, apesar de vários apelos. Em reação à decisão, são colocados na cidade cartazes contra Calvino. O autor dos cartazes, Jacques Gruet, é torturado. Depois de confessar a sua autoria, é executado.
Em 1548, Louis Le Barbier é interrogado sobre a sua fé. Declara que não tem fé. Entretanto, descobrem livros de bruxaria e de escárnio na sua posse. É admoestado perante o consistório, mas não será perseguido.
Os nomes de baptismo são regulamentados. Devem ser nomes que figuram na Bíblia. Um decreto de 22 de Novembro de 1546 dispõe que certos nomes são proibidos, entre os quais:
Suaire, Claude, Mama (lembram a idolatria)
Baptistes, Juge, Evangéliste
Dieu le Fils, Espoir, Emmanuel, Sauveur, Jésus (destinados apenas a nosso senhor)
Sépulcre, Croix, Noël, Pâques, Chrétien (nomes estúpidos ou absurdos)
O luxo e a pompa são desprezados. Em setembro de 1558, Nicolas des Gallars, um amigo de Calvino, inicia uma grande campanha na cidade em desprezo do supérfluo, as modas entre as mulheres e as más leituras. São queimados vários exemplares do livro "Amadis de Gaula", na posse de um comerciante. A radicalidade pelo “zelo religioso” tomava a forma de censura moral e mortal.
Peste Negra em Genebra
Em 1542, há um surto de peste negra em Genebra. A peste negra permanecia então um fenómeno incompreensível - para lidar com a epidemia, era normal que se multiplicassem os casos de feitiçaria e de rituais contra a peste. Este tipo de práticas já era conhecido em Genebra antes da reforma e, tal como antes, os protestantes replicam com a perseguição, tortura e morte dos suspeitos. Aquelas que são identificadas como bruxas são queimadas vivas, enquanto se propaga a ideia de que estas desgraças são um castigo de Deus.
Crescimento Demográfico
A partir de 1542 e, sobretudo na década de 1550, a cidade de Genebra vai conhecer um grande crescimento demográfico, com a chegada de refugiados franceses, protestantes perseguidos em França. Consequentemente, há uma fase de expansão económica (relojoaria, tecelagem…) e a língua francesa começa a ter preponderância sobre o dialeto franco-provençal da região.
Mas é também uma época marcada pelo crescimento de sentimentos xenófobos, em parte devidos a ressentimentos contra Calvino:
Em Janeiro de 1546 é preso Pierre Ameaux, que tinha injuriado publicamente Calvino, ao referir-se a este como um "picard", pregador de uma falsa fé.
Um outro senhor Ameaux é preso mais tarde por razões semelhantes. Este senhor tinha boas razões para não gostar do extremo zelo religioso imposto por Calvino, já que era fabricante de cartas de jogo. Foi condenado a percorrer a cidade de uma ponta à outra, descalço, em camisa, com uma vela na mão.
A 23 de Setembro de 1547, François Favre comparece em tribunal por ter afirmado que Calvino se auto-nomeara bispo de Genebra e que os franceses tinham escravizado a sua cidade natal.
Mais tarde, em 1548, um senhor chamado Nicole Bromet declara que os franceses deveriam ser todos colocados num barco e enviados pelo rio Reno abaixo.
Em 1547, Henrique II de França sucede a Francisco I. Henrique será um rei menos reconhecido, em comparação com Francisco. É caracterizado como menos carismático, menos entusiasta pelas artes e ciências, mais introvertido e frio.
Em 1550 a repressão dos huguenotes em França cresce. É estabelecida a chambre ardente. A censura é fortalecida.
A Morte de Miguel Servet Por Calvino
Aos 20 anos de idade, Miguel Servet (1511-1553), um espanhou formado em advocacia e medicina, publicou De Trinitatis erroribus (Erros da Trindade), em que declarou que “não usaria a palavra Trindade, que não se encontra nas Escrituras Sagradas, e que apenas parece perpetuar erros filosóficos”. Ele denunciou a Trindade como doutrina “que não dá para entender, impossível na ordem natural das coisas e que pode até mesmo ser considerada blasfema!”.
Servet era um homem de muita cultura, estudioso de vários assuntos, principalmente sobre religião. Como livre pensador, defendia que o dogma da Trindade não fazia qualquer sentido, sendo apenas um sofisma inventado no Primeiro Concílio de Niceia. Será perseguido pela Igreja Católica na França, através da Inquisição, por causa das suas teses. Escapa e dirige-se a Genebra, mas os protestantes mostraram-se não menos intolerantes para com as suas ideias.
A história da ligação entre Servet e Calvino começa já em 1534, ano em que ambos estiveram em Paris. Esteve nessa altura planejado um encontro que não chegou a realizar-se. No entanto, trocariam correspondência por vários anos.
O debate foi tornando-se numa azeda discussão. Um dos pontos principais da discussão epistolar continuava a ser a Santíssima Trindade. Perante a sua proposta para que Calvino lesse o manuscrito do seu Livro "Restitutio" (tendo-o enviado pelo correio), Calvino diz-lhe que deveria ler o seu "Institutio". Servet fê-lo e escreveu comentários críticos nas margens do texto que foram depois enviados a Calvino.
Calvino recebeu o manuscrito, mas não lhe respondeu. Nem sequer devolveu o manuscrito do Restitutio, que Servet lhe pedia que remetesse. Calvino manteve o seu silêncio, cultivando preocupação em relação à Servet e às suas heresias.
No princípio de Abril de 1553 a Inquisição francesa recebeu misteriosamente a posse de documentos que comprometiam Servet. Entre eles, as cartas de Servet a Calvino. Ainda em 5 de Abril, Servet é ouvido pelos inquisidores. A 7 de Abril, porém, consegue escapar-se da prisão. Dirigiu-se a Genebra, talvez por pensar que entre os protestantes estaria a salvo da Inquisição. Enganou-se. Foi preso pelas autoridades da cidade de Genebra a 13 de Agosto.
Servet desejava fugir para a Itália, porém, inexplicavelmente, parou em Genebra, onde Calvino e seus reformadores o denunciaram. Em 13 de agosto, ele ouviu um sermão de Calvino em Genebra e foi imediatamente reconhecido e preso. Calvino insistiu na condenação de Servet usando todos os meios ao seu comando.
Calvino, também acusado pelos católicos de arianismo, poderá ter visto aqui a oportunidade de mostrar que defendia o conceito trinitário, ao mesmo tempo em que mostraria que também estava empenhado em perseguir os heréticos. “Um herético do lado de lá da fronteira também é um herético dentro da cidade”, disse Calvino.
Em seu julgamento pelo Conselho de Genebra presidido por Calvino, segundo a maioria dos historiadores, Servet foi condenado pela difusão e pregação do Antitrinitarismo e por ser contra o batismo infantil. O procurador (procurador-chefe público), acrescentou algumas acusações como "se ele não sabia que sua doutrina era perniciosa, considerando que ela favorece os judeus e os turcos, por inventar desculpas para eles, e se ele não estudou o Alcorão, a fim de desmentir e rebater as doutrina e a religião das igrejas cristãs(...)".
Calvino acreditava que Servet mereceu ser morto por causa do que ele denominou como "blasfêmias execráveis." Calvino consultou outros reformadores sobre a questão de Servet, como os seguidores de Martinho Lutero, e em locais como Zurique, Berna, Basel e Schaffhausen, que concordaram universalmente com sua execução.
Em 24 de outubro Servet foi condenado à morte na fogueira por negar a Trindade e o batismo infantil. Calvino sugeriu que Servet fosse executado por decapitação, em vez de fogo, mais seu pedido não foi atendido. Em 27 de outubro de 1553 a pena foi aplicada nos arredores de Genebra com o que se acreditava ser a última cópia de seu livro acorrentado a perna de Servet. Após o ocorrido Calvino escreveu:
“Quem sustenta que é errado punir hereges e blasfemadores, pois nos tornamos cúmplices de seus crimes (…). Não se trata aqui da autoridade do homem, é Deus que fala (…). Portanto se Ele exigir de nós algo de tão extrema gravidade, para que mostremos que lhe pagamos a honra devida, estabelecendo o seu serviço acima de toda consideração humana, que não poupamos parentes, nem de qualquer sangue, e esquecemos toda a humanidade, quando o assunto é o combate pela Sua glória” (3).
Calvino justificou suas ações intolerantes com estas palavras: “Se os papistas são tão duros e violentos na defesa de suas superstições que cruelmente derramam sangue inocente, não devem os magistrados cristãos se envergonhar de serem menos ardentes na defesa da segura verdade?” O poder político, a glória terrena, fanatismo religioso e o ódio pessoal de Calvino cegaram seu julgamento e sufocaram os ensinamentos evangélicos. Seus atos cruéis foram colocados acima do perdão e do amor de Deus.
Uma Mancha no Legado de Calvino
No século XX, a Igreja Reformada Holandesa, calvinista, usou o ensino da predestinação como base para a discriminação racial na África do Sul. Sobre a política adotada pelo governo a respeito da supremacia branca, Nelson Mandela, que se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul, disse: “Essa política teve o apoio da Igreja Reformada Holandesa, que forneceu ao apartheid uma base religiosa por dar a entender que os africânderes eram o povo escolhido de Deus e que os negros eram uma espécie subserviente. No ponto de vista dos africânderes, o apartheid e a igreja andavam de mãos dadas”.
Nos anos 90, a Igreja Reformada Holandesa se desculpou publicamente por seu apoio ao apartheid. De modo formal, na chamada Declaração de Rustenbrug, os líderes da igreja reconheceram: “Alguns de nós usamos ativamente a Bíblia de forma errada para justificar o apartheid, levando muitos a crer que esse regime tinha a aprovação de Deus”. Ao longo dos anos, a posição da igreja com relação ao apartheid não só levou ao sofrimento resultante do preconceito racial, mas também sugeriu que Deus era o culpado.
João Calvino morreu em Genebra em 1564. Relata-se que, no fim de sua vida, ele agradeceu aos seus colegas religiosos “por terem dado tanta honra a uma pessoa que com certeza não merecia”, e implorou perdão por suas persistentes franquezas de impaciência, intolerância e ira.
Nos anos 90, a Igreja Reformada Holandesa se desculpou publicamente por seu apoio ao apartheid. De modo formal, na chamada Declaração de Rustenbrug, os líderes da igreja reconheceram: “Alguns de nós usamos ativamente a Bíblia de forma errada para justificar o apartheid, levando muitos a crer que esse regime tinha a aprovação de Deus”. Ao longo dos anos, a posição da igreja com relação ao apartheid não só levou ao sofrimento resultante do preconceito racial, mas também sugeriu que Deus era o culpado.
João Calvino morreu em Genebra em 1564. Relata-se que, no fim de sua vida, ele agradeceu aos seus colegas religiosos “por terem dado tanta honra a uma pessoa que com certeza não merecia”, e implorou perdão por suas persistentes franquezas de impaciência, intolerância e ira.
Pe. Inácio José do Vale
Professor de História da Igreja
Instituto Teológico Bento XVI
Sociólogo em Ciência da Religião
Pesquisador de Seitas e Heresias
E-mail: pe.inacio.jose@gmail.com
www.rainhamaria.com.br
Notas:
(1) Veja, 26/12/2001, p. 106.
(2) A. Galli e D. Grandi. História da Igreja. II edição. São Paulo. Edições Paulinas, 1964, p. 219.
(3) John Marshall, John Locke, Toleration and Early Enlightenment Culture (Cambridge Studies in Early Modern British History), Cambridge University Press, 2006, p. 325.
Bibliografia
CHADWICK, Owen. A Reforma. (Coleção História da Igreja - Vol. 3), Lisboa, Edições Pelicano, 1966.
CHADWICK, Owen. A Reforma. (Coleção História da Igreja - Vol. 3), Lisboa, Edições Pelicano, 1966.
JOHNSON, Paul. História do Cristianismo, São Paulo: Imago, 2001.
CAIRNS Earle E. O Cristianismo através dos séculos: Uma História da Igreja Cristã, Edições Vida Nova, São Paulo: 1995.
GONZALES Justo L., Uma História Ilustrada do Cristianismo, coleção em 10 volumes, Edições Vida Nova, São Paulo: 1995
CAIRNS Earle E. O Cristianismo através dos séculos: Uma História da Igreja Cristã, Edições Vida Nova, São Paulo: 1995.
GONZALES Justo L., Uma História Ilustrada do Cristianismo, coleção em 10 volumes, Edições Vida Nova, São Paulo: 1995
SÉRIE HISTÓRIA DA TEOLOGIA: 16 de julho na história da Teologia
16 de julho é o 197.º dia
do ano no calendário gregoriano (198.º em anos bissextos). Faltam 168 para
acabar o ano.
Eventos
históricos
622 - Começo do Calendário
islâmico, com a fuga do profeta Maomé para Medina, na Arábia Saudita.
1228 - São Francisco de
Assis foi canonizado pelo Papa Gregório IX na Basílica de São Francisco de
Assis em Assis.
1930 - O Papa Pio XI
proclama Nossa Senhora de Aparecida como Padroeira do Brasil.
Nascimentos
1194 - Clara de Assis,
santa católica (m. 1253).
Falecimentos
1216 - Papa Inocêncio III.
1590 - Frei Bartolomeu dos
Mártires, Arcebispo de Braga (n. 1514).
Feriados
e eventos cíclicos
A Igreja Católica celebra
Nossa Senhora do Carmo (ou Nossa Senhora do Monte Carmelo)
Brasil
Feriado municipal em
Aimorés, Minas Gerais - Dia de Nossa Senhora do Carmo
Feriado municipal em
Arcos, Minas Gerais - Dia de Nossa Senhora do Carmo e aniversário da cidade
Feriado municipal em
Betim, Minas Gerais - Dia da padroeira, Nossa Senhora do Carmo.
Feriado municipal em Borda
da Mata, Minas Gerais - Dia da padroeira, Nossa Senhora do Carmo.
Feriado municipal em
Cambuí, Minas Gerais - Dia de Nossa Senhora do Carmo
Feriado municipal em
Campestre, Minas Gerais - Padroeira da cidade, Nossa Senhora do Carmo.
Feriado municipal em
Campos Gerais, Minas Gerais - Dia de Nossa Senhora do Carmo
Feriado municipal em Carmo
da Mata, Minas Gerais - Dia da padroeira, Nossa Senhora do Carmo.
Feriado municipal em Carmo
de Minas, Minas Gerais - Dia da padroeira, Nossa Senhora do Carmo.
Feriado municipal em Carmo
do Cajuru, Minas Gerais - Dia da padroeira, Nossa Senhora do Carmo.
Feriado municipal em Carmo
do Paranaíba, Minas Gerais - Dia da padroeira, Nossa Senhora do Carmo.
Feriado municipal em Carmo
do Rio Claro, Minas Gerais - Dia da padroeira, Nossa Senhora do Carmo.
Feriado municipal em
Carmópolis de Minas, Minas Gerais - Dia da padroeira, Nossa Senhora do Carmo.
Feriado municipal em
Frutal, Minas Gerais - Dia de Nossa Senhora do Carmo
Feriado municipal em
Jaboticabal, São Paulo - Dia da padroeira, Nossa Senhora do Carmo.
Feriado municipal em
Luminárias, Minas Gerais -Dia da padroeira,Nossa Senhora do Carmo
Feriado municipal em
Mariana, Minas Gerais - Dia de Nossa Senhora do Carmo; Dia de Mariana.
Feriado municipal em Monte
Carmelo, Minas Gerais – Dia da padroeira, Nossa Senhora do Carmo.
Feriado municipal em
Morrinhos, Goiás - Dia da padroeira, Nossa Senhora do Carmo.
Feriado municipal em
Paraopeba, Minas Gerais - Dia de Nossa Senhora do Carmo
Feriado municipal em
Parintins, Amazonas - Dia da padroeira, Nossa Senhora do Carmo.
Feriado municipal em
Prata, Minas Gerais - Dia de Nossa Senhora do Carmo
Feriado municipal em Recife,
Pernambuco - Dia da padroeira, Nossa Senhora do Carmo.
SÉRIE HISTÓRIA DA TEOLOGIA: 15 de julho na história da Teologia
15 de julho é o 196.º dia
do ano no calendário gregoriano (197.º em anos bissextos). Faltam 169 para
acabar o ano.
Eventos
históricos
1099 — O cerco de
Jerusalém, que durava desde 7 de junho, termina com a conquista da cidade pelos
exércitos da Primeira Cruzada.
1799 — É encontrada a
Pedra de Roseta na localidade egípcia de Roseta, por Pierre-François Bouchard,
um oficial francês.
Nascimentos
1273 — Ewostatewos, monge
e líder religioso etíope (m. 1352).
1892 — Walter Benjamin,
filósofo alemão (m. 1940).
1893 — William Dieterle,
cineasta alemão que fez carreira nos Estados Unidos (m. 1972).
1930 — Jacques Derrida,
filósofo francês de origem argelina (m. 2004).
Feriados
e eventos cíclicos
Festival de Castor e Pólux
(no Império Romano).
Festino di Santa Rusulia
(Festa de Santa Rosália), em Palermo, Itália.
Brasil
Santos
do dia
São Boaventura de
Bagnoregio
Santa Julita e São Ciro
(Igreja Ortodoxa)
São Vladimir de Kiev
A revelação básica nas Escrituras Sagradas, de Witness Lee - Capítulo 4
Capítulo
Quatro
OS
CRENTES
Leitura
da Bíblia: Jo 3:6; Mt 28:19; Gl 3:27; Rm 6:3; 1 Co 12:13; Rm 8:9, 11, 4; Gl 5:16,
15; 1 Co 3:6, 7; Ef 4:16; 2:21, 22; 1 Pe 2:5; 2 Co 3:18; Rm 12:2; 1 Ts 5:23; Fp
3:21; Rm 8:29,30; 10:8,9,12
O
tema deste capítulo, os crentes, é aparentemente simples, mas na realidade é
misterioso. Um estudante de medicina logo aprende que o corpo humano não é
simples. O ser psicológico de uma pessoa é ainda mais misterioso. Como seres
vivos, temos dois corações , um físico e um psicológico. Podemos localizar o
nosso coração físico, mas onde está o coração psicológico? Onde estão nossa
mente, emoção, vontade e consciência? Onde está o nosso espírito? Onde está a
nossa alma? Nós, crentes em Cristo, somos seres espirituais, e como tais somos
um mistério.
DESCENDENTES
DO ADÃO CAÍDO
Nós,
os crentes, somos descendentes do Adão caído. Somos todos caídos. Estávamos
mortos em pecado sob a condenação de Deus (Ef 2:1, 5; Rm 3:19; 5:12; Jo 3:18).
Enquanto estávamos mortos em pecado, Deus proporcionou-nos uma mudança.
Ouvimos o evangelho e cremos no Senhor Jesus Cristo para receber a vida eterna
(Jo 3:16 ).
SALVOS
Atos
16 : 31 nos diz que, quando cremos no Senhor Jesus Cristo, somos salvos. Uma
salvação completa inicial tem seis aspectos: perdão de pecados, o lavar das
nossas máculas, separação para Deus posicionalmente, justificação,
reconciliação e regeneração.
Perdoados
Depois
de crermos, a primeira coisa que recebemos, o primeiro legado de acordo com o
testamento divino, é o perdão de nossos pecados (At 10:43).
Lavados
Fomos
não somente perdoados, mas também lavados. Ser perdoado põe em ordem o nosso caso
perante Deus. Ser lavado leva embora a mancha, a mácula, de nossos pecados. Por
exemplo, se uma criança sujasse a camisa e depois se arrependesse, a mãe o
perdoaria; mas a camisa ainda precisaria ser lavada. Perdoar a criança do seu
mau procedimento é uma coisa. Lavar a mancha da camisa é outra coisa. Deus, ao
crermos no Senhor Jesus, não somente perdoou-nos mas também lavou-nos. Aleluia!
Fomos perdoados e lavados pelo sangue de Cristo!
Santificados
Posicionalmente
Como
parte de nossa salvação inicial, fomos posicionalmente santificados, isto é,
separados por Deus do mundo para Ele mesmo. Em 1 Coríntios 6:11 indica que
somos primeiro santificados e então justificados. Santificação posicionai
precede a justificação; santificação disposicional segue a justificação.
Justificados
A
morte de Cristo cumpriu e satisfez completamente as exigências justas de Deus,
para que possamos ser justificados por Deus por meio de Sua morte (Rm 3:24).
Somos "justificados de todas as coisas" das quais não poderíamos
"ser justificados por meio da lei de Moisés" (At 13:39).
Reconciliados
com Deus
Nós
precisávamos ser reconcilados com Deus porque quando éramos pecadores, éramos
inimigos de Deus (Rm 5:10). Fomos reconciliados com Deus por meio da morte do
Seu Filho.
Regenerados
Ao
crermos no Senhor Jesus e invocarmos o Seu nome, fomos regenerados, isto é, o
próprio Espírito de Cristo entrou em nosso espírito e nos deu vida (Jo 3:6; Ef
2:5). A regeneração nos fez filhos de Deus (Jo 1:12, 13; Rm 8:16), membros da
família de Deus (Ef 2:19). Ela também nos fez membros de Cristo, membros do
Corpo de Cristo (Ef 5:30; 1 Co 12:27). Nós que fomos regenerados, somos membros
do Corpo de Cristo e também filhos de Deus.
A
regeneração ocorreu em nosso espírito, não em nosso corpo ou em nossa mente.
Isso quer dizer que o Deus Triúno está agora em nosso espírito (Ef 4:6; 2 Co
13:5; Rm 8:9). Que tesouro temos dentro de nós (2 Co 4:7)! O Deus Triúno veio
para dentro de nosso espírito para ficar (Jo 4:24; 2 Tm 4:22; Rm 8:16). É aqui
em nosso espírito que estão as riquezas insondáveis de Cristo.
Para
desfrutar essas riquezas devemos invocar o nome do Senhor Jesus (Rm 10:12). Se
queremos ser nutridos, podemos invocar "Ó, Senhor Jesus!" Quando
estamos em casa e também no trabalho, podemos invocar o nome do Senhor. Quando
O invocamos, tocamos o Espírito (1 Co 12:3). Muitos de nós oramos
freqüentemente, mas não recebemos nutrição de nossa oração. Isso não deveria
ser assim. Não estamos orando para um ídolo; estamos orando para o Deus vivo.
Ele é o próprio Deus que está agora em nosso espírito. Quando falamos com Ele,
Ele responde em nosso espírito. Quando exercitamos o espírito, percebemo-Lo em
nosso espírito. Se meramente exercitamos a mente e oramos só com a boca, o Deus
Triúno dentro de nós não tem caminho. Ele não está em nossa mente, mas em nosso espírito.
Devemos
exercitar o nosso espírito (1 Tm 4:7). Dessa maneira podemos experimentar este
Deus verdadeiro, real e vivo que está agora em nosso espírito. Em nosso
espírito regenerado habita o Deus Triúno como o Espírito que dá vida.
BATIZADOS
Para
Dentro do Nome do Pai do Filho e do Espírito Santo
Depois
de Sua ressurreição e antes de Sua ascensão, o Senhor Jesus incumbiu os
discípulos de irem e fazer discípulos de todas as nações, "batizando-os para
dentro do (lit.) nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28:19);
isto é, eles deviam batizar as pessoas para dentro da própria Pessoa do Deus
Triúno.
Em
Atos e nas Epístolas, entretanto, não há nenhum versículo indicando que os
apóstolos batizaram as pessoas para dentro do nome do Pai, do Filho e do
Espírito. Antes, aqueles que se arrependiam e criam no Senhor eram batizados
para dentro do nome do Senhor Jesus (At 8:16; 19:5). Ser batizado para dentro
do nome do Senhor Jesus eqüivale a ser batizado para dentro do nome do Pai, do
Filho, e do Espírito. E ser batizado para dentro do nome do Senhor é ser
batizado para dentro de Sua Pessoa, o próprio Cristo (Gl 3:27; Rm 6:3). Ser
batizado para dentro de Cristo eqüivale a ser batizado para dentro do Deus
Triúno porque o próprio Cristo para dentro de quem fomos batizados é a
corporificação do Deus Triúno. O Deus Triúno é cor-porificado em Cristo, o
Senhor, o Filho de Deus.
Além
disso, quando fomos batizados para dentro Dele, fomos batizados para dentro de
Sua morte (Rm 6:3). O batismo nos une com Ele em Sua morte e em Sua
ressurreição. O batismo de água não deve ser o cumprimento de um ritual. Deve
significar que estamos colocando aqueles que estão sendo batizados para dentro
do Deus Triúno, para dentro de Cristo, e para dentro de Sua morte e
ressurreição.
No
Espírito Para Dentro do Corpo de Cristo
Fomos
também batizados para dentro do Corpo, a igreja. "Pois também em um
Espírito fomos batizados para dentro de um corpo" (1 Co 12:13).
Fomos
batizados, então, para dentro do Deus Triúno, para dentro de Cristo, para
dentro da morte e ressurreição de Cristo, e também para dentro do Corpo, a
igreja. Na realidade, todos estes "para dentro" são um. Quando somos
batizados para dentro de Cristo, somos batizados para dentro de Sua morte e
ressureição, e somos também batizados para dentro do Deus Triúno e para dentro
do Corpo de Cristo. Isso quer dizer que estamos agora em Cristo, em Sua morte e
ressurreição, no Deus Triúno, e no Corpo de Cristo. Quando batizamos as pessoas,
devemos mostrar-lhes que eles agora estão em Cristo, em Sua morte e
ressurreição, no Deus Triúno, e no Corpo.
Necessitamos
da realidade do fato espiritual de que, quando batizamos as pessoas, nós as
colocamos para dentro de Cristo. Podemos colocá-las para dentro de Cristo
porque Cristo hoje é o próprio Espírito. Quando batizamos as pessoas,
colocamo-nas para dentro do Espírito, que é a realidade de Cristo. É assim que
deve ser o batismo. O batismo nos dá a posição de dizer que somos pessoas em
Cristo, em Sua morte, em Sua ressurreição, em união orgânica com o Deus Triúno,
e também no Corpo vivo do Cristo vivo. Ter essa percepção do batismo faz uma
grande diferença em nossa vida.
SER
HABITAÇÃO DO ESPÍRITO E BEBER DO ESPÍRITO
Depois
de crermos e sermos batizados, somos habitação do Espírito (Rm 8:9, 11; 1 Co
6:19). Enquanto Ele habita em nós, estamos bebendo. A fonte para se beber está
exatamente em nosso espírito (Jo 4:14, 24). Devemos voltar-nos ao espírito e
beber pelo invocar o nome do Senhor (1 Co 12:3, 13b).
Temos
o Espírito como o agregado do Deus Triúno habitando em nós. Em 1936 quando vi
que Deus estava vivendo em mim, fiquei fora de mim. Queria sair, subir no telhado
ou correr para a rua, e gritar para as pessoas: " Não me toquem; tenho Deus
em mim!"
O
Deus Triúno está em nós. Ele habita em nós e estamos bebendo Dele. Ele é a
fonte para bebermos; esta fonte não está nos céus mas em nosso espírito.
VIVENDO
E ANDANDO NO ESPÍRITO MESCLADO
Agora
devemos viver e andar no Espírito mesclado. Romanos 8:4 e Gaiatas 5:16, 25
referem-se a este espírito mesclado. J. N. Darby mostra a dificuldade de
colocar um E maiúsculo ou minúsculo em espírito em, Romanos 8. Embora ele não
use a palavra mesclado, ele certamente transmite o pensamento de que estes dois
espíritos são considerados como um.
Em
Gaiatas 5:16 a palavra grega para andar é ter nosso ser movendo-se e agindo.
Aqui está a incumbência completa do Novo Testamento: viver, ter o nosso ser,
andar, mover-nos e agirmos de acordo com o espírito mesclado. Tudo o que
fazemos deve ser de acordo com o nosso espírito habitado pelo Espírito composto
e mesclado com Ele, não de acordo com ensinamentos éticos ou regulamentos
morais. Andar de acordo com o Espírito é muito mais elevado do que andar de
acordo com os ensinamentos éticos ou regulamentos morais.
O
mover do Epírito é chamado de unção. Em 1 João 2:20, 27 vemos que todos temos
recebido uma unção do Santo. Esta unção dentro de nós é verdadeira; ela nos
ensina a habitar no Senhor. A unção sobre a qual João fala em 1 João 2
refere-se ao óleo em Êxodo 30. O tabernáculo e todos os seus utensílios eram
ungidos com óleo composto (Êx 30:26-29).
O
óleo composto hoje, o Espírito, está dentro de nosso espírito ungindo-nos,
movendo-se, dentro de nós, todo o dia.
Mesmo
quando estamos discutindo ou quando estamos a ponto de discutir, a unção
interior move-se em nós para não continuarmos, mas para irmos ao nosso quarto e
orar. Um dia uma irmã foi fazer compras, mas sempre que pegava um item pensando
em comprá-lo, a unção dizia dentro dela para colocar de volta. Tudo o que
pegava, tinha de pôr de volta. Finalmente ela decidiu que era melhor voltar
para casa. Assim que obedeceu a unção interior e retornou ao seu carro para
voltar para casa, ela sentiu-se animada e alegre. Se não prestamos atenção à
unção interior, ofendemos o Espírito. Devemos viver e andar de acordo com esse
Espírito que está mesclado com o nosso espírito.
CRESCER
NA VIDA DIVINA E SER EDIFICADOS
Poucos
cristãos prestam atenção ao crescimento em vida (1 Co 3:6, 7) e à edificação (1
Co 3:10-12) como o Corpo de Cristo e como a igreja, a casa de Deus.
Espiritualidade provém do crescimento em vida; o objetivo do crescimento em
vida é a edificação do Corpo de Cristo e da casa de Deus. Praticamente falando,
isso significa a edificação da igreja local. Sem uma vida da igreja apropriada
em nossa localidade, como podemos ser edificados com outros? Precisamos estar
onde há uma igreja. Assim, naquela igreja podemos ser edificados com os outros
para ser a casa espiritual de Deus (Ef 2:21, 22; 1 Pe 2:5). Enquanto estamos
sendo edificados como a igreja numa cidade, estamos também sendo edificados
como o Corpo de Cristo (Ef 4:16).
SER
TRANSFORMADO NA ALMA
O
nosso espírito foi regenerado, mas e quanto à nossa alma? Precisamos ser
transformados (2 Co 3:18) pela renovação de nossa mente (Rm 12:2; Ef 4:23). A
mente é a parte liderante de nossa alma (SI 13:2; 139:14; Lm 3:20). Para a
transformação da alma, a mente deve ser renovada.
SER
SANTIFICADO EXPERIMENTALMENTE
A
transformação de nossa alma é a santificação de nossa disposição. O Senhor
santifica-nos em nosso espírito, alma e corpo (1 Ts 5:23). Todo nosso ser é
para ser santifícado, transformado.
SER
TRANSFIGURADO EM NOSSO CORPO
Quando
o Senhor retornar, nosso corpo será transfigurado (Fp 3:21), completamente
redimido (Rm 8:23). Quando cremos, nosso espírito foi regenerado. Durante a
nossa vida cristã nesta terra, nossa alma está sendo gradualmente transformada
e santificada. Então, na Sua vinda nosso corpo será transfigurado. Todo o nosso
ser será, então, completamente conformado a Cristo.
CONFORMADOS A
CRISTO
Como
os muitos irmãos de Cristo, seremos conformados à Sua imagem e estaremos com
Ele em glória (Rm 8:29, 30). Não seremos mais naturais em nenhuma parte de nosso
ser. Ainda somos um tanto naturais na alma e corrompidos no corpo; é por isso
que, depois da regeneração de nosso espírito, precisamos da transformação da
alma e da transfiguração do corpo. Então seremos completamente conformados ao
Filho primogênito de Deus como Seus muitos irmãos.
GLORIFICADOS
Finalmente
seremos glorificados na vida divina e na natureza divina (Rm 8:30) para possuir
a glória de Deus, para Sua expressão na Nova Jerusalém.
O CAMINHO PARA
DESFRUTAR CRISTO
O
livro de Romanos é um esboço da vida cristã adequada. No capítulo seis estão
todos os fatos cumpridos por
Cristo.
Ele morreu, e nós morremos com Ele. Ele foi ressuscitado, e nós também. Em
Cristo estas coisas são fatos. Nele estamos unidos à Sua morte e ressurreição
(6:4, 5).
Em
Romanos 6, entretanto, não temos a experiência da morte e ressurreição de
Cristo. Precisamos prosseguir para Romanos 8 para experimentar Cristo em Seus
feitos por meio do Espírito. Em Romanos 8 estão as experiências dos fatos
revelados no capítulo seis.
Então,
no capítulo dez a Palavra entra em nossa boca e em nosso coração. Primeiro
cremos na Palavra que nos alcança; segundo, invocamos Seu nome (10:8, 9). O
Senhor é rico para com todos os que O invocam (10:12). A palavra invocar em
grego significa clamar, chamar com a voz. Em Atos, os cristãos eram
considerados invocadores do nome de Jesus; sabemos disso porque Saulo de Tarso
tinha autoridade para prender todos aqueles que invocavam este nome (At 9:14).
Invocar o nome do Senhor Jesus designava os primeiros cristãos. Eles não eram
silenciosos; eles clamavam o querido nome do Senhor Jesus.
Se
queremos desfrutar Cristo e todas as Suas realizações, precisamos invocá-Lo. O
caminho para desfrutar Cristo em todos os Seus feitos é andar de acordo com o
espírito mesclado e invocar o Seu querido nome. Então participamos Dele, O
desfrutamos e O experimentamos ao máximo.
A revelação básica nas Escrituras Sagradas, de Witness Lee - Capítulo 3
Capítulo
Três
A
APLICAÇÃO DO ESPÍRITO
Leitura
da Bíblia: Gn 1:2; Jz 3:10; Lc 1:35; Jo 7:39; At 16:6, 7; Rm 8:2, 9; Fp 1:19; 1
Co 15:45; 2 Co 3:6, 17, 18; Ap 1:4; 4:5; 5:6; 2:7; 14:13; 22:17; Jo 14:17;
15:26; 16:13-15; 1 Jo 5:7; Jo 3:5, 6; 2 Co 1:21, 22; Ef 1:13; 4:30; 1 Pe 1:2;
Rm 15:16; 1 Co 12:13
Oração:
"Senhor, como Te agradecemos pela Tua palavra. Agradecemos-Te por esta
reunião. Cremos que é de Tua soberania. Senhor, podemos vir a Ti em torno de
Tua palavra. Que misericórdia e graça! Confiamos em Ti para entender a Tua
palavra. Admitimos nossa insuficiência. Somos limitados — limitados no
entendimento, limitados na elocução, até mesmo limitados no ouvir. Unge nosso
ouvido e nossa mente. Unge a boca que fala. Que Tu possas falar em nosso falar.
Gostamos de praticar ser um espírito Contigo, especialmente nesta hora de falar
a Tua palavra. Senhor, purifica-nos com o Teu precioso sangue. Como Te louvamos
porque, onde o Teu sangue está, ali está a rica unção. Confiamos em Tua unção.
Buscamos a Ti desesperadamente por tal palavra misteriosa hoje a noite. Senhor,
derrota o inimigo e afugenta todas as trevas deste salão. Visita cada ouvinte.
Nós pedimos em Teu poderoso nome. Amém."
Já
tratamos dos dois primeiros itens da revelação básica nas Escrituras Sagradas —
o plano de Deus e a redenção de Cristo. Neste capítulo chegamos ao terceiro
item — a aplicação do Espírito. Este é o item mais misterioso na revelação
divina.
Podemos
usar a impressão como uma ilustração da aplicação do Espírito. Na impressão
existe primeiro o rascunho, o manuscrito. Este manuscrito é então
datilografado numa página, da qual se faz uma matriz. Em seguida, a impressora,
usando a matriz, produz quantas cópias desejarmos. Este último estágio, a produção
de cópias, ilustra a aplicação do Espírito.
Cristo
fez uma grande obra de "datilografia" do que Deus propôs em Seu
plano. Ele encarnou-se e viveu na terra por trinta e três anos e meio. Então
morreu na cruz, ressuscitou e ascendeu aos céus. Por meio de tal processo
longo, da encarnação à ascensão, o Senhor Jesus fez a maravilhosa obra de
"datilografia". Essa obra produziu uma "matriz". Agora o
Espírito vem e aplica a nós o que Cristo fez. O Pai planejou, o Filho cumpriu e
o Espírito veio para aplicar o que Cristo cumpriu de acordo com o plano do Pai.
Para
que seja nítida a impressão, deve ser usado papel limpo. É por isso que a
primeira coisa que o Espírito aplica a nós é o purificar do sangue precioso do
Senhor Jesus (Hb 9:14). O Espírito nos purifica com o sangue redentor de Cristo.
Por meio do precioso sangue, fomos lavados e purificados. Agora somos papel
puro, limpo, bom para essa impressão espiritual.
O
ESPÍRITO POR TODA A ESCRITURA
Para
entender a obra do Espírito em aplicar as realizações de Cristo, consideremos
como o Espírito é gradualmente revelado por toda a Escritura.
O
Espírito de Deus
A
primeira vez que o Espírito de Deus é mencionado é em Gênesis 1:2. Este é Deus
Espírito em Sua criação. O Espírito de Deus pairou por sobre as águas mortas
para a criação de Deus.
O
Espírito de Jeová
Depois
de criar o homem, Deus permaneceu intimamente envolvido com ele. Em seu
relacionamento com o homem, o título de Deus é Jeová. É por isso que no Velho
Testamento
o Espírito de Deus é freqüentemente chamado de Espírito de Jeová. O Espírito de
Jeová vinha sobre certas pessoas. Isso indica que o Espírito de Jeová tem a ver
com Deus alcançando o homem (Jz 3:10; Ez 11:5). Os principais títulos usados
para o Espírito de Deus no Velho Testamento são o Espírito de Deus e o Espírito
de Jeová.
O
Espírito Santo
Na
encarnação, o Espírito de Deus foi chamado o Espírito Santo (Mt 1:18, 20; Lc
1:35). Andrew Murray, em sua obra prima O Espírito de Cristo, salienta
que o título divino, "o Espírito Santo" não é usado no Velho
Testamento. Em Salmos 51:11 e em Isaías 63:10,11 "Espírito Santo"
deveria ser traduzido para "Espírito de santidade". Quando chegou o
tempo de preparar o caminho para a vinda de Cristo e de preparar um corpo
humano para Ele iniciar a dispensação do Novo Testamento, é que o termo
"Espírito Santo" começou a ser usado (Lc 1:15, 35).
O Espírito
Ainda Não Sendo
Agora
chegamos a um ponto muito difícil. Em João 7:37, 38 o Senhor Jesus exclamou:
"Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a
Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva." Em seguida, no
versículo 39, João explica que o Senhor falou isto "com respeito ao
Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não
era (lit.), porque Jesus não havia sido ainda glorificado." João não diz o
Espírito de Deus, o Espírito de Jeová, ou o Espírito Santo, mas "o
Espírito". Ele diz mais adiante que quando Jesus estava exclamando ao
povo, "o Espírito ainda não era". A versão J. E de Almeida diz,
"o Espírito ainda não fora dado" (VRC), mas a palavra
"dado" foi inserida; ela não está no texto grego. O Espírito de Deus
estava em Gênesis 1, e o Espírito de Jeová vinha sobre os profetas no Velho
Testamento. Por que, então, em João 7 o Espírito "ainda não era"?
Andrew
Murray em seu livro O Espírito de Cristo indica que, antes da
glorificação de Cristo, isto é, antes da Sua ressurreição (Lc 24:26), o
Espírito de Deus tinha somente divindade. Mas quando Cristo foi ressuscitado ,
o Espírito de Deus tornou-se o Espírito do Jesus glorificado. Se Ele ainda
fosse somente o Espírito de Deus, teria somente o elemento divino. A palavra de
Murray quer dizer que o Espírito, ao tornar-se o Espírito de Jesus glorificado
que veio após a ressurreição de Cristo, tem agora o elemento de humanidade.
O
Espírito Composto
Quando
jovem, fui ensinado que em Êxodo 30:22-30, o óleo da unção é um tipo do
Espírito Santo. Mas depois de ter recebido esclarecimento pelo livro de Andrew
Murray, voltei a estudar Êxodo 30. Esse óleo é composto de azeite de oliveira
combinado com 4 especiarias: mirra, cinamomo, cálamo e cássia. O azeite de
oliveira é um tipo do Espírito Santo, mas que são as quatro especiarias?
Sabe-se que a mirra refere-se à morte de Cristo. Cinamomo deve indicar a doce
eficácia daquela morte. Cálamo é um junco que cresce no pântano e projeta-se
alto, no ar. Isso indica ressurreição. Cássia era usada nos tempos antigos como
um repelente de insetos e especialmente de serpentes. Isso indica o poder da
ressurreição de Cristo que prevalece contra Satanás.
Essas
quatro especiarias são de três unidades. Mirra, quinhentos siclos. Cinamomo e
cálamo, duzentos e cinqüenta siclos cada, e cássia, quinhentos siclos. Se o
cordeiro é um tipo de Cristo e se o azeite de oliveira é um tipo do Espírito
Santo, certamente essas quatro especiarias são também tipos a respeito de
Cristo. As três unidades de quinhentos siclos cada devem referir-se à Trindade.
A quantidade total de cinamomo e cálamo, sendo dividida em duas unidades de
duzentos e cinqüenta cada, tipifica o segundo da Trindade "dividido"
na cruz, assim como o véu foi rasgado de alto a baixo.
O
número "um" do um him de azeite de oliveira significa o Deus único. O
número quatro das quatro especiarias significa a criatura. Em Ezequiel e em
Apocalipse há quatro seres viventes, referindo-se à criação de Deus (Ez 1:5,
10; Ap 4:6-9).
Por
meio disso podemos perceber que esse óleo composto deve ser um tipo
todo-inclusivo do Espírito composto referido em João 7:39. Isso quer dizer que
o Espírito de Deus, como o elemento básico, foi combinado com a deidade,
humanidade, morte e ressurreição de Cristo como as especiarias. Neste Espírito
composto estão o Deus único, a Trindade, o homem, a criatura, a morte de
Cristo, a doçura e eficácia de Sua morte, a ressurreição de Cristo e o poder de
Sua ressurreição.
O
Espírito era primeiramente o Espírito de Deus, possuindo somente a essência
divina. Mas depois que Deus, no Filho, tornou-se um homem e morreu na cruz,
passando pela morte e ressurreição, e entrando na ascensão, o Espírito tornou-se
o Espírito de Jesus Cristo (Fp 1:19), composto da essência de Deus e da
humanidade de Jesus em Sua morte e ressurreição. O Espírito não tem mais
somente a essência divina, mas tem agora, em acréscimo, a humanidade de Jesus
com a morte de Cristo, a eficácia de Sua morte, a ressurreição e o poder de Sua
ressurreição.
Dos
escritos sobre a vida interior, recebi ajuda em saber que fui crucificado antes
de eu ter nascido (Gl 2:19b, 20). Aos olhos de Deus fomos crucificados antes de
termos nascido. Como escolhidos de Deus, nascemos crucificados. A senhora
Jesse Penn Lewis disse que todo cristão deve morrer para viver (Jo 12:24; 1 Co
15:31; 2 Co 4:11). Mas minha experiência foi que, quanto mais eu tentava
morrer, mais vivo ficava. Um hino escrito por A. B. Simpson diz que existe uma
pequena palavra que o Senhor deu: considerar. De acordo com Romanos 6:11,
devemos considerar-nos mortos. Pratiquei o considerar-me, mas não funcionou.
Quanto mais me considerava morto, mais vivo parecia! No livro de Watchman Nee, A Vida Cristã Normal, existe um
capítulo que enfatiza o considerar. Esse livro é uma compilação de mensagens
que o irmão Nee deu antes de 1939. Depois de 1939 ele começou a dizer às
pessoas que não podemos experimentar a morte de Cristo revelada em Romanos 6
até que tenhamos a experiência do Espírito de Cristo em Romanos 8. A morte de
Cristo em Romanos 6 pode ser experimentada somente por meio de Seu Espírito em
Romanos 8. Em outras palavras, se não estamos no Espírito, considerar que estamos
mortos não funciona.
Cristo
é Cristo, e você é você; e a morte Dele não é sua morte a menos que você esteja
ligado a Ele organicamente por meio do Espírito. No Espírito composto existem
os elementos da morte de Cristo e de sua eficácia, prefigurados pela mirra e
cinamomo. Quando estamos no Espírito, o Espírito composto, não necessitamos
considerar-nos mortos, porque no Espírito existe o elemento da morte de Cristo.
Alguns
medicamentos têm elementos que matam germes. Se você tentar matar os germes por
si mesmo, fracassará. Mas se toma um medicamento prescrito, um elemento naquele
medicamento matará os germes por você. O Espírito composto hoje é uma dose
todo-inclusiva. Um médico lhe dirá que a melhor dose é aquela que mata os germes
e nutre o paciente. Isso pode ser usado como uma ilustração do Espírito
composto. No Espírito composto existem a morte de Cristo, que é o poder que
mata, e a ressurreição de Cristo, que é a fonte de nutrição da vida divina.
Esses elementos que matam e que nutrem estão combinados juntamente neste
Espírito.
O
Espírito de Jesus
O
Espírito Santo é chamado de Espírito de Jesus em Atos 16:6, 7. Jesus era um
homem que sofria perseguição. Como um evangelista, Paulo saía para pregar, e
ele também sofria. Naquele sofrimento ele precisava do Espírito de Jesus porque
no Espírito de Jesus há o elemento do sofrimento. Se vai a um país pagão para
pregar o evangelho, você precisa do Espírito de Jesus para enfrentar a oposição
e perseguição. A força do sofrimento para resistir à perseguição está no
Espírito de Jesus.
O
Espírito de Cristo
Em
Atos 16, por causa da perseguição, Paulo precisou do Espírito de Jesus, mas em
Romanos 8 em ressurreição há o Espírito de Cristo. Em Romanos 8:9,10 temos três
títulos: o Espírito de Deus, o Espírito de Cristo, e Cristo. Estes três títulos
são usados permutavelmente. Isso indica que o Espírito de Deus é o Espírito de
Cristo, e o Espírito de Cristo é simplesmente o próprio Cristo. Estes três
títulos são sinônimos. O Espírito Santo de Deus é não somente o Espírito de
Deus, mas também o Espírito de Jesus que sofreu e o Espírito do Cristo
ressurreto. Contanto que tenhamos tal Espírito, temos o poder do sofrimento
para enfrentar a perseguição e o poder de ressurreição para viver uma vida
ressurreta sobre o pecado e a morte (Rm 8:2).
O Espírito de
Jesus Cristo
Em
Filipenses 1:19 Paulo refere-se à "provisão do Espírito de Jesus
Cristo". O suprimento abundante está com o Espírito de Jesus Cristo. Este
Espírito guiou Jesus pela encarnação e por meio do viver humano na terra por
trinta e três anos e meio. O Senhor Jesus viveu uma vida santa e sem pecado por
muitos anos por meio do Espírito dentro Dele. O mesmo Espírito guiou Jesus por
meio da morte e para dentro da ressurreição. Então o Espírito de Deus tornou-se
o Espírito de Jesus Cristo. Por tal longo processo, os elementos da humanidade,
do sofrimento e do viver humano, da crucificação de Cristo, de Sua ressurreição
e mesmo de Sua ascensão foram totalmente combinados com este Espírito.
O
Espírito que recebemos não é meramente o Espírito de Deus, possuindo somente o
elemento divino. O Espírito que nós, cristãos, recebemos é o Espírito composto
de divindade, humanidade, viver humano, sofrimento, crucificação, ressurreição
e ascensão. Deus está no Espírito. A humanidade elevada de Jesus e Seu sofrer e
viver humano também estão no Espírito. A morte, ressurreição e ascensão de
Cristo estão todos neste Espírito. Deste modo, com este
Espírito
está o suprimento abundante. Paulo pôde suportar perseguição e aprisionamento por
causa do suprimento abundante do Espírito de Jesus Cristo. Esta provisão
tornou-se sua salvação diária e pessoal. Mesmo acorrentado e em prisão ele
ainda engrandecia Cristo e vivia Cristo (Fp 1:19-21a). Ele engrandecia Cristo,
não por sua energia ou por sua própria força, mas pelo suprimento abundante do
Espírito de Jesus Cristo.
O Espírito do
Senhor
"O
Espírito do Senhor" (2 Co 3:17) indica que a ascensão de Cristo está
incluída no Espírito. "O Senhor" neste versículo refere-se ao Cristo
crucificado, ressurreto e ascendido. Na Sua exaltação Ele foi feito Senhor (At
2:36).
Em
2 Coríntios 3:17 diz: "O Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do
Senhor aí há liberdade." Primeiramente, ele nos mostra que os dois são um,
e, em segundo lugar, mostra que os dois ainda são dois. Da mesma forma, em João
1:1 diz: "No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a
Palavra era Deus" (lit.). A palavra e Deus são um, todavia a Palavra
estava com Deus, o que indica que Eles são dois.
O Espírito
Idêntico ao Senhor
O
Espírito é idêntico ao Senhor. No passado, o termo Cristo pneumático era
usado em Cristologia. O Cristo pneumáíico indica que o próprio Cristo é
o Espírito. Entretanto, não pensem que quando a Bíblia diz que o Senhor é o
Espírito ela anula a distinção entre o Filho e o Espírito. Eles são um, todavia
ainda dois. Eles são um, todavia ainda distintos.
Toda
verdade na Bíblia tem dois lados. Com respeito ao Deus Triúno, se vocês
permanecem no extremo do lado de um, vocês são modalistas. Se permanecem no
extremo do lado de três, vocês são triteístas. Nós permanecemos na Palavra,
desse modo não somos nem triteístas nem modalistas. Cremos na Trindade genuína,
que Deus é três-um. Deus é unicamente um, todavia Sua deidade é da Trindade. A
palavra triúno vem do latim. Tri significa três; uno significa um. Assim,
triúno quer dizer três-um.
Em
João 14:23 o Senhor Jesus nos diz que quem quer que O ame, Ele e o Pai virão a
este e farão nele morada. Também, em João 14:17 o Senhor Jesus nos diz que o
Espírito como o Espírito da realidade virá para habitar nos crentes. Assim, no
mesmo capítulo nos é dito que o Pai e o Filho farão morada com aquele que O ama
e que o Espírito habita naquele que O ama. Isso nos mostra que os três estão
nos crentes simultaneamente. O Deus Triúno está em nós. Isso é um mistério, mas
pela nossa experiência sabemos que isso é assim.
Em
Mateus 28:19 o Senhor Jesus diz: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas
as nações, batizando-as para dentro do nome (singular) do Pai e do Filho e do
Espírito Santo" (lit.). A mesma preposição grega "para dentro" é
usada em Romanos 6:3. Quando fomos batizados para dentro de Cristo, fomos
batizados para dentro de Sua morte. Mateus 28:19 nos incumbe batizar os novos
crentes para dentro do nome do Deus Triúno. M. R. Vincent diz: "Batizar
para dentro do nome da Trindade Santa implica numa união espiritual e mística
com ele." Ele mais tarde diz que o nome "é equivalente a sua pessoa".
Ser batizado para dentro do nome divino é ser imerso na Pessoa divina.
Uma
nota na Bíblia Anotada de Scofield diz : "Pai, Filho e Espírito Santo é o
nome final do Deus único e verdadeiro." Algumas traduções não têm
"do" três vezes, somente o nome do Pai e Filho e Espírito Santo. O
nosso Deus é Triúno: o Pai o Filho e o Espírito. Entretanto, tal título, tal
nome só foi revelado depois da ressurreição de Jesus. Mateus 28:19 foi falado
depois da ressurreição do Jesus glorificado. Isso foi revelado depois que o
processo de nosso Salvador desde a encarnação até a ressurreição foi completado.
Antes
da ressurreição de Cristo, tal Espírito, o Espírito composto, ainda não era (Jo
7:39). Mas depois de Sua ressurreição o Espírito de Deus foi composto, e Ele é
agora o
Espírito
composto, processado, todo-inclusivo. Este Espírito composto, que é idêntico ao
Senhor, é, como revelado em 2 Coríntios 3, o Espírito que dá vida, que libera e
que transforma, que nos dá a vida divina (v. 6), liberta-nos da escravidão da
lei (v. 17), e nos transforma à imagem de Cristo de glória em glória (v. 18).
O
Espírito que Dá Vida
Paulo
diz que o último Adão, por meio de Sua ressurreição e em Sua ressurreição,
tornou-se Espírito que dá vida (1 Co 15:45 - lit.). Ele tornou-se não somente
Espírito, mas especificamente Espírito que dá vida. "Que dá vida"
mostra que tipo de Espírito Ele é. Em 2 Coríntios 3:6 Paulo diz que o Espírito
dá vida. João 6:63 diz: "O Espírito é o que vivifica". A Nova
Tradução de Darby* tem um parêntese do versículo 7 ao versículo 16 de 2
Coríntios 3. Se considerarmos esta seção parentética, o versículo 17 continua o
versículo 6. O Espírito dá vida (v. 6) e o Senhor é o Espírito (v. 17).
Muitos
escritores concordam que nas Epístolas de Paulo o Cristo ressurreto é idêntico
ao Espírito. Entretanto, isso não anula a distinção entre Cristo e o Espírito.
Existe sempre dois lados para a verdade. Em 2 Coríntios 3:17 o Senhor e o
Espírito são um. Em 2 Coríntios 13:13 temos a graça de Cristo, o amor de Deus e
a comunhão do Espírito Santo. Pode-se ver aqui que Cristo e o Espírito são
distintos.
O
Espírito Da Vida
A
Primeira Epístola aos Coríntios 15:45 refere-se a Cristo como o Espírito que
dá vida. Certamente não pode haver dois Espíritos que dão vida. Cristo, o
Espírito que dá vida, é também o Espírito da vida. Este termo é revelado em
Romanos 8:2. Romanos 8 fala do Espírito da vida (v. 2), o Espírito de Deus (v.
9) e o Espírito de Cristo (v. 9) que é o próprio Cristo (v. 10). Fala-se no mesmo capítulo do Espírito como as
primícias (v. 23).
___________
*N. do T.: Versão em inglês.
Os
Sete Espíritos de Deus
No
último livro da Bíblia, os sete Espíritos de Deus são revelados (Ap 1:4; 4:5;
5:6). O Credo de Nicéia não menciona os sete Espíritos. Em 325 d.C, quando o
Credo de Nicéia foi feito, o livro de Apocalipse não era reconhecido como parte
da Bíblia. O reconhecimento final dos livros a serem incluídos na Bíblia
ocorreu em 397 d.C. no Concilio de Cartago.
Também,
em Apocalipse 1, a seqüência da Trindade é mudada. Mateus 28 nos mostra o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Em
Apocalipse 1:4,5, entretanto, o Pai
como o Eterno é o primeiro, os sete Espíritos são o segundo e o Filho é o
terceiro.
Mais
além, Apocalipse 5:6 diz que os sete Espíritos são os sete olhos do Cordeiro.
Isso quer dizer que o terceiro da Trindade é os olhos do segundo.
Todos
esses pontos indicam que no último livro da revelação divina o Espírito de
Deus, para a edificação das igrejas numa era de trevas, torna-se o Espírito
sete vezes intensificado, que executa a administração universal de Deus para o
cumprimento do Seu eterno propósito, e expressa plenamente a Cristo como o
Administrador universal de Deus, para introduzir o reino de Deus no milênio (Ap
20:4, 6) e para levar o reino à sua consumação final e máxima como a nova
Jerusalém no novo céu e nova terra (Ap 21:1, 2).
O
Espírito
Esse
Espírito maravilhoso finalmente torna-se tão simples no título: o Espírito (Ap
2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22; 14:13; 22:17). Em Apocalipse temos os sete
Espíritos e o Espírito. Nas sete epístolas às igrejas em Apocalipse, o início
de cada epístola refere-se ao Senhor Jesus como Aquele que escreve para a
igreja em certo lugar. Então, no final de cada uma nos é dito para ouvir
"o que o Espírito diz". Apocalipse 22:17 diz: "O Espírito e a
noiva dizem: Vem".
O
Espírito é composto, processado e todo-inclusivo. Ele é a consumação do Deus
Triúno alcançando Seu povo escolhido. De acordo com João 4:24, nosso Deus é
Espírito. Não somente o Espírito da Trindade é Espírito, mas o Deus completo —
o Pai, o Filho e o Espírito — é Espírito. Deus é Espírito, e esse Deus inclui o
Pai, Filho e Espírito.
João
nos diz que quando o Filho veio, Ele veio em nome do Pai (Jo 5:43). Então o Pai
mandou o Espírito no nome do Filho (14:26). O Filho veio no nome do Pai; isso
quer dizer que Ele veio como o Pai. Então o Espírito veio no nome do Filho;
isso quer dizer que o Espírito veio como o Filho. O Filho enviou o Espírito a
nós de e com o Pai, e o Espírito veio a nós de e com o Pai (Jo 15:26 - lit.).
Quando o Espírito veio, o Filho estava lá e o Pai também estava. O Filho estava
no Pai, e o Pai estava no Filho (14:10). Quando o Filho estava lá, o Pai
estava lá. Todos os três estavam lá porque Eles são um único Deus. Você não
pode separá-Los; todavia, Eles são distintos como o Pai, o Filho e o Espírito.
A
FUNÇÃO DO ESPÍRITO
O
Espírito é a realidade de Cristo (Jo 14:17; 15:26; 1 Jo 5:7). Quando invocamos
o nome do Senhor Jesus, recebemos o Espírito como a realidade de Cristo (Jo
14:17), e esse Cristo, o Filho de Deus, é a própria corporificação do Pai (Cl
2:9). O Pai é corporifícado no Filho, e o Filho é plenamente percebido como o
Espírito. Colossences 2:9 diz que a plenitude da deidade (divindade) habita em
Cristo corporalmente. Cristo, então, é a corporificação de Deus, plenamente
percebido como o Espírito. Isto é revelado em João 16:13-15.
O
Espírito dá vida aos crentes (1 Co 15:45 ; 2 Co 3:6) e os regenera em seu
espírito (Jo 3:5, 6). Ele unge os crentes (2 Co 1:21), os sela (Ef 1:13; 4:30;
2 Co 1:22a), e Ele próprio é o penhor de Deus dado a eles (2 Co 1:22b). Por
meio deste ungir, que traz o elemento divino para dentro dos crentes, Ele os
preenche. O selar modela o elemento numa certa forma como uma impressão e
torna-se uma marca. O penhor significa que Ele é a garantia de que Deus é a
nossa herança. Por um lado, selar prova que nós somos a herança de Deus; por
outro lado, Deus como nossa herança para nosso desfrute é também
garantido por meio do Espírito que habita interiormente como o penhor.
Ele
é também o suprimento abundante para os crentes (Fp 1:19 ). Ele nos santifica,
não só posicionalmente, mas disposicionalmente (1 Pe 1:2; Rm 15:16) e
experimentalmente também. Ele transforma os crentes (2 Co 3:18).
Todos
os crentes foram batizados neste único Espírito para dentro de um único Corpo
(1 Co 12:13). No dia de Pentecoste, e na casa de Cornélio, quando Cristo, o
Filho, o ascendido, derramou o Espírito sobre os crentes, aquilo foi o batizar
do Seu Corpo para dentro do Espírito. Em 1 Coríntios 12:13 diz que fomos todos
batizados em um Espírito para dentro de um Corpo. Cristo completou esse batismo
assim como completou Sua crucificação. Todos os que crêem foram crucificados
(Gl 2:19b, 20). No mesmo princípio, todos nós fomos batizados no dia de
Pentecoste. Fomos batizados e nos foi dado a beber desse único Espírito (1 Co
12:13). Agora estamos bebendo deste Espírito. Ser batizado é exterior; beber é
interior. Exteriormente fomos batizados; interiormente estamos bebendo do
único Espírito.
Com
a ascensão do Senhor aos céus e o derramar do Espírito, toda a operação do Deus
Triuno foi completada. O Pai planejou com o Filho e o Espírito, e o Filho veio
com o Pai e o Espírito para cumprir o que Deus havia planejado. Finalmente, o
Espírito veio com o Pai e o Filho para aplicar o que o Pai havia planejado e o
que o Filho havia cumprido. Este Espírito que aplica é a consumação do Deus
Triuno. Ele não é somente por Si mesmo como um Espírito separado, nada tendo a
ver com o Pai e não relacionado ao Filho; Ele é a consumação do Deus Triuno, a
consumação da Trindade divina, para nos alcançar.
O
alcançar do Espírito a nós tem dois aspectos: o aspecto interior e exterior. O
interior foi cumprido no dia da ressurreição. Naquele dia o Senhor ressurreto
voltou para os
Seus
discípulos e soprou-se para dentro deles (Jo 20:22). Isso foi totalmente para
vida, a vida interior.
Cinqüenta
dias mais tarde, no Pentecoste, Ele derramou o Espirito sobre os discípulos
como um vento poderoso (At 2:1, 2). Sopro é para vida, mas vento é para poder.
No Pentecoste, os discípulos foram revestidos com poder do alto (Lc 24:49). O
revestir do Espírito é como o vestir de um uniforme. O uniforme dá, a quem o
veste, poder, autoridade. Um policial com um uniforme tem autoridade para nos
parar. Se ele não tivesse um uniforme, não o ouviríamos. O Espírito como nossa
vida, o Espírito que dá vida, a saber, o Espírito da vida, é também o Espírito
fora de nós, derramado sobre nós como o Espírito de poder do alto. Tudo isso já
foi cumprido.
A
CONSUMAÇÃO DO DEUS TRIÚNO
Este
Espírito composto, processado, todo-inclusivo é a consumação do Deus Triúno.
Tudo o que Ele planejou, tudo o que Ele realizou, tudo o que Ele irá aplicar a
nós está totalmente envolvido neste Espírito composto. A divindade está
envolvida Nele; a humanidade de Cristo também está envolvida Nele. A Sua morte
— Sua morte redentora e infusora de vida — está envolvida Nele. A Sua
ressurreição e Sua ascensão estão envolvidas nesse único Espírito composto que
nos alcança. Interiormente Ele é nossa luz e vida; exteriormente Ele é nosso
poder.
O
ESPÍRITO E A PALAVRA
Deus
nos deu dois grandes dons — o Espírito e a Palavra. O Espírito composto é a
totalidade do Deus Triúno e de todos os Seus feitos. É por isso que digo que
esse Espírito composto, incluindo Sua Palavra, é a consumação final e máxima do
Deus Triúno alcançando-nos. A Pessoa divina e a Palavra divina estão envolvidas
neste único Espírito composto. Todas as bênçãos , todas as heranças do Novo
Testamento foram legadas aos filhos de Deus. Estes legados estão também
envolvidos neste único Espírito composto.
Dois
versículos no Novo Testamento indicam que o Espírito e a Palavra são um. Em
João 6:63 o Senhor diz : "As palavras que eu vos tenho dito, são
espírito". Também, Efésios 6:17 refere-se à espada do Espírito, cujo
Espírito é a palavra de Deus. Não somente a palavra do Senhor é o Espírito; o
Espírito também é a Palavra.
É
por isso que em Romanos 10 Paulo diz que quando você ouve a pregação do
evangelho, a palavra está perto de você, em sua boca e em seu coração (v. 8).
Por muitos anos não podia entender o que Paulo queria dizer. Como poderia a
palavra estar em minha boca e em meu coração? Finalmente o Senhor me mostrou
que sempre que o Novo Testamento é ensinado, pregado, lido, ou estudado por
alguém com um coração sincero, o Espírito trabalha com a Palavra. Por meio do
Espírito a Palavra entra em sua boca. Por meio do Espírito a Palavra entra em
seu coração. Sem o Espírito, a palavra impressa não poderia entrar em sua boca
e em seu coração. Quando exercita seu espírito para orar sobre um versículo da
Bíblia, aquele versículo entra em sua boca e em seu coração. Você não deveria
ler a Bíblia sem orar. Você tem de ler a Bíblia, a Palavra santa,
devotadamente. Não deveria meramente exercitar sua mente para estudar a Palavra.
Você deve ir à Palavra com oração. Não precisa usar sua próprias palavras; ore
a Palavra.
Todos
nós sabemos que quando oramos dessa maneira, a palavra na página entra em nossa
boca e em nosso coração. Somos regados, recebemos iluminação, nutrição, fortalecimento,
conforto e suprimento de vida. Também o Espírito é aplicado a nós como a
consumação do Deus Triúno.
O
Espírito e a Palavra trabalham juntos. Devemos sempre tocar a Bíblia por tocar
o Espírito. Devemos orar lendo, e ler orando. Então desfrutaremos o Deus
Triúno. O nosso encargo não é discutir ou debater, mas apresentar a verdade
básica ao povo de Deus para que ele possa conhecer que nosso Deus é na
realidade o Deus Triúno, não para entendermos, mas para desfrutarmos. Estamos
apresentando a verdade para ajudar os santos a conhecer que nosso Deus é Triúno
para participarmos Dele, desfrutá-Lo e experimentá-Lo.
O
ESPÍRITO HUMANO
Também
enfatizamos o espírito humano (Zc 12:1; Pv 20:27; Rm 8:16; 2 Tm 4:22). Assim
como para o nosso alimento temos uma boca e um estômago, temos também um
espírito humano, que é nossa boca espiritual e estômago espiritual. Em um
rádio, o receptor é crucial. Podemos ter um rádio bem feito e bonito, mas se
ele não tiver um receptor, ele é vazio. Somos um "rádio" para
receber as riquezas divinas para dentro do "receptor" em nosso
interior — nosso espírito humano.
Enfatizamos
fortemente esses dois espíritos, o Espírito composto da Trindade e o espírito
humano dentro de nós, porque o Espírito composto é a consumação do Deus Triúno
alcançando-nos para nosso desfrute, e o espírito humano é o único meio para
recebermos tal rico Espírito composto, para que possamos desfrutar as riquezas
do Deus Triúno e experimentá-Lo diariamente, até mesmo em toda hora. Estamos
aqui como um testemunho para que todo o povo de Deus hoje possa ter uma visão
clara concernente à Trindade divina e para que nós mesmos possamos participar
Dele e desfrutá-Lo o dia inteiro.
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