por Alan Francisco de
Souza Lemos
Começarei esta breve exposição com
fragmentos do texto Norma e estilo no
emprego dos sinais de pontuação cuja referência bibliográfica está
disponível no final deste ensaio.
“Um sinal pode ter seu emprego
de acordo com o critério sintático, outro ligado ao critério semântico ou ao
critério fônico. Pode acontecer também de a definição do emprego de um sinal de
pontuação ser determinada por mais de um critério, e as instruções sobre seu
uso obedecerem somente ao critério sintático.
De acordo com Laufer (apud ROCHA, 1997), as contradições
encontradas a respeito do emprego dos sinais de pontuação devem-se às inúmeras
teorias acerca da diferença entre língua oral e língua escrita.”
“(...) ao falarmos, entregamos
nossos sentimentos e, ao escrevermos, nossas ideias. Graças á escrita,
tornaram-se possíveis não só uma reflexão mais ampla sobre a linguagem , como
também a exteriorização do pensamento simbólico.
O desejo de fixar os sons
articulados, perpetuados até então pela memória coletiva, motivou o homem a convencionar
formas representativas desses sons. A escrita fonética, hoje utilizada no mundo
ocidental, representa o terceiro estágio da evolução do registro da língua
oral.
De acordo com Auroux (1998), o
primeiro estágio da escrita é o pictográfico, em que a grafação representa
aspectos do mundo exterior; o segundo estágio, o ideográfico, traz sinais
gráficos que representam as ideias de um acontecimento a ser relatado.
Finalmente, o terceiro estágio, o fonético, é o período em que os sons da
linguagem passam a ser codificados.
Segundo Havelock (1996, p. 20), os gregos, em
contato com os fenícios, tomaram conhecimento do alfabeto fenício, que
consistia de um sistema de sinais, em que cada letra representava um fonema.
Pelo fato de não existirem sons vocálicos ou consoantes aspiradas na língua
fenícia, os helênicos aproveitaram sinais que representavam consoantes fracas
para funcionar como vogais, e convencionaram outros para representar os fonemas
aspirados.” O uso de consoantes fracas como vogais traz á tona, no alfabeto
hebraico, o uso do álef.
“De acordo com as inscrições encontradas,
acredita-se que a introdução das letras na escrita grega tenha ocorrido por
volta de 600 a.C..
Antes disto, todo o acervo cultural dos helênicos – textos poéticos altamente
elaborados e ritmados, compostos por hinos religiosos dedicados a alguma
divindade, canções festivas, cantigas para dançar, canções infantis, acalantos
e marchas militares – era apresentado ao dom de um instrumento musical e por dança.
Tais obras, cuja memorização era imposta aos mais jovens por ocasião de sua
iniciação na sociedade oral, apresentavam-se em versos.” Por isto,
ainda hoje, a prática de se compor uma letra de música com o conteúdo a ser
memorizado facilita a retenção do conteúdo.
“A elaboração dos textos em forma metrificada,
com a disposição das palavras fixadas pelo ritmo, foi a solução encontrada para
que os enunciados não fossem perdidos.” Muito antes do século VI a.C., já no
século X a.C., na Judéia, os salmistas já ritmavam seus salmos, porém não tão
esplendorosamente como os gregos em suas canções. Todavia, o que me desperta é
que os primeiros já os escreviam também, isto porque o alfabeto hebraico é
anterior ao grego.
“O surgimento da grafação transforma
profundamente a sociedade na Grécia Antiga. Nos primeiros tempos, a escrita foi
utilizada somente para a transcrição das obras que faziam parte da tradição do
povo, conservadas até então por meio da oralidade.”
“(...) À medida que aumenta o número dos
cidadãos letrados, verifica-se a substituição da forma poética pela prosa.”
Surge, inclusive, a ocasião propícia para o nascimento do romance de aventuras
grego. “Percebe-se que não havia espaçamento entre as palavras. Inscrições encontradas
em vasos e estátuas mostram textos escritos em várias direções: de cima para
baixo, em círculo e em
espiral.” E isto não era, obviamente, o prenúncio de uma
criação estilística formal, que visasse dar á forma do texto um significado
atrelado ao seu conteúdo, mas certamente este fato evidencia que, quando a
criação artística estilizada dos textos prosaicos e poéticos começou a aparecer
posteriormente, o grego, e por que não dizer, a maioria dos intelectuais da
época, não estava vendo algo tão novo como se poderia esperar. Portanto a forma
dada aos textos citados inicialmente não presumia intenção e recepção
especiais.
No século II a.C., ao organizar os 50.000
volumes da Biblioteca de Alexandria, Aristófanes de Bizâncio, a fim de tornar
as obras do grego antigo, especialmente as de Homero, mais claras, introduziu
sinais que indicavam pausas respiratórias, pois esses textos eram manuscritos e
era comum sua leitura oral.
Os primeiros sinais compreendiam um ponto no alto para indicar um enunciado
completo; um ponto no meio que
correspondia à necessidade de respirar e o ponto
embaixo mostrava que o enunciado estava incompleto. De acordo com Cagliari
(1995, p. 178), é possível reconhecer nesses sinais as funções desempenhadas
pelo ponto final, pelos dois pontos e pela vírgula.
Segundo Desbordes (1995, p. 212), os sinais de
pontuação desempenhavam duas funções diferentes: uma semântica e outra
prosódica. A função semântica indicava uma completude maior ou menor dos
enunciados e a função prosódica informava quando deveria haver a pausa para
respirar. Essas orientações eram destinadas a pessoas distintas: a semântica
oferecia orientações para quem escrevia e a prosódica, ao leitor ou orador.
Percebe-se, já nesse sistema, certa intuição gramatical para a prática da
pontuação.
Funções dos sinais de pontuação:
semântica e prosódica.
Os latinos, que já conheciam o sistema escrito,
também já escreviam as palavras separando-as umas das outras; ao assimilar a
cultura helênica, curiosamente, adquiriram o hábito da escrita contínua, talvez
por motivos estilístico-artísticos. Nesta época, a saber, do Período
Helenístico até a queda do Império Romano, era comum o uso de outros traços,
sinais ou diacríticos usados nas mesmas posições e com as mesmas funções dos
sinais anteriores; sinais como o traço, a folha de hera, espaços em branco
entre outros. É importante registrar que a civilização de Roma, ao tomar
contato com a cultura reconhecidamente superior dos gregos, procurou não só
assimilar o seu saber, como também se adaptar aos seus hábitos.
Até o século V d.C., os pontos tinham a função
de separar palavras e indicar abreviaturas. Havia também uma série de sinais
desempenhando a mesma função do ponto, como triângulos, bolinhas, losangos, cruzes,
estrelas, corações, flores, entre outros.
Como disse, os romanos já
separavam as palavras com espaços em branco, não obstante terem largado quase
totalmente este hábito para escreverem como os gregos. Porém, aquele uso não
era sistematizado. Por volta do século VII d.C., ocorreu a sistematização dos
espaços em branco entre as palavras, isto é, convencionou-se este uso. Isto
representou uma grande evolução na escrita.
O sistema de pontuação criado
por Aristófanes de Bizâncio no século II a.C., deixado um pouco de lado no
século seguinte, é reintroduzido no século I d.C., desta vez mais forte, com o
acréscimo de outras marcas. Entre estas marcas, estão a vírgula (,) e o ponto-e-vírgula (;). A vírgula invertida ٬))
passou a indicar o ponto de exclamação,
que já tinha sido criado pelos gregos, porém sem aceitação externa e interna
até mesmo. A exclamação – como também é chamado – teve seu uso generalizado a
partir do século XVI d.C.. No português, entre os estágios do ponto-e-vírgula e
o do ponto de exclamação, houve o do admirativo
(ver mais à frente).
“Segundo Costa (s.d., p. 13), os escribas também
acrescentavam aos textos notas explicativas sobre a perfeita recitação de um
poema para evitar ambiguidades, observando a pronúncia correta das palavras e
indicando a exata duração das vogais. Essas notas, que eram chamadas pontos (grifo meu), tinham o objetivo
de garantir ao leitor/orador uma perfeita interpretação do texto. Vem daí a
origem da palavra pontuação,
designando todos os sinais que auxiliavam a leitura e compreensão dos textos.
É curioso
observar que os copistas recebiam geralmente os textos sem qualquer sinal de
pontuação. Os sinais eram colocados de acordo com a interpretação dada por
esses indivíduos. Tal prática também funcionava como uma forma de o copista
identificar seu trabalho por meio de marcas próprias no texto. Podemos dizer,
desse modo, que os copistas atuavam como editores dos textos que recebiam. Cada
obra poderia ter tantas edições quanto o
número de copistas que fizesse seu manuscrito.” Logo, quase todos os textos
antigos importantes sofreram alterações de ordem gráfica; alguns tiveram o seu
significado original comprometido, outros nem tanto e outros, ainda, sofreram
alterações semânticas, mas a sua essência permanece, como é ocorre com a Bíblia; nela, muitos textos foram
vítimas de pequenos erros ortográficos ou de tradução; são erros cometidos pela
distração do copista ou mesmo por própria deliberação (motivada, ou não, por
motivos religiosos e/ou políticos). Todavia as mensagem, nas várias traduções e
versões da Bíblia, não ficaram
prejudicadas; nenhum dos dogmas, preceitos ou mandamentos bíblicos são afetados
pelos pequenos erros textuais.
Por exemplo, na versão Almeida Revista
e Corrigida, no livro Salmos 119:105,
nota-se a presença de uma vírgula muito suspeita. Tive o cuidado de verificar
sua ocorrência, ou não, em algumas das principais traduções bíblicas.
Sl
119:105
Versão católica
“Vossa palavra é um facho que ilumina meus passos, uma luz em meu caminho.
Nesta versão, a vírgula
desempenha o papel de verbo quando este sofre elipse. Portanto, a vírgula
exerce a função do verbo ser
conjugado na terceira pessoa do singular do presente do indicativo (é uma
luz em meu caminho). O único verbo da oração, é, possui dois objetos: um
facho que ilumina meus passos e uma
luz em meu caminho. Então, pode-se dizer que um objeto complementa o outros,
travando uma relação de adição. Nesta tradução, portanto, de acordo com as
regras ortográficas do português, não há suspeita quanto ao uso da vírgula
Sociedade Bíblica Britânica
“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, E luz para a minha vereda.”
Aqui, a vírgula aparece, mas em
posição incomum. Ela não está ocupando o lugar do verbo ser na terceira pessoa do singular como o faz a vírgula do exemplo
anterior.
Vejamos, ainda, em mais algumas traduções.
Nova Versão Internacional
“A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o
meu caminho.”
Almeida Revisada Impensa Bíblica
“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho.”
Almeida Corrigida e Revisada Fiel
“Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.”
Vulgata Latina
Lucerna pedibus meis
verbum tuum et lumen semitis meis.
Modern Greek
Λυχνος εις τους ποδας μου ειναι ο λογος σου και φως εις τας τριβους μου.
Vimos
que, na traduções mais antigas, como a Septuaginta
e a Vulgata Latina, a vírgula não
aparece. Mas que, em outras traduções mais recentes, ela aparece. Este caso
despertou a minha atenção porque, em uma leitura desatenta, certamente ninguém
olharia para esta vírgula, mas ela pode nos revelar algum detalhe escondido por
trás do texto. Pode ser uma pista. A ordem frasal está invertida; a vírgula
separa os complementos, o sujeito não inicia a frase. Qualquer tradutor de
latim ou de grego traduziria o texto septuagíntico ou vulgático sem acrescentar
a vírgula, pois ela não aparece nestas versões; donde concluo que o
aparecimento desta vírgula não se deve a estas traduções. Tampouco à tradução
original do hebraico – língua original de Salmos
-, pois é sabido que não havia vírgulas nesta língua. Então, é provável que a
vírgula do salmo 119, versículo 105, tenha sido posta ali por algum copista
posterior, pelo menos, à Vulgata.
Como não há certeza científica sobre este tema, ficam aqui os meus palpites:
a)
esta vírgula pode ter sido colocada ali
(intencionalmente) por um grupo de eruditos bíblicos chamados de massoretas por
volta do século VIII d.C. para indicar uma pausa
para respiração ou eufonia textual
(pronúncia adequada). O athnach,
equivalente hebraico a nossa vírgula atual, era um dispositivo usado por esses
copistas para manter a interpretação tradicional. Com a atuação dos massoretas,
os sinais de pontuação passaram a ter um uso geral. Esta vírgula, portanto,
daria um destaque semântico para os dois objetos do verbo; se o sujeito tua palavra possui os objetos lâmpada para os meus pés e luz para o meu caminho, a vírgula teria
como função:
a1)
evidenciar, superlativar a existência de duas funções diferentes da palavra de Deus, ou,
a2)
apenas, pontuar, isto é, dar um certo contorno melódico na pronúncia do texto.
No
primeiro caso, lâmpada para os meus pés
indicaria que a palavra de Deus
ilumina o caminho perto e luz para o meu
caminho indicaria que a palavra de
Deus ilumina o caminho longe. Talvez, para mostrar a onipresença de Deus na
vida do crente fiel. Esta é a mais livre das possibilidades, mas a mais
provável possivelmente.
b)
esta vírgula pode ter sido colocada ali sem
qualquer intenção ou simplesmente por um erro
de cópia cometido por algum copista posterior.
A tese de que a vírgula
do versículo 105 funciona como entorno melódico fortifica uma outra tese de que
os salmos da Bíblia eram
metrificados. Os adeptos desta teoria baseiam-se na improbabilidade muito
grande de os judeus decorarem os salmos sem o artifício da metrificação. Todavia
esse entorno melódico original perdeu sua força e, no presente, ao ler o texto,
o leitor não deve considerá-lo; isto porque nem toda vírgula corresponde a uma
pausa para respirar ou entorno melódico no momento de leitura oral de um texto.
“Somente a partir da
invenção da imprensa, no Renascimento, houve maior preocupação quanto ao uso da
língua. Com isso, observa-se maior controle no emprego dos sinais de pontuação,
época em que surgem as primeiras gramáticas. Segundo Cafezeiro (1993, p.
87-95), o livro de Duarte Nunes Leão, A Ortografia e Origem da Língua Portuguesa,
de 1576, foi responsável pela sistematização dos sinais de pontuação que ainda
hoje utilizamos.” Neste livro, sinais primitivos da língua portuguesa aparecem,
como o coma e o cólon.
O ponto alto (acima da letra) (˙) evoluiu para o ponto final (.), tendo ambos a função de finalização.
˙ > .
O ponto médio (à frente da letra, no
meio) (·), com idéia de pausa para respiração, evoluiu, na Idade Média, para o coma
(:), com a idéia de incompletude, que
evoluiu para os dois pontos (:),
também com a idéia inicial de pausa para respirar.
· > : > :
O ponto embaixo (abaixo da letra) (.), com idéia de incompletação,
evoluiu para o cólon (.), com a idéia de finalização,
que evoluiu para a vírgula (,), com
a idéia original de incompletude.
. (ponto abaixo da letra)
> . > ,
> . > ,
Outros sinais
aparecem no livro de Leão: obelisco,
bráquia, ápices (“), divisão, ângulo (^), parágrafo (§).
? interrogativo
! admirativo
(
) parênteses
( meio círculo
- hífen
* asterisco
Destes, o ângulo é
uma evolução do circunflexo grego; mudou para o circunflexo atual.
“É importante
observar que muitas gramáticas consideravam juntamente com os sinais de
pontuação os sinais diacríticos e símbolos de estruturação tipográfica.”
Abaixo, segue texto
extraído do sítio Wikipédia, que dará
mais detalhes.
Reticências (...)
Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
O verbo latino tacere significava "calar",
permanecer em silêncio, e deu lugar ao verbo francês taire. Em nossa língua,
derivam-se de tacere palavras como tácito e taciturno, além de reticência, uma
figura retórica que consiste em deixar incompleta uma frase, dando a entender, no
entanto, o sentido do que não se diz e, às vezes, muito mais.
A palavra reticência provém do latim reticere
(calar alguma coisa), formada mediante tacere precedida do prefixo
"re-", que neste caso tem o sentido de retrair-se para dentro. A
troca de "a" para "i" na passagem de tacere a reticere
chama-se apofonia e ocorre com frequência nas raízes latinas empregadas em
línguas romances.
No contexto, é lida como etecétera, que provém do
latim: et cætera = e algo mais.
Aspas
Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
As aspas ou vírgulas
dobradas são sinais de pontuação usados para realçar certa parte de um
texto.
O aspecto gráfico das aspas pode variar conforme a
área geográfica, e está relacionado com hábitos ortográficos e influências
culturais. Assim, a mesma língua pode ter representações diferentes conforme
cada país (português no Brasil / português em Portugal; inglês no Reino Unido /
inglês nos Estado Unidos; alemão na Alemanha / alemão na Suíça; etc.).
Aspas
na língua portuguesa
Em Portugal, usam-se tradicionalmente as aspas angulares (ex. «aspas» e
‹aspas›). São as aspas da tradição latina, usadas normalmente pelos tipógrafos.
No entanto, está a crescer em Portugal o uso das
aspas curvas (ex. “aspas” e ‘aspas’). Isso deve-se provavelmente à omnipresença
da língua inglesa, e devido à incapacidade de algumas máquinas (telefones
móveis, caixas registradoras, impressoras específicas, calculadoras etc.) de
representar as aspas angulares.
No Brasil, porém, o uso de aspas angulares é pouco
conhecido, usando-se quase somente as aspas curvas, “aspas” e ‘aspas’. Isso
pode ser verificado, por exemplo, na diferença entre um teclado português (que
possui tecla específica para « e para ») e um teclado brasileiro (que possui
outra tecla para o uso das aspas: " " e ' ').
Representação correta das aspas
Em qualquer caso, quando se pretende uma boa tipografia,
deve-se evitar a representação das aspas
curvas duplas por dois traços verticais: "aspas". Quando se
pretende uma representação de qualidade, são preferíveis as aspas curvas duplas:
“aspas”. Os dois traços verticais foram uma invenção do ASCII, para se chegar a
um compromisso para a representação das aspas curvas duplas. Devido ao espaço
limitado para codificar caracteres, o ASCII optou por uma representação única
(") em vez de dois caracteres (“ e ”). O mesmo sucedeu com as aspas curvas simples: (') em vez de (‘
e ’).
Aspas em outros idiomas
Em certos idiomas, as aspas são usadas também para
representar diálogos, substituindo o travessão.
Formas de representar as aspas
Existem vários aspectos gráficos para a
representação das aspas, adotadas de maneiras diferentes em cada idioma. Os
tipos principais são:
«…» —
usadas nos idiomas: albanês, alemão, amárico, árabe, arménio, basco,
bielorrusso, catalão, espanhol, coreano, francês, grego, italiano, norueguês,
persa, russo, turco, ucraniano.
»…« —
usadas nos idiomas checo / tcheco, croata, dinamarquês, esloveno, islandês.
»…» —
usadas nos idiomas: Finlandês, sámi, sueco.
“…” —
usadas nos idiomas: coreano, gaélico escocês, gaélico irlandês, hebraico,
holandês, hindi, inglês (note-se que no Reino Unido, inverte-se o uso das aspas
simples e duplas), letão, tailandês, urdu.
„…“ —
usadas nos idiomas: africâner, alemão, checo, croata, dinamarquês, eslovaco,
esloveno, estoniano, feroês, georgiano, holandês, húngaro, islandês, lituano,
sérvio.
„…” —
usadas nos idiomas búlgaro, finlandês, polaco / polonês, romeno, sámi, sueco.
「…」 — chinês, japonês
﹁
…
﹂ — chinês, japonês; para texto vertical, apenas;
Travessão
Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
O travessão (ou risca) não é o mesmo que um hífen
nem que uma meia-risca (ou "traço de ligação", ou risca de meio-quadratim).
A
meia-risca, menor, serve para ligar elementos em série (ex.: 1997–2006 ou A–Z).
O hífen,
ainda menor, serve para unir palavras compostas (ex.: couve-flor) e fazer a
translineação (divisão de uma palavra no final de linha).
Colchete ([])
Origem:
Wikipédia, a enciclopédia livre.
Colchete, ou parêntese reto, é um símbolo utilizado
na língua portuguesa, na matemática e também na informática. Em alguns casos,
os parênteses têm maior precedência do que os colchetes, noutros casos a
precedência é igual.Também serve para as linguagem cientifica.Também quando se
deseja inserir,colocar uma reflexão. Ex.:Alencar,José de.O guarani, 2 ed.Rio de
Janeiro,B.L, Garmir Editor[1864] Os seus símbolos são os seguintes: [ para
abrir e ] para fechar.
Emprego
dos Colchetes
Os colchetes têm a mesma finalidade que os
parênteses; todavia, seu uso se restringe aos escritos de cunho didático,
filológico, científico. Pode ser empregado:
Em
definições do dicionário, para fazer referência à etimologia da palavra.
Por Exemplo: amor- (ô). [Do lat. amore.] 1.
Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa:
amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de sua terra. (Novo Dicionário
Aurélio)
para
intercalar palavras ou símbolos não pertencentes ao texto.
Por Exemplo: Em Aruba se fala o espanhol, o inglês,
o holandês e o papiamento. Aqui estão algumas palavras de papiamento que você,
com certeza, vai usar:
- Bo ta
bon? [Você está bem?]
- Dios no
ta di Brazil. [Deus não é brasileiro.]
. para
inserir comentários e observações em textos já publicados.
Por Exemplo: Machado de Assis escreveu muitas
cartas a Sílvio Dinarte. [pseudônimo de Visconde de Taunay, autor de
"Inocência"]
. para
indicar omissões de partes na transcrição de um texto.
Por Exemplo: "É homem de sessenta anos feitos
[...] corpo antes cheio que magro, ameno e risonho" (Machado de Assis)[1].
Informática
Em diversas linguagens geralmente são utilizados
para formulação de listas e arrays. Exemplo: [4, 1, 9] é um conjunto sequencial
dos inteiros 4, 1 e 9.
Estes e outros sinais
de pontuação, além de diversos sinais gráficos não usados na pontuação, estão
na página da Wikipédia http://pt.wikipedia.org/wiki/Pontua%C3%A7%C3%A3o. Como meu objetivo, aqui, não é expor cada um dos muitos sinais que
existem, retornemos à história dos sinais de pontuação.
Como já observamos, a
pontuação criada pelos alexandrinos obedecia à melodia e às pausas respiratórias
da frase. Tal procedimento perdurou até a Idade Média. Nessa ocasião, houve a
introdução do critério lógico-gramatical, em que o sinal de pontuação passou a
marcar a fronteira entre os constituintes. Com isso, a sentença passou a ser a
unidade básica da pontuação, não o texto, como se procedia até então.
Critério
dos sinais:
A)
rítmico-melódico-respiratório (ou fônico),
B)
gramatical (ou lógico-gramatical, ou semântico) e
C)
sintático.
“Em geral, nossas gramáticas seguem critérios fônicos,
semânticos e sintáticos para tratar o emprego dos sinais de pontuação, porém,
ao orientar seu uso, detêm-se no critério sintático.”
“Em geral, as gramáticas não dedicam muitas páginas
ao estudo da pontuação, por ser este um assunto meio nebuloso para os
estudiosos. Essa imprecisão, de acordo com Rocha (1996, p. 2),ocorre em virtude
de fatores como: a natureza da pontuação e a forma como surgiu este sistema.
“Parte dos problemas que enfrentamos ao fazer a
pontuação de um texto deve-se ao fato de que esse sistema se apresenta como um
código criado para representar aspectos da língua oral, impossíveis de serem
expressos pela escrita. (...) O segundo argumento refere-se ao fato de que a
pontuação foi criada em época posterior ao aparecimento da escrita e de maneira
gradativa.”
Motivos
dos sinais
A
pontuação foi motivada:
a)
pelo próprio escriba (usando os critérios fônico e gramatical),
b)
pela necessidade de servir como elementyo auxiliar na recitação de textos
(usando o critério fônico) e
c)
para servir consoante a necessidade de se demarcarem as sentenças, os
constituintes, as inevrsões de sintagmas, entre outras coisas, à medida que se
percebia a importância desses dados para a compreensão do texto.
Vale dizer que, com o
surgimento da pontuação, a prosa ganhou proeminência sobre a poesia e surgiram
até novos gêneros literários, como o romance de aventuras grego.
“Com o
desenvolvimento dos estudos lingüísticos, chegou-se à conclusão de que a
escrita e a oralidade são modalidades da língua com características próprias. Hoje,
vê-se o texto verbal como imagem. Por isso a pontuação já está sendo observada
numa dimensão semiótica: um traçado que gera significação. Em virtude disso,
muitos estudiosos defendem a idéia de que a gramática normativa comete um
grande equívoco em incluir o elemento fônico como fundamento para se pontuar um
texto, ao lado do critério lógico-gramatical.” Um texto pode começar com uma vírgula,
por exemplo.
“Segundo Rosa (1993),
épocas diferentes podem apresentar realizações diferentes, em virtude da
mudança de parâmetros. Como auxiliares de leitura em voz alta, os sinais de
pontuação indicavam também como se deveria dizer, e não eram apenas parte da
transcrição do que se dizia, como muitos pensavam. Com base nisso, a
pesquisadora sustenta a idéia de que a pontuação deve centrar-se na estrutura
sintática. Esta fornecerá a chave para as relações que as palavras criam entre
si, no âmbito do texto. A leitura em voz alta, de acordo ainda com Rosa (1993),
não pode ser identificada com língua oral porque a prosódia não é a mesma da
fala normal. Além do mais, o escritor pode indicar a entonação a partir de
outras formas como sublinhado, mudança do tamanho do tipo ou de cor, o emprego
de capitulares, entre outros recursos.”
“Os defensores da
opinião de que os textos devam ser pontuados obedecendo à motivação sintática e
semântica argumentam que não existe razão de se pontuar um texto com base na
dimensão fônica, pois ela está relacionada à oralidade; não à escrita, modalidade
com normas próprias. É necessário, entretanto, considerar que, embora a
atividade oral e a atividade gráfica se constituam sistemas semióticos
distintos, não podemos negar que a escrita está ligada à oralidade, pois fazem
parte do mesmo sistema lingüístico.
Molica (1993, p. 97)
acredita que até mesmo a pontuação que se observa na escrita, absolutamente
proscrita pela gramática, como a separação do sujeito e predicado do verbo e
seus complementos pela vírgula é compreensível. Em geral, verifica-se uma pausa
respiratória quando o sujeito é extenso ou o período é longo.”
“A pontuação, ainda,
dando destaque aos termos invertidos ou aos topicalizados, fará emergir o caráter
argumentativo do texto.” Ou seja, aqui nasce o modelo argumentativo de texto.
“A dimensão
enunciativa revela-se por meio da expressividade. Atualmente, com o
desenvolvimento dos estudos lingüísticos, é impossível ignorar o caráter subjetivo de um texto. Observamos
que, assim como duas pessoas não pontuam de forma idêntica, um indivíduo não
emprega, do mesmo modo, em um mesmo texto, os sinais de pontuação em momentos
distintos. (...)Câmara (1999, p. 58) observa que a língua escrita se apresenta ‘mutilada’
em confronto com a modalidade oral da língua. Desse modo, essa deficiência própria
dessa modalidade da língua deve ser suprimida de alguma forma, em prol de uma
possível ‘reconstituição’ do que se falaria (mesmo que mentalmente) antes (ou
durante) a construção do texto.”
“Mais tarde, após o
surgimento da escrita, passou a haver um grande interesse pelos recursos da língua,
ao mesmo tempo em que ocorria a sistematização da arte poética. Acredita-se que
houvesse entre eles, de forma clara, a noção do poder que tem a palavra de
seduzir, persuadir, sugerir e até mesmo enganar.
As formas de expressão
e de argumentação da língua passaram a ser cultivadas com o propósito de
auxiliar os pequenos proprietários de terra da Grécia Antiga a defender seus
direitos dos desmandos dos tiranos. À arte do discurso, deu-se o nome de Retórica.
A seguir, trechos
extraídos do endereço http://www.mundogump.com.br/as-mais-incriveis-confusoes-causadas-pela-virgula/:
As
mais incríveis confusões causadas pela vírgula
data
de publicação: agosto 15, 2008 em: Curiosidades, mundo gump, Textos,
Uncategorized | comentário : 27
A VÍRGULA FATAL
A czarina russa Maria Fyodorovna certa vez salvou a
vida de um homem, apenas mudando a vírgula de sua sentença de lugar. Muito
inteligente, ela que não concordava com a decisão de seu marido, Alexandre II,
usou o artifício a seguir.
O Czar enviou o prisioneiro para a prisão e morte
no calabouço da Sibéria.
No fim da ordem de prisão vinha escrito: “Perdão
impossível, enviar para Sibéria”.
Maria ordenou que redigissem nova ordem, e fingindo
ler o documento original, mudou uma vírgula,
transformando a ordem em: “Perdão, impossível enviar para Sibéria” e o
prisioneiro foi libertado.
A VÍRGULA DE UM MILHÃO DE DÓLARES
Pode parecer incrível, mas uma única vírgula causou
uma confusão e prejuízo terrível para o governo dos EUA. A história é a seguinte:
na lei de tarifa alfandegária aprovada pelo congresso em 6 de junho de 1872,
uma lista de artigos livres de impostos incluía: “plantas frutíferas, tropicais
e semi-tropicais”.
Na hora de escrever o documento, um funcionário
público distraído acrescentou sem perceber uma nova vírgula, deixando o texto
assim: “plantas, frutíferas, tropicais e semi-tropicais”
Isso
fez com que todos os importadores de plantas americanos pleiteassem o direito
de importação livre de impostos. Isso causou uma fortuna em impostos aos cofres
dos EUA, e a lei só foi reescrita em 9 de maio de 1894. O desastrado
funcionário público, ao que parece, não foi demitido.
A VÍRGULA DA BLASFÊMIA
A vírgula já causou embaraço também para os
religiosos. Em várias edições da Bíblia do rei James, Lucas 23:32 é alterado
inteiramente pela maldita vírgula. Não por ela, mas sim pela falta dela. Na
passagem que descreve os outros homens crucificados com Cristo, as edições
erradas dizem: “E havia mais dois outros malfeitores.” A falta da vírgula colocou
Cristo como malfeitor na própria Bíblia. O correto seria “E havia mais dois
outros, malfeitores.”
Em Lc 23:32
encontramos:
Modern Greek
Εφεροντο
δε και αλλοι δυο μετ' αυτου, οιτινες ησαν κακουργοι δια να θανατωθωσι.
Textus
Receptus
ηγοντο
δε και ετεροι δυο κακουργοι συν αυτω αναιρεθηναι
Nova Vulgata
Ducebantur
autem et alii duo nequam cum eo, ut interficerentur.
New International version
Two other men, both criminals, were also led
out with him to be executed.
Almeida Corrigida e Revisada Fiel
E
também conduziram outros dois, que eram malfeitores, para com ele serem mortos.
Almeida Revisada Impensa Bíblica
E
levavam também com ele outros dois, que eram malfeitores, para serem mortos.
Nova Versão Internacional
Dois
outros homens, ambos criminosos, também foram levados com ele, para serem
executados.
Sociedade Bíblica Britânica
Eram
também levados dois outros que eram malfeitores, para serem mortos com ele.
Versão católica
Eram
conduzidos ao mesmo tempo dois malfeitores para serem mortos com Jesus.
Veja, também, mais um exemplo retirado do seguinte
endereço eletrônico: http://www1.folha.uol.com.br/folha/livrariadafolha/ult10082u654471.shtml.
"Clarice," inclui vírgula em título de biografia para lembrar estilo de escritora
A
capa de "Clarice,", a biografia sobre Clarice Lispector
(1920-1977) que chega às livrarias nesta quinta-feira,
traz uma imagem da escritora na máquina de escrever. A cena foi retratada pela
prestigiada fotógrafa Claudia Andujar.
O uso da vírgula após o
nome "Clarice" no título é uma referência ao estilo de escrever da
autora, que adorava esse sinal gráfico. O título original do livro não destacou
esse detalhe.
Aqui, termino este
breve ensaio sobre a pontuação. Mas há mais observações a serem feitas que,
neste trabalho, não coube explicitar. Para mais detalhes, consultar as fontes
de informações abaixo.
Fontes de informações
MARTINS, Aira S. R., Norma e estilo no emprego da
pontuação. In: SIMÕES, Darcília
(org.), Língua Portuguesa e ensino:
reflexões e propostas sobre a prática pedagógica. São Paulo. Factash
Editora, 2012.
pt.wikipedia.org