UNITARISMO
1. Definições
O unitarismo consiste na
afirmação de que Deus é um e que o Filho pode ser considerado divino, mas não
no mesmo sentido em que
Deus Pai é assim chamado, visto que os dois não
compartilhariam da mesma essência. Nas formas modernas do unitarismo, devemos
pensar em qualquer conceito em que a divindade plena de Cristo é negada ou
mesmo omitida. A liberdade de religião, a liberdade de pensamento e de expressão,
a utilidade dos ensinamentos religiosos e éticos de Cristo, o liberalismo e a
noção de independência ou autonomia das congregações locais são crenças e
práticas unitárias tradicionais.
2. Origens Históricas
Todas as religiões
monoteístas, como o judaísmo e o islamismo, favorecem a idéia unitária do Ser
divino. Os arianos (ver sobre o Arianismo) não podiam ver como qualquer tipo de
visão triteísta ou trinitariana pode, de fato, preservar o monoteísmo (vide).
Assim sendo, historicamente falando, podemos dizer que,
dentro do cristianismo,
o unitarismo começou com o arianismo. Ário, presbítero da igreja de Alexandria,
negava as fórmulas trinitarianas e asseverava que houve tempo em que Deus Pai existia,
mas não Deus Filho, o qual, por isso mesmo, teria sido criado por Deus Pai.
Assim, a Cristo era conferida uma espécie de divindade secundária, mas ele não
seria da mesma substância do Pai. Cristo seria digno de adoração, mas não
deveria ser adorado no mesmo sentido em que Deus Pai é adorado. Essa antiga forma de
unitarismo foi condenada tanto pelo concílio de Nicéia (325 d.C.) como pelo
concilio de Constantinopla (381 d.C.).
3. Outros Incidentes Históricos da Doutrina
O adocionismo (vide)
e o monarquianismo (vide) defendiam variedades do unitarismo. Miguel
Serveto (vide) também foi unitário, da mesma maneira que o foram muitos
anabatistas. O unitarismo foi um dos alicerces teológicos do socianismo (vide),
das noções de Laélio e Fausto Cocinus e do catecismo Rocoviano,
de 1605. No socianismo,
Cristo aparece como uma figura divina digna de adoração, mas não no mesmo sentido
e grau em que o é Deus Pai.
4. O Unitarismo Moderno
Como movimento moderno,
o unitarismo começou nos séculos XVI e XVII. O termo latino
"unitarius" foi usado pela primeira vez em 1569, na Transilvânia, e
então foi adotado pelas igrejas, em 1633. Na Inglaterra, o vocábulo apareceu
pela primeira vez em 1682. A
Reforma Protestante, afrouxando um tanto os laços dogmáticos, deu margem a
fórmulas não-trinitarianas. A Igreja Unitária Húngara separou-se da Igreja
Reformada em 1568. Ela tornou-se uma das quatro religiões reconhecidas, e
continuou a desenvolver-se isolada. Grupos ingleses e norte-americanos
desenvolveram-se independentemente desse grupo, e somente esses tinham algum tipo
de contacto com a união, aí por 1821. O unitarismo inglês desenvolveu-se entre
1548 e 1612. Muitos defensores do antitrinitarismo foram condenados, presos,
executados na fogueira ou banidos. A Igreja oficial reagiu com sua usual
violência, em nome de Deus. Alguns poucos unitários (que, afinal de contas,
estavam apenas defendendo o monoteísmo à sua maneira) tiveram de retratar-se,
para salvarem sua vida. Em 1705, foi estabelecida uma congregação londrina de
unitários, apesar de feroz oposição. Em 1825, foi fundada a Associação Unitária
Britânica e Estrangeira. Nos Estados Unidos da América do Norte, pelos meados
do século XVIII, o Harvard College tornou-se o centro de grandes debates, e o
movimento unitário foi firmemente estabelecido ali. A Capela do Rei, em Boston,
tornou-se depressa uma igreja unitária, pois uma grande porcentagem dos
pregadores de Boston havia tomado a postura unitária. Em 1825, foi organizada a
Associação Unitária Americana. Os unitários conquistaram, essencialmente, o
congregacionalismo da Nova Inglaterra, e essa influência tornou-se
preponderante na Universidade de Harvard.
5. O Unitarismo Atual
O transcendentalismo
assumiu a posição unitária. Gradualmente foi-se firmando uma espécie de secularismo,
e as posições se radicalizaram. O unitarismo original era essencialmente
protestante, e a grande diferença estava na questão da Trindade. Mas essa
posição original modificou-se totalmente, de tal modo que os unitários de
nossos dias com freqüência são agnósticos ou mesmo ateus. Dentro do movimento
não há nenhuma pressão para ninguém subscrever algum credo específico. Mas o
liberalismo é uuase um requisito para alguém pertencer às modernas igrejas
unttartas e sentir-se a vontade. Tal como acontece com grande número de liberais,
muitos unitários inclinam-se para a posição universalista Em 1961, nos Estados
Unidos da América do Norte, a Associação Unitária Americana fundiu-se com o
movimento universalista.
Fonte: "Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia", R.Champlin.
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