sábado, 13 de julho de 2013

O Unitarismo

UNITARISMO

1. Definições

O unitarismo consiste na afirmação de que Deus é um e que o Filho pode ser considerado divino, mas não no mesmo sentido em que Deus Pai é assim chamado, visto que os dois não compartilhariam da mesma essência. Nas formas modernas do unitarismo, devemos pensar em qualquer conceito em que a divindade plena de Cristo é negada ou mesmo omitida. A liberdade de religião, a liberdade de pensamento e de expressão, a utilidade dos ensinamentos religiosos e éticos de Cristo, o liberalismo e a noção de independência ou autonomia das congregações locais são crenças e práticas unitárias tradicionais.

2. Origens Históricas

Todas as religiões monoteístas, como o judaísmo e o islamismo, favorecem a idéia unitária do Ser divino. Os arianos (ver sobre o Arianismo) não podiam ver como qualquer tipo de visão triteísta ou trinitariana pode, de fato, preservar o monoteísmo (vide). Assim sendo, historicamente falando, podemos dizer que,
dentro do cristianismo, o unitarismo começou com o arianismo. Ário, presbítero da igreja de Alexandria, negava as fórmulas trinitarianas e asseverava que houve tempo em que Deus Pai existia, mas não Deus Filho, o qual, por isso mesmo, teria sido criado por Deus Pai. Assim, a Cristo era conferida uma espécie de divindade secundária, mas ele não seria da mesma substância do Pai. Cristo seria digno de adoração, mas não deveria ser adorado no mesmo sentido em que Deus Pai é adorado. Essa antiga forma de unitarismo foi condenada tanto pelo concílio de Nicéia (325 d.C.) como pelo concilio de Constantinopla (381 d.C.).

3. Outros Incidentes Históricos da Doutrina

O adocionismo (vide) e o monarquianismo (vide) defendiam variedades do unitarismo. Miguel Serveto (vide) também foi unitário, da mesma maneira que o foram muitos anabatistas. O unitarismo foi um dos alicerces teológicos do socianismo (vide), das noções de Laélio e Fausto Cocinus e do catecismo Rocoviano,
de 1605. No socianismo, Cristo aparece como uma figura divina digna de adoração, mas não no mesmo sentido e grau em que o é Deus Pai.

4. O Unitarismo Moderno

Como movimento moderno, o unitarismo começou nos séculos XVI e XVII. O termo latino "unitarius" foi usado pela primeira vez em 1569, na Transilvânia, e então foi adotado pelas igrejas, em 1633. Na Inglaterra, o vocábulo apareceu pela primeira vez em 1682. A Reforma Protestante, afrouxando um tanto os laços dogmáticos, deu margem a fórmulas não-trinitarianas. A Igreja Unitária Húngara separou-se da Igreja Reformada em 1568. Ela tornou-se uma das quatro religiões reconhecidas, e continuou a desenvolver-se isolada. Grupos ingleses e norte-americanos desenvolveram-se independentemente desse grupo, e somente esses tinham algum tipo de contacto com a união, aí por 1821. O unitarismo inglês desenvolveu-se entre 1548 e 1612. Muitos defensores do antitrinitarismo foram condenados, presos, executados na fogueira ou banidos. A Igreja oficial reagiu com sua usual violência, em nome de Deus. Alguns poucos unitários (que, afinal de contas, estavam apenas defendendo o monoteísmo à sua maneira) tiveram de retratar-se, para salvarem sua vida. Em 1705, foi estabelecida uma congregação londrina de unitários, apesar de feroz oposição. Em 1825, foi fundada a Associação Unitária Britânica e Estrangeira. Nos Estados Unidos da América do Norte, pelos meados do século XVIII, o Harvard College tornou-se o centro de grandes debates, e o movimento unitário foi firmemente estabelecido ali. A Capela do Rei, em Boston, tornou-se depressa uma igreja unitária, pois uma grande porcentagem dos pregadores de Boston havia tomado a postura unitária. Em 1825, foi organizada a Associação Unitária Americana. Os unitários conquistaram, essencialmente, o congregacionalismo da Nova Inglaterra, e essa influência tornou-se preponderante na Universidade de Harvard.

5. O Unitarismo Atual


O transcendentalismo assumiu a posição unitária. Gradualmente foi-se firmando uma espécie de secularismo, e as posições se radicalizaram. O unitarismo original era essencialmente protestante, e a grande diferença estava na questão da Trindade. Mas essa posição original modificou-se totalmente, de tal modo que os unitários de nossos dias com freqüência são agnósticos ou mesmo ateus. Dentro do movimento não há nenhuma pressão para ninguém subscrever algum credo específico. Mas o liberalismo é uuase um requisito para alguém pertencer às modernas igrejas unttartas e sentir-se a vontade. Tal como acontece com grande número de liberais, muitos unitários inclinam-se para a posição universalista Em 1961, nos Estados Unidos da América do Norte, a Associação Unitária Americana fundiu-se com o movimento universalista.

Fonte: "Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia", R.Champlin.

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