terça-feira, 30 de julho de 2013

O EVANGELHO DE JUDAS


O EVANGELHO DE JUDAS


NTRODUÇÃO

Relato secreto da revelação que Jesus falou em conversa com Judas Iscariotes, durante uma semana, três dias antes que ele celebrasse a Páscoa.


O MINISTÉRIO TERRESTRE DE JESUS

Quando Jesus apareceu na Terra, ele executou milagres e grandes maravilhas para a salvação da humanidade. E desde então alguns [caminharam] de maneira reta, enquanto outros tomaram o caminho de suas transgressões, e os doze discípulos foram chamados.

Ele começou a falar com eles sobre os Mistérios do outro mundo e o que aconteceria no fim. Freqüentemente ocorria de ele não aparecer aos seus discípulos como ele mesmo, mas sim como uma criança.


CENA 1

Jesus dialoga com seus discípulos:
A oração de ação de graças ou eucaristia

Um dia Ele estava com seus discípulos na Judéia, e ele os encontrou reunidos e sentados em piedosa prática. Quando ele [se aproximou] seus discípulos, [34] reunidos e sentados, fizeram uma oração de ação de graças sobre o pão, [ele] riu.

Os discípulos disseram-[lhe], “Mestre, por que estás rindo de [nossa] oração de ação de graças? Nós fizemos o que é certo.”

Ele respondeu e lhes disse, “Eu não estou rindo de vocês. [Vocês] não estão fazendo isto devido às suas próprias vontades, mas sim porque é através disto que seu Deus [será] louvado.”

Eles disseram, “Mestre, tu és […] o Filho de nosso Deus.”

Jesus lhes disse, “Como vocês me conhecem? Verdadeiramente [eu] digo a vocês, nenhum membro da geração das pessoas que estão entre vocês, me conhecerá.”


OS DISCÍPULOS SE ENCOLERIZAM

Quando seus discípulos ouviram isto, começaram a ficar bravos e enfurecidos, e começaram a blasfemar contra Jesus em seus corações.

Quando Jesus observou a falta de [entendimento deles, disse] a eles, “Por que isso os encolerizou? Seu Deus, que está dentro de vocês, e […], [35] provocou a cólera [dentro] de suas almas. [Deixe] qualquer um de vocês, que seja [forte o bastante] entre os seres humanos, manifestar o humano perfeito, e se levante ante minha face.”

Todos eles disseram, “Nós temos a força”.

Mas seus espíritos não ousaram ficar de pé ante [Jesus], exceto Judas Iscariotes. Ele foi capaz de levantar-se ante Jesus, mas não pôde olhá-lo nos olhos, e Judas virou sua face.

Judas lhe [disse], “Eu sei quem tu és e de onde vieste. Tu és do reino imortal de Barbelo. E não sou digno de mencionar o nome daquele que te enviou.”


JESUS FALA COM JUDAS PARTICULARMENTE

Sabendo que Judas estava refletindo sobre algo que era exaltado, Jesus lhe disse, “Afaste-se dos outros e eu poderei te falar sobre os Mistérios do Reino. É possível você alcançá-lo, mas você sofrerá muito. [36] Pois outra pessoa o substituirá, para que os doze [discípulos] possam vir novamente a se realizar com seu Deus.”

Judas lhe disse, “Quando tu me contarás estas coisas e [quando] virá o grande dia da luz do amanhecer para a geração?”

Mas quando ele falou isso, Jesus o deixou.


CENA 2: Jesus aparece novamente a seus discípulos

Na manhã seguinte, depois do que aconteceu, Jesus [apareceu] novamente a seus discípulos.

Eles lhe disseram, “Mestre, para onde foste e o que fizeste quando tu nos deixaste?”

Jesus lhes disse, “Eu fui para uma outra grande e sagrada geração.”

Seus discípulos lhe perguntaram, “Senhor, o que é a grande geração, que é superior a nós e mais santa que nós, que não está agora nestes reinos?”

Quando Jesus ouviu isto, riu e lhes disse, “Por que vocês estão pensando, em seus corações, na forte e sagrada geração? [37] Verdadeiramente [eu] digo a vocês que ninguém nascido [deste] eon verá essa [geração], e nenhuma hoste de anjos das estrelas regerá aquela geração, e nenhuma pessoa de nascimento mortal pode se associar com ela, porque aquela geração não vem de […] que se tornou […]. A geração das pessoas dentre [vocês] é proveniente da geração da humanidade […] poder, o qual [… os] outros poderes […] pelo [qual] vocês regem.”

Quando [seus] discípulos ouviram isto, ficaram turbados de espírito. Não puderam dizer uma só palavra.

Num outro dia Jesus apareceu [a eles]. Eles disseram [a ele], “Mestre, nós o vimos em uma [visão], porque tivemos grandes [sonhos…] noite […].”

[Ele disse], “Por que têm [vocês… quando] [ vocês ] foram se esconder?” [38]


OS DISCÍPULOS VÊEM O TEMPLO E DISCUTEM O OCORRIDO

Eles [disseram, “Nós vimos] uma grande [casa com um grande] altar [em seu interior, e] doze homens — eles são os sacerdotes, diríamos — e um nome; e uma multidão de pessoas está esperando naquele altar, [até] os sacerdotes [… e recebem] as oferendas. [Mas] nós ficamos esperando.”

[Jesus disse], “Como são [os sacerdotes]?

Eles [disseram, “Alguns…] duas semanas; [alguns] sacrificam seus próprios filhos, outros suas esposas, em louvor [e] humildade entre si; alguns dormem com homens; alguns estão envolvidos em [massacres]; alguns cometem uma infinidade de pecados e de ações ilegais. E os homens que estão de pé [diante] do altar invocam teu [nome], [39] e em todas as suas ações deficientes, os sacrifícios são concluídos […].”

Depois que disseram isto, ficaram quietos, porque estavam preocupados.


JESUS OFERECE UMA INTERPRETAÇÃO
ALEGÓRICA DA VISÃO DO TEMPLO

Jesus lhes disse, “Por que vocês estão preocupados? Verdadeiramente eu digo a vocês, todos os sacerdotes que estavam de pé ante aquele altar invocavam meu nome. Novamente eu lhes digo, meu nome foi escrito nisto […] das gerações das estrelas através das gerações humanas. [E eles] plantaram árvores sem frutos, em meu nome, de uma maneira vergonhosa.”

Jesus lhes disse, “Aqueles que vocês viram recebendo as oferendas no altar —aqueles são vocês. Esse é o Deus que vocês servem, e vocês são aqueles doze homens que vocês viram. O gado que vocês viram sendo trazido para o sacrifício são as várias pessoas que vocês extraviaram [40] diante daquele altar. […] estarão de pé e farão uso de meu nome deste modo, e gerações de piedosos permanecerão leais a ele. Depois disto um outro homem estará lá de pé [pelos fornicadores], e outro [irá] se levantará lá pelos assassinos de crianças, e outro pelos que dormem com homens, e pelos que se abstêm, e pelo resto das pessoas de corrupção, e ilegalidade e erro, e os que dizem, ‘Nós somos como os anjos’; eles são as estrelas que trazem tudo à sua conclusão. Pois foi dito às gerações humanas, “Vejam, Deus recebeu vosso sacrifício das mãos de um sacerdote — isso é, de um ministro do erro. Porém é o Senhor, o Senhor do universo que comanda ‘No último dia eles serão envergonhados’”. [41]

Jesus [lhes]disse, “Parem de sacr[ificar…] o que vocês têm […] sobre o altar, desde que eles estão sobre suas estrelas e seus anjos e já lá chegaram às suas conclusões. Assim, deixem ser [enlaçados] antes de vocês, e os deixem ir [— aproximadamente 15 linhas se perderam—] gerações […]. Um padeiro não pode alimentar toda a criação [42] sob o [céu]. E […] para eles […] e […] para nós e […].

Jesus disse-lhes, “Parem de discutir comigo. Cada um de vocês tem sua própria estrela, e tod[os —aproximadamente 17 linhas se perderam—] [43] em […] quem veio [… fonte] para a árvore […] deste eon […] durante um tempo […] mas ele veio para banhar o Paraíso de Deus, e a [geração] que perdurará, porque [ele] não manchará o [caminho de vida da]quela geração, mas […] por toda a eternidade.”


JUDAS PERGUNTA A JESUS SOBRE AQUELA GERAÇÃO
E SOBRE AS GERAÇÕES HUMANAS

Judas perguntou a [ele, “Rabb]i, que tipo de fruto esta geração produz?”

Disse-lhe Jesus, “As almas de todas as gerações humanas morrerão. Porém, quando estas pessoas completarem o tempo do reino e o espírito as deixar, seus corpos morrerão, mas suas almas estarão vivas, e eles serão levados.”

Judas disse, “E o que fará o restante das gerações humanas?”

Jesus disse, “É impossível [44] plantar sementes nas [pedras] e colher seus frutos. [Esta] também é a maneira […] a geração [maculada] […] e a Sophia corruptível […] a mão que criou as pessoas mortais, de forma que suas almas vão até os reinos eternos do alto. [Verdadeiramente] eu te digo, […] anjo […] poder poderá ver que […] estes para quem […] gerações santas […].”

Depois, que Jesus disse isto, partiu.


CENA 3: Judas narra uma visão e Jesus responde

Judas falou, “Mestre, como tu escutaste a todos eles, agora também escuta-me, pois eu tive uma grande visão”.

Quando Jesus ouviu isto, ele riu e disse-lhe, “Você décimo terceiro espírito, por que tenta tão esforçadamente? Mas fala, e eu serei tolerante contigo.”

Judas lhe disse, “Na visão eu me vi sendo apedrejado pelos doze discípulos, e [45]que estavam perseguindo- [me severamente]. E eu também vim para o lugar onde […] depois de ti. Eu vi [uma casa…], e meus olhos não puderam [entender] seu tamanho. Grandes pessoas estavam cercando-a, e aquela casa [tinha] uma cobertura de folhagem, e no meio da casa havia [uma multidão — faltam duas linhas —], dizendo, ‘Mestre, leva-me juntamente com estas pessoas’”.

[Jesus] respondeu e disse, “Judas, tua estrela te extraviou.” Ele continuou, “Nenhuma pessoa de nascimento mortal é merecedora de entrar na casa que você viu, pois aquele lugar está reservado para o sagrado. Nem o sol nem a lua regerão lá, nem o dia, mas o sagrado habitará lá sempre, no reino eterno com os anjos santos. Olhe, eu te expliquei os mistérios do reino [46] e eu te ensinei a respeito do erro das estrelas; e […] envie-o […] nos doze eons.”


JUDAS PERGUNTA SOBRE SEU PRÓPRIO DESTINO

Judas disse, “Mestre, poderia ser que minha semente estivesse sob o controle dos regentes?”

Jesus respondeu-lhe dizendo, “Vem, que eu [—duas linhas que se perderam—], mas isso você sofrerá muito quando você ver o reino e toda sua geração.”

Quando Judas ouviu isto, disse, “Qual foi o bem que eu recebi? Pois tu me separaste para aquela geração.”

Jesus, respondendo, disse-lhe, “Você se tornará o décimo terceiro, e será amaldiçoado pelas outras gerações—e você regerá sobre elas. Nos últimos dias eles amaldiçoarão sua ascensão [47] para a [geração] santa.”


JESUS ENSINA COSMOLOGIA A JUDAS SOBRE:
O ESPÍRITO E O AUTOGERADO

Jesus disse, “[Venha], para que eu possa te ensinar acerca dos [segredos] que nenhuma pessoa [jamais] viu. Pois lá existe um grande e ilimitado reino cuja extensão nenhuma geração de anjos jamais viu, [no qual] há [um] grande [Espírito] invisível, o qual nenhum olho, de qualquer anjo, jamais viu, nenhum pensamento do coração jamais compreendeu, e nunca foi chamado por qualquer nome.

“E uma nuvem luminosa lá apareceu. Ele disse, ‘Permita que um anjo nasça para ser meu criado.’

“Um grande anjo, o divino iluminado Auto-gerado, emergiu da nuvem. Por causa dele, quatro outros anjos nasceram de uma outra nuvem, e eles se tornaram criados para o angélico Auto-gerado. O Auto-gerado disse, [48] ‘Permite […] nasça […]’, e nasceu […]. E ele [criou] a primeira luminária para reinar sobre ele. Ele disse, ‘Permita que os anjos nasçam para servi-[lo]’, e miríades, um sem número, nasceram. Ele disse, ‘[Deixe] um eon iluminado nascer,’ e ele nasceu. Ele criou a segunda luminária [para] reinar sobre ele, juntamente, com miríades de anjos para servi-lo. Isso é como ele criou o restante dos eons iluminados. Ele os fez reinar sobre eles, e criou para eles inumeráveis anjos, para assisti-los.


ADAMAS E AS LUMINÁRIAS

“Adamas estava na primeira nuvem luminosa, que nenhum anjo jamais viu entre tudo aquilo chamado ‘Deus’. Ele [49] […] que […] a imagem […] e pela semelhança d[este] anjo. Ele fez a incorruptível [geração] de Seth aparecer […] os doze […] os vinte e quatro […]. Ele fez setenta e duas luminárias aparecerem na geração incorruptível, conforme a vontade do Espírito. As setenta e duas luminárias mesmas fizeram aparecer trezentas e sessenta luminárias na geração incorruptível, de acordo com a vontade do Espírito, de maneira que o número delas deveria ser de cinco para cada uma.

“Os doze eons das doze luminárias constituem o pai delas, com seis céus para cada eon, de maneira que há setenta e dois céus para as setenta e duas luminárias, e para cada uma [50] [delas, cinco] firmamentos, [para um total de] trezentos e sessenta [firmamentos…]. A elas foi dada autoridade e uma [grande] hoste [inumerável] de anjos, para glória e adoração, [e depois disso também] espíritos virgens, para glória e [adoração] de todos os eons e dos céus e dos firmamentos deles.


O COSMOS, O CAOS E O MUNDO INFERIOR

“A multidão desses imortais é chamada de cosmos—isto é, perdição—pelo Pai e pelas setenta e duas luminárias, que estão com o Autogerado e seus setenta e dois éons. Nele o primeiro humano apareceu com seus poderes incorruptíveis. E o eon que apareceu com sua geração, o eon no qual estão a nuvem do conhecimento e o anjo, é chamado [51] El. […] éon […] depois disso […] dito, ‘Permita que os doze anjos nasçam [para] governar o Kaos e o [mundo inferior]’. E veja, da nuvem apareceu um [anjo], cuja face relampejava com fogo e cuja aparência foi manchada com sangue. O nome dele era Nebro, que quer dizer ‘rebelde’; outros o chamam Yaldabaoth. Outro anjo, Saklas, também veio da nuvem. Assim Nebro criou seis anjos—assim como também Saklas—para serem assistentes, e estes produziram doze anjos nos céus, com cada um recebendo uma porção nos céus.


OS GOVERNANTES E OS ANJOS

“Os doze governantes falaram com os doze anjos: ‘Permite, cada um de vocês, [52] […] e os deixaram […] geração [—uma linha se perdeu—] anjos’:

O primeiro é [S]eth que é chamado Cristo.
O [segundo] é Harmathoth que é […].
O [terceiro] é Galila.
O quarto é Yobel.
O quinto [é] Adonaios.

Estes são os cinco que regem o mundo inferior e, preponderantemente, o caos.


A CRIAÇÃO DA HUMANIDADE

“Então Saklas disse aos seus anjos, ‘Vamos criar um ser humano segundo a semelhança e a imagem’. Eles moldaram Adão e sua esposa Eva, que é chamada, na nuvem, de Zoe. Pois por este nome todas as gerações buscam o homem, e cada uma delas chama a mulher por estes nomes. Agora, Sakla não [53] con [trolou…] exceto […] as gera[ções…] isto […]. E o [governante] disse a Adão, ‘Você viverá muito tempo, com seus filhos’”.


JUDAS PERGUNTA SOBRE O DESTINO DE ADÃO
E DA HUMANIDADE

Judas disse a Jesus, “[O que] é uma longa duração de tempo, a qual o ser humano viverá?”

Jesus disse, “Por que você está desejando saber isto? Aquele Adão, com a geração dele, viveu seu tempo de vida no local onde ele recebeu seu reino, com longevidade junto com seu regente?”

Judas perguntou a Jesus, “O espírito humano morre?”

Jesus disse, “Foi por isso que Deus ordenou a Miguel que desse os espíritos das pessoas a elas como um empréstimo, de maneira que elas poderiam oferecer serviço, mas o Altíssimo ordenou a Gabriel que concedesse espíritos à grande geração sem regente sobre ela—isto é, sobre o espírito e a alma. Então, o [resto] das almas [54] [—uma linha se perdeu—].


JESUS DISCUTE A DESTRUIÇÃO DO MAL
COM JUDAS E OS OUTROS

“[…] luz [—quase duas linhas se perderam—] ao redor […] deixe […] espírito [isso é] dentro de você mora nesta [carne] entre as gerações de anjos. Mas Deus fez com que o conhecimento fosse [dado] para Adão e aqueles que estavam com ele, de forma que os reis do Kaos e do mundo inferior não poderiam controlar o conhecimento deles.”

Judas perguntou a Jesus, “Assim o que farão essas gerações?”

Jesus disse, “Verdadeiramente eu te digo, para todos eles as estrelas trazem a conclusão dos assuntos. Quando Saklas completar o período de tempo designado para ele, a primeira estrela deles aparecerá com as gerações, e eles terminarão o que disseram que fariam. Então eles fornicarão em meu nome, e matarão as suas crianças [55] e eles irão […] e [—aproximadamente seis linhas e meia se perderam—] meu nome, e ele irá […] sua estrela sobre o [décimo]terceiro eon.”

Depois disso Jesus [riu].

[Judas perguntou], “Mestre, [por que estás rindo de nós]?”

[Jesus] respondeu [e disse], “eu não estou rindo [de vocês] mas sim do erro das estrelas, porque estas seis estrelas vagam, aproximadamente, com estes cinco combatentes, e todos eles serão destruídos junto com suas criaturas.”

JESUS FALA DOS QUE SÃO BATIZADOS
E DA TRAIÇÃO DE JUDAS

Judas perguntou a Jesus, “Olha, o que farão os que foram batizados em teu nome?”

Jesus disse, “Verdadeiramente eu digo [a você], este batismo [56] […] meu nome [—aproximadamente nove linhas se perderam—] para mim. Verdadeiramente [eu] digo a você, Judas, [aqueles que] ofereçam sacrifícios a Saklas […] Deus [— três linhas se perderam—] tudo que é mau.

“Mas você excederá a todos eles. Pois você sacrificará o homem que me reveste.

Seu chifre já foi elevado, sua ira foi acendida, sua estrela mostrou-se brilhantemente, e seu coração tem […]. [57]

“Verdadeiramente […] seu último […] torna-se [—aproximadamente duas linhas e meia se perderam—], aflija [—aproximadamente duas linhas se perderam—] o regente, desde que ele será destruído. E então a imagem da grande geração de Adão será exaltada, previamente para o céu, a Terra, e os anjos, aquela geração, que é dos reinos eternos, existe. Olhe, tudo foi dito a você. Erga teus olhos para cima e olhe para a nuvem e para a luz dentro dela e para as estrelas que a cercam. A estrela que conduz o caminho é a tua estrela.”

Judas ergueu os olhos e viu a nuvem luminosa, e entrou nela. Os que estavam em pé no chão ouviram uma voz que vinha da nuvem, dizendo, [58] […] grande geração […] … imagem […] [—aproximadamente cinco linhas se perderam—].


CONCLUSÃO: JUDAS TRAI JESUS

[…] Seus Altos Sacerdotes murmuraram porque [ele] havia entrado no quarto de hóspedes para fazer sua oração. Mas alguns escribas estavam lá observando cuidadosamente para prendê-lo durante sua oração, porque eles tinham medo das pessoas, desde que foi considerado por todos como um Profeta.

Eles aproximaram-se de Judas e lhe perguntaram, “O que você está fazendo aqui? Você é um discípulo de Jesus”.

Judas lhes respondeu como eles desejavam. E ele recebeu algum dinheiro e ele o entregou para eles.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

SÉRIE HISTÓRIA DA TEOLOGIA: 29 de julho na história da Teologia

29 de julho é o 210.º dia do ano no calendário gregoriano (211.º em anos bissextos). Faltam 155 para acabar o ano.

Nascimentos

1956 - Gilberto Pastana de Oliveira, bispo brasileiro.

Falecimentos

1099 -Papa Urbano II (n.1042)
1979 - Herbert Marcuse, filósofo alemão(n. 1898).

Feriados e eventos cíclicos

Santos do Dia

Santa Marta, memória

SÉRIE HISTÓRIA DA TEOLOGIA: 28 de julho na história da Teologia

28 de julho é o 209.º dia do ano no calendário gregoriano (210.º em anos bissextos). Faltam 156 para acabar o ano.

Nascimentos

1804 - Ludwig Feuerbach, filósofo alemão (m. 1872).
1874 - Ernst Cassirer, filósofo alemão (m. 1945).
1902 - Karl Popper, filósofo da ciência inglês de origem austríaca (m. 1994).

Feriados e eventos cíclicos

Santos do dia
São Nazário
São Celso

Santo Inocêncio I

SÉRIE HISTÓRIA DA TEOLOGIA: 27 de julho na história da Teologia

27 de julho é o 208.º dia do ano no calendário gregoriano (209.º em anos bissextos). Faltam 157 para acabar o ano.

Eventos históricos

1656 - Baruch Espinoza, filósofo judeu de ascendência portuguesa, é expulso da comunidade judaica da cidade de Amsterdã, na Holanda.

Nascimentos

1893 - Francisco Prada Carrera, bispo brasileiro (m. 1995).

Falecimentos

432 - Papa Celestino I, 43º papa.

Feriados e eventos cíclicos

Santo do dia

Santa Bartoloméia

SÉRIE HISTÓRIA DA TEOLOGIA: 26 de julho na história da Teologia

26 de julho é o 207.º dia do ano no calendário gregoriano (208.º em anos bissextos). Faltam 158 para acabar o ano.

Falecimentos

1471 - Papa Paulo II, (n. 1418).

Feriados e eventos cíclicos

Dia da Imprensa Espírita
Dia de Sleipnir, o cavalo de Odin - Mitologia nórdica.

Brasil
Santo do Dia
Dia de Santa Ana, mãe de Maria.

Dia de São Joaquim, pai de Maria.

A revelação básica nas Escrituras sagradas - Witness Lee - Capítulo 11_fim

Capítulo Onze

A NOVA JERUSALÉM —
A CONSUMAÇÃO FINAL E MÁXIMA
(4)

Leitura da Bíblia: Ap 21:3,4,6,7,24,26; 22:2-5,14,17
A Nova Jerusalém é a consumação de toda a revelação divina. Os sessenta e seis livros da Bíblia têm uma conclusão, e essa conclusão é a Nova Jerusalém. A Bíblia começa com a criação de Deus e finaliza com o Seu edifício. A criação não é o objetivo de Deus. Ela é para o Seu objetivo, que é a edificação. Essa idéia da edificação divina percorre toda a Bíblia.

O VELHO TESTAMENTO
A visão do edifício de Deus veio primeiro para Jacó. En­quanto estava fugindo de seu irmão Esaú, ele teve um sonho. Sonhou com a casa de Deus, Betel (Gn 28:11-19). Mais tarde, Deus trouxe os descendentes de Jacó para fora do Egito e para o monte Sinai, onde ficaram por um longo tempo. Enquanto estavam ali, Deus mostrou-lhes o projeto celestial de um edifício, o tabernáculo, que seria a habitação de Deus entre Seu povo na terra.
Depois que eles entraram na boa terra, Deus quis que edificassem o templo. O Velho Testamento é uma história principalmente do tabernáculo e do templo. Esses dois são um — o lugar de habitação de Deus nesta terra entre Seu povo. A história dos descendentes de Jacó é uma história do tabernáculo e do templo no Velho Testamento. Esses dois foram o centro, o foco da história do povo de Deus no Velho Testamento nesta terra.

O NOVO TESTAMENTO
No Novo Testamento vemos Deus encarnado. Deus tor­nou-se carne. João 1:14 nos diz que Este que se encarnou "tabernaculou entre nós" (lit.). João usou particularmente esta palavra "tabernaculou." Isso indica que quando o Se­nhor Jesus estava na terra, em carne, Ele era o tabernáculo de Deus. Em prefiguração o tabernáculo edificado em Êxodo era um tipo completo da encarnação do Senhor; o Senhor encarnou-se para ser a própria corporificação de Deus nesta terra. Essa corporificação era a habitação de Deus. Colossen-ses 2:9 nos diz que a plenitude da Deidade habita em Cristo corporeamente, em Cristo com um corpo humano, físico. O próprio Cristo era a corporificação de Deus, e essa corporificação era o tabernáculo de Deus.
Em João 2:19 o Senhor disse aos judeus: "Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei." O corpo do Senhor Jesus era o templo de Deus (v. 21). Em João 1 está o tabernáculo e em João 2 está o templo. A palavra do Senhor Jesus "em três dias" significa a Sua ressurreição. Paulo nos diz em Efésios 2:6 que quando Cristo foi ressuscitado, nós fomos ressuscitados juntamente com Ele. Pedro diz mais adiante que por meio daquela ressurreição todo-inclusiva todos fomos regenerados (1 Pe 1:3). Nascemos de Deus e somos os Seus filhos. Isso implica que o próprio templo que o Senhor Jesus edificou em três dias, isto é em Sua ressurreição, não é algo individual, mas algo coletivo. Portan­to, nas Epístolas nos é dito que a igreja como o Corpo de Cristo é o templo de Deus. Em 1 Coríntios 3:16 diz que os santos são templo de Deus.
O Novo Testamento termina com a Nova Jerusalém, e a Nova Jerusalém como a conclusão da Bíblia é chamada de tabernáculo (Ap 21:3). João disse que ele não viu nenhum templo na cidade santa, "porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-poderoso e o Cordeiro" (21:22).
Como temos enfatizado, a medida da Nova Jerusalém é a mesma em comprimento, largura e altura. Nas três dimensões  a cidade mede doze mil estádios  (21:16).  O princípio revelado na Bíblia é que um edifício com três dimensões iguais indica o Santo dos Santos. O Santo dos San­tos no tabernáculo era de dez côvados nas três dimensões. O Santo dos Santos no templo de acordo com 1 Reis 6:20, era também de três dimensões iguais, de vinte côvados cada. De acordo com a medida da Nova Jerusalém, então, esta cidade santa deve ser o Santo dos Santos. Se lermos Apocalipse 21 cuidadosamente, podemos ver que a cidade santa é tanto o tabernáculo como o templo.
Tanto o Velho Testamento como o Novo Testamento estão focalizados no tabernáculo e no templo como a habitação de Deus. Então a conclusão de toda a Bíblia, tanto o Velho Testamento como o Novo, é também o tabernáculo e o templo. No Velho Testamento o tabernáculo prefigurava Cristo individualmente como o tabernáculo de Deus, e o templo tipificava Cristo coletivamente como o templo de Deus. O que temos aqui é Cristo e a igreja. Cristo é o cumprimento do tipo do tabernáculo, e Cristo como a Cabeça com a igreja como Seu corpo, juntos, cumprem a figura do templo. Isso terá uma consumação, e essa consumação final e máxima será a Nova Jerusalém, a qual é tanto o tabernáculo como o templo. Aqui está a consumação final e máxima da habitação de Deus, a qual Ele tem edificado por séculos. Esta Nova Jerusalém é, além disso, uma composição viva de todos os santos do Velho Testamen­to, assim representados pelos nomes das doze tribos, e de todos os santos do Novo Testamento, assim representados pelos nomes dos doze apóstolos. Ela é a composição viva do povo redimido de Deus para ser o lugar eterno de Sua habitação.

QUATRO DISPENSAÇÕES PARA A EDIFICAÇÃO DE DEUS
Na velha criação, antes da vinda do novo céu e nova terra, há quatro dispensações. A dispensação dos Patriarcas, de Adão a Moisés, foi a dispensação antes da lei. Vocês podem chamá-la de dispensação pré-lei ou dispensação dos Patriarcas. A segunda é a dispensação da lei, de Moisés à primeira vinda de Cristo. A terceira é a dispensação da graça, durando da primeira vinda de Cristo até a Sua segunda vinda. Então, com a Sua segunda vinda, a quarta dispensação começará, isto é, o reino de mil anos de Cristo. Depois desta quarta dispensação, a velha criação certamente estará inteira­mente renovada porque por meio das dispensações Deus terá cumprido o que pretendeu cumprir.
A obra criadora de Deus foi completada nos dois pri­meiros capítulos da Bíblia. Então a partir da segunda metade de Gênesis 2, Deus começou a Sua obra de edificação. Essa obra continua por todas as quatro dispensações: a dispensa­ção dos Patriarcas, a dispensação da lei, a dispensação da graça e finalmente a dispensação do reino milenar. Por meio dessas quatro dispensações Deus realiza a Sua edificação.

A OBRA DE DEUS  - UMA OBRA DE EDIFICAÇÃO
A obra de Deus por meio de todas as quatro dispensações é uma obra de edificação. No Velho Testamento vemos a edificação do tabernáculo e do templo, a qual era o foco da história do Velho Testamento. Quando o Senhor Jesus veio, Ele era o tabernáculo. Depois de ajudar os discípulos a perceberem que Ele era o Cristo, o Filho do Deus vivo, Ele imediatamente revelou que Ele edificaria a Sua igreja (Mt 16:18). A palavra do Senhor indicava que Ele estava fazendo uma obra de edificação.
Essa idéia de edificação é muito forte na Bíblia. Mesmo em Atos 4 Pedro disse aos líderes judeus que eles eram os edificadores que rejeitaram a Cristo, a pedra viva, contudo Deus O ressuscitou e O fez a pedra angular de Seu edifício (At 4:10, 11). Pedro nos diz em seu escrito que o Senhor é a pedra viva, e nós todos como pedras vivas vimos ao Senhor e estamos sendo edificados uma casa espiritual (1 Pe 2:4, 5).
Paulo também fala da edificação. Ele nos diz que ele lançou o único fundamento, e que ninguém pode lançar outro. O problema, entretanto é como nós edifícamos sobre ele. Podemos edificar com ouro, prata e pedras preciosas ou com madeira, feno e palha (1 Co 3:10-12).
Nos escritos de João a idéia de edificação é mais forte. Quando Simão veio ao Senhor Jesus em João 1:41, 42, o Se­nhor mudou o seu nome para Cefas, uma pedra. Mais tarde no mesmo capítulo o Senhor disse a Natanael que ele veria "o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem" (v. 51). Na verdade, o Senhor estava referindo a Natanael o sonho de seu antepassado Jacó (Gn 28:12, 17, 19), indicando que uma obra de edificação de Betel, a casa de Deus, estava se iniciando. Então no capítulo dois o Senhor indicou que Ele edificaria o Seu corpo em ressurreição como o templo coletivo de Deus (2:19, 21, 22).
João escreve mais adiante em Apocalipse que os ven­cedores serão edificados no templo de Deus como coluna (Ap 3:12). Finalmente, em Apocalipse 21, ele nos mostra que a consumação final e máxima dessa obra de edificação será a Nova Jerusalém, o tabernáculo e templo de Deus, edificada com ouro, pérolas e pedras preciosas, e tendo os apóstolos como as doze pedras fundamentais.
Notem, então, que em toda a Bíblia somente um capítulo e meio estão na criação de Deus. O resto da Bíblia, da segunda metade de Gênesis 2 ao final de Apocalipse, está na edificação de Deus. Essa edificação é denominada o tabernáculo e o templo muitas vezes no Velho Testamento, no Novo Testamento, e na conclusão da Bíblia. No Velho Tes­tamento estão o tabernáculo e o templo. No Novo Testamento está a realidade do tabernáculo e do templo. Na conclusão desses dois testamentos está a consumação final e máxima do tabernáculo e do templo.

O AGREGADO DA FILIAÇÃO DIVINA
Essa consumação, a Nova Jerusalém, é o agregado da filiação divina para ar opressão coletiva do Deus Triúno (Rm 8:23). O Filho é a expressão do Pai. Ninguém jamais viu o Pai, mas o Filho unigênito O revelou (Jo 1:18). Um pai e seus filhos possuem uma imagem. A face dos filhos é como a face do pai. Jesus Cristo como o Filho de Deus é a própria expressão de Deus, o Pai. Deus, entretanto, gostaria de ter mais do que um filho. Cristo é referido como sendo o unigênito em João 1:18 e em 3:16, onde se diz que Deus deu o Seu Filho unigênito. Em Romanos 8:29 conhecemos que em ressurreição esse único Filho de Deus tornou-se o primogênito entre muitos irmãos. O Senhor Jesus em Sua ressurreição incumbiu uma das irmãs para ir "ter com meus irmãos" (Jo 20:17), e Hebreus 2:11 diz que Ele "não se en­vergonha de lhes chamar irmãos" porque eles todos nasceram do mesmo Pai. A única diferença é que Ele é o primeiro Filho, e nós somos os muitos filhos.

Conduzindo Muitos Filhos à Glória
O Deus Triúno está ainda trabalhando hoje para con­duzir Seus muitos filhos à glória (Hb 2:10). Somos filhos de Deus, mas não estamos na glória ainda. Assim como uma lagarta é transformada em uma borboleta, assim nós estamos sendo conduzidos para a glória. Aleluia! estamos a caminho! Um dia todos estaremos lá em glória como os muitos filhos de Deus. Romanos 8:18-22 nos diz que toda criação caída, agora sob a escravidão da corrupção, espera ansiosamente para ver-nos em glória. Aquela glória será a liberdade da glória dos filhos de Deus, que é a nossa plena redenção (v. 23). O nosso corpo ainda não foi redimido, mas uma dia ele será transfigurado em um corpo glorioso (Fp 3:21). Essa plena redenção de nosso corpo é a filiação plena. O nosso espírito já nasceu de Deus, mas nosso corpo ainda não foi trazido à filiação. O universo inteiro está esperando ansiosa­mente pela parte final de nossa redenção. A criação quer ver todos os filhos de Deus conduzidos à glória para desfrutar a plena filiação deles.

Filhos, Irmãos e Membros
Antes da Sua ressurreição, Cristo era o Filho unigênito de Deus, mas por meio da morte e ressurreição Ele tornou-se o primogênito, seguido por muitos filhos que foram produzidos por meio de Sua morte e ressurreição. Agora, para Deus somos os muitos filhos, para Cristo, somos os muitos irmãos, e para o Seu Corpo, somos membros. É por isso que nos chamamos de irmãos. Somos irmãos uns dos ou­tros porque somos os irmãos de Cristo e os filhos de Deus. Isso é filiação. Isso é uma entidade coletiva.

Filiação Total
A Nova Jerusalém é o agregado da filiação divina. Há somente uma única filiação divina; todos estamos nessa única filiação. Na ressurreição todos seremos homens, incluindo as irmãs. Nesse corpo da velha criação ainda temos a diferença entre irmãos e irmãs, mas em ressurreição todos seremos homens, irmãos. A filiação total será completada por meio do arrebatamento e ressurreição vindouros. Quando estivermos lá na Nova Jerusalém, aquilo será um agregado da filiação divina. Essa filiação é para a expressão coletiva do grande Deus que é triúno — o Pai, o Filho e o Espírito.

PREDESTINADOS PARA A FILIAÇÃO
Essa filiação cumpre o desejo da predestinação de Deus. Efésios 1:4, 5 nos diz que antes da fundação do mundo Deus nos predestinou para a filiação. Quando jovem, eu amava esses versículos, mas pensava que Deus me havia predes­tinado para os céus. Então pensei que fui predestinado para a salvação. Muitos de nós podem ter pensado a mesma coisa. Muitas vezes quando lemos a Bíblia lemos nela algo de nossa mente. A Bíblia não diz que Deus nos tem predestinado para os céus ou para a salvação. Ela diz que fomos predestinados para a filiação.
Deus tomou uma firme decisão antes da fundação do mundo para fazer de você um filho. Todo escolhido é um pecador, até mesmo um inimigo de Deus, mas Deus tem a habilidade redentora para fazer de você, que é um pecador e um inimigo Dele, um de Seus filhos. Essa é a maravilha das maravilhas. Deus fez de nós, que éramos Seus inimigos, Seus filhos.
João diz que a todos que O recebem, isto é, que creêm em Seu nome, será dada a autoridade de serem filhos de Deus (Jo 1:12). Esses são nascidos de Deus. Ele veio para ser o tabernáculo (1:14), desejando que O recebêssemos e assim nascêssemos como filhos. A intenção do Senhor Jesus, o tabernáculo, era que nascêssemos como filhos para sermos os componentes do templo vindouro (Jo 2:19, 21, 22)


FILIAÇÃO EM ROMANOS 8
Em Romanos 8 Paulo é forte nessa questão de filiação. Romanos 8 diz: "Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus" (v. 14). Deus não nos tem dado um espírito de escravidão mas um espírito de filiação (v. 15). O Seu Espírito testifica com o nosso espírito que somos fi­lhos de Deus (v. 16). Toda a criação está aguardando ansiosamente por essa nossa filiação (v. 19). Deus está agora nos conformando à própria imagem do Primogênito, Cristo (v. 29). Somos os Seus irmãos hoje, mas não plenamente. Nós estamos no processo. Quando estivermos conformados à ima­gem do Primogênito, seremos a Sua própria expressão de uma maneira coletiva.


UMA EXPRESSÃO COLETIVA DE DEUS
Em Apocalipse, Deus sentado no trono se assemelha a jaspe (4:3). Então em 21:18 João nos diz que a muralha da cidade era feita de jaspe. Esses dois versículos nos dizem que a Nova Jerusalém se parecerá com Deus. A cidade será uma expressão coletiva de Deus.
Que Deus terá uma expressão coletiva está também in­dicado em Sua criação do homem. Antes das eras, Deus nos predestinou para a filiação. Então Ele criou o homem à Sua própria imagem, de acordo com a Sua predestinação, com a intenção de que um dia este homem criado fosse a Sua expressão coletiva. Aquele dia ainda não chegou. Quando as quatro dispensações terminarem — as dispensações dos Patriarcas, da lei, da graça e do reino —, a obra de Deus em conformar-nos à imagem do Primogênito será completada. Então seremos uma entidade viva coletiva, possuindo a ima­gem de Deus.
A Nova Jerusalém é o agregado de todos os filhos como a expressão coletiva. Ela é uma composição de todos os queridos santos redimidos por Deus em todas as dispensações, tanto as do Velho como do Novo Testamento. Eles juntos serão os componentes dessa cidade santa, o agregado da filiação divina, expressando Deus coletivamente para cumprir o desejo de Seu coração, como indicado na Sua criação do homem à Sua própria imagem. Apocalipse 21 e 22 são o cumprimento de Gênesis 1:26 — Deus tendo um homem à Sua imagem.


DUAS CATEGORIAS
No novo céu e nova terra existem duas categorias de pessoas. Uma são os muitos filhos e a outra são os povos. Quando estivermos na Nova Jerusalém, seremos os filhos de Deus, não os povos de Deus.
Na Inglaterra há uma família real. Eles não são "o povo", mas os que reinam. Santos, vocês já consideraram que não estão entre o povo comum? Vocês são da família real. João nos diz em Apocalipse 1:6 que Cristo tem-nos feito "um reino, sacerdotes para seu Deus e Pai." Somos os filhos do Deus Todo-poderoso, que é o Rei dos reis. Isso nos faz membros, familiares da família real. Não somos somente fi­lhos de Deus mas também membros da família real.
Em Apocalipse 21:3 se diz: "Eles serão povos de Deus." Então em 21:7 se diz: "O vencedor... me será filho." Em 21:24 estão "as nações". As nações andarão mediante a luz da cidade santa. Nós, os filhos, a família real, somos a cidade santa. Para Deus, então, Seus Filhos são uma categoria e Seu povo é outra.
Em Londres, fui levado para ver a troca da guarda em frente do portão do Palácio de Buckingham. Mesmo na grande cidade de Londres, há uma "pequena cidade" chamada Palácio de,Buckingham, onde a família real vive. A
Nova Jerusalém será o Palácio de Buckingham celestial, espiritual, divino e eterno. Em volta da cidade real estão as nações.
No novo céu e nova terra não seremos os povos, as nações, mas os filhos. Os filhos de Deus em Apocalipse 21:6, 7 são aqueles que nasceram de Deus por meio da regeneração (Jo 1:12, 13; 1 Pe 1:3, 4, 23; Tg 1:18). Eles estão edificados juntos por meio da transformação (1 Co 3:9-12a; Ef 2:20-22; 1 Pe 2:4-6; 2 Co 3:18; Rm 12:2; Ef 4:23, 24). Eles serão glorificados em plena conformação para serem uma expressão coletiva do Deus Triúno (Rm 8:29, 30; Hb 2:10; Ap 21:11). As nações do lado de fora da Nova Jerusalém não são de nascidos de novo, transformados ou glorificados. Somos diferentes das nações.

Os Filhos de Deus
As pessoas que são renascidas, transformadas, glorificadas e conformadas serão os componentes da Nova Jerusalém. Hoje os crentes como os membros do Corpo de Cristo são os componentes da igreja, que é tanto a casa de Deus como a esposa de Cristo. A igreja não é um edifício. Ela é uma composição viva de todos os membros vivos de Cristo. Essa composição viva é um organismo. Não é uma organização. Onde essas pessoas estão, ali está o organismo. Estamos aqui como esse organismo, a igreja. Se mudarmos para Brasília, esse organismo estará ali em Brasília.
Esses componentes — os filhos de Deus regenerados, transformados, glorificados e conformados para ser tanto a casa de Deus como a esposa de Cristo (Ap 21:3, 9) — na eternidade comerão da árvore da vida e beberão a água da vida. Esses serão os dois desfrutes principais, substanciais e básicos dos filhos de Deus. Apocalipse 22:14 promete que teremos o direito de comer da árvore da vida. Em Apocalipse 22:17 existe um chamado para beber água. Esses serão nossos desfrutes básicos na Nova Jerusalém pela eternidade.
Então serviremos a Deus e ao Cordeiro como Seus escravos (Ap 22:3) pela eternidade. Também seremos reis sobre as nações — os povos — pela eternidade. Apocalipse 22:5 diz que reinaremos "pelos séculos dos séculos." Os cren­tes como filhos de Deus serão todos reis. Os anjos serão os que servem (Hb 1:13,14), servindo-nos. Eles são os servos da família real, e nós somos reis sobre as nações. Este é o reino de Deus na eternidade.

Os Povos de Deus
Os povos de Deus em Apocalipse 21 são o remanes­cente das ovelhas descritas em Mateus 25:31-46. Quando o Senhor Jesus voltar, Ele sentará em Seu trono de glória em Jerusalém e reunirá todos os diversos povos vivos das nações para Ele. Eles serão classificados era ovelhas e cabritos e Ele os julgará. Os cabritos, que estão à Sua esquerda, irão direta­mente para o lago de fogo. As ovelhas, à Sua direita, herdarão o reino milenar, que Deus preparou para eles desde a fundação do mundo. Fomos predestinados para a filiação antes da fundação do mundo, mas o milênio foi preparado por Deus para essas ovelhas desde a fundação. Há uma diferença. Esse julgamento não será no grande trono branco (Ap 20:11), que segue o milênio. Ele será no trono da glória de Cristo antes dos mil anos. O julgamento não será de acor­do com a lei de Moisés nem de acordo com o evangelho da graça, mas de acordo com o evangelho eterno (Ap 14:6, 7). Muitos cristãos nunca ouviram a respeito do evangelho eter­no. Ele não inclui redenção nem perdão de pecados. Ele compreende duas coisas: temer a Deus e adorá-Lo. Esse evangelho será pregado por um anjo no tempo da grande tribulação, que durará três anos e meio. Esse é o tempo no qual o Anticristo fará tudo o que puder para perseguir os judeus e os cristãos. Em Mateus 25, de acordo com o veredito do julgamento de Cristo, os judeus e os cristãos serão tratados muito bem pelas ovelhas (vs. 34-36). Mas muitos seguirão o Anticristo na perseguição aos judeus e aos cristãos. Cristo fará o Seu julgamento adequadamente, e aquele julgamento se.a de acordo com o evangelho eter­no.
As ovelhas serão transferidas para o reino milenar para serem os povos, e os santos vencedores serão os reis sobre eles (Ap 20:4, 6). As ovelhas serão restauradas ao estado original do homem quando criado por Deus e serão os cidadãos do reino milenar, desfrutando a bênção da restauração (At 3:21). Restauração não é regeneração. Ser regenerado é ser nascido de novo com uma outra vida, a vida de Deus, mas ser restaurado é ser trazido de volta ao estado original da criação de Deus.
No final do reino milenar, Satanás, depois de ser liber­tado, instigará a última rebelião contra Deus (Ap 20:7-9). Muitas das ovelhas se unirão à rebelião de Satanás e serão queimadas com o fogo do céu. O remanescente das ovelhas será transferido para a nova terra para ser as nações (Ap 21:24). Deus "tabernaculará" com eles, os povos (Ap 21:3). Eles serão governados pelos filhos de Deus como reis (22:5). Para eles não haverá mais morte, mágoas, choro, dor ou maldição (21:4; 22:3a). Eles serão sustentados eternamente pelas folhas da árvore da vida (22:2). Nós comeremos do fruto, mas as nações desfrutarão das folhas. Eles andarão através da luz da cidade santa (21:24a). Com os seus reis trarão a glória e honra deles para a cidade. Eles respeitarão a cidade e a considerarão como superior.


UMA VISÃO FINAL
Os santos de todas as dispensações que foram redimidos serão os renascidos, os filhos de Deus, pertencendo à família real. Eles serão reis na eternidade. O remanescente res­taurado dos incrédulos será os povos, as nações, andando na luz da cidade e governados pelos santos. Outra categoria de pessoas são os que pereceram. Os incrédulos que pereceram estarão no lago de fogo (21:8). Isso nos dá uma visão geral do novo céu e nova terra.









quinta-feira, 25 de julho de 2013

A revelação básica nas Escrituras sagradas - Witness Lee - Capítulo 10

Capítulo Dez

A NOVA JERUSALÉM —
A CONSUMAÇÃO FINAL E MÁXIMA
(3)

Leitura da Bíblia: Ap 21:2,3,10-23; 22:1,2a, 14,17,19

DUAS ESCOLAS PRINCIPAIS DE INTERPRETAÇÃO
A Nova Jerusalém tem sido um quebra-cabeça para os leitores e mestres da Bíblia ao longo dos vinte séculos da era cristã. Há duas escolas principais de interpretação. Uma es­cola diz que a Nova Jerusalém é uma cidade física. Ela será parte do novo céu e nova terra, e estará na terra como uma cidade literal. A segunda escola, que é muito superfical, diz que a Nova Jerusalém é uma mansão celestial.
Entretanto, não deveríamos pensar nesta cidade como sendo meramente física, nem como uma mansão celestial. Vamos deixar de lado essas diferentes escolas, que são provenientes do entendimento humano.
É muito significativo que a Nova Jerusalém se posicione no final de toda a revelação de Deus e ocupe os dois últimos capítulos. Precisamos de toda a Bíblia para entender, inter­pretar e indicar qual é o seu significado. A conclusão de um livro deve ser a palavra final a respeito de seu conteúdo. Isso é um princípio. Qualquer livro que seja significativo certa­mente tem algum conteúdo apropriado e definido e também uma conclusão apropriada e definida. Acheguemo-nos à Bíblia de Gênesis a Apocalipse. Temos de considerar seu conteúdo e, então, olhar a conclusão.

A REVELAÇÃO DO LUGAR DE HABITAÇÃO DE DEUS
A Bíblia  é  uma  revelação  completa  do  lugar  de habitação de Deus. Esse lugar de habitação é para Ele des­cansar, ficar satisfeito e ser expressado.
Gênesis 1:1 diz que no princípio Deus criou os céus e a terra. Então, depois que todas as coisas no universo foram criadas, Deus fez Adão no sexto dia. Deus queria ter o homem. Ele preparou os céu, a terra e tudo o mais para este homem a quem Ele fez à Sua própria imagem e conforme a Sua semelhança.
Essa é uma forte indicação de que Deus queria uma ex­pressão. Ele queria algo vivo e orgânico para carregar a Sua imagem e ter a Sua semelhança. Imagem refere-se a algo in­terior, enquanto que semelhança refere-se a algo exterior. Interiormente todos temos o intelecto, a vontade e a emoção. Exteriormente temos a semelhança, a forma corpórea.
Em Gênesis 1 nos é dito que Deus criou os animais segundo a sua espécie e as plantas segundo a sua espécie. O cavalo, por exemplo, é segundo a espécie eqüina, enquanto que o pessegueiro e a macieira são segundo as suas espécies. Espécie quer dizer uma família, um gênero biológico. O homem, entretanto, não foi feito segundo a espécie humana. O homem foi feito segundo a espécie de Deus. Nós homens somos da espécie de Deus. Somos uma família com Deus porque carregamos a Sua imagem e temos a Sua semelhança. Mesmo que o homem nessa época não tivesse a vida de Deus ou Sua natureza, ele tinha a Sua imagem e semelhança.
Isso indica que Deus queria uma expressão. Gênesis 1:26, 27 mostra que o homem não era apenas uma única pes­soa. O versículo 27 diz: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem... homem e mulher os criou." Isso indica que o homem aqui é algo coletivo. J. N. Darby diz que o homem em Gênesis 1:27 quer dizer gênero humano, o homem como uma raça. Na criação de Deus Ele fez algo de acordo com o Seu plano para ter uma expressão. O gênero humano era para ex­pressar Deus. Esse é o início da Bíblia.
Então a Bíblia continua falando a respeito de oito gran­des homens: Adão, Abel, Enos, Enoque, Noé, Abraão, Isaque e Jacó. Incluindo Adão, estes são os oito gigantes no primeiro livro da Bíblia.

Betel — a Casa de Deus
Quando chegamos a Jacó, sem a luz divina podemos ver somente um menino travesso. Mas este jovem travesso, en­quanto escapava de seu irmão Esaú, dormiu ao relento e teve um sonho (Gn 28:11-19).
Jacó sonhou com uma escada ligando a terra ao céu, com anjos subindo e descendo por ela. Os anjos não estavam descendo e subindo, mas subindo e descendo. Isso indica que a escada era da terra ao céu. Freqüentemente dizemos que os nossos sonhos provêm do que pensamos. Se temos algo na mente, isso virá para nós como um sonho enquanto estamos dormindo. No caso de Jacó entretanto, não creio que ele so­nhou o que estava em seus pensamentos durante o dia. Naqueles dias ele deveria estar pensando em como ele estava fugindo de Esaú. Em seu sonho, porém, não havia nenhum Esaú e nenhum Labão. Ele viu uma escada na terra alcançando os céus. Quando ele acordou, teve uma inspiração de Deus e disse: "É a casa de Deus, a porta dos céus" (Gn 28:17). Erigiu a pedra que ele tinha usado como travesseiro e derramou óleo sobre ela, chamando aquele lugar de Betel, que significa a casa de Deus.
Noé foi comissionado por Deus para edificar uma arca, e Abraão recebeu uma promessa de Deus de que toda a terra, toda humanidade, seria abençoada em sua semente. Mas esse menino travesso, o neto de Abraão, teve um sonho. Acordando daquele sonho, ele disse algo maravilhoso, algo que compõe e direciona toda a Bíblia — a casa de Deus. Esse é um ponto direcional, passando ao longo da Bíblia. Desse menino travesso que teve tal sonho veio um povo, o povo de Israel.

O Tabernáculo a Casa de Deus
No segundo livro da Bíblia, Êxodo, todos os filhos de Is­rael foram ganhos por Deus. Ele não somente os resgatou, mas os reuniu no monte Sinai. Ali Deus deu-lhes uma visão (Êx 19), e não simplesmente um sonho. Há uma conexão entre a visão que Moisés recebeu de Deus no monte Sinai e o sonho de Jacó. Jacó em seu sonho viu algo relacionado à casa de Deus, e agora os seus descendentes, um povo que veio de Jacó, estava ali no monte Sinai com os céus abertos para eles. Um dos representantes deles, Moisés, subiu ao monte para estar com Deus, e Deus lhe mostrou o modelo de Sua casa, um modelo de como edificar o tabernáculo.
O tabernáculo é a casa de Deus. Em 1 Samuel 3:3 o tabernáculo é chamado de o templo do Senhor; isso quer dizer, que ele era a casa de Deus. O tabernáculo como lugar de habitação de Deus é também chamado de templo, a casa de Deus.
No monte Sinai Moisés viu todos os projetos, e os filhos de Israel edifícaram um tabernáculo de acordo com esse modelo. No último capítulo de Êxodo, o tabernáculo foi erigido, e imediatamente a glória de Deus desceu dos céus e encheu o tabernáculo (Ex 40:34). Isso é maravilhoso! Isso foi até mesmo maior do que os atos criadores de Deus. Criar o universo é algo geral, mas para Deus ter um lugar definido nesta terra para que Ele pudesse descer e entrar, o caminho da glória foi verdadeiramente maravilhoso. O tabernáculo físico era um tipo de todos os filhos de Israel como o lugar de habitação de Deus.

O Tabernáculo  — Jesus Cristo, o Homem-Deus
Finalmente aquele tipo foi cumprido no Senhor Jesus. Quando o Senhor Jesus veio, Deus veio. "No princípio era a Palavra e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus" (lit.), e essa Palavra tornou-se carne (Jo 1:1, 14). Sabemos que este é Jesus na encarnação. Quando Ele veio na encarnação, Ele "tabernaculou" (v. 14 - lit.). Isso indica que Ele mesmo como o tabernáculo vivo foi o cumprimento do taber­náculo em Êxodo 40. Jesus, como o tabernáculo, não é um edifício mas uma pessoa viva, orgânica. Esse que é o taberná­culo é uma Pessoa divina, uma Pessoa maravilhosa, um homem-Deus. A primeira impressão que a Bíblia dá a respei­to do tabernáculo é que ele é uma coisa orgânica, uma pessoa orgânica. Ainda mais, ele é um humano orgânico mesclado com Deus. O tabernáculo é o homem-Deus Jesus Cristo.
No final da Bíblia está a Nova Jerusalém, a consumação final e máxima do tabernáculo (Ap 21:3). O tabernáculo nos dois Testamentos, tanto o Velho como o Novo, é, na verdade, uma pessoa viva de duas naturezas — a natureza humana e a divina. O Senhor Jesus era um homem composto de divin­dade e humanidade. O Espírito Santo é o elemento divino, a divindade, e a virtude humana é o elemento humano, a humanidade. Portanto, a concepção de Jesus é do elemento divino no elemento humano. Essa concepção gerou uma criança de duas naturezas — divina e humana. Essa criança não era somente humana, mas também divina. Ela era um homem-Deus, e este homem-Deus era o tabernáculo.
Deixem-me enfatizar fortemente que esse é um taber­náculo no sentido bíblico. Na Bíblia o tabernáculo é uma pessoa viva como uma composição da natureza divina e da humana. Por causa disso, a Nova Jerusalém não pode ser uma cidade literal, nem pode ser uma mansão celestial. De acordo com o sentido bíblico, tabernáculo quer dizer uma pessoa viva como uma composição de divindade com humanidade.

O Tabernáculo e o Templo
Israel primeiramente edificou o tabernáculo. Então, quando entraram na boa terra, Deus revelou-lhes por meio de Davi (2 Sm 7:2, 5-13) que Ele queria ter algo fixo e não transportável. O tabernáculo era uma casa de Deus "transportável." Ele podia satisfazer a Deus temporaria­mente, mas não permanentemente. Ele queria algo fixo edificado sobre um fundamento sólido. O templo não era móvel ou transportáve, mas algo estabelecido. Davi conhecia o coração de Deus e preparou todos os materiais para a edificação do templo (1 Cr 22). Deus tinha-lhe dado um filho, Salomão, que edificaria o templo. Esse templo era a ampliação do tabernáculo. Quando ele foi finalizado, as coisas do tabernáculo foram trazidas para dentro do templo (2 Cr 5:1, 5), indicando que os dois eram, na verdade, um.
No Novo Testamento, o Senhor Jesus em João 1:14 é re­velado como o tabernáculo, mas em João 2:19-21 Ele indica que Ele é o templo. "Destruí este santuário, e em três dias eu o reconstruirei" (v. 19). A palavra de Jesus aqui indica que Seu corpo era o verdadeiro templo. Quando Ele disse que le­vantaria o templo em três dias, sabemos que Ele ergueu uma casa de Deus em ressurreição. A casa de Deus que Jesus edificou em ressurreição não é somente Ele próprio, mas inclui Seus crentes também (Ef 2:6). Assim, esse templo edificado na e pela ressurreição de Jesus é um templo coletivo. Esse templo é a igreja. A igreja é o templo (1 Co 3:16).

A Igreja — Composta dos Membros Vivos de Cristo
Muitos cristãos consideram a igreja um edifício físico. Eles se referem ao edifício como a igreja ou como o santuário. Muitos pensam numa igreja como um edifício com um teto inclinado, vitrais e um campanário.
A Bíblia, entretanto, revela que a igreja é uma composição viva dos membros vivos de Cristo (1 Pe 2:5). Ela é uma composição orgânica de todos os verdadeiros crentes. Nós somos a igreja. Ela não é um edifício sem vida. A igreja é orgânica. A igreja somos nós, você e eu, as pessoas regeneradas pelo Espírito com a vida divina. Ela é todos os queridos santos. A igreja é um organismo. Ela é viva e ativa. Ela não é sem vida, pois os componentes da igreja são pes­soas vivas. Nós, os crentes, somos os componentes. A igreja é composta de todos os santos, assim ela é algo vivo.

A Igreja Humanidade e Divindade
A igreja é também uma pessoa coletiva composta de dois elementos, de humanidade e divindade. Nós, os crentes, como os componentes da igreja temos duas naturezas — uma natureza humana e uma natureza divina. Recebemos nossa natureza humana por meio do nascimento natural. Então em nosso segundo nascimento, um nascimento espiritual, recebe­mos outra natureza, a natureza divina. Em nossa regeneração recebemos a vida divina (1 Jo 5:11). Se temos vida, certa­mente com esta vida vem a natureza. Somos participantes da natureza divina (2 Pe 1:4); portanto temos duas naturezas.
Há uma tendência hoje, entre estudantes de seminário, em crer que os cristãos têm somente uma natureza, a qual será gradualmente melhorada. Isso não somente é um en­sinamento errado; é heresia. Tal ensinamento anula o fato da regeneração.
A igreja, entretanto, é uma composição viva e coletiva de pessoas com duas naturezas — humana e divina. Com Cristo existiu primeiro a divindade, e, depois, a humanidade. Conosco existe primeiro a humanidade, então a divindade. Cristo como o tabernáculo foi uma pessoa com divindade mais humanidade, e nós, como a ampliação de Cristo, o lugar de habitação de Deus, o próprio templo, somos uma composição, primeiro da humanidade e, então, da divindade. Cristo tem divindade mais humanidade. Nós temos humanidade mais divindade. Em natureza Ele e nós somos o mesmo. A única diferença é que Ele tem a deidade, e nós não; contudo, temos a vida e a natureza divina como Ele tem. Não temos a Sua autoridade, Sua deidade.

A Consumação do Templo
A Nova Jerusalém é a consumação de tal templo. Baseado neste princípio, não podemos dizer que ela é uma cidade física ou uma mansão celestial. Uma vez que a Nova Jerusalém é a consumação final e máxima de toda a edificação da habitação de Deus ao longo das gerações como a conclusão de toda revelação de Deus de Sua economia, ela é totalmente orgânica. Ela é seres humanos mesclados com Deus. Essa composição será uma habitação mútua, para Deus habitar nos santos e para os santos habitarem em Deus.
A Nova Jerusalém é uma composição do povo redimido e regenerado de Deus, que são os Seus Filhos. Essa cidade é também o agregado da filiação divina. Efésios 1 diz que fomos escolhidos e predestinados para a filiação (vs. 4, 5). O agregado  da   filiação  será   a  Nova  Jerusalém.   Ela é a composição de todos os filhos de Deus (Ap 21:7). Tal edi­ficação, a cidade santa, é uma pessoa coletiva viva porque ela é chamada de a esposa do Cordeiro (Ap 21:9). Uma cidade física não pode ser uma esposa. Uma esposa é uma pessoa; portanto, essa cidade deve ser uma pessoa coletiva viva.


OS ELEMENTOS INTRÍNSECOS DA EDIFICAÇÃO DE DEUS
O conteúdo da edificação de Deus tem alguns elemen­tos, os quais são intrínsecos e ocultos. O elemento intrínseco da Nova Jerusalém como o lugar eterno de habitação de Deus é o próprio Deus Triúno.

A Trindade Divina A Estrutura Básica
A Trindade divina é a estrutura básica da Nova Jerusalém. Ela é estruturada com a natureza do Pai, con­forme representada pelo ouro. A própria cidade é uma montanha de ouro, e sua rua é também de ouro (Ap 21:18b, 21b). Isso indica que a cidade é uma coisa divina. Divindade é o elemento básico do conteúdo do edifício.
A redenção do Filho por meio da morte e ressurreição é representada pela pérola. Pérolas provêm de ostras. Elas são produzidas após as ostras serem feridas por um grão de areia. A ostra secreta seu sumo de vida em volta da areia e faz dela uma pérola. Isso significa a encarnação de Cristo e a Sua ida para dentro das águas da morte como uma ostra. O ser ferido pelas nossas transgressões e o liberar de Sua vida de ressurreição produz uma pérola.
A transformação do Espírito é representado pelas pe­dras preciosas. No ouro está a natureza do Pai, na pérola está a redenção do Filho por meio da morte e ressurreição, e nas pedras preciosas está o Espírito em Sua obra transformadora. Isso quer dizer que o próprio Deus Triúno é a estrutura básica da Nova Jerusalém. A Trindade é também a estrutura da vida da igreja, que é uma miniatura da Nova Jerusalém. O tamanho é muito menor, mas os elementos são os mesmos.

A Vida Divina — O Suprimento e a Nutrição Interior
Para a nossa vida física, nós, diariamente, precisamos de suprimento nutrição. É por isso que temos de comer ao menos três vezes ao dia. A vida divina é o suprimento e a nutrição interior de todas as partes da Nova Jerusalém. Isso é indicado pela água da vida fluindo do trono divino para saturar toda a cidade (Ap 22:1, 17). Na água cresce a árvore da vida, que produz doze frutos, um a cada mês, doze meses anualmente, para alimentar toda a cidade (Ap 22:2a, 14, 19). A água da vida e a árvore da vida com o fruto da vida realizam o suprir e o nutrir. Toda a cidade vive desses dois itens.

A Luz Divina — A Luz Interior e a Glória Exterior
A Trindade divina é a estrutura básica, a vida divina é o suprimento e a nutrição interior, e a luz divina é a luz interior e a glória exterior para a expressão. Deus no Cordeiro é a lâmpada como a luz interior (Ap 21:23). Na Nova Jerusalém não precisaremos do sol, da lua, de velas, de querosene ou de eletricidade. Não precisaremos da luz criada por Deus ou da luz feita pelo homem, pois teremos o próprio Deus, que é a luz interior. Ao mesmo tempo, essa luz brilha na e através da pedra preciosa, como uma pedra de jaspe, significando os crentes transformados (Ap 21:11). A pedra de jaspe é "transparente como cristal." Deus, como a luz dentro do Cor­deiro como a lâmpada, está brilhando pela cidade. Na cidade está a luz que brilha. Fora, a luz está expressando a glória de Deus, de modo q~c a cidade inteira possui a glória de Deus. A glória de Deus é o próprio Deus, brilhando da cidade através da muralha transparente de jaspe (21:18). Isso é o que a igreja deve ser hoje — uma composição viva de Deus, com Cristo como nossa luz interior resplandecente e como a nossa expressão em glória.

Um Mesclar do Deus Triúno com o Homem Tripartido
Fomos redimidos, regenerados, e agora estamos sendo transformados. Também estamos a caminho para sermos glorificados. O nosso espírito foi regenerado, nossa alma problemática está sendo transformada, e nosso pobre corpo está esperando transfiguração.
Na Nova Jerusalém o Deus Triúno está plenamente mesclado com o homem tripartido redimido, regenerado, transformado e glorificado. Esse mesclar é a habitação eterna de Deus, representado pelo número doze. Doze é três multi­plicado por quatro. Sabemos disso porque a cidade é quadrada com quatro lados. Em cada lado há três portas (21:13). Pela eternidade a Nova Jerusalém será um mesclar absoluto, não somente uma adição. Ela é a multiplicação — o Deus Triúno (três) multiplicado pelo homem (quatro).
Na Nova Jerusalém o número doze é usado catorze vezes. Doze fundamentos de doze pedras preciosas possuem os nomes dos doze apóstolos (21:14, 19, 20). As doze portas de doze pérolas com doze anjos possuem os nomes das doze tribos (21:12, 21a). A medida da cidade é doze mil estádios em três dimensões (21:16). A altura da muralha é de cento e quarenta e quatro côvados (21:17a), que é doze multiplicado por doze côvados. A árvore da vida produz doze frutos em cada um dos doze meses (22:2). O número doze, ocorrendo tantas vezes, quer dizer que a cidade santa é um mesclar do Deus Triúno com o homem tripartido.

Um Edifício em Ressurreição
Apocalipse 21:17b diz que a medida da muralha é "medida de homem, isto é, de anjo." Esse é um sinal de que naquele tempo o homem será como os anjos. Em Mateus 22:30 o Senhor Jesus indicou que em ressurreição o homem será "como anjos de Deus nos céus." Assim, o homem sendo como um anjo indica o princípio da ressurreição. A cidade in­teira, portanto, estará em ressurreição. Cristo, o Cabeça, e nós, Seus membros, estaremos todos em ressurreição.

Uma Expressão Plena do Deus Triúno
A muralha é feita de jaspe, e a luz da cidade é como jaspe (21:18, 11). Em 4:3 nos é dito claramente que Deus sentado no trono se assemelha a jaspe. Jaspe, então, significa a aparência de Deus. Na eternidade, a Nova Jerusalém possuirá a aparência de Deus. Deus se assemelha a jaspe, e a cidade toda possuirá a aparência de jaspe. Isso indica que ela será uma expressão eterna e coletiva de Deus.
Isso cumpre Gênesis 1:26. A Bíblia começa da forma como termina. Ela começa com a imagem de Deus para a Sua expressão, e ela termina com uma expressão coletiva, vasta, imensa e esplêndida. Essa é a consumação final e máxima do registro do tabernáculo e do templo. A Bíblia é um registro dessas duas coisas: o tabernáculo e o templo. A conclusão da Bíblia é a consumação do tabernáculo e do templo.

O que a Nova Jerusalém é deve ser verdadeiro na igreja agora mesmo. Nós, como a igreja na restauração do Senhor, temos de ter o Deus Triúno como a nossa estrutura, com a vida divina como o nosso suprimento e nutrição interior, e com a luz divina como o nosso brilho interior e expressão ex­terior. Esse é o testemunho de Jesus. No começo do livro de Apocalipse estão os candelabros como o testemunho de Jesus (1:2,12). Então, no fim do mesmo livro está o agregado de todos os candelabros, a Nova Jerusalém, como o testemu­nho eterno de Jesus. Hoje devemos ser tal testemunho vivo de Jesus. Não somos uma outra obra cristã, nem somos sim­plesmente um grupo cristão. Somos o testemunho de Jesus como o candelabro hoje, que será consumado na Nova Je­rusalém. O que seremos lá devemos primeiramente ser aqui.