quinta-feira, 25 de julho de 2013

A revelação básica nas Escrituras sagradas - Witness Lee - Capítulo 10

Capítulo Dez

A NOVA JERUSALÉM —
A CONSUMAÇÃO FINAL E MÁXIMA
(3)

Leitura da Bíblia: Ap 21:2,3,10-23; 22:1,2a, 14,17,19

DUAS ESCOLAS PRINCIPAIS DE INTERPRETAÇÃO
A Nova Jerusalém tem sido um quebra-cabeça para os leitores e mestres da Bíblia ao longo dos vinte séculos da era cristã. Há duas escolas principais de interpretação. Uma es­cola diz que a Nova Jerusalém é uma cidade física. Ela será parte do novo céu e nova terra, e estará na terra como uma cidade literal. A segunda escola, que é muito superfical, diz que a Nova Jerusalém é uma mansão celestial.
Entretanto, não deveríamos pensar nesta cidade como sendo meramente física, nem como uma mansão celestial. Vamos deixar de lado essas diferentes escolas, que são provenientes do entendimento humano.
É muito significativo que a Nova Jerusalém se posicione no final de toda a revelação de Deus e ocupe os dois últimos capítulos. Precisamos de toda a Bíblia para entender, inter­pretar e indicar qual é o seu significado. A conclusão de um livro deve ser a palavra final a respeito de seu conteúdo. Isso é um princípio. Qualquer livro que seja significativo certa­mente tem algum conteúdo apropriado e definido e também uma conclusão apropriada e definida. Acheguemo-nos à Bíblia de Gênesis a Apocalipse. Temos de considerar seu conteúdo e, então, olhar a conclusão.

A REVELAÇÃO DO LUGAR DE HABITAÇÃO DE DEUS
A Bíblia  é  uma  revelação  completa  do  lugar  de habitação de Deus. Esse lugar de habitação é para Ele des­cansar, ficar satisfeito e ser expressado.
Gênesis 1:1 diz que no princípio Deus criou os céus e a terra. Então, depois que todas as coisas no universo foram criadas, Deus fez Adão no sexto dia. Deus queria ter o homem. Ele preparou os céu, a terra e tudo o mais para este homem a quem Ele fez à Sua própria imagem e conforme a Sua semelhança.
Essa é uma forte indicação de que Deus queria uma ex­pressão. Ele queria algo vivo e orgânico para carregar a Sua imagem e ter a Sua semelhança. Imagem refere-se a algo in­terior, enquanto que semelhança refere-se a algo exterior. Interiormente todos temos o intelecto, a vontade e a emoção. Exteriormente temos a semelhança, a forma corpórea.
Em Gênesis 1 nos é dito que Deus criou os animais segundo a sua espécie e as plantas segundo a sua espécie. O cavalo, por exemplo, é segundo a espécie eqüina, enquanto que o pessegueiro e a macieira são segundo as suas espécies. Espécie quer dizer uma família, um gênero biológico. O homem, entretanto, não foi feito segundo a espécie humana. O homem foi feito segundo a espécie de Deus. Nós homens somos da espécie de Deus. Somos uma família com Deus porque carregamos a Sua imagem e temos a Sua semelhança. Mesmo que o homem nessa época não tivesse a vida de Deus ou Sua natureza, ele tinha a Sua imagem e semelhança.
Isso indica que Deus queria uma expressão. Gênesis 1:26, 27 mostra que o homem não era apenas uma única pes­soa. O versículo 27 diz: "Criou Deus, pois, o homem à sua imagem... homem e mulher os criou." Isso indica que o homem aqui é algo coletivo. J. N. Darby diz que o homem em Gênesis 1:27 quer dizer gênero humano, o homem como uma raça. Na criação de Deus Ele fez algo de acordo com o Seu plano para ter uma expressão. O gênero humano era para ex­pressar Deus. Esse é o início da Bíblia.
Então a Bíblia continua falando a respeito de oito gran­des homens: Adão, Abel, Enos, Enoque, Noé, Abraão, Isaque e Jacó. Incluindo Adão, estes são os oito gigantes no primeiro livro da Bíblia.

Betel — a Casa de Deus
Quando chegamos a Jacó, sem a luz divina podemos ver somente um menino travesso. Mas este jovem travesso, en­quanto escapava de seu irmão Esaú, dormiu ao relento e teve um sonho (Gn 28:11-19).
Jacó sonhou com uma escada ligando a terra ao céu, com anjos subindo e descendo por ela. Os anjos não estavam descendo e subindo, mas subindo e descendo. Isso indica que a escada era da terra ao céu. Freqüentemente dizemos que os nossos sonhos provêm do que pensamos. Se temos algo na mente, isso virá para nós como um sonho enquanto estamos dormindo. No caso de Jacó entretanto, não creio que ele so­nhou o que estava em seus pensamentos durante o dia. Naqueles dias ele deveria estar pensando em como ele estava fugindo de Esaú. Em seu sonho, porém, não havia nenhum Esaú e nenhum Labão. Ele viu uma escada na terra alcançando os céus. Quando ele acordou, teve uma inspiração de Deus e disse: "É a casa de Deus, a porta dos céus" (Gn 28:17). Erigiu a pedra que ele tinha usado como travesseiro e derramou óleo sobre ela, chamando aquele lugar de Betel, que significa a casa de Deus.
Noé foi comissionado por Deus para edificar uma arca, e Abraão recebeu uma promessa de Deus de que toda a terra, toda humanidade, seria abençoada em sua semente. Mas esse menino travesso, o neto de Abraão, teve um sonho. Acordando daquele sonho, ele disse algo maravilhoso, algo que compõe e direciona toda a Bíblia — a casa de Deus. Esse é um ponto direcional, passando ao longo da Bíblia. Desse menino travesso que teve tal sonho veio um povo, o povo de Israel.

O Tabernáculo a Casa de Deus
No segundo livro da Bíblia, Êxodo, todos os filhos de Is­rael foram ganhos por Deus. Ele não somente os resgatou, mas os reuniu no monte Sinai. Ali Deus deu-lhes uma visão (Êx 19), e não simplesmente um sonho. Há uma conexão entre a visão que Moisés recebeu de Deus no monte Sinai e o sonho de Jacó. Jacó em seu sonho viu algo relacionado à casa de Deus, e agora os seus descendentes, um povo que veio de Jacó, estava ali no monte Sinai com os céus abertos para eles. Um dos representantes deles, Moisés, subiu ao monte para estar com Deus, e Deus lhe mostrou o modelo de Sua casa, um modelo de como edificar o tabernáculo.
O tabernáculo é a casa de Deus. Em 1 Samuel 3:3 o tabernáculo é chamado de o templo do Senhor; isso quer dizer, que ele era a casa de Deus. O tabernáculo como lugar de habitação de Deus é também chamado de templo, a casa de Deus.
No monte Sinai Moisés viu todos os projetos, e os filhos de Israel edifícaram um tabernáculo de acordo com esse modelo. No último capítulo de Êxodo, o tabernáculo foi erigido, e imediatamente a glória de Deus desceu dos céus e encheu o tabernáculo (Ex 40:34). Isso é maravilhoso! Isso foi até mesmo maior do que os atos criadores de Deus. Criar o universo é algo geral, mas para Deus ter um lugar definido nesta terra para que Ele pudesse descer e entrar, o caminho da glória foi verdadeiramente maravilhoso. O tabernáculo físico era um tipo de todos os filhos de Israel como o lugar de habitação de Deus.

O Tabernáculo  — Jesus Cristo, o Homem-Deus
Finalmente aquele tipo foi cumprido no Senhor Jesus. Quando o Senhor Jesus veio, Deus veio. "No princípio era a Palavra e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus" (lit.), e essa Palavra tornou-se carne (Jo 1:1, 14). Sabemos que este é Jesus na encarnação. Quando Ele veio na encarnação, Ele "tabernaculou" (v. 14 - lit.). Isso indica que Ele mesmo como o tabernáculo vivo foi o cumprimento do taber­náculo em Êxodo 40. Jesus, como o tabernáculo, não é um edifício mas uma pessoa viva, orgânica. Esse que é o taberná­culo é uma Pessoa divina, uma Pessoa maravilhosa, um homem-Deus. A primeira impressão que a Bíblia dá a respei­to do tabernáculo é que ele é uma coisa orgânica, uma pessoa orgânica. Ainda mais, ele é um humano orgânico mesclado com Deus. O tabernáculo é o homem-Deus Jesus Cristo.
No final da Bíblia está a Nova Jerusalém, a consumação final e máxima do tabernáculo (Ap 21:3). O tabernáculo nos dois Testamentos, tanto o Velho como o Novo, é, na verdade, uma pessoa viva de duas naturezas — a natureza humana e a divina. O Senhor Jesus era um homem composto de divin­dade e humanidade. O Espírito Santo é o elemento divino, a divindade, e a virtude humana é o elemento humano, a humanidade. Portanto, a concepção de Jesus é do elemento divino no elemento humano. Essa concepção gerou uma criança de duas naturezas — divina e humana. Essa criança não era somente humana, mas também divina. Ela era um homem-Deus, e este homem-Deus era o tabernáculo.
Deixem-me enfatizar fortemente que esse é um taber­náculo no sentido bíblico. Na Bíblia o tabernáculo é uma pessoa viva como uma composição da natureza divina e da humana. Por causa disso, a Nova Jerusalém não pode ser uma cidade literal, nem pode ser uma mansão celestial. De acordo com o sentido bíblico, tabernáculo quer dizer uma pessoa viva como uma composição de divindade com humanidade.

O Tabernáculo e o Templo
Israel primeiramente edificou o tabernáculo. Então, quando entraram na boa terra, Deus revelou-lhes por meio de Davi (2 Sm 7:2, 5-13) que Ele queria ter algo fixo e não transportável. O tabernáculo era uma casa de Deus "transportável." Ele podia satisfazer a Deus temporaria­mente, mas não permanentemente. Ele queria algo fixo edificado sobre um fundamento sólido. O templo não era móvel ou transportáve, mas algo estabelecido. Davi conhecia o coração de Deus e preparou todos os materiais para a edificação do templo (1 Cr 22). Deus tinha-lhe dado um filho, Salomão, que edificaria o templo. Esse templo era a ampliação do tabernáculo. Quando ele foi finalizado, as coisas do tabernáculo foram trazidas para dentro do templo (2 Cr 5:1, 5), indicando que os dois eram, na verdade, um.
No Novo Testamento, o Senhor Jesus em João 1:14 é re­velado como o tabernáculo, mas em João 2:19-21 Ele indica que Ele é o templo. "Destruí este santuário, e em três dias eu o reconstruirei" (v. 19). A palavra de Jesus aqui indica que Seu corpo era o verdadeiro templo. Quando Ele disse que le­vantaria o templo em três dias, sabemos que Ele ergueu uma casa de Deus em ressurreição. A casa de Deus que Jesus edificou em ressurreição não é somente Ele próprio, mas inclui Seus crentes também (Ef 2:6). Assim, esse templo edificado na e pela ressurreição de Jesus é um templo coletivo. Esse templo é a igreja. A igreja é o templo (1 Co 3:16).

A Igreja — Composta dos Membros Vivos de Cristo
Muitos cristãos consideram a igreja um edifício físico. Eles se referem ao edifício como a igreja ou como o santuário. Muitos pensam numa igreja como um edifício com um teto inclinado, vitrais e um campanário.
A Bíblia, entretanto, revela que a igreja é uma composição viva dos membros vivos de Cristo (1 Pe 2:5). Ela é uma composição orgânica de todos os verdadeiros crentes. Nós somos a igreja. Ela não é um edifício sem vida. A igreja é orgânica. A igreja somos nós, você e eu, as pessoas regeneradas pelo Espírito com a vida divina. Ela é todos os queridos santos. A igreja é um organismo. Ela é viva e ativa. Ela não é sem vida, pois os componentes da igreja são pes­soas vivas. Nós, os crentes, somos os componentes. A igreja é composta de todos os santos, assim ela é algo vivo.

A Igreja Humanidade e Divindade
A igreja é também uma pessoa coletiva composta de dois elementos, de humanidade e divindade. Nós, os crentes, como os componentes da igreja temos duas naturezas — uma natureza humana e uma natureza divina. Recebemos nossa natureza humana por meio do nascimento natural. Então em nosso segundo nascimento, um nascimento espiritual, recebe­mos outra natureza, a natureza divina. Em nossa regeneração recebemos a vida divina (1 Jo 5:11). Se temos vida, certa­mente com esta vida vem a natureza. Somos participantes da natureza divina (2 Pe 1:4); portanto temos duas naturezas.
Há uma tendência hoje, entre estudantes de seminário, em crer que os cristãos têm somente uma natureza, a qual será gradualmente melhorada. Isso não somente é um en­sinamento errado; é heresia. Tal ensinamento anula o fato da regeneração.
A igreja, entretanto, é uma composição viva e coletiva de pessoas com duas naturezas — humana e divina. Com Cristo existiu primeiro a divindade, e, depois, a humanidade. Conosco existe primeiro a humanidade, então a divindade. Cristo como o tabernáculo foi uma pessoa com divindade mais humanidade, e nós, como a ampliação de Cristo, o lugar de habitação de Deus, o próprio templo, somos uma composição, primeiro da humanidade e, então, da divindade. Cristo tem divindade mais humanidade. Nós temos humanidade mais divindade. Em natureza Ele e nós somos o mesmo. A única diferença é que Ele tem a deidade, e nós não; contudo, temos a vida e a natureza divina como Ele tem. Não temos a Sua autoridade, Sua deidade.

A Consumação do Templo
A Nova Jerusalém é a consumação de tal templo. Baseado neste princípio, não podemos dizer que ela é uma cidade física ou uma mansão celestial. Uma vez que a Nova Jerusalém é a consumação final e máxima de toda a edificação da habitação de Deus ao longo das gerações como a conclusão de toda revelação de Deus de Sua economia, ela é totalmente orgânica. Ela é seres humanos mesclados com Deus. Essa composição será uma habitação mútua, para Deus habitar nos santos e para os santos habitarem em Deus.
A Nova Jerusalém é uma composição do povo redimido e regenerado de Deus, que são os Seus Filhos. Essa cidade é também o agregado da filiação divina. Efésios 1 diz que fomos escolhidos e predestinados para a filiação (vs. 4, 5). O agregado  da   filiação  será   a  Nova  Jerusalém.   Ela é a composição de todos os filhos de Deus (Ap 21:7). Tal edi­ficação, a cidade santa, é uma pessoa coletiva viva porque ela é chamada de a esposa do Cordeiro (Ap 21:9). Uma cidade física não pode ser uma esposa. Uma esposa é uma pessoa; portanto, essa cidade deve ser uma pessoa coletiva viva.


OS ELEMENTOS INTRÍNSECOS DA EDIFICAÇÃO DE DEUS
O conteúdo da edificação de Deus tem alguns elemen­tos, os quais são intrínsecos e ocultos. O elemento intrínseco da Nova Jerusalém como o lugar eterno de habitação de Deus é o próprio Deus Triúno.

A Trindade Divina A Estrutura Básica
A Trindade divina é a estrutura básica da Nova Jerusalém. Ela é estruturada com a natureza do Pai, con­forme representada pelo ouro. A própria cidade é uma montanha de ouro, e sua rua é também de ouro (Ap 21:18b, 21b). Isso indica que a cidade é uma coisa divina. Divindade é o elemento básico do conteúdo do edifício.
A redenção do Filho por meio da morte e ressurreição é representada pela pérola. Pérolas provêm de ostras. Elas são produzidas após as ostras serem feridas por um grão de areia. A ostra secreta seu sumo de vida em volta da areia e faz dela uma pérola. Isso significa a encarnação de Cristo e a Sua ida para dentro das águas da morte como uma ostra. O ser ferido pelas nossas transgressões e o liberar de Sua vida de ressurreição produz uma pérola.
A transformação do Espírito é representado pelas pe­dras preciosas. No ouro está a natureza do Pai, na pérola está a redenção do Filho por meio da morte e ressurreição, e nas pedras preciosas está o Espírito em Sua obra transformadora. Isso quer dizer que o próprio Deus Triúno é a estrutura básica da Nova Jerusalém. A Trindade é também a estrutura da vida da igreja, que é uma miniatura da Nova Jerusalém. O tamanho é muito menor, mas os elementos são os mesmos.

A Vida Divina — O Suprimento e a Nutrição Interior
Para a nossa vida física, nós, diariamente, precisamos de suprimento nutrição. É por isso que temos de comer ao menos três vezes ao dia. A vida divina é o suprimento e a nutrição interior de todas as partes da Nova Jerusalém. Isso é indicado pela água da vida fluindo do trono divino para saturar toda a cidade (Ap 22:1, 17). Na água cresce a árvore da vida, que produz doze frutos, um a cada mês, doze meses anualmente, para alimentar toda a cidade (Ap 22:2a, 14, 19). A água da vida e a árvore da vida com o fruto da vida realizam o suprir e o nutrir. Toda a cidade vive desses dois itens.

A Luz Divina — A Luz Interior e a Glória Exterior
A Trindade divina é a estrutura básica, a vida divina é o suprimento e a nutrição interior, e a luz divina é a luz interior e a glória exterior para a expressão. Deus no Cordeiro é a lâmpada como a luz interior (Ap 21:23). Na Nova Jerusalém não precisaremos do sol, da lua, de velas, de querosene ou de eletricidade. Não precisaremos da luz criada por Deus ou da luz feita pelo homem, pois teremos o próprio Deus, que é a luz interior. Ao mesmo tempo, essa luz brilha na e através da pedra preciosa, como uma pedra de jaspe, significando os crentes transformados (Ap 21:11). A pedra de jaspe é "transparente como cristal." Deus, como a luz dentro do Cor­deiro como a lâmpada, está brilhando pela cidade. Na cidade está a luz que brilha. Fora, a luz está expressando a glória de Deus, de modo q~c a cidade inteira possui a glória de Deus. A glória de Deus é o próprio Deus, brilhando da cidade através da muralha transparente de jaspe (21:18). Isso é o que a igreja deve ser hoje — uma composição viva de Deus, com Cristo como nossa luz interior resplandecente e como a nossa expressão em glória.

Um Mesclar do Deus Triúno com o Homem Tripartido
Fomos redimidos, regenerados, e agora estamos sendo transformados. Também estamos a caminho para sermos glorificados. O nosso espírito foi regenerado, nossa alma problemática está sendo transformada, e nosso pobre corpo está esperando transfiguração.
Na Nova Jerusalém o Deus Triúno está plenamente mesclado com o homem tripartido redimido, regenerado, transformado e glorificado. Esse mesclar é a habitação eterna de Deus, representado pelo número doze. Doze é três multi­plicado por quatro. Sabemos disso porque a cidade é quadrada com quatro lados. Em cada lado há três portas (21:13). Pela eternidade a Nova Jerusalém será um mesclar absoluto, não somente uma adição. Ela é a multiplicação — o Deus Triúno (três) multiplicado pelo homem (quatro).
Na Nova Jerusalém o número doze é usado catorze vezes. Doze fundamentos de doze pedras preciosas possuem os nomes dos doze apóstolos (21:14, 19, 20). As doze portas de doze pérolas com doze anjos possuem os nomes das doze tribos (21:12, 21a). A medida da cidade é doze mil estádios em três dimensões (21:16). A altura da muralha é de cento e quarenta e quatro côvados (21:17a), que é doze multiplicado por doze côvados. A árvore da vida produz doze frutos em cada um dos doze meses (22:2). O número doze, ocorrendo tantas vezes, quer dizer que a cidade santa é um mesclar do Deus Triúno com o homem tripartido.

Um Edifício em Ressurreição
Apocalipse 21:17b diz que a medida da muralha é "medida de homem, isto é, de anjo." Esse é um sinal de que naquele tempo o homem será como os anjos. Em Mateus 22:30 o Senhor Jesus indicou que em ressurreição o homem será "como anjos de Deus nos céus." Assim, o homem sendo como um anjo indica o princípio da ressurreição. A cidade in­teira, portanto, estará em ressurreição. Cristo, o Cabeça, e nós, Seus membros, estaremos todos em ressurreição.

Uma Expressão Plena do Deus Triúno
A muralha é feita de jaspe, e a luz da cidade é como jaspe (21:18, 11). Em 4:3 nos é dito claramente que Deus sentado no trono se assemelha a jaspe. Jaspe, então, significa a aparência de Deus. Na eternidade, a Nova Jerusalém possuirá a aparência de Deus. Deus se assemelha a jaspe, e a cidade toda possuirá a aparência de jaspe. Isso indica que ela será uma expressão eterna e coletiva de Deus.
Isso cumpre Gênesis 1:26. A Bíblia começa da forma como termina. Ela começa com a imagem de Deus para a Sua expressão, e ela termina com uma expressão coletiva, vasta, imensa e esplêndida. Essa é a consumação final e máxima do registro do tabernáculo e do templo. A Bíblia é um registro dessas duas coisas: o tabernáculo e o templo. A conclusão da Bíblia é a consumação do tabernáculo e do templo.

O que a Nova Jerusalém é deve ser verdadeiro na igreja agora mesmo. Nós, como a igreja na restauração do Senhor, temos de ter o Deus Triúno como a nossa estrutura, com a vida divina como o nosso suprimento e nutrição interior, e com a luz divina como o nosso brilho interior e expressão ex­terior. Esse é o testemunho de Jesus. No começo do livro de Apocalipse estão os candelabros como o testemunho de Jesus (1:2,12). Então, no fim do mesmo livro está o agregado de todos os candelabros, a Nova Jerusalém, como o testemu­nho eterno de Jesus. Hoje devemos ser tal testemunho vivo de Jesus. Não somos uma outra obra cristã, nem somos sim­plesmente um grupo cristão. Somos o testemunho de Jesus como o candelabro hoje, que será consumado na Nova Je­rusalém. O que seremos lá devemos primeiramente ser aqui.

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