Minhas observações sobre 2Jo.
Pela exiguidade das duas últimas epístolas de
João, dificilmente, estes textos seriam conservados no cânon. Porém, como a
elas muitos autores antigos fizeram referências, como Policarpo (Phil. 7,1), Irineu (Adv. Haer. 1,16), o cânon Muratori, Tertuliano (De Carne Christi, 24), Prisciliano,
Rufim, Agostinho etc., permaneceram na Bíblia.
Segundo os estudiosos, esta epístola foi
escrita por volta do ano 90 d.C.
Embora haja dúvidas
quanto ao autor (ou autores) do material joanino (corpus joaninum) - o evangelho, as epístolas e o Apocalipse -, nas introduções, as três
epístolas, são normalmente tratadas como uma unidade. Esta análise, que, agora,
propomos, foca-se na Segunda João,
mas, sempre que nos parecer necessário, agrupá-las-emos, pois não há qualquer
razão convincente de que não provieram todas as três da mesma escola de
tradição, ainda que mais de um autor tivesse se envolvido em sua escrita.
Tal como no caso
das cartas Aos Hebreus e De Tiago, ainda que a primeira epístola
de João seja chamada de “epístola”, nada há de epistolar na mesma. Mais, provavelmente,
trata-se de um tratado, de uma dissertação, que visava uma situação particular
na igreja, e não uma congregação ou um grupo de congregações cristãs, como se
dá no caso de uma carta. Em contraste com isso, Segunda e Terceira João são, definitivamente, dotadas de
natureza epistolar. A atração de todas as três, contudo, reside na simplicidade
e no poder de seu testemunho, no sentido que Deus é amor (ἀgάph), e que a verdadeira espiritualidade consiste no amor. Estas
cartas também atacam a heresia gnóstica incipiente; e, assim, juntamente com as
chamadas epístolas pastorais, I e II Timóteo e Tito, II Pedro, Judas e Colossenses (e talvez até mesmo Efésios),
elas se tornaram parte do que se tornou conhecido por literatura de heresia, isto é, a porção do N.T. que foi escrita
para combater as primeiras heresias que surgiram no seio do cristianismo.[1]
Essas epístolas de João também vieram a ser classificadas junto às epístolas católicas, alinhando-se ao lado
das epístolas de Tiago, de I e II
Pedro e de Judas. Todas elas
recebem essa designação. O significado ordinariamente dado ao termo católica, quando aplicado a essas
epístolas, é que tencionavam ser universais,
ou seja, foram dirigidas à igreja em geral, ou ao cristianismo de uma área
geral, e não a alguma comunidade cristã em particular e muito menos, ainda, a
algum indivíduo isolado. Esta concepção patrística, porém, será contestada e
modificada, mais tarde, por exegetas modernos.
2Jo foi citada pelos primeiros padres da Igreja, quer
diretamente, quer indiretamente. Devemos saber distinguir os ecos e as influências literárias do material
em comum e das citações diretas.
Nunca será fácil perceber se algum dos pais da igreja cita uma obra
diretamente, a menos que se faça uma tradução de palavra por palavra, ou se
houver a identificação de suas palavras como uma citação. No caso das epistolas católicas somente I Pedro e as epístolas joaninas gozam de
confirmação verdadeiramente antiga (antes do século III d.C.). No caso de I João, há citações extraídas dos
manuscritos dos primeiros pais da igreja, embora não exista qualquer afirmativa
de que o apóstolo João a escreveu, senão já no fim do segundo século de nossa era.
No caso específico de 2 João, o Cânon Muratoriano (180 d.C. a 200 d.C.)
arrola-a como obra canônica e joanina (junto com as duas outras epístolas).
Este Cânon Muratoriano foi aceito por
Orígenes, Clemente e seus sucedâneos alexandrinos. A segunda e a terceira
epístolas são alvo de dúvidas desde o início, talvez devido à brevidade de sua
extensão.
Assim, por exemplo,
o capítulo sétimo de Ad phillipensis
de Policarpo de Esmirna se assemelha a 2Jo
7. Alguns especialistas dizem que 2Jo
inspirou Policarpo, que teria sido seu discípulo direto; outros, que
Policarpo inspirou João. Irineu também faz citações extraídas da segunda
epístola de João, quando se refere aos pseudoprofetas de 2Jo 7,8. Desta maneira, nos primeiros séculos do primeiro milênio
depois de Cristo, a patrística não pode dar nenhuma confirmação peremptória a
respeito da autoria da Segunda epístola
de João. Estudiosos posteriores se dividiram entre a) aqueles que viam, no Evangelho e na Primeira Carta, o mesmo autor, b) aqueles que viam, na Segunda, na Terceira e no Apocalipse,
o mesmo autor e outros, com suas variadas propostas – quase todas as
combinações foram algures propostas. Não há maneira certa de alguém resolver o problema
de autoria dessas epístolas. Devemos observar que, no tocante às epistolas de
João e ao livro de Apocalipse, não há
qualquer declaração, nessas obras, de que foi o apóstolo João quem as escreveu;
e isso nem ao menos foi sugerido até o fim do século II d.C. Portanto, sem
importar o que cremos sobre a autoria desses livros, tal crença deve repousar,
pelo menos em parte, sobre a tradição ou conjectura, porque nenhuma evidência
interna serve para comprovar qualquer coisa. O material joanino, além do
evangelho de João, desde tempos antigos, vem sendo atribuído a João, filho de
Zebedeu, o mesmo João que repousou a cabeça no peito de Jesus (João 13:25) e estava ao lado de Maria,
mãe de Jesus, aos pés da cruz (João 19:25-27),
segundo a Tradição; mas há estudiosos que o têm atribuído ao João aludido por
Papias, o ancião de Éfeso (que não era o apóstolo do mesmo nome). E ainda
outros estudiosos, nos tempos antigos, não faziam qualquer ideia quanto à sua
autoria, conforme nos mostra Orígenes, nos meados do século terceiro de nossa
era. Outros preferem que o autor seja João Batista (esta proposta, todavia,
enfrentaria várias dificuldades, como o fato deste João ter morrido bem antes
de Jesus). Se a autoria é contraditória, não menos é a datação. Os estudiosos
dividem-se entre algumas datas possíveis no século primeiro e no segundo. As
nuances que contribuem e interferem na exegese de 2João são muitas e não serão contempladas todas aqui, pois exigiria
mais espaço e não é nosso objetivo.
Mais polêmica,
talvez, seja a discussão que se dá em torno dos destinatários da segunda carta.
A priori, todas as três epístolas de
João parecem ter sido destinadas às comunidades eclesiais da Ásia Menor, onde
vários membros seriam conhecidos do autor sagrado; mas, como vimos acima, 1Jo possui uma redação típica de uma
exposição universal, não de uma carta; e a Segunda Epístola Católica do Apóstolo João, como veremos,
pode não ter sido escrita para uma pessoa ou alguma comunidade local. A
tradição universal, porém, diz que estas epístolas foram enviadas à província
romana na Ásia, território atualmente correspondente à Turquia. As principais
cidades dessa área seriam aquelas sete que figuram no Apocalipse: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e
Laodiceia, além de Colossos e Hierápolis. Para essa área em geral também foram
enviadas a primeira e a segunda epístolas de Pedro e a epístola de Judas. Com
esta análise, a possibilidade de o destinatário de 2Jo ser uma comunidade
eclesial da Ásia ganha força. Estas cartas teriam o propósito de combater o
protognosticismo nascente. Portanto, a literatura
de heresia surgiu a fim de combater os assédios dos gnósticos naquela
região, além de dar instruções éticas necessárias aos crentes dali (o que
parece corroborar com o conteúdo e as intenções comunicativas do autor de Segunda João). Apesar de não haver
evidências esmagadoras em favor da Ásia Menor, como destino, esse destino
simplesmente não tem rival. Alguns poucos manuscritos trazem títulos que
destinam as epístolas de João a parthos.
Mas não há qualquer tradição que vincule João aos partas (antigo reino a
sudoeste do mar Cáspio). Clemente de Alexandria aludiu a essas epístolas como
escritas às “virgens”, e alguns estudiosos têm conjecturado que parthos seja abreviação ou corruptela de
parthenos (virgem). Mas outros dizem
que parthenos teria sido uma
explicação para um original parthos.
Agostinho repetiu a identificação de parthos
como o destino dessas epístolas. Mas todas essas tradições são mal definidas e
envolvem obscuridades. Em todo o caso, especificamente sobre a Segunda epístola católica de João, este
problema volta-se para o sintagma nominal Senhora
Eleita (Ἐklektῄ kurίᾳ, Eclectḗi cyríai). Muitos estudiosos
viram, neste destinatário, uma mulher mãe de filhos e, provavelmente, chefe de
uma comunidade cristã. A maioria dos especialistas, porém, atribuem esta
misteriosa designação a uma comunidade eclesial – o que afastaria o estilo do
início desta carta da designação “Anjo” encontrada no Apocalipse e que se refere ao guardião celestial da comunidade, e
não a um homem comum, um pastor ou líder local (p.e., Ap 2:12). Tanto Anjo (ou anjo) quanto Senhora Eleita
aparecem como elementos de interlocução nestes livros, e, se lastrarmo-nos na
hipótese de que o mesmo João que escreveu o Apocalipse
foi o mesmo que escreveu a Segunda Carta,
soaria improvável que o autor usasse dois semelhantes elementos de interlocução
com dois significados diferentes, ou seja, Senhora
Eleita como uma comunidade local e Anjo
como um indivíduo guardião celeste. Esta análise, portanto, daria força a
autorias diferentes. No que pesa à hipótese de a Senhora Eleita ser uma mulher, o “anjo” de Apocalipse 2:12 guarda, ao menos, uma semelhança: ambos são um só
indivíduo. Agora, diferentemente, esta análise daria força a autorias iguais. E
agora? Como sair deste impasse? Propomos que o elemento peremptório para acusar
a melhor alternativa seja o conteúdo da carta. No que pesa à hipótese de a Senhora Eleita ser uma comunidade, está,
a favor, o argumento de que os problemas eclesiológicos tratados na carta se
acomodam melhor a esta possibilidade de interpretação, e, sendo assim, a
possibilidade de o destinatário de 2João
ter sido uma comunidade eclesial é mais provável.
Segundo a
Confederação Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB -, a Segunda Carta de João é, na verdade, um “bilhete de amizade da
parte do Ancião (no caso, João) de
uma comunidade (a Irmã Eleita do
derradeiro verso) à outra comunidade, a que ele quer bem e chama de Senhora Eleita (título que se refere ao
povo de Deus”. Esta Irmã Eleita,
segundo a Bíblia de Jerusalém, em
nota, provavelmente seria a igreja de Éfeso, que, segundo comentário exegético
da Nova Versão Internacional, seria
capitaneada pelo próprio apóstolo João.
Na segunda e na terceira epístolas de João, o
autor sagrado, chama a si mesmo de ancião, mas sem dar qualquer indicação que
esclareça tal posição, pelo que tais epístolas são sinônimas. A primeira
epístola de João, porém, nem ao menos alude ao ancião... Os falsos mestres gnósticos estavam conseguindo grandes
conquistas na igreja, e tinham de sofrer oposição. Estavam reduzindo o Cristo
anunciado pelos apóstolos, o Verbo encarnado, o Deus-homem, a mera emanação angelical
de Deus. Negavam a realidade da encarnação, e viam o Espírito-Cristo meramente como um dos sombrios éons, o qual, por ocasião do batismo de Jesus de Nazaré, teria
vindo possuir-lhe o corpo, usando-o como seu instrumento, até à sua
crucificação. Por ocasião da morte, o éon
teria abandonado a Jesus, pelo que sua morte, quando muito, teria sido a de um mártir
por uma boa causa, mas sem valor como expiação. Os gnósticos, por conseguinte,
degradavam tanto a pessoa como a obra de Cristo. Em lugar de Cristo,
apresentavam um pseudocristo, dotado
de uma missão diferente; um anticristo, assim como eles próprios! Alguns líderes
cristãos tinham sido conquistados para os pensamentos dos gnósticos, e assim um
evangelho não-cristão estava sendo impingido à igreja. Diótrefes (ver 3João 9), que assumira poderes ditatoriais
sobre a igreja da região da Ásia Menor, provavelmente era um dos principais
proponentes do gnosticismo da igreja. O que esse homem foi capaz de fazer, o
que é descrito em 2João 9-11,
demonstra a natureza crítica do problema que era enfrentado. O trecho de 1João 2:19 mostra, entretanto, que os verdadeiros
crentes tinham obtido certa vitória sobre os mestres falsos, porquanto muitos
deles tinham rompido comunhão com a igreja cristã. Os versículos sétimo a
décimo primeiro mostram que a doutrina dos gnósticos se espalhara por muitos lugares
da Ásia Menor, através de pregadores itinerantes, que se aproveitavam da boa
vontade e da hospitalidade natural dos cristãos primitivos. Foi mister que o ancião advertisse à igreja que os supostos
evangelistas-itinerantes de modo
algum eram representantes da tradição apostólica. A igreja cristã foi avisada,
pois, a não dar hospitalidade a tais homens, e a segunda epistola de João foi
escrita essencialmente como advertência contra esses itinerantes pregadores gnósticos,
embora o seu conteúdo não verse exclusivamente sobre esse tema. A presente
epístola, naturalmente, é a mais polêmica de todas, mas polêmicas também são as
demais epístolas joaninas. O grande tema do amor é novamente salientado (ver os
versículos quarto a sexto); mas, devido à sua extrema brevidade, somente esse
tema, além daquele que trata da defesa da verdade cristã contra os assédios da
heresia, é abordado nesta epístola. E, agora, no nosso trabalho.
A epístola inicia com o sujeito ὁ presbύteroς, ho presbyteros, que pode
ser um ancião ou líder da comunidade destinatária da carta, mas muitos
enxergam, nesta expressão, uma ligação com o autor do evangelho. Há uma
tendência, por parte de muitos, que este ancião seja uma espécie de bispo ou
supervisor da Igreja antiga, o que preludiaria a figura do bispo católico na
modernidade.
Este presbítero tem como preocupação premente
orientar seus leitores a permanecerem na verdade[2],
outrora, anunciada, a estarem firmes na vontade e nas determinações passadas e
cultivarem a prática do amor.
Para o ancião,
a igreja era algo amado; ou então a
matriarca Eleita Kiria era assim
chamada. Se, porventura, está em foco uma pessoa literal, então suas obras eram
de tal natureza que toda a igreja da Ásia Menor assumira para com ela grande
dívida de gratidão, que o ancião, agora, reconhece. No original grego, a
palavra oὕς, quem,
é plural, de tal maneira que tanto a senhora
como seus filhos são, aqui, chamados amados. Na tradução para o português,
esta palavra pode ser traduzida pela expressão aos quais.
Aqueles que conhecem a verdade são os membros
da igreja, em contraste com os hereges gnósticos, os quais pervertiam a verdade
(vv. 7 e 11). Todos os crentes verdadeiros amavam a essa senhora eleita, Eleita
Kiria. Esta porção do versículo favorece um pouco a interpretação literal, no
sentido que uma mulher está aqui endereçada, porquanto, doutro modo, a igreja
seria retratada como quem ama a si mesma. Naturalmente, isto é um uso possível,
embora improvável. Além disto, isto indicaria que as outras igrejas estimavam a comunidade cristã da Ásia Menor,
amando-a como comunidade de crentes.
Por causa destes periclitantes gnósticos, o
ancião afirma a urgência de se permanecer na verdade. Mas este clamor não se
dirige a quem não sabe o que é a verdade, mas àqueles que já sabem que ela é a
genuína fé cristã, o evangelho apostólico, em contraste com o sistema falso dos
gnósticos.
A palavra verdade
figura cinco vezes nos versículos primeiro a quarto, e, se o uso que se faz
desta palavra se assemelha ao que aparece em 3João, onde ela é precedida pelo artigo definido, isto apontaria
para o próprio evangelho ensinado pelos apóstolos o qual retinha a verdadeira
doutrina de Cristo, que é a Verdade personificada (João 14:6). Mas, somando as ocorrências deste vocábulo no evangelho
e nas epístolas, ao todo, verdade
aparece 74 vezes!
A fidelidade das comunidades à verdade
apostólica garantia a genuína solidariedade, e o amor. Ao passo que aqueles
protognósticos mascaravam esta verdade, deturpando-a À medida que limitavam e
minoravam a pessoa de Cristo, bem como sua missão e seu messianismo de serviço.
Consoante se percebe no versículo 2, a verdade habita e permanece nos crentes
e, assim, é potente para transformar o caráter e dissolver a confusão.[3]
A verdade, na qualidade de poder
residente e permanente, que nos leva a nos amarmos mutuamente. A verdade é a base do amor.
Todas as transmissões e benefícios divinos
são conferidos em amor, sendo essa a base dessas bênçãos, não menos que a
verdade (João 3:16; 1João 4:8). O amor é nota essencial desta carta. Nos versos 4 a 6, o hagiógrafo
se ocupa do mandamento do amor,
assunto já exposto à exaustão na primeira carta.
O autor ordena que os seus leitores amem-se
uns aos outros e coloca a prática caritativa como prova da autenticidade da
identidade cristã (conditio sine qua non).
Todavia, este mandamento joanino não isenta a comunidade de recusar
hospitalidade aos falsos mestres. Amar (em
grego, ἀgapάw; agapáō, transliterado para caracteres latinos), é uma das palavras que podem expressar o conceito de amor no Novo Testamento. Ἀgapάw indica uma ligação racional e judiciosa fundamentada na convicção de que
seu objeto é digno de estima ou merecedor desta por conta de benefícios
concedidos. Φilέw (philéō) representa um sentimento mais caloroso, mais instintivo, mais
intimamente ligado ao sentimento e envolve mais a paixão. Por isso, ἀgapάw é representado pelo termo latino dĭlīgo,
que possui a mesma raiz de dĭlĭgentia,
ou seja, palavras que explicitam uma característica de racionalidade e vontade;
assim, a ideia fundamental de dĭlīgo
é seleção, a escolha deliberada, com
fundamentos suficientes, de um entre muitos como o objeto de estima.[4]
Assim, filέw enfatiza o elemento afetivo do amor, e ἀgapάw, o elemento racional, inteligente – aliás, racionalidade e inteligência
são características intrínsecas à verdade, bem como requisitos mínimos para sua
distinção. Em Mateus 22:37, em 1Coríntios 8:3 e aqui, em João, os
homens são ordenados a ἀgapᾶn, agapân,
isto é amar. Mas amar conforme o
significado que o verbo possui no infinitivo presente ativo: amar e estar amando, ou seja, o amor como ato contínuo e progressivo.
Em nenhuma outra passagem bíblica, verdade e amor justapõem-se num mesmo sintagma nominal.
João também não usou ἐrάw, eráō, a paixão sensual,
vocábulo do qual fazem uso Platão e os neoplatônicos.
[1] Mais
informações sobre esse combate contra as heresias bem como suas especificidades
podem ser encontradas em CHAMPLIN, R. N.
O Novo Testamento interpretado versículo
por versículo. Vol. 6. Candeia, 1996. Págs. 304-313; e _____________. Enciclopédia
de Bíblia, Teologia e Filosofia. Vol.3. Hagnos, 2001. Págs. 530-554.
[2] Ἀlήqeia, em grego, alḗtheia, transliterado para caracteres latinos, verdade ou realidade, na tradução para o português. Na Grécia, definia-se verdade como sendo algo real, em
oposição ao falso e ao irreal (ver ROBINSON, E. Léxico grego do Novo Testamento. CPAD, Rio de Janeiro, 2012.).
Assim, nota-se com mais profundidade, a preocupação do autor com os ataques
docetistas à comunidade eclesial destinatária da carta. Para ele, verdade é a revelação de Deus em Jesus
Cristo.
[3] Mais passagens
que tratam da verdade: Gálatas 2:5;
3:1; 5:7; Efésios 1:13; 4:21; Colossenses 1:5; 2Tessalonicensses 2:10,12,13; 1Timóteo
2:4; 4:3; 2Timóteo 2:18; Tito 1:4
[4] O termo dĭlīgo aparece na Vulgata, em 2Jo,
flexionado também na primeira pessoa do plural: dĭlīgimus. Ou seja, o autor, primeiramente, coloca-se como modelo
(atitude típica de um líder ancião) quando usa dĭlīgo, para requisitar a mesma atitude de amor racional e justo (agapáō) de seus interlocutores.
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