terça-feira, 16 de julho de 2013

A revelação básica nas Escrituras Sagradas, de Witness Lee - Capítulo 4

Capítulo Quatro

OS CRENTES

Leitura da Bíblia: Jo 3:6; Mt 28:19; Gl 3:27; Rm 6:3; 1 Co 12:13; Rm 8:9, 11, 4; Gl 5:16, 15; 1 Co 3:6, 7; Ef 4:16; 2:21, 22; 1 Pe 2:5; 2 Co 3:18; Rm 12:2; 1 Ts 5:23; Fp 3:21; Rm 8:29,30; 10:8,9,12

O tema deste capítulo, os crentes, é aparentemente simples, mas na realidade é misterioso. Um estudante de medicina logo aprende que o corpo humano não é simples. O ser psicológico de uma pessoa é ainda mais misterioso. Como seres vivos, temos dois corações , um físico e um psicológico. Podemos localizar o nosso coração físico, mas onde está o coração psicológico? Onde estão nossa mente, emoção, von­tade e consciência? Onde está o nosso espírito? Onde está a nossa alma? Nós, crentes em Cristo, somos seres espirituais, e como tais somos um mistério.

DESCENDENTES DO ADÃO CAÍDO
Nós, os crentes, somos descendentes do Adão caído. Somos todos caídos. Estávamos mortos em pecado sob a condenação de Deus (Ef 2:1, 5; Rm 3:19; 5:12; Jo 3:18). En­quanto estávamos mortos em pecado, Deus proporcio­nou-nos uma mudança. Ouvimos o evangelho e cremos no Senhor Jesus Cristo para receber a vida eterna (Jo 3:16 ).


SALVOS
Atos 16 : 31 nos diz que, quando cremos no Senhor Jesus Cristo, somos salvos. Uma salvação completa inicial tem seis aspectos: perdão de pecados, o lavar das nossas máculas, separação para Deus posicionalmente, justificação, reconciliação e regeneração.

Perdoados
Depois de crermos, a primeira coisa que recebemos, o primeiro legado de acordo com o testamento divino, é o perdão de nossos pecados (At 10:43).

Lavados
Fomos não somente perdoados, mas também lavados. Ser perdoado põe em ordem o nosso caso perante Deus. Ser lavado leva embora a mancha, a mácula, de nossos pecados. Por exemplo, se uma criança sujasse a camisa e depois se ar­rependesse, a mãe o perdoaria; mas a camisa ainda precisaria ser lavada. Perdoar a criança do seu mau procedimento é uma coisa. Lavar a mancha da camisa é outra coisa. Deus, ao crermos no Senhor Jesus, não somente perdoou-nos mas também lavou-nos. Aleluia! Fomos perdoados e lavados pelo sangue de Cristo!

Santificados Posicionalmente
Como parte de nossa salvação inicial, fomos posicional­mente santificados, isto é, separados por Deus do mundo para Ele mesmo. Em 1 Coríntios 6:11 indica que somos primeiro santificados e então justificados. Santificação posicionai precede a justificação; santificação disposicional segue a justificação.

Justificados
A morte de Cristo cumpriu e satisfez completamente as exigências justas de Deus, para que possamos ser justificados por Deus por meio de Sua morte (Rm 3:24). Somos "jus­tificados de todas as coisas" das quais não poderíamos "ser justificados por meio da lei de Moisés" (At 13:39).

Reconciliados com Deus
Nós precisávamos ser reconcilados com Deus porque quando éramos pecadores, éramos inimigos de Deus (Rm 5:10). Fomos reconciliados com Deus por meio da morte do Seu Filho.

Regenerados
Ao crermos no Senhor Jesus e invocarmos o Seu nome, fomos regenerados, isto é, o próprio Espírito de Cristo entrou em nosso espírito e nos deu vida (Jo 3:6; Ef 2:5). A regeneração nos fez filhos de Deus (Jo 1:12, 13; Rm 8:16), membros da família de Deus (Ef 2:19). Ela também nos fez membros de Cristo, membros do Corpo de Cristo (Ef 5:30; 1 Co 12:27). Nós que fomos regenerados, somos membros do Corpo de Cristo e também filhos de Deus.
A regeneração ocorreu em nosso espírito, não em nosso corpo ou em nossa mente. Isso quer dizer que o Deus Triúno está agora em nosso espírito (Ef 4:6; 2 Co 13:5; Rm 8:9). Que tesouro temos dentro de nós (2 Co 4:7)! O Deus Triúno veio para dentro de nosso espírito para ficar (Jo 4:24; 2 Tm 4:22; Rm 8:16). É aqui em nosso espírito que estão as riquezas insondáveis de Cristo.
Para desfrutar essas riquezas devemos invocar o nome do Senhor Jesus (Rm 10:12). Se queremos ser nutridos, podemos invocar "Ó, Senhor Jesus!" Quando estamos em casa e também no trabalho, podemos invocar o nome do Se­nhor. Quando O invocamos, tocamos o Espírito (1 Co 12:3). Muitos de nós oramos freqüentemente, mas não recebemos nutrição de nossa oração. Isso não deveria ser assim. Não es­tamos orando para um ídolo; estamos orando para o Deus vivo. Ele é o próprio Deus que está agora em nosso espírito. Quando falamos com Ele, Ele responde em nosso espírito. Quando exercitamos o espírito, percebemo-Lo em nosso espírito. Se meramente exercitamos a mente e oramos só com a boca, o Deus Triúno dentro de nós não tem caminho. Ele não está  em nossa mente,  mas em nosso espírito.
Devemos exercitar o nosso espírito (1 Tm 4:7). Dessa maneira podemos experimentar este Deus verdadeiro, real e vivo que está agora em nosso espírito. Em nosso espírito regenerado habita o Deus Triúno como o Espírito que dá vida.


BATIZADOS

Para Dentro do Nome do Pai do Filho e do Espírito Santo
Depois de Sua ressurreição e antes de Sua ascensão, o Senhor Jesus incumbiu os discípulos de irem e fazer discípulos de todas as nações, "batizando-os para dentro do (lit.) nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28:19); isto é, eles deviam batizar as pessoas para dentro da própria Pessoa do Deus Triúno.
Em Atos e nas Epístolas, entretanto, não há nenhum versículo indicando que os apóstolos batizaram as pessoas para dentro do nome do Pai, do Filho e do Espírito. Antes, aqueles que se arrependiam e criam no Senhor eram batizados para dentro do nome do Senhor Jesus (At 8:16; 19:5). Ser batizado para dentro do nome do Senhor Jesus eqüivale a ser batizado para dentro do nome do Pai, do Filho, e do Espírito. E ser batizado para dentro do nome do Senhor é ser batizado para dentro de Sua Pessoa, o próprio Cristo (Gl 3:27; Rm 6:3). Ser batizado para dentro de Cristo eqüivale a ser batizado para dentro do Deus Triúno porque o próprio Cristo para dentro de quem fomos batizados é a corporificação do Deus Triúno. O Deus Triúno é cor-porificado em Cristo, o Senhor, o Filho de Deus.
Além disso, quando fomos batizados para dentro Dele, fomos batizados para dentro de Sua morte (Rm 6:3). O batis­mo nos une com Ele em Sua morte e em Sua ressurreição. O batismo de água não deve ser o cumprimento de um ritual. Deve significar que estamos colocando aqueles que estão sendo batizados para dentro do Deus Triúno, para dentro de Cristo, e para dentro de Sua morte e ressurreição.

No Espírito Para Dentro do Corpo de Cristo
Fomos também batizados para dentro do Corpo, a igreja. "Pois também em um Espírito fomos batizados para dentro de um corpo" (1 Co 12:13).
Fomos batizados, então, para dentro do Deus Triúno, para dentro de Cristo, para dentro da morte e ressurreição de Cristo, e também para dentro do Corpo, a igreja. Na realidade, todos estes "para dentro" são um. Quando somos batizados para dentro de Cristo, somos batizados para dentro de Sua morte e ressureição, e somos também batizados para dentro do Deus Triúno e para dentro do Corpo de Cristo. Isso quer dizer que estamos agora em Cristo, em Sua morte e ressurreição, no Deus Triúno, e no Corpo de Cristo. Quando batizamos as pessoas, devemos mostrar-lhes que eles agora estão em Cristo, em Sua morte e ressurreição, no Deus Triúno, e no Corpo.
Necessitamos da realidade do fato espiritual de que, quando batizamos as pessoas, nós as colocamos para dentro de Cristo. Podemos colocá-las para dentro de Cristo porque Cristo hoje é o próprio Espírito. Quando batizamos as pes­soas, colocamo-nas para dentro do Espírito, que é a realidade de Cristo. É assim que deve ser o batismo. O batismo nos dá a posição de dizer que somos pessoas em Cristo, em Sua morte, em Sua ressurreição, em união orgânica com o Deus Triúno, e também no Corpo vivo do Cristo vivo. Ter essa percepção do batismo faz uma grande diferença em nossa vida.

SER HABITAÇÃO DO ESPÍRITO E BEBER DO ESPÍRITO
Depois de crermos e sermos batizados, somos habitação do Espírito (Rm 8:9, 11; 1 Co 6:19). Enquanto Ele habita em nós, estamos bebendo. A fonte para se beber está exata­mente em nosso espírito (Jo 4:14, 24). Devemos voltar-nos ao espírito e beber pelo invocar o nome do Senhor (1 Co 12:3, 13b).
Temos o Espírito como o agregado do Deus Triúno habitando em nós. Em 1936 quando vi que Deus estava vivendo em mim, fiquei fora de mim. Queria sair, subir no te­lhado ou correr para a rua, e gritar para as pessoas: " Não me toquem; tenho Deus em mim!"
O Deus Triúno está em nós. Ele habita em nós e es­tamos bebendo Dele. Ele é a fonte para bebermos; esta fonte não está nos céus mas em nosso espírito.


VIVENDO E ANDANDO NO ESPÍRITO MESCLADO
Agora devemos viver e andar no Espírito mesclado. Romanos 8:4 e Gaiatas 5:16, 25 referem-se a este espírito mesclado. J. N. Darby mostra a dificuldade de colocar um E maiúsculo ou minúsculo em espírito em, Romanos 8. Embora ele não use a palavra mesclado, ele certamente transmite o pensamento de que estes dois espíritos são considerados como um.
Em Gaiatas 5:16 a palavra grega para andar é ter nosso ser movendo-se e agindo. Aqui está a incumbência completa do Novo Testamento: viver, ter o nosso ser, andar, mover-nos e agirmos de acordo com o espírito mesclado. Tudo o que fazemos deve ser de acordo com o nosso espírito habitado pelo Espírito composto e mesclado com Ele, não de acordo com ensinamentos éticos ou regulamentos morais. Andar de acordo com o Espírito é muito mais elevado do que andar de acordo com os ensinamentos éticos ou regulamentos morais.
O mover do Epírito é chamado de unção. Em 1 João 2:20, 27 vemos que todos temos recebido uma unção do Santo. Esta unção dentro de nós é verdadeira; ela nos ensina a habitar no Senhor. A unção sobre a qual João fala em 1 João 2 refere-se ao óleo em Êxodo 30. O tabernáculo e todos os seus utensílios eram ungidos com óleo composto (Êx 30:26-29).
O óleo composto hoje, o Espírito, está dentro de nosso espírito ungindo-nos, movendo-se, dentro de nós, todo o dia.
Mesmo quando estamos discutindo ou quando estamos a ponto de discutir, a unção interior move-se em nós para não continuarmos, mas para irmos ao nosso quarto e orar. Um dia uma irmã foi fazer compras, mas sempre que pegava um item pensando em comprá-lo, a unção dizia dentro dela para colocar de volta. Tudo o que pegava, tinha de pôr de volta. Finalmente ela decidiu que era melhor voltar para casa. Assim que obedeceu a unção interior e retornou ao seu carro para voltar para casa, ela sentiu-se animada e alegre. Se não prestamos atenção à unção interior, ofendemos o Espírito. Devemos viver e andar de acordo com esse Espírito que está mesclado com o nosso espírito.


CRESCER NA VIDA DIVINA E SER EDIFICADOS
Poucos cristãos prestam atenção ao crescimento em vida (1 Co 3:6, 7) e à edificação (1 Co 3:10-12) como o Corpo de Cristo e como a igreja, a casa de Deus. Espiritualidade provém do crescimento em vida; o objetivo do crescimento em vida é a edificação do Corpo de Cristo e da casa de Deus. Praticamente falando, isso significa a edificação da igreja local. Sem uma vida da igreja apropriada em nossa localidade, como podemos ser edificados com outros? Precisamos estar onde há uma igreja. Assim, naquela igreja podemos ser edificados com os outros para ser a casa espiritual de Deus (Ef 2:21, 22; 1 Pe 2:5). Enquanto estamos sendo edificados como a igreja numa cidade, estamos também sendo edificados como o Corpo de Cristo (Ef 4:16).


SER TRANSFORMADO NA ALMA
O nosso espírito foi regenerado, mas e quanto à nossa alma? Precisamos ser transformados (2 Co 3:18) pela renovação de nossa mente (Rm 12:2; Ef 4:23). A mente é a parte liderante de nossa alma (SI 13:2; 139:14; Lm 3:20). Para a transformação da alma, a mente deve ser renovada.

SER SANTIFICADO EXPERIMENTALMENTE
A transformação de nossa alma é a santificação de nossa disposição. O Senhor santifica-nos em nosso espírito, alma e corpo (1 Ts 5:23). Todo nosso ser é para ser santifícado, transformado.


SER TRANSFIGURADO EM NOSSO CORPO
Quando o Senhor retornar, nosso corpo será trans­figurado (Fp 3:21), completamente redimido (Rm 8:23). Quando cremos, nosso espírito foi regenerado. Durante a nossa vida cristã nesta terra, nossa alma está sendo gradual­mente transformada e santificada. Então, na Sua vinda nosso corpo será transfigurado. Todo o nosso ser será, então, com­pletamente conformado a Cristo.


CONFORMADOS A CRISTO
Como os muitos irmãos de Cristo, seremos conformados à Sua imagem e estaremos com Ele em glória (Rm 8:29, 30). Não seremos mais naturais em nenhuma parte de nosso ser. Ainda somos um tanto naturais na alma e corrompidos no corpo; é por isso que, depois da regeneração de nosso espí­rito, precisamos da transformação da alma e da transfigu­ração do corpo. Então seremos completamente conformados ao Filho primogênito de Deus como Seus muitos irmãos.


GLORIFICADOS
Finalmente seremos glorificados na vida divina e na natureza divina (Rm 8:30) para possuir a glória de Deus, para Sua expressão na Nova Jerusalém.


O CAMINHO PARA DESFRUTAR CRISTO
O livro de Romanos é um esboço da vida cristã ade­quada. No capítulo seis estão todos os fatos cumpridos por
Cristo. Ele morreu, e nós morremos com Ele. Ele foi ressus­citado, e nós também. Em Cristo estas coisas são fatos. Nele estamos unidos à Sua morte e ressurreição (6:4, 5).
Em Romanos 6, entretanto, não temos a experiência da morte e ressurreição de Cristo. Precisamos prosseguir para Romanos 8 para experimentar Cristo em Seus feitos por meio do Espírito. Em Romanos 8 estão as experiências dos fatos revelados no capítulo seis.
Então, no capítulo dez a Palavra entra em nossa boca e em nosso coração. Primeiro cremos na Palavra que nos alcança; segundo, invocamos Seu nome (10:8, 9). O Senhor é rico para com todos os que O invocam (10:12). A palavra in­vocar em grego significa clamar, chamar com a voz. Em Atos, os cristãos eram considerados invocadores do nome de Jesus; sabemos disso porque Saulo de Tarso tinha autoridade para prender todos aqueles que invocavam este nome (At 9:14). Invocar o nome do Senhor Jesus designava os primeiros cristãos. Eles não eram silenciosos; eles clamavam o querido nome do Senhor Jesus.
Se queremos desfrutar Cristo e todas as Suas realizações, precisamos invocá-Lo. O caminho para desfrutar Cristo em todos os Seus feitos é andar de acordo com o espírito mesclado e invocar o Seu querido nome. Então par­ticipamos Dele, O desfrutamos e O experimentamos ao máximo.


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