domingo, 22 de setembro de 2013

RELATÓRIO DE LEITURA DO LIVRO DE DAVID LYON "O CRISTÃO E A SOCIOLOGIA"



Por Alan Francisco de Souza Lemos e Neemias Raimundo



I – Sociologia e Fé Cristã

Enquanto a Sociologia segue avançando e ampliando seus horizontes, muitos cristãos encontram dificuldades em lidar com a tendência desta de confrontar a fé. Dentre estes, os que permanecem firmes, o fazem sem conciliar sua fé com os postulados sociológicos. A reflexão da Sociologia em relação à fé cristã e vice versa, parece ser a opção de contribuição positiva dos cristãos nessa área.
A Sociologia está presente e exerce influência em todas as áreas e esferas. Todos buscam nela, orientação. Vista ainda com desconfiança por muitos cristãos, a Sociologia parece levar o estudante (depois de dado o primeiro passo de confiança), a um nível irreversível de consciência; trazendo benefícios até mesmo para a fé.
Os cristãos perturbam-se com declarações de sociólogos que parecem tentar desmerecer a religião e a fé como fugas ou recursos de socialização. Ao constatar que suas mentes estão divididas entre posicionamentos nos ambientes acadêmicos e cristãos, avaliam de forma psicológica e sociológica todo esse desenrolar.
Como resultado, cristãos envolvidos no estudo da Sociologia reagem trocando de curso; mas apenas adiam a questão, pois a abrangência da Sociologia é bem vasta e fatalmente, o confronto se repetirá.
Outra forma de reação é continuar o curso com a mente dividida, onde a Sociologia não exercerá influência na parte “sagrada” da mente; onde cristão e sociólogo são pólos opostos. É o mesmo que declarar a impossibilidade de harmonia entre Sociologia e fé cristã e vice versa. “Portanto essa divisão de papéis implica que não existe na teoria sociológica lugar para os valores cristãos, ou que a perspectiva sociológica é irrelevante para a fé cristã”.
A terceira opção é elevar a Sociologia ao nível de uma nova fé, onde a Bíblia fica submetida a segundo plano, sendo preterida pelos ensinamentos acadêmicos.
A última opção é o estudante cristão estudar a Sociologia “com uma mente aberta à sabedoria originada na Palavra de Deus”. Deve-se encara as dificuldades entre a Sociologia e fé cristã de forma honesta e não as evitar, pois podem resultar em esclarecimentos benéficos para os dois lados.
Quando a tendência sociológica de relativizar abarca os padrões absolutos e divinos dos cristãos, gera conflitos entre sistemas inteiros de pensamentos.
Detentores de maneiras de pensar distintas, o cristão e o sociólogo respondem diferentemente em relação ao conhecimento, origem de todas as divergências.
II – A Sociologia da Sociologia

A importância da Sociologia remete às suas origens intelectuais, políticas e sociais. Em seu afã de compreender a sociedade em que vivem, os sociólogos demonstram o desejo de mudá-la, ou até mesmo controlá-la.
A Sociologia surgiu como resposta á necessidade de uma reconstrução social, decorrente da convulsão ocorrida no século XIX como resultado do impacto da industrialização e revoluções européias. A base da sociedade foi abalada, envolvendo até mesmo os sociólogos pioneiros.
A Revolução Francesa inovou como a primeira revolução na história a se ancorar na nova teoria de soberania popular, onde a vontade do povo prevaleceu contra a vontade de Deus e do rei. Para alcançar Liberdade, Igualdade e Fraternidade o povo deveria se representar politicamente e se fazer ouvir. A forma de executar essas questões, resultou em grande teorização social sem precedentes na história.
O censo de identidade produzido pela soberania popular veio acompanhado do nacionalismo. O Estado, abrangendo todos os membros da sociedade, tem a prerrogativa de influenciar e manipular todos os grupos sociais. Max Weber explorou um fato novo, a burocracia necessária para o Estado funcionar.
Simultaneamente ao espírito revolucionário que ganhava a Europa, ocorria a revolução tecnológica, com a utilização de novos meios de produção. Os primeiros sociólogos, observando a importância das implicações sociais da industrialização, estruturaram as bases de seus efeitos na vida social humana; bases essas que exercem influência até hoje.
A consequência mais duradoura da industrialização foi a criação da sociedade de trabalhadores urbanos.. Aspectos como divisão entre lar e trabalho, sistemas de fábricas, família e economia, a família passou a unidade consumidora ao invés de produtora; perdendo assim, suas funções. A teoria sociológica tem tido grande motivação nesses eventos. A Sociologia também abarcou sob sua influência questões como sociedades pré-industriais e sociedades pós-industriais.
A solução buscada por inúmeros pensadores para esses problemas variou do realismo à utopia. Mas foi Karl Marx (1818-1883) quem influenciou de forma marcante nessa área. Ele percebeu que outros pensadores negligenciaram características da sociedade industrial. Em sua crença no sistema capitalista de produção, os operários eram escravos assalariados; vendiam mão de obra a empregadores sem qualquer controle sobre ao que produziam; o que gerava distanciamento entre produtos e trabalhadores, entre colegas de trabalho e entre empregados e patrões; o que Marx definia como alienação; segundo ele, a história humana “nada mais é que a história da luta de classes entre trabalhadores alienados e seus empregadores; ou entre servos e senhores”. Muitos seguidores de Marx negligenciaram aspectos mais humanísticos de sua obra. Sendo o fator econômico o ponto mais importante da obra de Marx.
A industrialização reuniu sob os mesmo tetos mais trabalhadores do qualquer outra economia anterior; impôs a especialização, a mecanização; as pessoas experimentaram novos níveis de relacionamentos entre si e com as máquinas. Conflitos daí resultantes, suas resoluções e melhorias das condições têm motivado o pensamento social.
A resposta para a desinstalação da vida social provocada pela revolução e pela industrialização no século XIX foi Sociologia; alcançando assim, o status importante que tem hoje.
A origem intelectual da Sociologia começa no Iluminismo do século XIX, quando qualquer explicação sobrenatural para qualquer fenômeno era considerada invalida, assim; a sociedade começou a ser estudada como parte da natureza, influenciando as mudanças sociais, econômicas e políticas do século XIX. Com o otimismo gerado pela Revolução Francesa, as pessoas pensavam que a humanidade era capaz de transformar a sociedade sem qualquer referência a Deus; aliado a isso, com a ciência surgindo supostamente como a chave para todos os mistérios, confirmou essa idéia para muitas pessoas.
A partir do século XIX ocorreu uma mudança de crença na sociedade, pois suas estruturas se secularizaram. As instituições, a prática religiosa, o pensamento religioso convencional, a interpretação religiosa foram perdendo significado social, aceitação social e foram sendo descartados. Foi difundida uma nova interpretação, a cosmovisão científica, tão religiosa quanto a anterior.
O cientismo é o nome dado à crença na capacidade da ciência dar solução para todas as questões. Pois as pessoas buscavam respostas e criam que pela relevância da ciência naquele contexto, ela tinha muito a colaborar.
Augusto Comte (1798-1857), o homem que criou a palavra sociologia, traz em sua obra o melhor exemplo para cientismo. Via a história como um todo unificado. Dizia viver o final da etapa teológica e militar e que a seguinte que estava nascendo era a científica e industrial, chamada positiva por causa dos resultados positivos da ciência. O homem envolvido na etapa positiva não deveria crer em revelação. Criou a Religião da Humanidade, tida hoje como excentricidade do século XIX. Comte defendia uma sociedade racional e empírica e ignorava o embasamento metafísico.
Nos últimos anos grande número de pensadores admite que por detrás de toda ciência existe uma metaciência e que por detrás de toda hipótese científica há um paradigma. Comte pressupunha a falsidade da religião sobrenatural, a inevitabilidade do progresso moral e tecnológico e a eficácia do seu próprio método de produzir resultados confiáveis.
Comte é o elo entre a Sociologia dos pioneiros e a Sociologia de hoje. O sucessor de suas teorias no século XX é o positivismo lógico. O que une as duas teorias é que ambas descartam a categoria da revelação como fonte de conhecimento.
O positivismo e o empirismo exercem grande influência no desenvolvimento da Sociologia do século XX. Óbvios nos dogmas Liberdade de Valores ou Isenção de Valores. Nas décadas de 40 e 50, uma das principais motivações da Sociologia empírica. Porém a Sociologia americana não se interessou pela luta dos negros americanos por igualdade em relação aos brancos.
A relação entre religião e ciência talvez tenha sido a mais importante causa da crise de mentalidade do século XIX. Tema principal dos grandes pensadores sociais. Pois cria acreditava-se que o pensamento científico era o único método preciso. A ciência parecia suprir todas as respostas para todos os problemas.
A publicação da Teoria das Espécies (1859), causou grande impacto ao remeter alguma ligação do homem ao macaco. Herbert Spencer (1820-1903), principal expoente do darwinismo social, defendia que era possível alterar o curso da chamada evolução.
O sistema essencialmente evolucionista de Comte resultou na Religião do Humanismo e o Estudo da Sociologia (1874) de Herbert Spencer concluiu um sistema de Filosofia social evolucionária, com o intuito de substituir qualquer pensamento anterior, inclusive a Teologia. O ponto de vista evolucionista progressivo reforçava que o homem é basicamente bom e tem potencial para se aperfeiçoar e governar a si mesmo sem qualquer ajuda externa, a não ser da ciência.
Ainda hoje a atitude científico-positivista permeia grande parte da Sociologia. A postura arrogante de determinados sociólogos parece ser influência da crença de que a ciência veio substituir a religião.
As guerras e o imperialismo tecnocrata do século XX parecem ter suavizado a fé cega na ciência. O mundo sociológico parece insatisfeito com os pronunciamentos definitivos  sobre a sociedade. Ou da equiparação de leis sociais com as leis encontradas na natureza. Existe também a consciência de que muitos sociólogos fazem especulações partindo de juízos de valores específicos que influenciam suas percepções. Fazer pressuposições inverificáveis é resultado de uma fé intuitiva.
A tarefa da Sociologia deve começar reconhecendo que a antiga noção de liberdade isenta de valores preconcebidos é puro mito. Todas as categorias sociológicas são carregadas de valores, posturas, ou de conflito de valores.
A partir da posição pós-empírica, apareceu uma nova oportunidade para os cristãos mostrarem que suas pressuposições concordam com a realidade da sociedade.
A Sociologia é uma tentativa de compreender a sociedade e lidar com ela, controlando-a ou transformando-a; ela nasceu no século XIX como fruto da revolução, da industrialização e de mudanças de crenças. A Sociologia da forma como se desenvolveu, é fundamentalmente humanística e científica. Atualmente, os sociólogos percebem que os modelos mecanicistas não podem se transferir indiscriminadamente para as ciências humanas ou sociais; e que deixam transparecer em seus trabalhos, suas suposições e pressuposições.
Muitos cristãos do século XIX ignoraram desafios do mundo intelectual. É preciso reverter essa tendência, pois muitas questões precisam ser consideradas acerca das mudanças sociais que nos afetam e tem sido analisadas pela Sociologia. Inexiste inclusive uma visão cristã em relação a elas. É preciso esforço para desafiar idéias prevalecentes e entender os conflitos existentes entre fé cristã e Sociologia; pois muitas pressuposições da Sociologia histórica e contemporânea entra em contradição com posições cristãs. A Sociologia se esforça em produzir excelente idéias mas jamais em sentido definitivo. Porém nosso Deus nos revela verdades que independem das situações.
Muitos trabalhos realizados por sociólogos não cristãos resultaram em benefícios na sociedade e que são do agrado de Deus. Como cristãos, não podemos pensar que tudo na Sociologia é irrelevante. Os cristãos podem ainda, através da Bíblia, dar excelentes contribuições em benefício da sociedade.


III – Quem é Que Diz Isso?

A Sociologia desequilibra as pessoas porque esquadrinha e questiona; para os despreparados isso é desgastante, mas é a prática sociológica. A Sociologia do conhecimento tenta enquadrar todo conhecimento em seu contexto social. Porém, a conclusão implícita em tal estudo é que todo conhecimento que pode ser enquadrado é falso ou relativo.
Uma ideologia pode ser política, religiosa, mitológica ou intelectual. Bastando apenas uma justificativa ou explicação para alguma ação, reação ou estado de coisas. Na maioria das vezes, no contexto sociológico, uma ideologia implica em uma distorção. Particularmente acontece na tradição marxista com a burguesia distorcendo a realidade ancorada em sua posição sócio-econômica.
A partir de cada contexto, o sociólogo irá elaborar dentre inúmeras variações o que se quer dizer. Pode ser um muro de defesa que se levanta à volta para justificar determinadas atividades. O leite excedente doado vende a ideologia de tratar bem as crianças.
Uma ideologia distorcedora racionaliza um expediente político com objetivo de servir a interesses criados. Segundo análise sociológica, falsas idéias seriam aceitas como válidas e sua falsidade somente se revelaria com a análise do contexto social em que ocorreram.
A religião é um dos primeiros alvos do escrutínio dos sociólogos do conhecimento. Pode haver decepção ao se deparar com crenças explicadas sem possibilidade de refutação, tanto no contexto social das origens da sua religião, quanto das forças sociais que os levaram ao seu comprometimento.
A opressão romana da nação judaica somada ao mito do Messias ansiado, são fatores que influenciaram a adesão popular à figura carismática de Cristo; a crucificação foi compensada com a ressurreição; explicam  a conversão como conformismo de grupo ou busca de reconhecimento de status social motivado por necessidade particular; a permanência na igreja é uma resposta à ideologia da comunhão fraternal abalizada na confissão comum.
O mundo hoje parece alienado do cristianismo bíblico, são esses pressupostos auto-evidentes que os sociólogos estudam. Portanto, esse mundo da realidade é socialmente construído e não passa de um produto da sociedade. Todavia, os próprios sociólogos não possuem qualquer ponto de referência fora da sociedade e se apegam a valores que direcionam seus estudos.
O sociólogo do conhecimento desafia qualquer fonte de autoridade e passa a esclarecer qualquer um que formular um juízo definitivo, afirmando que a sociedade assim o diz. Qualquer que seja a crença, sempre se pode pesquisar sua origem social e prová-la como produto de tempo e contexto reforçado pela aceitação social.
Receia-se pronunciar qualquer juízo em presença do sociólogo questionador (pelo seu cinismo e descrença), para não se tornar objeto de análise social. Qualquer expressão de conquista pode ser analisada como aspiração social, conformidade, ética de grupo e ideais burgueses.
Sociólogos fazem grandes reinvidicações, porém ignoram características da vida social humana com as quais deveriam se preocupar.
Ao mesmo tempo em que a Sociologia é ferrenha opositora às autoridades, ela também é extremamente autoritária. E são os mesmos sociólogos que se opõem a investigações neutras, que desmascaram a Sociologia. Eles se dão conta que eles mesmos tem pressupostos e se aproximam de tudo, até mesmo da Sociologia. Pelo fato da Sociologia ter se tornado uma forma de consciência, é muito difícil persuadir as pessoas. Assim, nos cabe usar nossa imaginação sociológica ao pintar nossos quadros sociológicos.
No conceito de funcionalismo na Sociologia, ela é estudada em termos de suas funções como sistema. Robert Merton se destaca demonstrando que “nem todas as funções mantém necessariamente a sociedade”. A tendência de destruir ou deteriorar estruturas sociais seria uma disfunção. Estabeleceu uma distinção entre funções manifestas deliberadas e conscientes e latentes inconscientes e não intencionais.
O movimento funcionalista foi uma reação ao evolucionismo cru que explicava as instituições sociais em termos de sua origem primitiva. Os funcionalistas deixaram de lado a questão das origens para ver a sociedade como sistema em que crenças e práticas assumem papel funcional. Uma sociedade normal é uma estrutura não acidental.
Outros funcionalistas ignoraram tanto origens como outros aspectos da vida social. A obsessão com a função pode levar à distorção, caso se ignore como esse costume começou.
A análise da função pode esclarecer algum aspecto obscuro da vida social, pode obscurecer a intenção, ou a responsabilidade e a credibilidade. Ao argumento que o matrimônio tem função sexual, sociólogos rebatem que solteiro também tem vida sexual ativa e também fazem planos de se casar e inúmeros outros. É de extrema importância que os cristãos deixem claro sua posição e suas razões.
O relativismo da Sociologia indica uma distorção da verdade sobre o homem e a sociedade; dando base para afirmar que a própria Sociologia é uma ideologia. Quando o sociólogo defende que conceitos ou padrões de comportamento se tornam humanos por repetição, mostra cegueira frente aos absolutos. Esquecendo dos conceitos permanentes e intrinsecamente humanos como a determinação e a responsabilidade.
A posição cristã precisa estar clara devido à preocupação do aspecto ideológico da ciência social. Deveríamos deixar explícito nosso ponto de vista cristão, assim com também os sociólogos o fazem. Até mesmo porque os ensinamentos cristãos não são populares; portanto, uma mudança de crença não é explicada socialmente.
William Sargant, ao tentar desmascarar a conversão, a retrata como estado de hiper-sugestão, uma lavagem cerebral, com objetivo de incutir a fé cristã, que, ao invés da experiência divina espiritual, não passa de manipulação humana e que o espiritual é ilusão.
A Sociologia naturalista ignora os aspectos históricos e sobrenaturais do cristianismo quando afirma que “(...) a conversão não passa de um fenômeno psicológico ou sociológico.
A distinção da fé cristã é evidente naquilo que os cristãos crêem quanto à conversão. Ou seja, na auto-revelação geral e especial de Deus. Afirmando ser essa revelação a verdade; Jesus declarou ser esta verdade. Pontos que geram questionamentos.
Ao examinar a validade da Bíblia, podemos afirmar que ela é coerente historicamente e dá respostas satisfatórias a questões da natureza humana, portanto, a Bíblia é capaz de ser posta à prova por qualquer pessoa.
A natureza humana está permanentemente em oposição a Deus; resultando em conflitos sociais que são sintomas da inimizade contra Deus. O cristão encontra em Deus a certeza da sua fé através da coerência dos ensinamentos bíblicos; fazendo dos cristãos realistas e não pessimistas, quando crêem que Deus está controla o rumo da história humana.
A narrativa do Antigo Testamento é abordada inadequada e rudemente pela Sociologia do conhecimento como o Deus fiel e a humanidade inconstante; e o povo escolhido sobrevivendo sempre com um grande número de pessoas crendo nesse Deus.
Como o povo continua crendo nesses mandamentos se estes eram de pouca aceitação popular? Os cristãos podem dizer que os mandamentos de Deus eram ditados e não determinados socialmente; por um Deus Santo e Digno de confiança. Como hoje, conseguimos resistir às pressões sociais para que aceitemos seus padrões, pelo poder que nos capacita, assim também o era nos dias do Antigo Testamento.
O conhecimento que temos como cristãos, independem de contextos sociais, embora afetados por eles, portanto, o fator humano está presente na Bíblia. Pessoas com personalidade e estilos diferentes, em contextos sociais específicos;mas o que escreveram era a Palavra de Deus; autoritativa e infalível. O erro é dizer “(...) A Bíblia foi escrita por seres humanos, logo, ela é falível”.
A auto-revelação de Deus nos permite toda e qualquer idéia humana e social. Qualquer ponto de vista diferente, resultante de análise real, pode contribuir com aspectos positivos, pois Deus capacita o ser humano, porém, tudo deve ser filtrado pela Palavra de Deus.
Os cristãos têm grande responsabilidade de trazer pontos bíblicos que contribuam em situações específicas. Nossa convicção social deve refletir que o árbitro final não é o indivíduo nem a sociedade, mas a primeira e a última palavra pertencem a Deus.


IV – Homo sociologicus

No capítulo 4, Homo sociologicus, o autor aborda a questão da natureza humana, ou, mais especificamente, a “imagem” humana, isto é, são apresentados os labores sociológicos do sociólogo secular (ou não-cristão) e do sociólogo cristão.
Segundo o próprio autor, a Sociologia é “... o estudo de pessoas em interação umas com as outras” (p.51); por este motivo, muitas variantes intervêm no processo de socialização dos indivíduos.
Sob a ótica de uma sociologia não-cristã, três perspectivas sociológicas aparecem como propostas explicativas do comportamento social humano (contrato social): o behaviorismo, o funcionalismo e o voluntarismo.
Sobre a perspectiva behaviorista, ele afirma:

“Em primeiro lugar vem o ‘behaviorismo’, cujos adeptos crêem (sic) que as reações são condicionadas: ou o instinto estimula a produção de uma resposta que tem efeitos calculáveis, ou então forças externas (forças sociais, por exemplo) produzem efeitos internos. O behaviorismo, como doutrina explícita, é mais comum na psicologia, porém representa o pensamento menos elaborado de certos sociólogos positivistas. Se essa idéia (sic) estivesse correta, o ‘controle’ social poderia ser obtido através da manipulação de sanções.” (p. 52)

A respeito da perspectiva funcionalista:
           
“A segunda categoria é o ‘funcionalismo’” ... “... se esta é a perspectiva do sociólogo, suas teorias são menos que humanas. Se a sociedade nada mais é que um sistema a ser regulado e controlado pela ‘adaptação funcional’, então o que é feito das necessidades humanas que sentimos e dos pensamentos? Se o conflito social é considerado uma ‘tensão estrutural’, então o que dizer das incompatibilidades básicas dos interesses e valores?” (p. 53)

E conclui, a despeito do voluntarismo:

“A terceira perspectiva é a do ‘voluntarismo’, que tem a ver com as motivações das pessoas. Os sociólogos desta escola se ocupam não necessariamente com motivos autoconfessados, mas sim em atribuir certas tendências e motivações a grupos que podem não estar conscientes delas. (p. 53)

Estas perspectivas excluem a esfera espiritual e culpabilizam a sociedade pela criação e educação das pessoas e, por conseguinte, torna-a a única responsável por tudo, e não apenas por aquilo que é socialmente aceitável. Mas, ao final, David Lyon adverte para escravidão do ser humano ao pecado original e propõe uma outra perspectiva sociológica, que contempla o homem como “imagem” de Deus, inicialmente, e, após a Queda, como subproduto de Deus e do pecado. Por isto, explica o autor, o homem é capaz de fazer o bem e o mal, influenciar e ser influenciado pela sociedade etc. Portanto, para David Lyon, as ações do homem no meio são resultado dos seguintes fatores: os fatos e imposições micro e macrossociais e a realidade espiritual individual e coletiva do homem; fatores que não deixam de observar a vontade racional do indivíduo.


V – Estatísticas e salvação

No capítulo 5, Estatística e salvação, ressalta a religião como um fenômeno social, à luz da Sociologia. “Essa abordagem leva o pesquisador a observar manifestações de crença religiosa, ou então a aderir a um grupo religioso e analisá-lo.” (p. 75). Esta postura pode ser muito criticada por alguns cristãos, mas, afirma o autor, dentro das igrejas algo muito parecido ocorre. Enquanto os funcionalistas enxergam os efeitos da religião na sociedade, os marxistas não reconhecem nela mérito algum. Os sociólogos cristãos, contudo, devem “se expressar na afirmação de que existe uma religião ‘verdadeira’ manifesta em sociedade ...” (p. 75). Devem observar e apontar os erros da igreja, para, então, corrigi-los (p. 78).
“O sociólogo vai além da simples pesquisa estatística, com suas limitadas conclusões, e diz algo a respeito das funções sociais da religião. Ritos e cerimônias de passagem mostram como a sociedade está permeada pela religião. Mas o valor da religião nos estudos sociológicos foi questionado graças à ênfase positivista nas ciências sociais (p. 80).
À página 81, ele diz:

“As fórmulas sagradas e os rituais da religião são repetidos em tempos de crise, a fim de que o mundo (ou nossa percepção de mundo) não fuja do nosso controle. Para construírem um quadro da realidade para si mesmas, as pessoas necessitam de um sistema de crença; e a religião desempenha um papel decisivo, tanto na manutenção como na construção dessa realidade. Esse edifício, uma vez construído e solidificado, servirá de refúgio contra os graves e constantes problemas da vida. As crises que mais agudamente se sentem, segundo eles, são a anomia e a morte.”

Este quadro pode levar o indivíduo a criar uma religião para si como remédio a uma opressão. Marx postulou que a religião é utópica e consequência da separação de classes, portanto, é necessário abolir a religião, é um requisito para a felicidade humana. O autor, todavia, diz que é inviável aplicar a visão marxista a todas as situações, pois as religiões criadas nada mais são do que simulacros da verdadeira religião, que é obra de Deus.


VI – As questões dos anos 90

No capítulo 6, Lyon situa a sociedade na contemporaneidade da década de 90, época da feitura do livro. O que se pode concluir é que os muitos avanços tecnológicos não puderam e não podem “superar as velhas desigualdades e os relacionamentos fragmentados das sociedades industriais capitalistas.” (p. 88). No mais, a sociedade, de um modo geral, vive um momento de transferência da modernidade para a pós-modernidade. Mutações ocorrem nas variegadas esferas sociais, econômicas, políticas etc. “A ordem é seguir os princípios de administração em lugar de um código de ética ou de um compromisso com a justiça e a saúde” (p. 90).
Em face disto, o cristão deve colaborar para o entendimento social com amor e subserviência a Deus, pautando todas as suas ações e pensamentos na vontade soberana de Deus e a igreja precisa resistir às ondas de mudanças impostas pelo mundo que corroem a moral cristã.


VII – Sociologia Cristã

No capítulo 7, intitulado Sociologia Cristã, o autor afirma a urgência de se desenvolver uma sociologia cristã que tome a bíblia como lastro. Deve-se acrescentar, no entanto, além da bíblia, a história, a ética e a moral cristãs, que vão para além da bíblia. Mas o cristão não deve se eximir de seu pensamento sociológico, se este estiver em sintonia com o cristianismo. Não deve correr de sua responsabilidade social (como “sal da terra” e “luz do mundo”). Precisa orar e denunciar os erros ou inadequações sócio-políticas. Deve conservar seu έθος, éthos, costume, hábito e, por extensão de sentido, caráter, isto é seus hábitos que, de tão repetitivos e comuns ao seu modus operandi, espelham seu caráter. À página 100, Lyon deixa o ensinamento cristão do apóstolo Pedro:

Estejam sempre prontos para responder a qualquer pessoa que pedir que expliquem a fé que vocês têm. Porém façam isso com delicadeza e respeito. Tenham sempre a consciência limpa. Assim, quando forem insultados, os que falarem mal da boa conduta de vocês como seguidores de Cristo, ficarão envergonhados.”



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

LYON, David. O cristão e a Sociologia. Silêda Silva Steuernagel (trad.). ABU Editora. São Paulo, 1996.

sábado, 21 de setembro de 2013

terça-feira, 17 de setembro de 2013

TUTORIAL E TEXTO DE APOIO PARA A FEITURA DO TRABALHO DE LÍNGUA PORTUGUESA FAECAD

Olá, irmãos, estive com a professora tirando algumas dúvidas. Se eu não estiver enganado, abaixo, segue o tutorial para a execução do trabalho pedido.

Bons estudos! (Καλή μελέτες;)




TUTORIAL DO TRABALHO LÍNGUA PORTUGUESA 2

Para os alunos do primeiro e do segundo períodos da faculdade de Teologia da FAECAD, noturno.

Por Alan Francisco de Souza Lemos, bacharel em línguas grega e portuguesa e literaturas grega e brasileira, aluno da FAECAD


Proposta
            Analisar criticamente o soneto Amor e crença, publicado em 1901 em Poemas esquecidos, segundo a metodologia ensinada em sala nas últimas aulas: RECENSIO, COLLATIO e EMENDATIO.


Minha explicação

A  -  Definição aplicada de recensio, collatio e emendatio

Recensio  -  palavra aparentada do latim recensionis, revisão.
Collatio  -  palavra aparentada do latim collationis, colação, comparação.
Emendatio  -  palavra aparentada do latim emendationis, emenda, melhoria

B  -  Execução

            Em aula, já sublinhamos as palavras que possuem necessariamente implicação bíblica, isto é, só destacamos aquelas cujo significado remete à esfera religiosa.  Nesta etapa, o que se está fazendo é a recensio. Deve-se atentar para o contexto.
            Agora, pede-se fazer a collatio e a emendatio.
            Na collatio, quer-se identificar as relações de parentesco existentes entre as palavras pré-selecionadas da edição de 1901 com as mesmas da última edição, 2013. É mister procurar, na “internet”, a edição mais recente. Se houver discrepâncias, erros ou alterações, dever-se-á proceder a emendatio.
            Na emendatio, quer-se explicitar, em notas de rodapé (que, para efeito didático, pode-se, aqui, comparar com “emendas” ou “remendos”), as conclusões ou informações as quais o aluno deseja colocar no trabalho, relativas aos erros ou alterações encontradas no exame ou comparação feita (examinatio).

            Bem... isto foi o que eu entendi. Mas, assim como vocês, nunca havia visto ou estudado o assunto. Posso perfeitamente estar equivocado. Mas foi o que pude fazer por vocês... kkkk...

            Não obstante, abaixo, segue um ótimo texto introdutório de um prócer da Ecdótica no Brasil. Leiam como texto de apoio. É curtinho...





SOBRE O CONCEITO DE CRÍTICA TEXTUAL
Leodegário A. de Azevedo Filho (UERJ e UFRJ)

Crítica Textual é, essencialmente, a atividade filológica de um grupo mais amplos de atividades definido como Ecdótica.
Na verdade, a Ecdótica trata de todo o processo de preparação e realização da edição de um texto, inclusive por meio de processos mecânicos, que incluem também a preparação desse material para a publicação.
Nesta palestra, o que nos ocupará será apenas essa parte preparatória para uma edição crítica, que é diferente da mecânica, da diplomática, da semidiplomática etc., tratando de cada uma das etapas desse trabalho.



Sabe-se que há quatro tipos de edição: edição mecânica, edição diplomática, edição diplomático-interpretativa e edição crítica, por nós já estudados no livro Base teórica de crítica textual.
Como disciplina integrante da Ecdótica, no que se refere à técnica de editar um texto, a crítica textual – também chamada crítica verbal –, seria dessa ciência o seu núcleo essencial ou especificamente filológico, voltado para o estabelecimento de um texto e não para a totalidade dos problemas que envolvem a técnica e a arte editorial. Sendo assim, entre Crítica Textual e Ecdótica, logo se pode indicar uma relação de inclusão.
Com efeito, do ponto de vista da lógica simbólica, não se trata de uma relação de identidade – como alguns supõem – e muito menos de uma relação de exclusão ou mesmo de simples intersecção. Trata-se, efetivamente, de uma relação de inclusão, pois tudo o que é crítica textual se integra na Ecdótica, mas o campo de ação desta última vai além da crítica textual propriamente dita.
Dos períodos grego, alexandrino e romano aos nossos dias, bem ou mal sustentando-se na idade Média, a Crítica Textual chega ao Renascimento, passando pelo Maneirismo e pelo Barroco, em sua marcha para o Neo-classicismo, Romantismo, Realismo, Parnasianismo e Simbolismo, até chegar ao método renovador de lachmann, de que foram dissidentes D. Quentin, ainda que parcialmente, e Bédier, este último já em nítida posição divergente. Na verdade, em Lachmann e em Bédier é que se encontram os dois pontos de partida da Crítica Textual de nossos dias, por isso mesmo divida em duas grandes correntes modernas: a neolachmanniana dos críticos alemães e italianos e a neobedieriana dos críticos franceses. Tanto numa como noutra, a edição crítica é tida como operação inteiramente indispensável à perfeita compreensão de um texto, com segura base filológica, pois a Filologia é a ciência que se volta,deliberadamente, para a análise e compreensão dos textos, no caso recorrendo a critérios que melhor possam aproximar um texto à última vontade consciente de seu autor.
São etapas de uma edição: a) Recensio; b) Collatio; c) Eliminatio codicum descriptorum; d) Classificação estemática da tradição manuscrita, se houver, e da tradição impressa (textos não eliminados após a examinatio); e) Interpretatio; f) Emendatio; g) Constitutio textus, ápos a Interpretatio e a Selectio; h) Apresentação crítica do texto reconstituído; e i) Aparato crítico de variantes.
Segundo a metodologia decorrente da teoria neolachmaniano, a recensio (levantamento de todo os dados relacionados com o texto a ser editado) é o primeiro momento de uma edição crítica, tendo como finalidade, com base na collatio, o exame atento das relações de parentesco ou relações estemáticas dos códices existentes para a eliminatio dos que sejam, comprovadamente simples cópias sem valor autônomo, a não ser que tenham alguma utilidade para o estabelecimento crítico do texto.
emendatio, depois de competente interpretatio, é a etapa seguinte e deve obedecer a determinados princípios, pois não se emenda o que não for comprovadamente erro (daí a importância da interpretatio). E também da teoria dos erros, como demonstra Paul Maas. Erro ou deslize evidente, além de gritante contra-senso, decorrente de ultracorreção.
Quando se corrige um texto com base na lição majoritária dos manuscritos encadeados num stemma codicum, fala-se em emmendatio ope codicum, centrada no princípio do predomínio numérico das variantes e no cálculo estatístico das probabilidades. Ao contrário da emendatio ope conjectura (divinatio), que se fundamenta em hipóteses e que vai depender, muitas vezes, do simples intuição do editor em face das condições lingüísticas e culturais da época em que o texto foi produzido, a emedatio ope codicum, é claro, tem maior aceitação científica.
Observe-se ainda que, na etapa da recensio (fechada ou aberta), a Crítica Textual moderna tem seguido alguns preceitos gerais, herdados da tradição clássica, embora todos apresentem históricas exceções. Indiquemos os principais: a) lectio antiquior potior; b) lectio difficilior potior; c) lectio plurium codicum potior; d) lectio melioris codicis potior;e) lectio brevior potior; e f) lectio quae alterius originem explicat potior. Tudo isso, é claro, na procura da melhor lição: lectio melior potior.
No que se refere a emendas conjecturais, desde logo diga-se que não devem ser feitas sem que se esgotem os recursos subsidiários oferecidos pela Diplomática, pela Codicologia, pela Paleografia, pela Escriptologia e pela Grafemática. Também a formação lingüística, filológica e teórico-literária do editor vai importar, aliada, naturalmente, ao critério do usus scribendi do autor e da época, além do permanente apelo aos princípios gerais da psicologia da cópia. Em síntese, os filólogos clássicos geralmente indicam cinco etapas para a crítica conjectural: a) interpungere, ou seja, pontuar adequadamente o texto; b) mutare, ou seja, corrigir a troca de letras, responsável pela troca de palavras sem, qualquer sentido no contexto frasal; c) transponere, dispor as palavras em outra ordem, mais coerente com o sentido do texto e com a língua e com o estilo do autor, corrigindo-se assim possíveis alterações de copistas inovadores ou invasores do texto alheio; d) delere, ou seja, apagar ou suprimir palavras que aparecem no texto por evidentes interpolações de copistas; e) supplere, ou seja, completar possíveis lacunas no texto, geralmente motivadas por pequenos saltos ou manifesto descuido de copistas ou até do próprio autor.
Tais princípios da emendatio, em seus dois momentos específicos de operar, estão ligados naturalmente à interpretatio. Na verdade não existe nenhum método de crítica textual que se possa aplicar a todos os autores, pois cada edição apresenta os seus problemas específicos. Algumas vezes, a lei objetiva (ou assim chamada) do predomínio numérico das variantes, baseada no cálculo das probabilidades, em casos de recensio fechada, terá que ceder espaço imediato ao critério da lectio difficilior e ao princípio dousus scribendi, do autor e da época, em casos de recensio aberta, pois cada época e cara autor sempre apresentam características próprias, tanto do ponto de vista da língua, como do ponto de vista do estilo. Assim, não raro, a selectio das variantes vai oferecer ao leitor um texto bem diverso do seu correspondente na tradição impressa corrompida.
Acrescente-se ainda que o objetivo maior de uma edição crítica consiste em restituir um texto, tanto quanto possível, à sua forma genuína. Em conseqüência disso o conhecimento da língua do autor e da época em que o texto foi escrito logo se transforma em exigência preliminar. No caso, será preciso eliminar o conjunto de alterações acumuladas durante o processo, por vezes longo, de sua transmissão. Portanto, editar criticamente um texto significa apresentá-lo ao leitor em sua forma possivelmente originária ou livre de impurezas. Em outras palavras: para que se tenha uma edição crítica, é fundamental observar-se que um texto, em sua transmissão, seja qual for o processo, está sempre sujeito a lacunas, saltos, lapsos de revisão ou de cópia, omissões, transposições, trocas de letras ou mesmo de palavras, inovações, interpolações, ultracorreções, em suma, erros de toda espécie, cabendo à Crítica Textual a análise de todas estas questões, sempre com o objetivo de restituir o texto à sua possível forma originária.
Note-se ainda, esclarecendo-se aqui as nomenclaturas utilizadas, que, por autógrafo (documento escrito pelo autor), se entende um texto que exprime a vontade de quem o escreveu. Mas esse texto pode ser copiado, chamando-se então apógrafo, em duas situações: sem a revisão do autor, ficando assim sujeito a erros de cópia, ou sob o controle direto do autor, à mão ou à máquina, chamando-se então idiógrafo. Portanto, original autógrafo não são palavras necessariamente sinônimas, já que um texto pode ser original, mas não autógrafo, no caso de ter sido ditado pelo autor ou resultar de uma gravação. Além disso, quando um autor resume um texto por ele já escrito, tem-se o caso de um autógrafo, não há dúvida, mas de um autógrafo que não se confunde com o original. Em síntese, edição original é aquela que foi preparada rigorosamente de acordo com a vontade consciente do seu autor.
Entretanto, nem mesmo um original autógrafo exclui a possibilidade de erros, pois nele podem ocorrer falhas motivadas por descuido ou qualquer distração involuntária. Em tais casos, qualquer correção deve ser devidamente justificada pelo editor, sempre à luz da coerência e do sentido do texto, mas sem querer substituir a cultura do autor pela sua própria cultura. Por exemplo, mesmo num original autógrafo, será sempre legítima a retificação de datas históricas equivocadas ou de cálculos matemáticos mal feitos, como será legítima a correção de citações erradas, feitas de memória, mas tudo isso em forma de advertência ao leitor, pois o respeito ao texto alheio é, antes de tudo, uma questão ética.
Além dos possíveis erros do próprio autor, há as variantes por ele mesmo introduzidas no texto durante a sua revisão manuscrita ou à máquina. Com efeito, é sabido que aquele que escreve corrige e emenda o próprio texto, em geral várias vezes, com o propósito de aperfeiçoá-lo. E tal fato é de extrema importância não apenas para a crítica de base estilística, mas também para a crítica genética, já que esta última permite surpreender o autor no ato mesmo de compor. Como exemplo, citemos o confronto crítico de originais do livro Cobra Norato com as várias edições dessa obra feita por Raul Bopp, trabalho que ainda não se fez. No caso, vai saltar aos olhos a extensa constelação de variantes do próprio autor, todas revestidas de grande interesse ecdótico e estilístico, pois vêem datadas. E de grande interesse, também para a crítica genética.
Na hipótese de ter o mesmo texto passado por várias redações, a partir de um rascunho inicial não inutilizado pelo autor, tem-se a chamada redação múltipla. No caso, quando há indicação de datas, a tarefa é mais simples, pois a última cópia datada naturalmente vai prevalecer sobre as anteriores. Difícil é quando não se pode determinar uma seqüência cronológica precisa, ou mesmo relativa. Nesse sentido, pode até ocorrer o caso de que a verdadeira e última vontade do autor tenha sido a de não publicar o texto, razão porque a edição póstuma de um manuscrito é sempre um delicado problema. Com efeito, quem pode assegurar que esteja, num determinado manuscrito autógrafo, a última vontade consciente do autor? Algumas vezes, a versão encontrada é ainda a primitiva – ou um simples rascunho – tendo sido interrompido o processo de elaboração do texto com a morte do autor. Por isso mesmo, a publicação póstuma de qualquer manuscrito autógrafo deve ser feita com muita cautela, para que não se comprometa o próprio nome do escritor. Muitas vezes, o melhor é não publicar o texto, sobretudo quando se trata evidente rascunho inicial, ou então publicá-lo com muitas ressalvas. Seja como for, o trabalho de crítica genética, que se volta para as variantes do autor, ou para o processo de elaboração de um texto, não se confunde com as atividades específicas da crítica reconstitutiva, sempre voltada para o estudo das variantes textuais colhidas em manuscritos apógrafos ou em várias edições sucessivas da mesma obra. Por exemplo, no caso específico da lírica de Camões, que não dispõe de um autógrafo sequer, a crítica textual só pode basear-se nos manuscritos apógrafos que foram conservados em "livros de mão" da época, pois tais cancioneiros, em geral miscelânicos, é que deram origem – sabe deus como! – às duas edições póstumas, impressas no século XVI: Rhythmas (1595) e Rimas (1598), ambas corrompidas, a segunda mais que a primeira. Isso nos mostra que, em nossos dias, se torna inteiramente indispensável retornar à tradição manuscrita dos cancioneiros da época, onde a lírica camoniana ficou dispersa e fragmentada, como base de qualquer edição interpretativa ou crítica, segundo pensamos.
E assim chegamos ao conceito de edição crítica. Em geral, tal tipo de edição se volta para obras com tradição textual divergente ou múltipla, como é o caso da lírica de Camões. Se as edições mecânicas e as edições diplomáticas se destinam mais a especialistas que ao grande público, as edições diplomático-interpretativas e críticas têm um público mais amplo, embora nem sempre especializado. Nos manuscritos da época camoniana, além das dificuldades paleográficas e codicológicas sempre neles existentes, as freqüente falta de pontuação, os erros de cópia, as lacunas, as inovações e interpolações, as corruptelas, as abreviaturas e a própria grafia, com separação de partes de um só vocábulo ou junção de vocábulos diferentes num só conglomerado verbal, entre vários outros elementos, como as relações entre grafemas e fonemas, dificultam enormemente a leitura do texto, gerando confusões até em pessoas especializadas. De tudo isso e de muito mais trata uma edição crítica, a partir de normas de transcrição textual previamente estabelecidas.
Em conclusão, a despeito de todo o cuidado e de todo o rigor filológico empregados na elaboração de uma edição crítica, não há edições críticas perfeitas. Mas é a perfeição o seu objetivo maior, incansavelmente procurado pelo editor, sem atingi-lo nunca. E vem daí o fascínio dessa atividade humanística, pois a busca da perfeição, ainda que inatingível, ou atingível apenas em termos relativos, em tal atividade humanística, é que nos pode verdadeiramente enriquecer.


BIBLIOGRAFIA
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quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O NÚCLEO DA TEOLOGIA DE LUTERO EM TRÊS OPÚSCULOS

Comentário ao tópico O núcleo da teologia de Lutero em três opúsculos, págs. 34-39, do livro Curso de Filosofia, de Battista Mondin.

 por Alan Francisco de Souza Lemos



Martin Luther, ou Martinho Lutero (1483-1546), foi monge e sacerdote na Ordem dos Agostinianos. Levantou-se contra os abusos da Igreja Católica Apostólica Romana. Seu nome é de etimologia incerta, mas é provável que venha do germânico tardio, influenciado pelo latim. Lutero lembra Lother ou Lotário e é uma aglutinação das palavras chlodochar ou hlodari, esta última derivada do radical hlut, fama (port.), e hari, exército (port.). Destarte, Lutero significaria, etimologicamente, exército famoso. Enquanto Martinho é adaptação portuguesa de Martin, que possui variante latina Martim e significa guerreiro. Portanto, Martinho Lutero significa, etimologicamente, algo como guerreiro famoso. Curiosamente, ele foi o principal e mais famoso “guerreiro” da Reforma Protestante. Suas 95 teses afixadas na igreja de Wittenberg solaparam o absolutismo papal de Leão X, que fazia mais ou menos o que Edir Macedo (e companhia) faz hoje; ele criou a pregação de indulgências com fins lucrativos para a construção aberrante da basílica de são Pedro.
Mas Lutero não parou por aqui! Ele tinha pressa, como pode-se depreender de uma frase sua: “Quem não for belo aos vinte anos, forte aos trinta, esperto aos quarenta e rico aos cinquenta, não pode esperar ser tudo isso depois”. Após acender a fogueira da Reforma e engendrar esperança sócio-político-religiosa nos alemães, Lutero alçou voos mais altos em busca de repercussão continental com seus três opúsculos principais, todos datados de 1520: A nobreza cristã da nação alemã, A liberdade cristã e O cativeiro babilônico da Igreja.
Em A nobreza cristã da nação alemã, faz duras críticas às três muralhas com as quais Roma se fortificara: a) a submissão do poder secular, b) a interpretação autêntica da Escritura e c) o direito exclusivo de convocar concílios ecumênicos.
“Os romanistas, escreve Lutero, com grande habilidade ergueram em torno de si três muralhas, atrás das quais se defenderam de modo que até agora ninguém pôde reformá-los, e com isso a cristandade decaiu horrivelmente. ‘Em primeiro lugar’, quando se tentou constrangê-los com o poder secular, estabeleceram e proclamaram que a autoridade secular não tinha nenhum direito sobre eles e que, ao contrário, o poder espiritual era superior ao temporal. ‘Em segundo lugar’, tentou-se golpeá-los com a Sagrada Escritura, mas replicaram que interpretar a Sagrada Escritura é competência somente do Papa e de nenhum outro. ‘Em terceiro lugar’, procurou-se ameaçá-los com um Concílio (sic), mas inventaram que ninguém pode convocar o Concílio (sic) a não ser o Papa. Assim subtraíram traiçoeiramente todas as três varas e permanecem impunes e, defendidos pelas três firmes muralhas, fazem toda sorte de patifarias e maldades que estamos vendo”
p. 35
Contra a primeira “muralha”, Lutero argumenta que o ofício das autoridades políticas não-sacerdotais deve ser respeitado já que tais autoridades foram batizadas consoante o batismo dos bispos e sacerdotes. Aqui, Lutero, porém, não se manifestou a respeito de governantes não-cristãos. Contra a segunda “muralha”, Lutero mostra que nenhum teólogo pode provar que somente o Papa pode interpretar corretamente as Escrituras Sagradas. E, contra a terceira “muralha”, expõe que, em nenhum lugar das Escrituras, encontra-se fundamento para demonstrar indubitavelmente que só o Papa pode convocar um concílio, sendo esta exação, portanto, uma criação das leis católicas. A Igreja, porém, fez-se de surda no início. Mas Lutero sabia que os povos e os governos viviam num clima de esperança por liberdade religiosa e política e aproveitou para conclamar os príncipes alemães a protestarem contra o status quo servo do absolutismo  papal (daí veio o nome protestantismo). Só assim a Igreja foi fortemente golpeada e viu-se na necessidade de reagir.

“A paz, se possível, mas a verdade, a qualquer preço”
Lutero
No opúsculo A liberdade cristã, Lutero sintetiza sua principal doutrina: a da justificação pela fé. Nesta obra, afirma que só a fé pode salvar, e não os esforços humanos (boas obras). Enfatiza a importância da Lei como demonstradora da fraqueza dos homens e a necessidade peremptória da guarda do Evangelho. Logo, a Lei é insuficiente para a salvação, mas o Evangelho mostra a fé no Salvador como único caminho para o Céu: “O justo viverá pela fé”. Lutero elaborou a doutrina da justificação pela fé após muitas meditações nas Escrituras, mormente na Carta aos romanos, e tensas experiências existenciais que quase o levaram à morte.

“A medicina cria pessoas doentes, a matemática, pessoas tristes, e a teologia, pecadores”
Lutero
Na sua terceira obra de destaque, O Cativeiro babilônico da Igreja, desenvolve a doutrina da justificação acrescentando suas consequências eclesiológicas. Assim,  se a justificação é operada unicamente por meio de Deus, todas as estruturas eclesiásticas destinadas a medir a salvação são desnecessárias e não só deve-se observar apenas dois sacramentos, a saber, o batismo e a Santa Ceia, como, nestes, o que mais importa são as palavras com as quais se anuncia a promessa salvífica de Deus.

"Uma masmorra com Cristo é um trono, e um trono sem Cristo é um inferno"
Lutero
Ao contrário do que se pode excogitar, a Igreja de Roma não condenou as 95 teses luteranas, mas apenas 41, por intermédio da bula Exurge Domine, de 15 de junho de 1520, o ano mais crucial para a Reforma. A Igreja ordenou queimar muitos livros escritos por Lutero e o desligou resolutamente da Igreja. Em resposta, Lutero queimou a bula que o excomungava na praça de Wittenberg. Em 1521, o imperador Carlos V o convocou para a dieta (assembleia) de Wörms. Lutero não se retratou alegando que somente o faria se houvesse uma revisão doutrinária na Igreja. Assim, foi banido pelo imperador, sendo acolhido pelo príncipe Frederico da Saxônia, sua terra natal, onde traduziu o Novo Testamento e, depois, toda a Bíblia, para o saxão.
“A mentira é como uma bola de neve; quanto mais rola, tanto mais aumenta”
Lutero
Se, por um lado, Lutero não queria aceitar os disparates teológico-polítco-eclesiásticos da Igreja Católica, esta também não estava disposta a abrir mão de certas doutrinas. Isto porque, se a teologia católica pregava a substancial bondade da natureza, a colaboração do homem para a salvação e a ação intermediadora de sacerdotes nos atos e execuções rituais, a nascente teologia luterana pressupunha a total depravação da natureza humana e, corolariamente, a impossibilidade de qualquer mediação humana.

“As boas obras não tornam bom o homem, mas o homem bom pratica boas obras. As obras más não tornam mau o homem, mas o homem mau pratica obras más.”
Lutero
Expurgado de Roma, Lutero fundou uma nova igreja com o intuito de desenvolver uma teologia católica reformada dos vícios nefastos que a adoeciam, mas o que se viu foi o crescimento paulatino do embrião da divisão, que já deixara um estigma profundo em 1054 d.C.

“O mundo é como um camponês embriagado; basta ajudá-lo a montar sobre a sela de um lado para ele cair do outro logo em seguida”
Lutero















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E FONTES DA INTERNET

MONDIN, Battista. O núcleo da teologia de Lutero em três opúsculos. Martinho Lutero. Os artífices da Reforma Protestante e os seus ideais. In.: Curso de Filosofia. São Paulo, Paulus, 12ª edição, 2011.



98 - A Resposta Católica - Como entender que a Igreja não erra - Parte 2

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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

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