De http://www.30giorni.it/articoli_id_19031_l6.htm
VATICANO
Extraído do número 08 - 2008
ENCONTROS. O novo secretário da Congregação para a Doutrina da Fé
Um jesuíta no ex-Santo Ofício
Depois de dois salesianos, foi chamado um filho de Santo Inácio para ocupar o cargo número dois da primeira entre as Congregações da Cúria Romana. Entrevista com o arcebispo Luis Francisco Ladaria Ferrer
Entrevista com Luis Francisco Ladaria Ferrer de Gianni Cardinale
Depois de dois salesianos, a
Congregação para a Doutrina da Fé tem um
jesuíta como novo secretário. Com efeito, a 9 de julho Bento
XVI nomeou como número dois do dicastério que dirigiu de 1981
a 2005 o espanhol Luis Francisco Ladaria Ferrer, 64 anos, originário
de Manacor, a segunda cidade, depois de Palma, da ilha de Maiorca nas
Baleares.
Ladaria assume o lugar do salesiano Angelo Amato, promovido a prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, o qual, por sua vez, sucedera um outro filho de Dom Bosco, o então arcebispo Tarcisio Bertone, que na qualidade de cardeal Secretário de Estado, consagrou bispo monsenhor Ladaria na Basílica de São João de Latrão no dia 26 de julho passado.
30Dias encontrou o novo secretário no Palácio do Santo Ofício, no regresso de suas férias, passadas na maior parte do tempo em sua terra natal. À constatação de que não estava bronzeado, monsenhor Ladaria responde sorrindo: “Depende do fato que gosto muito do mar, mas bem menos do sol...”. Antes de começar a entrevista, falando de suas origens, Ladaria nos explica que, mesmo que sua família esteja há muitas gerações estabelecida nas ilhas Baleares, talvez seus antepassados fossem provenientes do antigo Reino de Nápoles, e mais precisamente do Golfo de Policastro. Mas as conveniências terminam aqui. E começamos a entrevista.
Ladaria assume o lugar do salesiano Angelo Amato, promovido a prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, o qual, por sua vez, sucedera um outro filho de Dom Bosco, o então arcebispo Tarcisio Bertone, que na qualidade de cardeal Secretário de Estado, consagrou bispo monsenhor Ladaria na Basílica de São João de Latrão no dia 26 de julho passado.
30Dias encontrou o novo secretário no Palácio do Santo Ofício, no regresso de suas férias, passadas na maior parte do tempo em sua terra natal. À constatação de que não estava bronzeado, monsenhor Ladaria responde sorrindo: “Depende do fato que gosto muito do mar, mas bem menos do sol...”. Antes de começar a entrevista, falando de suas origens, Ladaria nos explica que, mesmo que sua família esteja há muitas gerações estabelecida nas ilhas Baleares, talvez seus antepassados fossem provenientes do antigo Reino de Nápoles, e mais precisamente do Golfo de Policastro. Mas as conveniências terminam aqui. E começamos a entrevista.
Bento XVI recebe monsenhor Ladaria Ferrer em Castel Gandolfo, dia 10 de setembro de 2008 [© Osservatore Romano]
Excelência, como nasceu a sua
vocação e por que escolheu a Companhia de Jesus?
LUIS FRANCISCO LADARIA FERRER: Talvez a palavra “escolheu” não seja correta. Não fui eu a escolher, mas vi uma estrada na minha frente me encaminhei. Uma estrada, a da vocação, que comecei a ver quando freqüentei o Colégio dos Jesuítas em Palma de Maiorca e, mais tarde, durante os estudos de Jurisprudência em Madri. Eu estudava Direito e me dava conta de que não era o que eu queria. Queria ser sacerdote e a Companhia de Jesus, que eu tinha conhecido, me agradava. Portanto foi um caminho aberto à minha frente e ao qual me dirigi com naturalidade.
A sua família era muito religiosa?
LADARIA FERRER: Sim.
Há alguma figura de sacerdote que o impressionou particularmente?
LADARIA FERRER: Certamente, tenho sempre em mente o rosto dos padres do Colégio que freqüentei, o antiqüíssimo Colégio de Monte Sion, fundado em 1561; mas foi todo o ambiente, o ar que se respirava, que me levou a dedicar tudo ao Senhor.
O senhor fez seus votos religiosos em 1968. Quais são as suas recordações daquele ano tão agitado, ao menos fora da Espanha?
LADARIA FERRER: Também na Espanha foi um ano agitado. Mas eu fiz meus votos tranqüilamente, sem dar muita importância àquelas agitações. Eu gostava de estudar e estudava.
O senhor nunca teve o fascínio de 1968?
LADARIA FERRER: Bem, creio que todos fomos de algum modo condicionados pelos acontecimentos de 1968, mas no meu caso não de modo especial.
Quem foram seus professores?
LADARIA FERRER: Com muito prazer recordo o nome de alguns. Em Frankfurt, na Alemanha, onde estudei Teologia, tive como professor padre Grillmeier, que mais tarde se tornaria cardeal, e era um grande estudioso de Dogmática; padre Otto Semmelroth e padre Herman Josef Sieben, no início de sua carreira acadêmica e que mais tarde se tornaria um dos melhores especialistas no mundo da idéia conciliar. Em Roma me formei com padre Antonio Orbe, grande patrólogo, e tive como professores os padres Juan Alfaro e Zoltan Alszeghy.
O senhor estudou também na Alemanha. Nunca encontrou o professor Ratzinger?
LADARIA FERRER: Pessoalmente não. Mas conheci os seus escritos. Em particular a Introdução ao cristianismo que era a sua obra mais conhecida, mas também o seu livro sobre o povo de Deus. Recordo que na nossa faculdade circulavam até apostilas dos cursos do então professor Ratzinger.
E quando conheceu pessoalmente o atual Pontífice?
LADARIA FERRER: Em 1992, quando entrei para a Comissão Teológica Internacional. Recordo com prazer as discussões aprofundadas que se faziam sobre o tema das relações entre cristianismo e as outras religiões. As intervenções do cardeal Ratzinger eram sempre muito precisas e profundas e a discussão era sempre de alto nível. O trabalho desta Comissão é muito interessante seja pelos temas tratados, sempre de grande importância, seja pela atmosfera internacional, e católica, que ali se respira.
O senhor participou da redação da Dominus Iesus?
LADARIA FERRER: Não.
A sua tese de graduação na Universidade Gregoriana foi sobre Santo Hilário de Poitiers. Por que esta escolha e o que o fascinou neste santo?
LADARIA FERRER: O tema me foi proposto pelo padre Orbe que estudava este Padre da Igreja. Tive sorte porque não havia muita bibliografia sobre Santo Hilário, assim pude me dedicar melhor lendo diretamente os seus textos originais. Na época, Santo Hilário não tinha sido muito estudado, mais tarde, principalmente na França, apareceram muitas obras sobre ele e muitas traduções. Todavia, é a demonstração de que a era patrística na Igreja latina não começa com Santo Agostinho, que aliás conhecia, e muitas vezes citava, Santo Hilário.
Qual é a atualidade de Santo Hilário?
LADARIA FERRER: Não devemos nos preocupar em encontrar a atualidade nos Padres da Igreja. Devemos lê-los e aproveitá-los para podermos nos aproximar melhor da pureza da mensagem evangélica, de Jesus, e este é um valor permanente mais do que ligado à atualidade, que pela sua natureza é mutável, muda a cada minuto. Os Padres da Igreja são uma fonte que brota em uma época mais próxima à apostólica. É isso que os torna sempre atuais.
Padre Orbe era especialista em Santo Irineu e em gnosticismo...
LADARIA FERRER: De fato, era um dos maiores especialistas sobre o assunto. Escreveu muitos livros sobre esses temas, para dizer a verdade muitas vezes complicados, pois a matéria é difícil.
Por muitos anos o senhor foi professor na Gregoriana e também vice-reitor. O que aprendeu em todos estes anos?
LADARIA FERRER: O fato de ter sido vice-reitor por oito anos não é muito importante. O que conta é o ensinamento, a orientação das teses. A Gregoriana ensinou-me a viver em um ambiente internacional, com estudantes provenientes de mais de cem países, de várias línguas, raças e culturas. Todas unidas pelo amor ao estudo, mas principalmente ao Senhor e à Sua Igreja. Em uma verdadeira Universidade não só os alunos aprendem com os professores, mas acontece também o inverso. E eu aprendi muito com meus estudantes.
Quando a sua nomeação tornou-se pública, John Allen Jr. do National Catholic Repórter, reuniu algumas opiniões sobre o senhor dadas pelos seus colegas. Alguns o definiram como uma pessoa gentil e cordial...
LADARIA FERRER: Posso dizer que tento ser assim, mas são os outros que devem dizer se consigo isso...
Há também os que o definiram como conservador moderado e teologicamente centrista. O senhor se reconhece nestas definições?
LADARIA FERRER: Devo dizer que não me agradam os extremismos, nem progressistas, nem tradicionalistas. Acredito que exista uma via mediana, que é a percorrida pela maioria dos professores de Teologia aqui em Roma e na Igreja em geral, que me parece seja a via certa a ser seguida mesmo se cada um de nós tenha as suas peculiaridades, porque, graças a Deus, não nos repetimos, não somos clones.
No mundo tradicionalista a sua nomeação não agradou. Na Espanha o teólogo padre José Maria Iraburu acusou a sua obra Teologia do pecado original e da graça de não estar em conformidade com a doutrina da Igreja, enquanto que a revista Sì sì No no chegou até mesmo a escrever que o seu livro Antropologia teológica “está completamente alheio à tradição dogmática católica”. O senhor se preocupa com essas opiniões?
LADARIA FERRER: Todos são livres para criticar e dar juízos que quiserem. Se o senhor me pergunta se estou preocupado posso dizer que essas opiniões não me preocupam tanto. Por outro lado, se fui nomeado para este dicastério, presumo que minhas obras não mereçam estas opiniões.
O senhor obteve uma certa notoriedade quando a Comissão Teológica publicou o documento sobre a salvação das crianças mortas antes do batismo. Na obra, o Limbo foi definitivamente colocado fora do magistério?
LADARIA FERRER: A Comissão Teológica Internacional não tem o poder de colocar nada e ninguém para fora. Mesmo sendo formada por teólogos nomeados pelo Papa e não privados, as suas conclusões não têm valor magisterial. O documento em questão confirma que a doutrina do Limbo, que por séculos foi majoritária e dominante na reflexão teológica, nunca foi definida dogmaticamente e portanto nunca fez parte do magistério infalível. E que todavia quem quiser continuar a falar de Limbo não será por este motivo que se encontra fora da Igreja Católica. Depois disso podemos dizer que, a Comissão Teológica, considerando em conjunto os dados revelados e a vontade salvífica universal de Deus e a mediação universal de Cristo, escreveu que há vias mais adequadas para enfrentar a questão do destino das crianças mortas sem terem recebido o batismo, para as quais não se pode excluir uma esperança de salvação. Na verdade essas conclusões não são novas, nasceram perto da época do Concílio, mas recolhem os frutos de um consenso teológico atualmente muito amplo.
O que o senhor sente por ser o primeiro jesuíta a ter este encargo?
LADARIA FERRER: Devo dizer que não me coloquei este problema. Mesmo se, parece, nenhum jesuíta tenha ocupado antes este encargo. Creio que o Santo Padre me tenha escolhido não por ser jesuíta, mas por ser a pessoa mais adequada.
LUIS FRANCISCO LADARIA FERRER: Talvez a palavra “escolheu” não seja correta. Não fui eu a escolher, mas vi uma estrada na minha frente me encaminhei. Uma estrada, a da vocação, que comecei a ver quando freqüentei o Colégio dos Jesuítas em Palma de Maiorca e, mais tarde, durante os estudos de Jurisprudência em Madri. Eu estudava Direito e me dava conta de que não era o que eu queria. Queria ser sacerdote e a Companhia de Jesus, que eu tinha conhecido, me agradava. Portanto foi um caminho aberto à minha frente e ao qual me dirigi com naturalidade.
A sua família era muito religiosa?
LADARIA FERRER: Sim.
Há alguma figura de sacerdote que o impressionou particularmente?
LADARIA FERRER: Certamente, tenho sempre em mente o rosto dos padres do Colégio que freqüentei, o antiqüíssimo Colégio de Monte Sion, fundado em 1561; mas foi todo o ambiente, o ar que se respirava, que me levou a dedicar tudo ao Senhor.
O senhor fez seus votos religiosos em 1968. Quais são as suas recordações daquele ano tão agitado, ao menos fora da Espanha?
LADARIA FERRER: Também na Espanha foi um ano agitado. Mas eu fiz meus votos tranqüilamente, sem dar muita importância àquelas agitações. Eu gostava de estudar e estudava.
O senhor nunca teve o fascínio de 1968?
LADARIA FERRER: Bem, creio que todos fomos de algum modo condicionados pelos acontecimentos de 1968, mas no meu caso não de modo especial.
Quem foram seus professores?
LADARIA FERRER: Com muito prazer recordo o nome de alguns. Em Frankfurt, na Alemanha, onde estudei Teologia, tive como professor padre Grillmeier, que mais tarde se tornaria cardeal, e era um grande estudioso de Dogmática; padre Otto Semmelroth e padre Herman Josef Sieben, no início de sua carreira acadêmica e que mais tarde se tornaria um dos melhores especialistas no mundo da idéia conciliar. Em Roma me formei com padre Antonio Orbe, grande patrólogo, e tive como professores os padres Juan Alfaro e Zoltan Alszeghy.
O senhor estudou também na Alemanha. Nunca encontrou o professor Ratzinger?
LADARIA FERRER: Pessoalmente não. Mas conheci os seus escritos. Em particular a Introdução ao cristianismo que era a sua obra mais conhecida, mas também o seu livro sobre o povo de Deus. Recordo que na nossa faculdade circulavam até apostilas dos cursos do então professor Ratzinger.
E quando conheceu pessoalmente o atual Pontífice?
LADARIA FERRER: Em 1992, quando entrei para a Comissão Teológica Internacional. Recordo com prazer as discussões aprofundadas que se faziam sobre o tema das relações entre cristianismo e as outras religiões. As intervenções do cardeal Ratzinger eram sempre muito precisas e profundas e a discussão era sempre de alto nível. O trabalho desta Comissão é muito interessante seja pelos temas tratados, sempre de grande importância, seja pela atmosfera internacional, e católica, que ali se respira.
O senhor participou da redação da Dominus Iesus?
LADARIA FERRER: Não.
A sua tese de graduação na Universidade Gregoriana foi sobre Santo Hilário de Poitiers. Por que esta escolha e o que o fascinou neste santo?
LADARIA FERRER: O tema me foi proposto pelo padre Orbe que estudava este Padre da Igreja. Tive sorte porque não havia muita bibliografia sobre Santo Hilário, assim pude me dedicar melhor lendo diretamente os seus textos originais. Na época, Santo Hilário não tinha sido muito estudado, mais tarde, principalmente na França, apareceram muitas obras sobre ele e muitas traduções. Todavia, é a demonstração de que a era patrística na Igreja latina não começa com Santo Agostinho, que aliás conhecia, e muitas vezes citava, Santo Hilário.
Qual é a atualidade de Santo Hilário?
LADARIA FERRER: Não devemos nos preocupar em encontrar a atualidade nos Padres da Igreja. Devemos lê-los e aproveitá-los para podermos nos aproximar melhor da pureza da mensagem evangélica, de Jesus, e este é um valor permanente mais do que ligado à atualidade, que pela sua natureza é mutável, muda a cada minuto. Os Padres da Igreja são uma fonte que brota em uma época mais próxima à apostólica. É isso que os torna sempre atuais.
Padre Orbe era especialista em Santo Irineu e em gnosticismo...
LADARIA FERRER: De fato, era um dos maiores especialistas sobre o assunto. Escreveu muitos livros sobre esses temas, para dizer a verdade muitas vezes complicados, pois a matéria é difícil.
Por muitos anos o senhor foi professor na Gregoriana e também vice-reitor. O que aprendeu em todos estes anos?
LADARIA FERRER: O fato de ter sido vice-reitor por oito anos não é muito importante. O que conta é o ensinamento, a orientação das teses. A Gregoriana ensinou-me a viver em um ambiente internacional, com estudantes provenientes de mais de cem países, de várias línguas, raças e culturas. Todas unidas pelo amor ao estudo, mas principalmente ao Senhor e à Sua Igreja. Em uma verdadeira Universidade não só os alunos aprendem com os professores, mas acontece também o inverso. E eu aprendi muito com meus estudantes.
Quando a sua nomeação tornou-se pública, John Allen Jr. do National Catholic Repórter, reuniu algumas opiniões sobre o senhor dadas pelos seus colegas. Alguns o definiram como uma pessoa gentil e cordial...
LADARIA FERRER: Posso dizer que tento ser assim, mas são os outros que devem dizer se consigo isso...
Há também os que o definiram como conservador moderado e teologicamente centrista. O senhor se reconhece nestas definições?
LADARIA FERRER: Devo dizer que não me agradam os extremismos, nem progressistas, nem tradicionalistas. Acredito que exista uma via mediana, que é a percorrida pela maioria dos professores de Teologia aqui em Roma e na Igreja em geral, que me parece seja a via certa a ser seguida mesmo se cada um de nós tenha as suas peculiaridades, porque, graças a Deus, não nos repetimos, não somos clones.
No mundo tradicionalista a sua nomeação não agradou. Na Espanha o teólogo padre José Maria Iraburu acusou a sua obra Teologia do pecado original e da graça de não estar em conformidade com a doutrina da Igreja, enquanto que a revista Sì sì No no chegou até mesmo a escrever que o seu livro Antropologia teológica “está completamente alheio à tradição dogmática católica”. O senhor se preocupa com essas opiniões?
LADARIA FERRER: Todos são livres para criticar e dar juízos que quiserem. Se o senhor me pergunta se estou preocupado posso dizer que essas opiniões não me preocupam tanto. Por outro lado, se fui nomeado para este dicastério, presumo que minhas obras não mereçam estas opiniões.
O senhor obteve uma certa notoriedade quando a Comissão Teológica publicou o documento sobre a salvação das crianças mortas antes do batismo. Na obra, o Limbo foi definitivamente colocado fora do magistério?
LADARIA FERRER: A Comissão Teológica Internacional não tem o poder de colocar nada e ninguém para fora. Mesmo sendo formada por teólogos nomeados pelo Papa e não privados, as suas conclusões não têm valor magisterial. O documento em questão confirma que a doutrina do Limbo, que por séculos foi majoritária e dominante na reflexão teológica, nunca foi definida dogmaticamente e portanto nunca fez parte do magistério infalível. E que todavia quem quiser continuar a falar de Limbo não será por este motivo que se encontra fora da Igreja Católica. Depois disso podemos dizer que, a Comissão Teológica, considerando em conjunto os dados revelados e a vontade salvífica universal de Deus e a mediação universal de Cristo, escreveu que há vias mais adequadas para enfrentar a questão do destino das crianças mortas sem terem recebido o batismo, para as quais não se pode excluir uma esperança de salvação. Na verdade essas conclusões não são novas, nasceram perto da época do Concílio, mas recolhem os frutos de um consenso teológico atualmente muito amplo.
O que o senhor sente por ser o primeiro jesuíta a ter este encargo?
LADARIA FERRER: Devo dizer que não me coloquei este problema. Mesmo se, parece, nenhum jesuíta tenha ocupado antes este encargo. Creio que o Santo Padre me tenha escolhido não por ser jesuíta, mas por ser a pessoa mais adequada.
Monsenhor Ladaria Ferrer [© Osservatore Romano]
Como o senhor soube da sua nomeação?
LADARIA FERRER: Foi um fato muito surpreendente. Nunca pensei que teria este destino. E não só eu, pois meu nome nunca tinha sido citado pelos jornais... Até que na noite de 24 de junho me falaram que a Santa Sé pensava em dar-me este encargo. Da minha parte expus a minha situação de espírito respeito a esta perspectiva e disse que de qualquer modo me submeteria à decisão do Santo Padre.
Como jesuíta teve que pedir permissão também para o prepósito geral?
LADARIA FERRER: Sim, nós jesuítas temos o voto que impede receber encargos episcopais a não ser por obediência. E o prepósito geral disse-me que devia aceitar a vontade do Papa.
Adolfo Nicolás, prepósito geral dos Jesuítas desde janeiro, é espanhol como o senhor. O senhor o conhece bem?
LADARIA FERRER: Tinha ouvido falar dele, conhecia-o de nome, mas não pessoalmente. Encontrei-o pela primeira vez apenas no dia da sua eleição em 20 de janeiro. Depois fui visitá-lo pela questão da minha nomeação.
Um outro jesuíta espanhol muito conhecido é Antonio Martínez Camino que, como auxiliar de Madri, tornou-se o primeiro seguidor de Santo Inácio a ser bispo em terra espanhola. O senhor o conhece?
LADARIA FERRER: Certamente. Foi meu aluno e portanto conheço-o bem. E somos bons amigos.
O senhor mora em Roma desde 1979. O que pensa da Espanha de hoje? O senhor se reconhece nela?
LADARIA FERRER: Sem dúvida a Espanha mudou muito: na ordem política, religiosa, cultura, econômica. Porém, quando volto ao meu país para descansar não me dedico a grandes questões doutrinais ou políticas. Reencontro minha família, meus amigos, reencontro o meu ambiente, e o meu ambiente de sempre não mudou muito.
Recentemente o seu superior, o cardeal Levada, quando estava na Espanha para uma Conferência, manifestou sua dor pelas providências anunciadas pelo governo Zapatero com relação à ampliação do direito ao aborto...
LADARIA FERRER: De fato, com relação aos temas éticos, a Espanha vai à deriva de modo preocupante.
Além dos livros de teologia o senhor tem algum hobby?
LADARIA FERRER: Gosto de ouvir música. Clássica de preferência. Johann Sebastian Bach em particular, mas sem desprezar os outros.
Paixões esportivas?
LADARIA FERRER: Não, acompanho alguns grandes eventos, mas de muito longe.
O senhor, junto com o cardeal Levada foram recebidos pelo Papa em Castel Gandolfo no dia 10 de setembro. Foi a primeira audiência como secretário da Congregação. O que pode nos dizer sobre o encontro?
LADARIA FERRER: Foi uma bela experiência. O Santo Padre, como sempre, foi muito acolhedor e gentil.
Quais são as principais questões que a Congregação deve enfrentar?
LADARIA FERRER: Posso dizer que a nossa Congregação dedica-se a promover e tutelar a fé católica. Primeiro promover e depois, se necessário, tutelar. Mas não posso entrar em detalhes. A nossa Congregação move-se sempre com discrição e fala exclusivamente através de atos.
LADARIA FERRER: Foi um fato muito surpreendente. Nunca pensei que teria este destino. E não só eu, pois meu nome nunca tinha sido citado pelos jornais... Até que na noite de 24 de junho me falaram que a Santa Sé pensava em dar-me este encargo. Da minha parte expus a minha situação de espírito respeito a esta perspectiva e disse que de qualquer modo me submeteria à decisão do Santo Padre.
Como jesuíta teve que pedir permissão também para o prepósito geral?
LADARIA FERRER: Sim, nós jesuítas temos o voto que impede receber encargos episcopais a não ser por obediência. E o prepósito geral disse-me que devia aceitar a vontade do Papa.
Adolfo Nicolás, prepósito geral dos Jesuítas desde janeiro, é espanhol como o senhor. O senhor o conhece bem?
LADARIA FERRER: Tinha ouvido falar dele, conhecia-o de nome, mas não pessoalmente. Encontrei-o pela primeira vez apenas no dia da sua eleição em 20 de janeiro. Depois fui visitá-lo pela questão da minha nomeação.
Um outro jesuíta espanhol muito conhecido é Antonio Martínez Camino que, como auxiliar de Madri, tornou-se o primeiro seguidor de Santo Inácio a ser bispo em terra espanhola. O senhor o conhece?
LADARIA FERRER: Certamente. Foi meu aluno e portanto conheço-o bem. E somos bons amigos.
O senhor mora em Roma desde 1979. O que pensa da Espanha de hoje? O senhor se reconhece nela?
LADARIA FERRER: Sem dúvida a Espanha mudou muito: na ordem política, religiosa, cultura, econômica. Porém, quando volto ao meu país para descansar não me dedico a grandes questões doutrinais ou políticas. Reencontro minha família, meus amigos, reencontro o meu ambiente, e o meu ambiente de sempre não mudou muito.
Recentemente o seu superior, o cardeal Levada, quando estava na Espanha para uma Conferência, manifestou sua dor pelas providências anunciadas pelo governo Zapatero com relação à ampliação do direito ao aborto...
LADARIA FERRER: De fato, com relação aos temas éticos, a Espanha vai à deriva de modo preocupante.
Além dos livros de teologia o senhor tem algum hobby?
LADARIA FERRER: Gosto de ouvir música. Clássica de preferência. Johann Sebastian Bach em particular, mas sem desprezar os outros.
Paixões esportivas?
LADARIA FERRER: Não, acompanho alguns grandes eventos, mas de muito longe.
O senhor, junto com o cardeal Levada foram recebidos pelo Papa em Castel Gandolfo no dia 10 de setembro. Foi a primeira audiência como secretário da Congregação. O que pode nos dizer sobre o encontro?
LADARIA FERRER: Foi uma bela experiência. O Santo Padre, como sempre, foi muito acolhedor e gentil.
Quais são as principais questões que a Congregação deve enfrentar?
LADARIA FERRER: Posso dizer que a nossa Congregação dedica-se a promover e tutelar a fé católica. Primeiro promover e depois, se necessário, tutelar. Mas não posso entrar em detalhes. A nossa Congregação move-se sempre com discrição e fala exclusivamente através de atos.
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